sexta-feira, 31 de março de 2023

João 11,45-56 Os poderosos procuram matar Jesus.

* 45 Então muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele. 46 Alguns, porém, foram ao encontro dos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47 Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho. E disseram: “Que é que vamos fazer? Esse homem está realizando muitos sinais. 48 Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o Templo e toda a nação.” 49 Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote nesse ano, disse: “Vocês não sabem nada. 50 Vocês não percebem que é melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer?” 51 Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus ia morrer pela nação. 52 E não só pela nação, mas também para reunir juntos os filhos de Deus que estavam dispersos. 53 A partir desse dia, as autoridades dos judeus decidiram matar Jesus. 54 Por isso, Jesus não andava mais em público entre os judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto. Foi para uma cidade chamada Efraim, onde ficou com seus discípulos. 55 A Páscoa dos judeus estava próxima, e muita gente do campo foi a Jerusalém para purificar-se antes da Páscoa. 56 Eles procuravam Jesus, e quando se reuniram no Templo, comentavam: “Que é que vocês acham? Será que ele não vem para a festa?” Comentário: * 45-57: A comunicação da vida e liberdade é intolerável para um sistema opressor que gera a morte. As autoridades disfarçam sua hostilidade com a desculpa de que o bem da nação está em jogo. Apelam para a segurança nacional. Caifás apresenta a solução que, ironicamente, se tornou o coração da fé cristã: Jesus morrerá por todos. Matando a Jesus, o sistema opressor se denuncia e se destrói a si mesmo, abrindo a possibilidade da vida e liberdade para todos. Diante da ressurreição de Lázaro, muitos acreditaram em Jesus. Entretanto, com más intenções, alguns deles foram logo dar a notícia às autoridades religiosas. Como acontecia para assuntos importantes, os dirigentes reuniram o Conselho para deliberar o que fariam com Jesus, que se tornara para eles forte ameaça de perderem a posição privilegiada diante dos dominadores romanos. Era urgente dar um sumiço no grande líder Jesus. Um membro do Conselho, o sumo sacerdote Caifás, concordou que um só deveria morrer por toda a nação. Desse modo, profetizou que Jesus morreria por todos e para reunir de todas as partes do mundo os filhos de Deus. Sem saber, ele indicava o alcance universal do sacrifício de Jesus, que vai morrer para restaurar a comunhão de todas as pessoas com ele e entre si.

quinta-feira, 30 de março de 2023

João 10,31-42 As credenciais de Jesus são as suas obras.

31 As autoridades dos judeus pegaram pedras outra vez para apedrejar Jesus. 32 Então Jesus disse: “Por ordem do meu Pai, tenho feito muitas coisas boas na presença de vocês. Por qual delas vocês me querem apedrejar?” 33 As autoridades dos judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus.” 34 Jesus disse: “Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: ‘Eu disse: vocês são deuses’? 35 Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. 36 O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus? 37 Se não faço as obras do meu Pai, vocês não precisam acreditar em mim. 38 Mas se eu as faço, mesmo que vocês não queiram acreditar em mim, acreditem pelo menos em minhas obras. Assim vocês conhecerão, de uma vez por todas, que o Pai está presente em mim, e eu no Pai.” 39 Eles tentaram outra vez prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. O testemunho é eficaz -* 40 Jesus atravessou de novo o rio Jordão e foi para o lugar onde antes João ficava batizando. E aí ficou. 41 Muitos foram ao seu encontro. E diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito desse homem é verdade.” 42 E aí muitos acreditaram em Jesus. Comentário: * 22-39: Jesus define sua condição de Messias, apresentando-se como o Filho de Deus. As provas de seu messianismo não são teorias jurídicas, mas fatos concretos: suas ações comprovam que é Deus quem age nele. * 40-42: O testemunho revela Jesus aos homens, levando-os a compreender que Jesus realiza o projeto de Deus (cf. 1,26-34). À medida que se aproxima a paixão e morte de Jesus, seus adversários parecem mais furiosos. Com pedra nas mãos, anseiam por acabar com ele, como se fosse um malfeitor extremamente perigoso. Jesus, no entanto, de modo sereno e soberano, segue explicando que o Pai o santificou e enviou ao mundo. Ele realiza as obras que o Pai lhe mandou fazer. Que acreditem ao menos nessas obras e compreenderão a íntima união entre ele e o Pai. Terreno impenetrável é o coração dos dirigentes, que mais uma vez tentam prender Jesus. Afastando-se de Jerusalém, ele volta ao lugar onde iniciou a missão, exatamente onde João costumava batizar. E aí, ao contrário das autoridades, o povo acolhe Jesus e se dispõe a fazer parte do seu rebanho.

quarta-feira, 29 de março de 2023

João 8,51-59 Jesus é maior do que Abraão.

