quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Marcos 6, 7-13 A missão dos discípulos.

-* Jesus começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados. 7 Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus. 8 Jesus recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. 9 Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. 10 E Jesus disse ainda: “Quando vocês entrarem numa casa, fiquem aí até partirem. 11 Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles.” 12 Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. 13 Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo. Comentário: * 6b-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações. Jesus decide enviar em missão seus discípulos e dá-lhes poder de expulsar os espíritos impuros. Os discípulos partem, com o poder do Espírito Santo, a fim de provocar radical mudança na sociedade. A bagagem é sóbria, apenas o necessário para se vestir e proteger os pés. O alimento deve provir da hospitalidade de quem os acolhe. Nada de ficar “batendo em ferro frio”, isto é, pregando a quem se recusa a ouvir a mensagem cristã. Nesse caso, “saiam daí sacudindo o pó dos pés”. É um gesto de acusação, como a dizer: andei por aqui e anunciei o projeto de Deus revelado por Jesus; fiz a minha parte… Os discípulos cumprem as orientações de Jesus e confirmam sua pregação com ações concretas e benfazejas (v. 13). E nós, o que fazemos, concretamente, em vista de transformar a sociedade em que vivemos?

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Marcos 6, 1-6 O escândalo da encarnação.

-* 1 Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2 Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? E esses milagres que são realizados pelas mãos dele? 3 Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa de Jesus. 4 Então Jesus dizia para eles que um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família. 5 E Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré. Apenas curou alguns doentes, pondo as mãos sobre eles. 6 E Jesus ficou admirado com a falta de fé deles. Comentário: * 1-6a: Os conterrâneos de Jesus se escandalizam: não querem admitir que alguém como eles possa ter sabedoria superior à dos profissionais e realize ações que indiquem uma presença de Deus. Para eles, o empecilho para a fé é a encarnação: Deus feito homem, situado num contexto social. Acompanhado de seus discípulos, Jesus vai a Nazaré, “sua terra”. Como de costume, ele ensina na sinagoga deles. Muitos ouvintes reagem com admiração: “Que sabedoria é essa que lhe foi dada?”. Mas logo a assembleia passa ao desprezo, tanto que Jesus extravasa seu lamento: “Um profeta só é desprezado em sua terra, entre seus parentes, e em sua casa”. Encontra, portanto, ambiente hostil, terreno infértil, corações endurecidos. Aqueles nazarenos perderam a ocasião de usufruir um pouco mais da presença do Mestre da verdade, o libertador dos oprimidos, a luz da vida. Então, impressionado com a falta de fé deles, Jesus os deixou apegados às velhas ideias e convicções, sufocados sob as pesadas estruturas sociais, enquanto ele “percorria os vilarejos vizinhos, ensinando”.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Marcos 5, 21-43 Restaurar os homens na vida total.

Jesus atravessou de barca novamente para o outro lado do mar. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22 Aproximou-se um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, 23 e pediu com insistência: “Minha filhinha está morrendo. Vem e põe as mãos sobre ela, para que sare e viva.” 24 Jesus acompanhou Jairo. E numerosa multidão o seguia e o apertava de todos os lados. 25 Aí chegou uma mulher que sofria de hemorragia já há doze anos; 26 tinha padecido na mão de muitos médicos, gastou tudo o que tinha e, em vez de melhorar, piorava sempre mais. 27 A mulher tinha ouvido falar de Jesus. Então ela foi no meio da multidão, aproximou-se de Jesus por trás e tocou na roupa dele, 28 porque pensava: “Ainda que eu toque só na roupa dele, ficarei curada.” 29 A hemorragia parou imediatamente. E a mulher sentiu no corpo que estava curada da doença. 30 Jesus percebeu imediatamente que uma força tinha saído dele. Então virou-se no meio da multidão e perguntou: “Quem foi que tocou na minha roupa?” 31 Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te aperta e ainda perguntas: ‘quem me tocou?”32 Mas Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. 33 A mulher, cheia de medo e tremendo, percebeu o que lhe havia acontecido. Então foi, caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. 34 Jesus disse à mulher: “Minha filha, sua fé curou você. Vá em paz e fique curada dessa doença.” 35 Jesus ainda estava falando, quando chegaram algumas pessoas da casa do chefe da sinagoga e disseram a Jairo: “Sua filha morreu. Por que você ainda incomoda o Mestre?” 36 Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenha medo; apenas tenha fé!” 37 E Jesus não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38 Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e ouviu as pessoas chorando e gritando. 39 Jesus entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu. Ela está apenas dormindo.” 40 As pessoas começaram a zombar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde a menina estava. 41 Jesus pegou a menina pela mão e disse: “Talita cúmi”, que quer dizer: “Menina, - eu lhe digo - levante-se!” 42 A menina levantou-se imediatamente e começou a andar, pois já tinha doze anos. E todos ficaram muito admirados. 43 Jesus recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo disso. E mandou dar comida para a menina. Comentário: * 21-43: Toda mulher menstruada ou sofrendo corrimento de sangue, era considerada impura (Lv 15,19.25), e impuros ficavam também os que fossem tocados por ela. A fé em Jesus faz que essa mulher viole a Lei e seja curada. A missão de Jesus é restaurar os homens na vida total: não só libertá-los da doença que os diminui e exclui do convívio social, mas também salvá-los da morte, que os exclui da vida antes do tempo. Dois episódios de cura. Em ambos, duas mulheres são beneficiadas pela palavra e pelo poder de Jesus. Os dois casos se relacionam com a vida e a fecundidade: a mulher sofre fluxo de sangue; a menina entra na fase de poder gerar vida humana. As duas, afastadas do convívio social: a menina, por sua doença e morte; a mulher, por uma enfermidade que a mantém em estado de impureza. Outros aspectos se destacam: a expressão da fé do chefe da sinagoga: “Vem e põe as mãos sobre ela, para que seja salva e viva”; a ousadia e a fé da mulher que padece de hemorragia: “Se eu apenas tocar nas vestes dele, ficarei curada”; a falta de sensibilidade dos discípulos (v. 31) e a incredulidade dos zombadores (v. 40). Jesus mostra inteira disponibilidade para ajudar a quem lhe pede socorro.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Marco 5, 1-20 Libertar o homem ou possuir bens?

