23 Jesus respondeu:
“Se alguém
me ama,
guarda
a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. 24 Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que vocês ouvem não é minha, mas é a palavra do Pai que me enviou. 25 Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. 26 Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.”
A paz que só Jesus pode dar -* 27 “Eu deixo
para vocês
a paz,
eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo. 28 Vocês ouviram o que eu disse: ‘Eu vou, mas voltarei para vocês’. Se vocês me amassem, ficariam alegres porque eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29 Eu lhes digo isso agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês acreditem.
Comentário:
* 15-26: Advogado é alguém que defende
uma causa. Jesus envia o Espírito Santo como advogado da comunidade cristã. O
Espírito é a memória de Jesus que continua sempre viva e presente na
comunidade. Ele ajuda a comunidade a manter e a interpretar a ação de Jesus em
qualquer tempo e lugar. O Espírito também leva a comunidade a discernir os
acontecimentos para continuar o processo de libertação, distinguindo o que é
vida e o que é morte, e realizando novos atos de Jesus na história.
* 27-31: Jesus fala de paz e alegria no
momento em que sua morte está para acontecer. Paz é a plena realização humana.
Ela só é possível se aquele que rege uma sociedade desumana for destituído de
poder. A morte de Jesus realiza a paz. Todo martírio é participação nessa luta
vitoriosa de Jesus e, portanto, causa de paz e alegria.
O texto deste sexto domingo da Páscoa
está no contexto da última ceia e faz parte do grande discurso de despedida de
Jesus. Apresenta alguns valores importantes para os seguidores do Mestre: a
vinda do Filho e a morada de Deus; a tarefa do Espírito na vida da comunidade;
a paz messiânica. Quem observa a mensagem de Jesus responde ao seu amor. Diante
disso, o Pai e Jesus estabelecem sua morada no discípulo, vivendo juntos como
nova família. Jesus é o laço de união entre o Pai e cada seguidor seu. A função
do Espírito na comunidade é ensinar e lembrar. Faz recordar e compreender o que
Jesus ensinou durante sua vida terrena. O Espírito é memória sempre atualizada
da prática de Jesus em todos os tempos e lugares. Por meio dele, podemos
distinguir o que leva a construir o Reino de Deus e o que se opõe a ele. Ao se
despedir, Jesus oferece o dom da paz aos seus. Não a “pax romana”, que era a
paz da opressão e da morte, praticada pelo poder dominante, mas a paz que
plenifica a vida e que é fruto da justiça. Viver a “paz de Jesus” é não se
comprometer com os esquemas de violência e dominação. Numa palavra, é viver os
valores do projeto de Jesus.
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