. 51 Eu garanto a vocês: se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a morte.” 52 Os judeus disseram: “Agora sabemos que estás louco. Abraão morreu e os profetas também. E tu dizes: ‘se alguém guarda a minha palavra, nunca vai experimentar a morte’. 53 Por acaso, tu és maior que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem é que pretendes ser?” 54 Jesus respondeu: “Se eu glorifico a mim mesmo, minha glória não vale nada. Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vocês dizem que é o Pai de vocês. 55 Vocês não o conhecem, mas eu o conheço. Se dissesse que não o conheço, eu seria mentiroso como vocês. Mas eu o conheço e guardo a palavra dele. 56 Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria.” 57 Então os judeus disseram: “Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?” 58 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: antes que Abraão existisse, Eu Sou.” 59 Então eles pegaram pedras para atirar em Jesus. Mas Jesus se escondeu e saiu do Templo. Comentário: * 48-59: Abraão se alegrou com a promessa feita por Deus de que o futuro Messias iria sair da sua descendência (Gn 12,7; 15,2ss; Gl 3,16). Jesus vai muito além, e atribui a si mesmo o título do Deus do êxodo: “Eu Sou”. Abraão é o primeiro elo de uma corrente que se estende ao longo da história da salvação. História que tem como centro e ponto de chegada a pessoa de Jesus Cristo. Abraão esperava a manifestação plena da vida. E isso só acontece com a presença e a prática de Jesus. Como as autoridades não aceitam a vida que Jesus oferece, planejam eliminá-lo. Para escândalo de seus conterrâneos, Jesus afirma: “Antes que Abraão existisse, Eu sou”. “Eu sou” recorda o nome Javé, com que Deus se deu a conhecer a Moisés, por ocasião da libertação do Egito. Jesus assume esse nome por ser o Filho de Deus que revela de modo pleno o projeto do Pai. Não comprometidos com Jesus, os chefes recolhem pedras para apedrejá-lo. Ameaçado de morte, Jesus se retira do templo e se esconde. Hoje, como sempre, muitas pessoas são ameaçadas de morte. Por quê?

terça-feira, 28 de março de 2023

João 8,31-42 A verdade liberta.

* 31 Então Jesus disse para as autoridades dos judeus que tinham acreditado nele: “Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; 32 conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês.” 33 Eles disseram: “Nós somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: 'vocês ficarão livres’? “34 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: quem comete o pecado, é escravo do pecado. 35 O escravo não fica para sempre na casa, mas o filho fica aí para sempre. 36 Por isso, se o Filho os libertar, vocês realmente ficarão livres. 37 Eu sei que vocês são descendentes de Abraão; no entanto, estão procurando me matar, porque minha palavra não entra na cabeça de vocês. 38 Eu falo das coisas que vi junto do Pai; vocês também devem fazer aquilo que ouvem do pai de vocês.” A mentira escraviza -* 39 As autoridades dos judeus disseram a Jesus: “Nosso pai é Abraão.” Jesus disse: “Se vocês são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão. 40 Agora, porém, vocês querem me matar, e o que eu fiz, foi dizer a verdade que ouvi junto de Deus. Isso Abraão nunca fez. 41 Vocês fazem a obra do pai de vocês.” Então eles replicaram: “Não somos filhos ilegítimos; só temos um pai, que é Deus.” 42 Jesus disse: “Se Deus fosse pai de vocês, vocês me amariam, porque eu saí de Deus e venho dele. Não vim pela minha própria vontade, mas foi ele que me enviou. Comentário * 31-38: A verdade que liberta é aceitar a vida nova trazida por Jesus, que relativiza tudo aquilo que antes parecia absoluto: riqueza, poder, ideias, estruturas. A liberdade só é possível quando se rompe com uma ordem injusta, que impede a experiência do amor de Deus através do amor ao homem. * 39-47: O diabo é aquele que se opõe à vontade de Deus e se absolutiza, ocupando o lugar de Deus e criando uma sociedade mentirosa e assassina, que adora ídolos opressores, e é incapaz de assimilar a mensagem libertadora de Jesus. A liberdade de que fala Jesus não consiste em livrar-se de toda obrigação, de toda responsabilidade, não é poder fazer o que bem entendemos e não ter que prestar contas a ninguém. A liberdade é fruto da missão. Trata-se de libertar-nos do pecado, para levarmos vida nova, deixando Deus reinar em nossa vida. Jesus diz que seus adversários são escravos do pecado, por buscarem matar o libertador. Os adversários afirmam que são filhos de Abraão. Jesus contesta: Se fossem filhos de Abraão, fariam as obras de Abraão e não perseguiriam a ele, Jesus, que é o fiel descendente de Abraão. Por fim, os adversários argumentam que o pai deles é Deus. Jesus mostra que são contraditórios: como podem ser filhos de Deus, se rejeitam aquele que o Pai enviou ao mundo?