-* 1 Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2 Logo que Jesus saiu da barca, um homem possuído por um espírito mau saiu de um cemitério e foi ao seu encontro. 3 Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4 Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5 Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7 e gritou bem alto: “Que há entre mim e ti, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te peço por Deus, não me atormentes!” 8 O homem falou assim, porque Jesus tinha dito: “Espírito mau, saia desse homem!” 9 Então Jesus perguntou: “Qual é o seu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’, porque somos muitos.” 10 E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. 11 Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12 Os espíritos maus suplicaram: “Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.” 13 Jesus deixou. Os espíritos maus saíram do homem e entraram nos porcos. E a manada - mais ou menos uns dois mil porcos - atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14 Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que tinha acontecido. 15 Foram até Jesus, viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, ele que antes estava possuído pela Legião. E ficaram com medo. 16 Os que tinham presenciado o fato explicaram para as pessoas o que tinha acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17 Então começaram a suplicar que Jesus fosse embora da região deles. 18 Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19 Jesus, porém, não deixou. E, em troca, lhe disse: “Vá para casa, para junto dos seus, e anuncie para eles tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por você.” 20 Então o homem foi embora e começou a pregar pela Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados. Comentário: * 1-20: A atitude dos que pedem que Jesus vá embora é a mesma de uma sociedade que valoriza mais a posse dos bens do que a libertação dos alienados e escravizados. Em primeiro lugar, Deus quer que o homem viva. A sociedade que põe qualquer coisa acima da vida humana é sociedade que rejeita Jesus. Jesus encontra-se em território pagão. Tarefa árdua o aguarda. Aparece um homem possuído por espírito impuro. Esse espírito simboliza a sociedade opressora, que tira da pessoa a liberdade de pensar e de viver dignamente. O homem, atormentado pelo espírito impuro, se encontra com Jesus. Movido pelo Espírito Santo, o mesmo Jesus que exerce seu poder sobre as forças do mar e da natureza manda também nos espíritos impuros. A fala do possesso é uma tentativa de demonstrar poder sobre Jesus. Impossível. Jesus expulsa a legião e lhe permite apossar-se da manada de porcos, cujos donos ficam inconformados, pois veem escapar sua fonte de lucro. Os habitantes do lugar também rechaçam Jesus. Gesto nobre é o do homem, que, uma vez curado, torna-se missionário de Cristo entre os pagãos.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Marcos 1, 21-28 Jesus vence a alienação.

-* 21 Foram à cidade de Cafarnaum e, no sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23 Nesse momento, estava na sinagoga um homem possuído por um espírito mau, que começou a gritar: 24 “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 25 Jesus ameaçou o espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” 26 Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu dele. 27 Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade... Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!” 28 E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a redondeza da Galileia. Comentário: * 21-28: A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e de agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo. Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. Por sua coerência de vida, Jesus ensina com autoridade. Pratica o que ensina. Realiza atos libertadores. Os doutores da Lei, ao invés, eram vazios; só exibiam conhecimento e impunham sobre o povo pesadas observâncias religiosas que eles próprios não cumpriam. O povo percebia essa incoerência. Na sinagoga, lugar de oração e instrução dos judeus, Jesus ensina em dia de sábado. O homem com espírito impuro é símbolo dos males que alienam e destroem a pessoa (não fala nem age por si mesma). O espírito impuro enfrenta Jesus, tentando exercer domínio sobre ele: “Eu sei quem tu és: o Santo de Deus”. Jesus, porém, com uma palavra que tem o poder de recriar a pessoa, expulsa o demônio: “Cale-se, e saia dele”. A admiração se apossa de todos, principalmente pelo “ensinamento novo, dado com autoridade”.

1 Coríntios 7, 32-35 E a virgindade?

32 Eu gostaria que vocês estivessem livres de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor. 33 Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e de como agradar à esposa, 34 e fica dividido. Assim também, a mulher solteira e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo e de como possa agradar ao marido. 35 Digo isso para o bem de vocês, não para armar uma cilada; somente para que vocês façam o que é mais nobre e possam permanecer sem distração junto ao Senhor. Comentário: * 25-35: Para a Igreja primitiva eram iminentes o fim do mundo e a manifestação final e gloriosa de Jesus (vv. 29.31). É nessa perspectiva que podemos compreender muitos conselhos referentes ao matrimônio, ao celibato e à virgindade: se o fim está próximo, para que se casar e ter filhos? Na visão de Paulo, a virgindade é vista como dom total da própria vida ao Senhor, como maneira de empenhar-se totalmente no testemunho do Evangelho. Jesus já destacava a grandeza do celibato na consagração radical a Deus e ao Reino, mas sem o impor (cf. Mt 19,10-12).

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Marcos 4, 35-41 Jesus é o Senhor da história.

-* 35 Nesse dia, quando chegou a tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para o outro lado do mar.” 36 Então os discípulos deixaram a multidão e o levaram na barca, onde Jesus já se encontrava. E outras barcas estavam com ele. 37 Começou a soprar um vento muito forte, e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já estava se enchendo de água. 38 Jesus estava na parte de trás da barca, dormindo com a cabeça num travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, não te importa que nós morramos?” 39 Então Jesus se levantou e ameaçou o vento e disse ao mar: “Cale-se! Acalme-se!” O vento parou e tudo ficou calmo. 40 Depois Jesus perguntou aos discípulos: “Por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” 41 Os discípulos ficaram muito cheios de medo e diziam uns aos outros: “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?” Comentário: * 35-41: Jesus atravessa com os discípulos para a terra dos pagãos. O mar agitado é símbolo das nações pagãs que ameaçam destruir a comunidade cristã. Mas Jesus é o Senhor da história e dos povos. O medo dos discípulos é sinal da falta de fé: eles não conseguem ver que a ação de Jesus transforma as situações. A travessia “para a outra margem do lago” indica evangelizar em território não judeu. Desafio tanto para Jesus como para os discípulos: que obstáculos encontrariam em terras pagãs, eles que já eram perseguidos em território judeu? A agitação das águas simboliza as ideias fixas dos discípulos: eles continuavam apegados a seu nacionalismo, acreditando que os judeus eram uma raça superior aos outros povos. Convencidos desse modo de pensar, os discípulos censuram Jesus, que dorme e não os apoia. Jesus acalma a tempestade. Faz cessar as pretensões judaicas. Desta vez, é Jesus quem repreende os discípulos: “Por que vocês são medrosos? Ainda não têm fé?”. Jesus, que fora perseguido pelas autoridades dos judeus e por seus próprios familiares, agora enfrenta o medo dos discípulos. O nosso medo.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Lucas 10, 1-9 Os anunciadores do Reino.

-* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’ Comentário: * 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. Assim como os Doze foram enviados em missão na Galileia, Jesus agora envia os setenta e dois (ou setenta) discípulos a evangelizar a Judeia. São setenta, como os povos que compunham a humanidade, sinal de que a Boa-nova deve estender-se ao mundo inteiro. Despojados de segurança e comodidades, vão à frente de Jesus para preparar sua chegada. Esse é o sentido de todo o apostolado da Igreja, pois é Jesus quem deve ocupar o centro da missão. Devem levar a paz também aos ambientes hostis (ovelhas entre lobos), mas não perder tempo com pessoas de má vontade (cf. v. 6). A tarefa deles é a mesma de Jesus: anunciar a Boa Notícia do Reino e curar os doentes. Vão sentir que é imenso o trabalho a realizar, por isso deverão pedir a Deus mais missionários para a grandiosa obra de expansão do Reino.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Marcos 16, 15-18 Aparições de Jesus ressuscitado.

15 Então Jesus disse-lhes: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. 16 Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado. 17 Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18 se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.” 19 Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20 Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e, por meio dos sinais que os acompanhavam, provava que o ensinamento deles era verdadeiro. Comentário: * 9-20: Este trecho difere muito do livro até aqui; por isso é considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente quiseram completar o livro de Marcos com um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos Apóstolos (1,4-14). Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos do Novo Testamento, o trecho conserva o pensamento de Marcos, isto é: os discípulos devem continuar a ação de Jesus. Antes de sua ascensão ao céu, Jesus envia seus discípulos com uma ordem bem precisa: proclamar o Evangelho. Os destinatários são todos os povos do mundo todo. Jesus confere aos discípulos o poder de curar doentes e expulsar demônios, isto é, libertar as pessoas de tudo o que as oprime e devolver-lhes a dignidade de filhos e filhas de Deus. Muitos sinais prodigiosos haveriam de acompanhar e confirmar a obra dos seguidores de Jesus. A Igreja primitiva (ler Atos dos Apóstolos) testemunhou a verdade dessa promessa: “O Senhor confirmava o que eles diziam sobre a graça de Deus, permitindo que, através deles, se realizassem sinais e prodígios” (At 14,3). Faz parte dessa corrente de pregadores o apóstolo Paulo, através do qual Deus realizava milagres extraordinários (cf. At 19,11).