segunda-feira, 27 de março de 2023

João 8,21-30 O pecado é rejeitar uma ordem nova.

-* 21 Jesus continuou dizendo: “Eu vou-me embora e vocês vão me procurar, mas vocês vão morrer no seu pecado. Para onde eu vou, vocês não podem ir.” 22 As autoridades dos judeus comentavam: “Por acaso ele vai se matar? Pois está dizendo: ‘Para onde eu vou, vocês não podem ir.” 23 Jesus continuou a falar: “Vocês são daqui de baixo, eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo, mas eu não sou deste mundo. 24 É por isso que eu digo que vocês vão morrer nos seus pecados. Se vocês não acreditam que Eu Sou, vocês vão morrer nos seus pecados.” 25 Então as autoridades dos judeus perguntaram: “Quem és tu?” Jesus respondeu: “O que eu estou dizendo desde o começo. 26 Eu poderia dizer muita coisa a respeito de vocês, e condená-los. Mas, aquele que me enviou é verdadeiro, e eu digo ao mundo as coisas que ouvi dele.” 27 Eles não compreenderam que Jesus falava a respeito do Pai. 28 Jesus continuou dizendo: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu Sou e que não faço nada por mim mesmo, pois falo apenas aquilo que o Pai me ensinou. 29 Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que agrada a ele.” 30 Enquanto Jesus falava essas coisas, muitos acreditaram nele. Comentário: * 21-30: O pecado que leva à morte é permanecer fechado neste mundo de baixo, isto é, dentro de uma ordem sociorreligiosa injusta. Jesus é a presença atuante do Deus do êxodo (“Eu Sou”, cf. Ex 3,14), que liberta o povo da escravidão e o conduz para uma vida nova, desejada por Deus (“mundo de cima”). É através da sua morte que Jesus realiza esse êxodo. À medida que se aproxima a paixão de Jesus, seu drama torna-se mais agudo. O diálogo entre Jesus e os fariseus é truncado. Não flui, porque os fariseus não se abrem à verdade, não têm disposição para acolher Jesus, o enviado do Pai. Permanecem surdos ao ensinamento dele, impenetráveis à proposta de vida nova. Instalam-se nas trevas do pecado, porque se recusam a aceitar a luz divina. O drama de Jesus terminará na cruz, quando se revelará sua divindade com toda a força: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, irão saber então que Eu Sou”. Mesmo encontrando muitos corações de pedra, não é inútil o discurso de Jesus, que insiste em reafirmar sua total sintonia com o Pai. Não foram palavras jogadas ao vento, já que muitos acreditaram nele.

domingo, 26 de março de 2023

João 8, 1-11 Jesus não veio para condenar.