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Marcos 4, 1-20 Jesus terá êxito na sua missão.

-* 1 Jesus começou a ensinar de novo às margens do mar da Galileia. Uma multidão se reuniu em volta dele. Por isso, Jesus entrou numa barca e sentou-se. A barca estava no mar, enquanto a multidão estava junto ao mar, na praia. 2 Jesus ensinava-lhes muitas coisas com parábolas. No seu ensinamento dizia para eles: 3 “Escutem. Um homem saiu para semear. 4 Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; os passarinhos foram e comeram tudo. 5 Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda. 6 Porém, quando saiu o sol, os brotos se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. 7 Outra parte caiu no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto. 8 Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, brotando e crescendo: rendeu trinta, sessenta e até cem por um.” 9 E Jesus dizia: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O mistério da missão de Jesus -* 10 Quando Jesus ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram o que significavam as parábolas. 11 Jesus disse para eles: “«Para vocês, foi dado o mistério do Reino de Deus; para os que estão fora tudo acontece em parábolas, 12 para que olhem, mas não vejam, escutem, mas não compreendam, para que não se convertam e não sejam perdoados.” Os homens diante da missão de Jesus -* 13 Jesus lhes perguntou: “Vocês não compreendem essa parábola? Como então vão compreender todas as outras parábolas? 14 O semeador semeia a Palavra. 15 Os que estão à beira do caminho são aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a ouvem, chega Satanás e tira a Palavra que foi semeada neles. 16 Do mesmo modo, os que recebem a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e a recebem com alegria; 17 mas eles não têm raiz em si mesmos: são inconstantes, e, quando chega uma tribulação ou perseguição por causa da Palavra, eles logo desistem. 18 Outros recebem a semente entre os espinhos: são aqueles que ouvem a Palavra; 19 mas surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, que sufocam a Palavra, e ela fica sem dar fruto. 20 Por fim, aqueles que receberam a semente em terreno bom, são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta, outro sessenta e outro cem por um.” Comentário: * 1-9: Apesar de todos os obstáculos, o semeador realiza seu trabalho, confiando na colheita que vai ter. Jesus também: apesar de todas as reações, obstáculos e incompreensões, sua missão chegará ao fim e será bem sucedida. * 10-12: As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso “estar dentro”, isto é, seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam “por fora”, e nada podem compreender. * 13-20: A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus (contada pela palavra do Evangelho) tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele. Jesus investe tempo e energias ensinando não somente os apóstolos, mas também as multidões que chegam de todas as partes. Anuncia-lhes a Palavra, atende às necessidades pessoais de seus ouvintes, cura os enfermos. Intensa e fatigosa é sua atividade cotidiana. Obra de zeloso evangelizador, comparada ao cuidadoso trabalho do semeador. As sementes se comportam conforme a qualidade do terreno; o resultado é desigual, pois os terrenos são diferentes. Assim também a Palavra de Deus, que será acolhida segundo a disposição de cada ouvinte. Alguns se deixam envolver por ela e se tornam fiéis discípulos de Jesus. Outros, vencida a euforia inicial, vão esfriando o ânimo e se afastam. A parábola deixa espaço para cada cristão responder a si mesmo: qual é, para mim, o significado e o efeito da Palavra de Deus?

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Marcos 3, 31-35 A verdadeira família de Jesus.

-* 31 Nisso chegaram a mãe e os irmãos de Jesus; ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo: 32 Havia uma multidão sentada ao redor de Jesus. Então lhe disseram: “Olha, tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram.” 33 Jesus perguntou: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” 34 Então Jesus olhou para as pessoas que estavam sentadas ao seu redor e disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35 Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Comentário: * 31-35: Enquanto a família segundo a carne está “fora”, a família segundo o compromisso da fé está “dentro”, ao redor de Jesus. Sua verdadeira família é formada por aqueles que realizam na própria vida a vontade de Deus, que consiste em continuar a missão de Jesus. Em outra ocasião, alguns parentes de Jesus apareceram com a intenção de interromper sua obra, pois achavam que ele tinha perdido o juízo. Não haviam entendido a missão dele. No episódio aqui proposto, fala-se de parentes próximos de Jesus, que estão fora da casa e querem falar com ele. Com certeza, esse grupo vem com boa intenção, mesmo porque estava acompanhado da Mãe dele. A Mãe havia percorrido o longo e duro caminho da fé e havia dialogado horas a fio com o Filho; sabia de sua intimidade com o Pai e que viera para fazer a vontade dele. Era a Mãe de Jesus, mas também sua primeira discípula. Com esse espírito, aqueles visitantes podiam entrar na casa e tornar-se membros da nova família de Jesus, já não mais unidos pelos laços de sangue, mas porque fazem a vontade de Deus.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Marcos 3, 22-30 Ouvir e agir.

22 Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá ser descoberto. 23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.” 24 E Jesus dizia ainda: “Prestem atenção no que vocês ouvem: com a mesma medida com que vocês medirem, também vocês serão medidos; e será dado ainda mais para vocês. 25 Para aquele que tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele tem.” A missão de Jesus é irresistível -* 26 E Jesus continuou dizendo: “O Reino de Deus é como um homem que espalha a semente na terra. 27 Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece. 28 A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. 29 Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou.” A missão atinge o mundo inteiro -* 30 Jesus dizia ainda: “Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? 31 O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra. 32 Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e torna-se maior que todas as plantas; ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra.” Comentário: * 21-25: A libertação iniciada por Jesus não é para ser abafada ou ficar escondida, mas para se tornar conhecida e contagiar a todos. Quem acolhe a Boa Notícia, aprende a ver e agir de acordo com a visão e a ação de Jesus. E a compreensão vai aumentando à medida que se age. Quem não age, perde até mesmo a pouca compreensão que já tem. * 26-29: A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível. * 30-34: Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro. No episódio anterior, os parentes de Jesus chegaram para impedir sua atividade, pois suspeitavam que ele estivesse “louco”. Agora, vem uma carga mais pesada. Efetiva campanha de difamação. Trata-se de uma comitiva oficial. São os doutores da Lei, “descidos de Jerusalém”. Querem desqualificar a pessoa e a obra de Jesus. A acusação é gravíssima, como se Jesus fosse o agente do rival satanás (v. 22). Jesus pede que eles se aproximem, para ouvirem bem, e demonstra que o argumento deles é falho (v. 23). Atribuir a satanás o que é ação de Deus é blasfemar contra o Espírito Santo. Maior não é o chefe dos demônios; maior é Jesus, que age pela força do Espírito Santo. Não aceitar essa verdade é negar a evidência, é não acolher Jesus, é pecar contra o Espírito Santo.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Marcos 1, 14-20 A pregação de Jesus.

-* 14 Depois que João Batista foi preso, Jesus voltou para a Galileia, pregando a Boa Notícia de Deus: 15 “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia.” Seguir a Jesus é comprometer-se -* 16 Ao passar pela beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e seu irmão André; estavam jogando a rede ao mar, pois eram pescadores. 17 Jesus disse para eles: “Sigam-me, e eu farei vocês se tornarem pescadores de homens.” 18 Eles imediatamente deixaram as redes e seguiram a Jesus. 19 Caminhando mais um pouco, Jesus viu Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes. 20 Jesus logo os chamou. E eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados e partiram, seguindo a Jesus. Comentário: * 14-15: São as primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave para interpretar toda a sua atividade. Cumprimento: em Jesus, Deus se entrega totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir. O Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a ação de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele. * 16-20: O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma ação transformadora. João Batista sai de cena e aparece Jesus com firme vontade de começar a missão. Anuncia que o Reino de Deus está ao alcance de todos, porém acrescenta uma exigência: “Arrependam- se e acreditem no Evangelho”. Começa a formar o grupo dos seus seguidores, ao qual dedicará tempo de qualidade e ensinamentos adequados. Lança um convite a dois pescadores, Simão e seu irmão André: “Farei de vocês pescadores de gente”. Certamente sem compreender o alcance da proposta, os dois deixam o trabalho e seguem a Jesus. Outros dois irmãos, Tiago e João, fazem o mesmo: deixam no barco o pai e os companheiros de profissão e vão atrás de Jesus. Grande poder de atração exerce Jesus sobre os jovens pescadores; admirável desapego deles ao deixar a ocupação habitual e se enveredarem rumo ao desconhecido!

1 Coríntios 7, 29-31 E a virgindade?

29 Uma coisa eu digo a vocês, irmãos: o tempo se tornou breve. De agora em diante, aqueles que têm esposa, comportem-se como se não a tivessem; 30 aqueles que choram, como se não chorassem; aqueles que se alegram, como se não se alegrassem; aqueles que compram, como se não possuíssem; 31 os que tiram partido deste mundo, como se não desfrutassem. Porque a aparência deste mundo é passageira. Comentário: * 25-35: Para a Igreja primitiva eram iminentes o fim do mundo e a manifestação final e gloriosa de Jesus (vv. 29.31). É nessa perspectiva que podemos compreender muitos conselhos referentes ao matrimônio, ao celibato e à virgindade: se o fim está próximo, para que se casar e ter filhos? Na visão de Paulo, a virgindade é vista como dom total da própria vida ao Senhor, como maneira de empenhar-se totalmente no testemunho do Evangelho. Jesus já destacava a grandeza do celibato na consagração radical a Deus e ao Reino, mas sem o impor (cf. Mt 19,10-12).

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Marcos 3, 20-21 O pecado sem perdão.

-* 20 Jesus foi para casa, e de novo se reuniu tanta gente que eles não podiam comer nem sequer um pedaço de pão. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus foram segurá-lo, porque eles mesmos estavam dizendo que Jesus tinha ficado louco. Comentário: * 20-30: Em Jesus está presente o Espírito Santo, que o leva à missão de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de estar “possuído por um espírito mau.” Tal acusação é pecado sem perdão. Para os acusadores, o bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e tiram proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus. A casa, em geral, é ambiente que oferece segurança e bem-estar. Sossego, muitas vezes. Não é o que acontece com Jesus e seus discípulos, que são procurados pelas multidões. Certamente, Jesus lhes dedica toda a atenção: ensinamento, cura de doenças e expulsão de espíritos impuros. As atividades eram tantas que “eles não conseguiam nem comer”. Tudo corria dentro da normalidade, até que um episódio inesperado veio trazer desconforto ao Mestre. Seus parentes chegam para impedi-lo de agir. Corriam vozes de que Jesus estava contrariando os costumes, as leis e as estruturas vigentes. Os parentes querem evitar que Jesus saia da normalidade. Não entenderam a novidade do Reino que Jesus veio implantar. Ele não estava louco. Ao contrário, é o maior sábio que o mundo conheceu.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Marcos 3, 13-19 A formação do novo povo de Deus.

-* 13 Jesus subiu ao monte e chamou os que desejava escolher. E foram até ele. 14 Então Jesus constituiu o grupo dos Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15 com autoridade para expulsar os demônios. 16 Constituiu assim os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, 19 e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu. Comentário: * 13-19: Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novo povo. A missão desse grupo compreende três atitudes: comprometer-se com Jesus (estar com ele) para anunciar o Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios). Na Bíblia, o monte representa o lugar do encontro com Deus. Jesus muitas vezes subiu ao monte para estar a sós e rezar. Desta vez, a finalidade é constituir o grupo dos Doze, “para que ficassem com ele, a fim de enviá-los a pregar, e para que tivessem autoridade para expulsar demônios”. Portanto, três finalidades bem definidas: estar com ele, pregar a Boa-nova do Reino e livrar as pessoas de todo tipo de opressão. A escolha recai sobre homens de culturas e níveis sociais diferentes. Cada um se entrega ao Senhor com as condições que tem. Caberá ao Mestre torná-los seus fiéis discípulos e continuadores de sua obra no mundo. Um dos Doze, “aquele que o entregou”, não compreendeu o projeto de Jesus e se tornou seu adversário.

Marcos 3, 7-12 Jesus e a multidão.

-* 7 Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8 E também muita gente da Judéia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e da Sidônia, foi até Jesus, porque tinha ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9 Então Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca, para ele não ficar espremido no meio da multidão. 10 Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal se jogavam sobre ele para tocá-lo. 11 Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12 Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era. Comentário: * 7-12: Jesus se retira, mas atrai a multidão de todos os lugares. Ele acolhe o povo, mas também toma distância. O projeto de Jesus não pode ser atrapalhado por um assistencialismo que só atende às necessidades imediatas. É preciso destruir pela raiz as estruturas injustas; estas é que produzem todo tipo de necessidades na vida do povo. Como um fenômeno extraordinário, Jesus atrai multidões de toda a região. Vinham até ele motivadas por “todas as coisas que ele fazia”. O que fazia? Anunciava a Boa-nova do Reino, curava os doentes, expulsava os demônios, perdoava pecados. Enfim, trazia a todos a tão esperada libertação. Começava novo tempo em que o Messias assumia a situação do povo oprimido, ouvia suas queixas, acolhia seus anseios de vida plena. E se colocava em defesa dos empobrecidos e marginalizados. Até os seus adversários o reconheciam como “Filho de Deus”. Jesus, porém, recomendava que “não divulgassem quem ele era”, já que não veio para competir com os chefes do povo, nem para tomar o lugar deles. Lutava, na verdade, para que toda a sociedade fosse alicerçada na prática da justiça e da fraternidade.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Marcos 3, 1-6 A lei de Jesus é salvar o homem.