-* 1 Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2 Ao amanhecer, ele voltou ao Templo, e todo o povo ia ao seu encontro. Então Jesus sentou-se e começou a ensinar. 3 Chegaram os doutores da Lei e os fariseus trazendo uma mulher, que tinha sido pega cometendo adultério. Eles colocaram a mulher no meio 4 e disseram a Jesus: “Mestre, essa mulher foi pega em flagrante cometendo adultério. 5 A Lei de Moisés manda que mulheres desse tipo devem ser apedrejadas. E tu, o que dizes?” 6 Eles diziam isso para pôr Jesus à prova e ter um motivo para acusá-lo. Então Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo. 7 Os doutores da Lei e os fariseus continuaram insistindo na pergunta. Então Jesus se levantou e disse: “Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra.” 8 E, inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. 9 Ouvindo isso, eles foram saindo um a um, começando pelos mais velhos. E Jesus ficou sozinho. Ora, a mulher continuava ali no meio. 10 Jesus então se levantou e perguntou: “Mulher, onde estão os outros? Ninguém condenou você?” 11 Ela respondeu: “Ninguém, Senhor.” Então Jesus disse: “Eu também não a condeno. Pode ir, e não peque mais.” Comentário: * 1-11: Mais uma vez Jesus mostra que a pessoa humana está acima de qualquer lei. Os homens não podem julgar e condenar, porque nenhum deles está isento de pecado. O próprio Jesus não veio para julgar, pois o Pai não quer a morte do pecador, e sim que ele se converta e viva (Ez 18,23.32). Na área do templo, Jesus ensina a todo o povo “que ia ao seu encontro”. Rumores de passos de um grupo apressado interrompem a palestra de Jesus. Doutores da Lei e fariseus, que viviam à caça de ocasião para acusar Jesus de alguma falha, preparam-lhe uma armadilha: ele deverá responder se é a favor do apedrejamento da adúltera, ou então ir contra a Lei de Moisés, se a absolver. Em nome da Lei, querem destruir o Mestre. Com atitude serena e majestosa, Jesus os convida a jogar pedra na mulher, com uma condição: se forem inocentes. Não eram; viviam no pecado. Por isso, desapontados, desaparecem. Jesus liberta a mulher das mãos dos improvisados e maldosos juízes e a liberta também da situação de pecado. Oferece-lhe condições de vida nova e plena.

Romanos 8,8-11 A vida no Espírito.

8 porque os que vivem segundo os instintos egoístas não podem agradar a Deus. 9 Uma vez que o Espírito de Deus habita em vocês, vocês já não estão sob o domínio dos instintos egoístas, mas sob o Espírito, pois quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele. 10 Se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, e o Espírito é vida por causa da justiça. 11 Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também para os corpos mortais de vocês, por meio do seu Espírito que habita em vocês. Comentário: * 1-13: A libertação do homem foi realizada por Cristo não como ato vindo de fora, mas como obra que se realiza a partir de dentro. Cristo se encarnou, trazendo o Espírito de Deus para dentro da própria condição humana, que é dominada pelo egoísmo. Desse modo, o homem pode seguir a Cristo que passou da morte para a ressurreição, passando do egoísmo para a doação de si aos outros. A entrada do Espírito de Deus no homem, mediante Cristo, determina uma renovação pela qual o homem sente, pensa e age conforme a vontade de Deus. Em lugar da lei dos instintos egoístas, surge a “lei do Espírito que dá a vida”. Trata-se de um novo dinamismo interior que, com a própria força de Deus, liberta o homem da tirânica “lei do pecado e da morte”. Em lugar do pecado ou egoísmo, que determina o ser e ação do homem, existe agora o Espírito ou Amor; em lugar da morte, existe a vida. A unidade entre querer o bem e realizá-lo é recomposta. A situação desesperadora do homem é superada. Com isso, as relações sociais podem ser refeitas e a estrutura social injusta e opressora pode ser superada.

sábado, 25 de março de 2023

João 11, 1-45 Jesus ressuscita os homens.