* 1 Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com a mão seca. 2 Havia aí algumas pessoas espiando, para verem se Jesus ia curá-lo em dia de sábado, e assim poderem acusá-lo. 3 Jesus disse ao homem da mão seca: “Levante-se e fique no meio.” 4 Depois perguntou aos outros: “O que é que a Lei permite no sábado: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matá-la?” Mas eles não disseram nada. 5 Jesus então olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eles eram duros de coração. Depois disse ao homem: “Estenda a mão.” O homem estendeu a mão e ela ficou boa. 6 Logo depois, os fariseus saíram da sinagoga e, junto com alguns do partido de Herodes, faziam um plano para matar Jesus. Comentário: * 1-6: Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Ao mesmo tempo, partidos que eram inimigos entre si reúnem-se para planejar a morte desse profeta: afinal, ele está destruindo a ideia de religião e sociedade que eles tinham. Na sinagoga, outro conflito entre os fariseus e Jesus. Aferrados à observância do sábado, eles têm visão curta para a realidade e são insensíveis às necessidades das pessoas. No caso, um homem com mão paralisada. Jesus dispara uma pergunta tão adequada, que a assembleia emudece: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou matar?”. A resposta é óbvia, mas os fariseus não querem comprometer-se. Calam-se, mas no seu interior tramam a eliminação de Jesus, que tem boas razões para ficar indignado: “por causa da dureza do coração deles”. Não beneficiam o ser humano enquanto estão apegados a uma lei caduca, desumana. Não querem deixar livre um pregador que defende a pessoa, libertando-a das opressões ideológicas e sociais.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Marcos 2, 23-28 Jesus liberta da lei.

* 23 Num dia de sábado, Jesus estava passando por uns campos de trigo. Os discípulos iam abrindo caminho, e arrancando as espigas. 24 Então os fariseus perguntaram a Jesus: “Vê: por que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?” 25 Jesus perguntou aos fariseus: “Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam passando necessidade e sentindo fome? 26 Davi entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu dos pães oferecidos a Deus e os deu também para os seus companheiros. No entanto só os sacerdotes podem comer desses pães.” 27 E Jesus acrescentou: “O sábado foi feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado. 28 Portanto, o Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado.” Comentário: * 23-28: O centro da obra de Deus é o homem, e cultuar a Deus é fazer o bem ao homem. Não se trata de estreitar ou alargar a lei do sábado, mas de dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre os homens. Porque só é bom aquilo que faz o homem crescer e ter mais vida. Toda lei que oprime o homem é lei contra a própria vontade de Deus, e deve ser abolida. Os discípulos de Jesus estão simplesmente colhendo algumas espigas para matar a fome, em dia de sábado. Isso era permitido (cf. Dt 23,25). Proibido era fazer colheita (passar a foice) na plantação alheia (cf. Dt 23,26). Os fariseus, no entanto, usando de má intenção e tentando confundir o Mestre, acusam os discípulos dele de violação da lei sabática. Rápido no raciocínio, Jesus rebate a crítica dos fariseus, mostrando que o grande líder deles, Davi, alimentou a si e seus companheiros com o pão sagrado, que era reservado aos sacerdotes. Isto é, Davi se permitiu agir acima da lei para sanar uma necessidade legítima dele e dos companheiros. Jesus deixa claro que a lei existe para beneficiar o ser humano. E revela também que ele mesmo é maior do que Davi, que eles tanto prezavam.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Marcos 2, 18-22 Jesus provoca ruptura.

-* 18 Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam fazendo jejum. Então alguns perguntaram a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus fazem jejum e os teus discípulos não fazem?” 19 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está presente, os convidados não podem fazer jejum. 20 Mas vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia eles vão jejuar. 21 Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano e o rasgo fica maior ainda. 22 Ninguém coloca vinho novo em barris velhos; porque o vinho novo arrebenta os barris velhos, e o vinho e os barris se perdem. Por isso, vinho novo deve ser colocado em barris novos.” Comentário: * 18-22: O jejum caracterizava o tempo de espera. Mas esse tempo já terminou. Chegou a hora da festa do casamento, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e os homens. A atividade de Jesus mostra que o amor de Deus vem para salvar o homem concreto e não para manter as estruturas que sugam o homem. A novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Jesus não veio para reformar; ele exige mudança radical. Por que uma pessoa se dispõe a fazer jejum? Qual é o benefício que daí se obtém? Os discípulos do Batista e os discípulos dos fariseus faziam jejum, provavelmente, para agradar a Deus e, assim, aumentar os próprios méritos diante dele. Ao responder ao questionamento em torno do jejum, Jesus mostra que mais importante do que renunciar a algo material é estar com ele. Pois ele é o protagonista da história, o noivo da humanidade, a razão da festa. Portanto, é tempo de alegria e de fraternidade. Não é tempo de aborrecimento, de pessimismo. Haverá dias de tristeza, é claro, como os da Paixão. Mas a Páscoa devolve a esperança. Jesus é a presença de Deus em nosso meio. É necessário, porém, que haja mudança de mentalidade para aceitar a novidade de Jesus: “vinho novo em vasilhas novas”.

sábado, 13 de janeiro de 2024

João 1, 35-42 As testemunhas apontam o Salvador.

-* 35 No dia seguinte, João aí estava de novo, com dois discípulos. 36 Vendo Jesus que ia passando, apontou: “Eis aí o Cordeiro de Deus.” 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram a Jesus. 38 Jesus virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou: “O que é que vocês estão procurando?” Eles disseram: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?” 39 Jesus respondeu: “Venham, e vocês verão.” Então eles foram e viram onde Jesus morava. E começaram a viver com ele naquele mesmo dia. Eram mais ou menos quatro horas da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram a Jesus. 41 Ele encontrou primeiro o seu próprio irmão Simão, e lhe disse: “Nós encontramos o Messias (que quer dizer Cristo).” 42 Então André apresentou Simão a Jesus. Jesus olhou bem para Simão e disse: “Você é Simão, o filho de João. Você vai se chamar Cefas (que quer dizer Pedra).” Comentário: Comentário: * 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. “O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. É o primeiro apelo vocacional do quarto Evangelho. João Batista aponta o “Cordeiro de Deus” a dois de seus discípulos, aos quais Jesus pergunta: “O que vocês estão procurando?”. Essa é a questão sobre a qual todo cristão, ou cristã, deve seriamente refletir: o que estou, de fato, buscando? Por que quero ser cristão, agente de pastoral, consagrado(a), sacerdote? Os dois discípulos fazem breve estágio convivendo com Jesus. Provavelmente, ficam edificados e satisfeitos, pois, ao sair dali, André vai chamar seu irmão Simão, para quem Jesus já tem um plano: “Você é Simão, filho de João, e será chamado de Cefas” (que quer dizer Pedro). Certamente, André deu testemunho a respeito de Jesus a muitas outras pessoas. É o testemunho que provoca o desejo de conhecer Jesus e estabelecer comunhão com ele.

1 Coríntios 6, 13-15.17-20 A imoralidade.

13 “Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos.” Sim, mas Deus destruirá os dois. Ora, o corpo não é para a imoralidade e sim para o Senhor; e o Senhor é para o corpo. 14 Deus, que ressuscitou o Senhor, ressuscitará também a nós pelo seu poder. 15 Vocês não sabem que seus corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo para fazê-los membros de uma prostituta? Claro que não! Pois assim está na Escritura: “Os dois serão uma só carne.” 17 Ao contrário, aquele que se une ao Senhor, forma com ele um só espírito. 18 Fujam da imoralidade. Qualquer outro pecado que o homem comete, é exterior ao seu corpo; mas quem se entrega à imoralidade peca contra o seu próprio corpo. 19 Ou vocês não sabem que o seu corpo é templo do Espírito Santo, que está em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês já não pertencem a si mesmos. 20 Alguém pagou alto preço pelo resgate de vocês. Portanto, glorifiquem a Deus no corpo de vocês. Comentário: * 12-20: Paulo enfrenta uma falsa concepção de liberdade, extremamente permissiva em questões de vida sexual. Como princípio, ele salienta que nem tudo convém à condição cristã. Em outras palavras: o cristão deve saber discernir o que leva ao crescimento e à realização da pessoa humana. Uma vez que foi resgatado por Cristo para viver a liberdade, ele não deve deixar-se escravizar de novo, nem mesmo pelo próprio corpo, muitas vezes injuriando o próprio corpo.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Marcos 2, 13-17 Jesus rejeita a hipocrisia social.

-* 13 Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia ao seu encontro. E Jesus os ensinava. 14 Enquanto ia caminhando, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse para ele: “Siga-me.” Levi se levantou e o seguiu. 15 Mais tarde, Jesus estava comendo na casa de Levi. Havia vários cobradores de impostos e pecadores na mesa com Jesus e seus discípulos; com efeito, eram muitos os que o seguiam. 16 Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que Jesus come e bebe junto com cobradores de impostos e pecadores?” 17 Jesus ouviu e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.” Comentário: * 13-17: Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus. O evangelista Marcos insiste em afirmar que Jesus ensinava as multidões ou anunciava-lhes a Palavra. É o que faz agora, à beira-mar. Na sequência, Jesus passa e convida um coletor de impostos para ser seu discípulo. Por sua atitude ousada, Jesus enfrentará as críticas maldosas dos “doutores da Lei, do partido dos fariseus”. Estes classificavam os coletores de impostos como “pecadores”, porque estavam a serviço dos ocupantes romanos, tratavam com os não judeus e, em geral, abusavam da função explorando o povo. Admirável é a atitude de Jesus, que não se deixa levar por preconceitos e desconcerta os adversários: “Eu não vim chamar justos, e sim pecadores”. Edificante também é a atitude de Levi (Mateus), que deixa tudo para seguir a Jesus. A renúncia está em função do seguimento ao Mestre.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Marcos 2, 1-12 Jesus liberta pela raiz.

-* 1 Alguns dias depois, Jesus entrou de novo na cidade de Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que Jesus estava em casa. 2 E tanta gente se reuniu aí que já não havia lugar nem na frente da casa. E Jesus anunciava a palavra. 3 Levaram então um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Mas eles não conseguiam chegar até Jesus, por causa da multidão. Então fizeram um buraco no teto, bem em cima do lugar onde Jesus estava, e pela abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os seus pecados estão perdoados.” 6 Ora, alguns doutores da Lei estavam aí sentados, e começaram a pensar: 7 “Por que este homem fala assim? Ele está blasfemando! Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!” 8 Jesus logo percebeu o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que vocês pensam assim? 9 O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levante-se, pegue a sua cama e ande?’ 10 Pois bem, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - 11 eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.” 12 O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E todos ficaram muito admirados e louvaram a Deus dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim!” Comentário: * 2,1-12: Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si. Numerosas pessoas se concentram ao redor de Jesus, animadas com sua pregação. Algo inédito se passa: quatro homens carregam um paralítico e, pela cobertura, o colocam diante de Jesus. O gesto deles já é um eloquente pedido de cura. Então Jesus toma a iniciativa e lhe perdoa os pecados. Ora, perdoar pecados é privilégio exclusivo de Deus. Do ponto de vista dos mestres da Lei, Jesus está blasfemando. A pena para quem blasfemava era o apedrejamento. Mas Jesus tem também o dom de saber o que estão matutando em seu interior. Perdoar pecados é uma realidade invisível, teoricamente mais fácil. Entretanto, para manifestar o poder de “perdoar pecados sobre a terra”, Jesus cura o paralítico. Cura o ser humano na sua totalidade.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Marcos 1, 40-45 Jesus e os marginalizados.

-* 40 Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: “Se queres, tu tens o poder de me purificar.” 41 Jesus ficou cheio de ira, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fique purificado.” 42 No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado. 43 Então Jesus o mandou logo embora, ameaçando-o severamente: 44 “Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles.” 45 Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia. Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo. Comentário: * 40-45: O leproso era marginalizado, devendo viver fora da cidade, longe do convívio social, por motivos higiênicos e religiosos (Lv 13,45-46). Jesus fica irado contra uma sociedade que produz a marginalização. Por isso, o homem curado deve apresentar-se para dar testemunho contra um sistema que não cura, mas só declara quem pode ou não participar da vida social. O marginalizado agora se torna testemunho vivo, que anuncia Jesus, aquele que purifica. E Jesus está fora da cidade, lugar que se torna o centro de nova relação social: o lugar dos marginalizados é o lugar onde se pode encontrar Jesus. Por que Jesus fica “irado” ao acolher o leproso? Jesus está indignado com a sociedade que, além de não curar os leprosos, os mantém afastados do convívio social e do culto religioso. Conforme mentalidade da época, o leproso é considerado impuro e excluído do Reino de Deus. Jesus, ao invés, tem vontade (“quero”) de restituir-lhe a saúde (“fique purificado”) e reintegrá-lo na convivência social e religiosa. O Reino de Deus não exclui ninguém da salvação. Deus acolhe a todos, não somente os que cumprem certas condições de pureza física ou ritual. Por que Jesus pede ao homem curado para não divulgar o fato? Porque ele acaba de tomar posição pública contra a marginalização e contra a Lei que a prescreve; quer evitar que as autoridades o retirem de circulação, já que sua fama se espalhou por toda parte

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Marcos 1, 29-39 Ser livre para servir.

-* 29 Saíram da sinagoga e foram logo para a casa de Simão e André, junto com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo eles contaram isso a Jesus. 31 Jesus foi aonde ela estava, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. Então a febre deixou a mulher, e ela começou a servi-los. 32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio. 33 A cidade inteira se reuniu na frente da casa. 34 Jesus curou muitas pessoas de vários tipos de doença e expulsou muitos demônios. Os demônios sabiam quem era Jesus, e por isso Jesus não deixava que eles falassem. Jesus rejeita a popularidade fácil -* 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36 Simão e seus companheiros foram atrás de Jesus 37 e, quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando.” 38 Jesus respondeu: “Vamos para outros lugares, às aldeias da redondeza. Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim.” 39 E Jesus andava por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios. Comentário: * 29-34: Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem. * 35-39: O deserto é o ponto de partida para a missão. Aí Jesus encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a tentação: Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É o primeiro diálogo com os discípulos, e já se nota tensão. O evangelista nos oferece um vasto panorama da missão libertadora de Jesus. Vida dinâmica: viagens, ensinamentos, curas, expulsão de demônios, oração. Jesus sai da sinagoga e, juntamente com Tiago e João, vai à casa de Simão e André. Aí, com o toque de sua mão, cura da febre a sogra de Simão. Imediatamente, ela se põe a serviço da comunidade. O serviço ao próximo é a maneira de mostrar gratidão a Deus. Ao pôr do sol, Jesus cura muitos doentes e endemoninhados. Na madrugada, como se driblasse a todos, Jesus se retira a sós para rezar. Com isso, mostra a importância de entrar em comunhão com Deus no meio das nossas atividades. Simão e seus companheiros o “procuram ansiosos” e expressam o sentimento comum: “Todos te procuram”. Jesus não se deixa aprisionar: “Vamos a outros lugares…”.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Marcos 1, 21-28 Jesus vence a alienação.