* 1 Um tal de Lázaro tinha caído de cama. Ele era natural de Betânia, o povoado de Maria e de sua irmã Marta. 2 Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado os pés dele com os cabelos. Lázaro, que estava doente, era irmão dela. 3 Então as irmãs mandaram a Jesus um recado que dizia: “Senhor, aquele a quem amas está doente.” 4 Ouvindo o recado, Jesus disse: “Essa doença não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela.” 5 Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. 6 Quando ouviu que ele estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. 7 Só então disse aos discípulos: “Vamos outra vez à Judéia.” 8 Os discípulos contestaram: “Mestre, agora há pouco os judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?” 9 Jesus respondeu: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas se alguém caminha de noite, tropeça, porque nele não há luz.” 11 Disse isso e acrescentou: “O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou acordá-lo.” 12 Os discípulos disseram: “Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar.” 13 Jesus se referia à morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando de sono natural.14 Então Jesus falou claramente para eles: “Lázaro está morto. 15 E eu me alegro por não termos estado lá, para que vocês acreditem. Agora, vamos para a casa dele.” 16 Então Tomé, chamado Gêmeo, disse aos companheiros: “Vamos nós também para morrermos com ele.” Jesus é a ressurreição e a vida -* 17 Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro estava no túmulo. 18 Betânia ficava perto de Jerusalém; uns três quilômetros apenas. 19 Muitos judeus tinham ido à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20 Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi ao encontro dele. Maria, porém, ficou sentada em casa. 21 Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas ainda agora eu sei: tudo o que pedires a Deus, ele te dará.” 23 Jesus disse: “Seu irmão vai ressuscitar.” 24 Marta disse: “Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia.” 25 Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. 26 E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?” 27 Ela respondeu: “Sim, Senhor. Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este mundo.” Jesus e Maria: a dor por causa da morte -* 28 Dito isso, Marta foi chamar sua irmã Maria. Falou com ela em voz baixa: “O Mestre está aí, e está chamando você.” 29 Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. 30 Jesus ainda não tinha entrado no povoado, mas estava no mesmo lugar onde Marta o havia encontrado. 31 Os judeus estavam com Maria na casa e a procuravam consolar. Quando viram Maria levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que ela iria ao túmulo para aí chorar. 32 Então Maria foi para o lugar onde estava Jesus. Vendo-o, ajoelhou-se a seus pés e disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.” 33 Jesus viu que Maria e os judeus que iam com ela estavam chorando. Então ele se conteve e ficou comovido. 34 E disse: “Onde vocês colocaram Lázaro?” Disseram: “Senhor, vem e vê.” 35 Jesus começou a chorar. 36 Então os judeus disseram: “Vejam como ele o amava!” 37 Alguns deles, porém, comentaram: “Um que abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que esse homem morresse?” Jesus e Lázaro: da morte para a vida. - 38 Jesus, contendo-se de novo, chegou ao túmulo. Era uma gruta, fechada com uma pedra. 39 Jesus falou: “Tirem a pedra.” Marta, irmã do falecido, disse: “Senhor, já está cheirando mal. Faz quatro dias.” 40 Jesus disse: “Eu não lhe disse que, se você acreditar, verá a glória de Deus?” 41 Então tiraram a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42 Eu sei que sempre me ouves. Mas eu falo por causa das pessoas que me rodeiam, para que acreditem que tu me enviaste.” 43 Dizendo isso, gritou bem forte: “Lázaro, saia para fora!” 44 O morto saiu. Tinha os braços e as pernas amarrados com panos e o rosto coberto com um sudário. Jesus disse aos presentes: “Desamarrem e deixem que ele ande.” Os poderosos procuram matar Jesus -* 45 Então muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele. Comentário: * 1-16: Numa comunidade marcada por relações de afeto e amor ativo, ninguém tem medo de perigo ou de se comprometer quando se trata de ajudar o irmão necessitado. O receio de enfrentar obstáculos nasce da falta de fé que não compreende a qualidade de vida que Jesus comunica. * 17-27: Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus. * 28-44: A morte é o resumo e o ponto máximo de todas as fraquezas humanas. O medo da morte acovarda o homem diante da opressão, e o impede de testemunhar. O medo fortalece o poder dos opressores. Libertando o homem desse medo, Jesus torna-o radicalmente livre e capaz de dar até o fim o testemunho da própria fé. * 45-57: A comunicação da vida e liberdade é intolerável para um sistema opressor que gera a morte. As autoridades disfarçam sua hostilidade com a desculpa de que o bem da nação está em jogo. Apelam para a segurança nacional. Caifás apresenta a solução que, ironicamente, se tornou o coração da fé cristã: Jesus morrerá por todos. Matando a Jesus, o sistema opressor se denuncia e se destrói a si mesmo, abrindo a possibilidade da vida e liberdade para todos. Três dias, sepulcro, panos: a ressurreição de Lázaro prefigura a de Jesus. Simboliza também a vida sobrenatural que Jesus comunica. A finalidade principal dos sinais que Jesus realiza é levar os discípulos a acreditarem nele, o Messias que veio resgatar a vida plena para todos. Marta e Maria dizem que seu irmão está morto; Jesus diz que ele dorme! Para alguns, a morte é vista como barreira intransponível; Jesus, ao invés, considera a morte como simples sono, do qual será fácil despertar. Marta acredita na ressurreição do último dia. Mas Jesus é vida não só depois da morte; é vida em abundância também para aqui e agora. Diante do túmulo, após agradecer ao Pai comunicador de vida, Jesus chama Lázaro para fora. Qual ovelha fiel e dócil, Lázaro ouve a voz do Pastor e, totalmente livre, volta a viver.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.