-* 21 Foram à cidade de Cafarnaum e, no sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23 Nesse momento, estava na sinagoga um homem possuído por um espírito mau, que começou a gritar: 24 “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 25 Jesus ameaçou o espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” 26 Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu dele. 27 Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade... Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!” 28 E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a redondeza da Galileia. Comentário: * 21-28: A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e de agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo. Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. Jesus ensina na sinagoga, lugar onde se reúne a comunidade dos judeus. Fala com autoridade. Sua palavra provoca a reação do espírito impuro. Este representa as pessoas que estão acomodadas com o sistema vigente; acreditam que o povo de Israel é superior aos outros povos e, por isso, os desprezam. Isso é o que aprendem dos mestres da Lei e dos fariseus. Não é essa a mentalidade que Jesus vem apoiar. Ao contrário, Jesus anuncia o Reino de Deus, que é universal; abrange todas as nações. Por isso, pela força do Espírito Santo, Jesus comanda ao espírito impuro que saia daquele homem: “Cale-se e saia dele”. O efeito logo se vê. Desconcertada, a multidão reconhece em Jesus um poder superior: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade!”. (Dia a dia c

domingo, 7 de janeiro de 2024

Marcos 1, 7-11 O anúncio da chegada do Messias.

7 E pregava: “Depois de mim, vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as suas sandálias. 8 Eu batizei vocês com água, mas ele batizará vocês com o Espírito Santo.” O Messias é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus -* 9 Nesses dias, Jesus chegou de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10 Logo que Jesus saiu da água, viu o céu se rasgando, e o Espírito, como pomba, desceu sobre ele. 11 E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado; em ti encontro o meu agrado.” Comentário: * 2-8: A pregação de João Batista é grande advertência. Ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. É preciso estar preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la. * 9-11: O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé (Is 42,1-2). João pregava e batizava. Por sua pregação, as pessoas eram convidadas a se manter fiéis ao projeto de Deus e acolher o Messias. Por seu batismo, deviam mudar de vida: batismo de conversão. “Mais forte” do que João, o Messias haveria de batizar com o Espírito Santo. Portanto, não é o batismo com água de rio, mas com o “vento” que desce do céu e renova a vida. Eis que Jesus vem de Nazaré da Galileia e se apresenta para receber o batismo de João. Nessa circunstância, Jesus testemunha a presença do Espírito Santo, que desce sobre ele em forma de pomba (cf. Gn 1,2: primeira criação), e a manifestação do Pai, cuja voz ecoa solenemente: “Tu és o meu Filho amado. Em ti eu me agrado”. Esse é o Messias servidor que, mediante o serviço, implantará entre nós o Reino de Deus.

sábado, 6 de janeiro de 2024

Mateus 2, 1-12 Jesus, perigo ou salvação?

-* 1 Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, 2 e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem.” 3 Ao saber disso, o rei Herodes ficou alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém. 4 Herodes reuniu todos os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei, e lhes perguntou onde o Messias deveria nascer. 5 Eles responderam: “Em Belém, na Judéia, porque assim está escrito por meio do profeta: 6 ‘E você, Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as principais cidades de Judá, porque de você sairá um Chefe, que vai apascentar Israel, meu povo.’ “ 7 Então Herodes chamou secretamente os magos, e investigou junto a eles sobre o tempo exato em que a estrela havia aparecido. 8 Depois, mandou-os a Belém, dizendo: “Vão, e procurem obter informações exatas sobre o menino. E me avisem quando o encontrarem, para que também eu vá prestar-lhe homenagem.” 9 Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino. 10 Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria. 11 Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e lhe prestaram homenagem. Depois, abriram seus cofres, e ofereceram presentes ao menino: ouro, incenso e mirra. 12 Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, partiram para a região deles, seguindo por outro caminho. Comentário: * 1-12: Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. Sua vinda, porém, desperta reações diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e o acolhem como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceito pelos pagãos. Jesus nasce em Belém, como descendente de Davi, potencialmente sucessor legítimo. Para Herodes, o “recém-nascido rei dos judeus” é um rival perigoso a ser eliminado. Prenuncia-se, desde já, a forte oposição do rei e seus aliados. Em contrapartida, os magos orientais (entendidos de astronomia) vêm prestar homenagem ao menino Jesus. Herodes diz querer compartilhar desse nobre gesto, mas o faz só para despistar suas más intenções! A estrela acompanha os magos, indica-lhes o lugar, e o encontro se dá: “Viram o menino com Maria, sua mãe, e se ajoelharam diante dele”. Então, os magos entregam o tributo dos pagãos ao Rei infante. A Igreja leu, nesse episódio, a manifestação (epifania) do Salvador aos pagãos, deixando claro que a salvação não é privilégio dos judeus, mas é para todos os povos. (

Efésios 3, 2-3.5-6 Paulo e o mistério de Cristo.

2 Certamente ouviram falar do modo como a graça de Deus me foi confiada em benefício de vocês. 3 Foi por revelação que Deus me fez conhecer o mistério que acabo de expor brevemente. 5 Deus não manifestou esse mistério para as gerações passadas da mesma forma com que o revelou agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: 6 em Jesus Cristo, por meio do Evangelho, os pagãos são chamados a participar da mesma herança, a formar o mesmo corpo e a participar da mesma promessa. Comentário: * 1-13: O mistério é o centro do anúncio de Paulo, e está inseparavelmente ligado à sua vocação de missionário entre os pagãos. Esse mistério é o projeto de Deus, que se realizou em Jesus Cristo e que manifesta toda a sua grandeza na Igreja, mediante o ministério de Paulo: os pagãos são chamados a pertencer ao povo de Deus.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Marcos 1, 7-11 O anúncio da chegada do Messias.

7 E pregava: “Depois de mim, vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as suas sandálias. 8 Eu batizei vocês com água, mas ele batizará vocês com o Espírito Santo.” O Messias é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus -* 9 Nesses dias, Jesus chegou de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10 Logo que Jesus saiu da água, viu o céu se rasgando, e o Espírito, como pomba, desceu sobre ele. 11 E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado; em ti encontro o meu agrado.” Comentário: * 2-8: A pregação de João Batista é grande advertência. Ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. É preciso estar preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la. * 9-11: O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé (Is 42,1-2). João Batista não quer para si as atenções da multidão. Ele avisa que está chegando alguém mais forte. Fala do Messias, que possui a plenitude do Espírito Santo. Será superior, também, porque vai inaugurar uma nova sociedade, a Nova Aliança. Ao receber o batismo de João, Jesus indica que concorda com a pregação dele. Além disso, recebendo o batismo, Jesus declara seu compromisso de implantar a justiça e de entregar-se pelo bem da humanidade. Isso implica a disposição para imolar a própria vida. Ao ser batizado, Jesus conta com a ação do Espírito Santo, que desce sobre ele em forma de pomba. E tem a seu favor o testemunho do Pai celeste, que lhe diz: “Tu és o meu Filho amado”.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

João 1, 43-51 As testemunhas apontam o Salvador.

43 No dia seguinte, Jesus decidiu partir para a Galileia. Encontrou Filipe e disse: “Siga-me.” 44 Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. 45 Filipe se encontrou com Natanael e disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei e também os profetas: é Jesus de Nazaré, o filho de José.” 46 Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Venha, e você verá.” 47 Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: “Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade.” 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando você estava debaixo da figueira.” 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!” 50 Jesus disse: “Você está acreditando só porque eu lhe disse: ‘Vi você debaixo da figueira’? No entanto, você verá coisas maiores do que essas.” 51 E Jesus continuou: “Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” Comentário: * 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. “O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. Como numa rede social, em pouco tempo, grande número de pessoas tomam conhecimento a respeito de Jesus de Nazaré e querem conhecê-lo de perto. A começar por João Batista, que envia os próprios discípulos a Jesus. André fala com seu irmão Pedro. Os dois informam Filipe, que transmite a notícia a Natanael, e o grupo vai se avolumando. Estamos no primeiro capítulo do Evangelho de João, e já se sente uma entusiasta movimentação de novos discípulos ao redor de Jesus de Nazaré. Aos poucos, vai se constituindo o grupo dos apóstolos, a quem o Mestre dedicará formação especial e intensiva, em vista de prepará-los para a missão. Extremamente acolhedor, Jesus transmite confiança a cada um deles e lhes assegura ser ele a verdadeira ponte que une o céu e a terra.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

João 1, 35-42 As testemunhas apontam o Salvador.

-* 35 No dia seguinte, João aí estava de novo, com dois discípulos. 36 Vendo Jesus que ia passando, apontou: “Eis aí o Cordeiro de Deus.” 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram a Jesus. 38 Jesus virou-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou: “O que é que vocês estão procurando?” Eles disseram: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?” 39 Jesus respondeu: “Venham, e vocês verão.” Então eles foram e viram onde Jesus morava. E começaram a viver com ele naquele mesmo dia. Eram mais ou menos quatro horas da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram a Jesus. 41 Ele encontrou primeiro o seu próprio irmão Simão, e lhe disse: “Nós encontramos o Messias (que quer dizer Cristo).” 42 Então André apresentou Simão a Jesus. Jesus olhou bem para Simão e disse: “Você é Simão, o filho de João. Você vai se chamar Cefas (que quer dizer Pedra).” Comentário: * 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. “O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. João Batista havia anunciado, a todo o povo, a vinda do Messias. Agora o mostra já presente e próximo. A dois de seus discípulos indica o “Cordeiro de Deus”. Um dos discípulos é André, que, após o encontro com Jesus, lhe apresenta seu irmão Simão. Jesus olha bem para Simão e lhe dá novo nome: Cefas, que significa Pedra. Esse nome implica a futura missão de Pedro na comunidade. O outro discípulo, cujo nome não é revelado, poderia ser qualquer um de nós que deseja estabelecer comunhão com o Mestre divino. Os novos seguidores de Jesus lhe perguntam: “Mestre, onde moras?”. Sem discursos persuasivos nem promessas sedutoras, Jesus os convida a fazer a experiência. O testemunho vale mais que palavras.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

João 1, 29-34 A testemunha reconhece o Salvador.

-* 29 No dia seguinte, João viu Jesus, que se aproximava dele. E disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. 30 Este é aquele de quem eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou na minha frente, porque existia antes de mim’. 31 Eu também não o conhecia. Mas vim batizar com água, a fim de que ele se manifeste a Israel.” 32 E João testemunhou: “Eu vi o Espírito descer do céu, como uma pomba, e pousar sobre ele. 33 Eu também não o conhecia. Aquele que me enviou para batizar com água, foi ele quem me disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e pousar, esse é quem batiza com o Espírito Santo’. 34 E eu vi, e dou testemunho de que este é o Filho de Deus.” Comentário: * 29-34: No idioma dos judeus, a mesma palavra pode significar servo e cordeiro. Jesus é o Servo de Deus, anunciado pelos profetas, aquele que devia sacrificar-se pelos seus irmãos. Também é o verdadeiro Cordeiro, que substitui o cordeiro pascal. João Batista, chamando Jesus de Cordeiro, mostra que ele é o Messias que vem tirar a humanidade da escravidão em que se encontra e conduzi-la a uma vida na liberdade. João Batista não se contenta em anunciar a vinda do Messias. Colhe a ocasião para apontá-lo aos seus discípulos e ao povo. E o faz apresentando três características de Jesus: 1ª) Jesus é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Os judeus podiam entender o que significava ser “cordeiro”, visto que eles ofereciam cordeiros em sacrifício para implorar o perdão de Deus. Jesus vai sacrificar-se a si mesmo por nós; não haverá mais necessidade de oferecer animais em sacrifício. Jesus é o verdadeiro Cordeiro que substitui o cordeiro pascal. 2ª) Jesus batiza não só com água, como João, mas com o Espírito Santo. É o Espírito quem concede vida nova. 3ª) Jesus é o Filho de Deus, aquele que revela o projeto do Pai.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

João 1, 19-28 A testemunha não é o Salvador.

-* 19 O testemunho de João foi assim. As autoridades dos judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntarem a João: “Quem é você?” 20 João confessou e não negou. Ele confessou: “Eu não sou o Messias.” 21 Eles perguntaram: “Então, quem é você? Elias?” João disse: “Não sou.” Eles perguntaram: “Você é o Profeta?” Ele respondeu: “Não.” Então perguntaram: 22 “Quem é você? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. Quem você diz que é?” 23 João declarou: “Eu sou uma voz gritando no deserto: ‘Aplainem o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías.” 24 Os que tinham sido enviados eram da parte dos fariseus. 25 E eles continuaram perguntando: “Então, por que é que você batiza, se não é o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26 João respondeu: “Eu batizo com água, mas no meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem, 27 e que vem depois de mim. Eu não mereço nem sequer desamarrar a correia das sandálias dele.” 28 Isso aconteceu em Betânia, na outra margem do Jordão, onde João estava batizando. Comentário: * 19-28: Quando João Batista começou a pregação, os judeus estavam esperando o Messias, que iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a chegada do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As autoridades religiosas estavam preocupadas e mandaram investigar se João pretendia ser ele o Messias. João nega ser o Messias, denuncia a culpa das autoridades, e dá uma notícia inquietante: o Messias já está presente a fim de inaugurar uma nova era para o povo. Messias é o nome que os judeus davam ao Salvador esperado. Também o chamavam o Profeta. E, conforme se acreditava, antes de sua vinda deveria reaparecer o profeta Elias. João Batista é a testemunha que tem como função preparar o caminho para os homens chegarem até Jesus. Ora, a testemunha deve ser sincera, e não querer o lugar da pessoa que ela está testemunhando. As autoridades religiosas de Jerusalém estão incomodadas com João Batista. Tanto assim que enviam uma delegação para submetê-lo a interrogatório. As perguntas são de censura: “Por que você batiza, se não é o Messias, nem Elias, nem o Profeta?”. João coloca-se no seu lugar: ele é a voz que espalha por toda parte a Boa Notícia: “Aplanem o caminho para o Messias”. Jesus vem depois de João, mas é maior do que ele. Já está no meio deles, mas ainda não o perceberam. Por vezes, gastamos tempo e energia em discussões sobre Jesus, como os judeus diante do Batista. Mais importante do que investigar a respeito de Jesus, é aceitá-lo em nossa vida com todas as suas exigências.