-* 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” 29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou. Comentário: * 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova. A data de 25 de março corresponde à de 25 de dezembro, da qual se distancia exatamente nove meses, tempo da gestação de Maria. A Anunciação é uma verdadeira festa da encarnação do Verbo. Deus escolheu Maria para cooperar ativamente no mistério da redenção humana e anunciou-lhe, pelo anjo, a sua vontade. Por sua virgindade, sua fé e sua disponibilidade interior, Maria correspondia perfeitamente aos requisitos divinos. Nesse dia, Maria fica sabendo que “encontrou graça junto de Deus” e que vai conceber um filho. Ele será o Santo, o Filho do Altíssimo: “Pelo anúncio do anjo ela acolheu no coração e no corpo o Verbo de Deus e trouxe a vida ao mundo” (Lumen Gentium, 53). Realiza-se, desse modo, a profecia de Isaías: Deus se torna o Emanuel, o Deus conosco.

Hebreus 10, 4-10 Um sacrifício único.

4 uma vez que é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes. 5 Por esse motivo, ao entrar no mundo, Cristo disse: “Tu não quiseste sacrifício e oferta. Em vez disso, tu me deste um corpo. 6 Holocaustos e sacrifícios não são do teu agrado. 7 Por isso eu disse: Eis-me aqui, ó Deus - no rolo do livro está escrito a meu respeito - para fazer a tua vontade.” 8 Primeiro diz: “Não queres e não te agradam sacrifícios e ofertas, holocaustos e sacrifícios pelo pecado.” Trata-se de coisas que são oferecidas segundo a Lei. 9 Depois acrescenta: “Eis-me aqui para fazer a tua vontade”. Desse modo, Cristo suprime o primeiro culto para estabelecer o segundo. 10 É por causa dessa vontade que nós fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas. Comentário: * 1-18: O que são Paulo diz sobre a Lei, o autor repete sobre a liturgia judaica. Esta faz reviver a experiência do pecado, mas não consegue libertar dele. O sacrifício de Cristo, a existência inteira de Jesus, todo o movimento de sua consciência é o verdadeiro ato sacerdotal, o grande e perene ato de oferta. Ele tira o pecado, restabelece a ligação com Deus mediante a sua própria pessoa e experiência viva. Funda a nova aliança, o povo novo que pode ter acesso a Deus. E o caminho para esse acesso é o compromisso de fé com Cristo, compromisso que nenhuma liturgia pode substituir.

quinta-feira, 23 de março de 2023

João 7, 1-2.10.25-30 Jesus é sinal de contradição.

-* 1 Depois disso, Jesus começou a andar pela Galiléia. Ele evitava andar pela Judéia, porque os judeus queriam matá-lo. 2 Entretanto, a festa judaica das Tendas estava próxima. 10 Depois que seus irmãos foram para a festa, Jesus também foi; ele não foi publicamente, mas às escondidas. Jesus é o enviado do Pai -* 25 Algumas pessoas de Jerusalém comentavam: “Não é este que estão procurando para matar? 26 Ele está aí falando em público, e ninguém diz nada! Será que até as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27 Entretanto, nós sabemos de onde vem esse Jesus, mas, quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem.” 28 Jesus estava ensinando no Templo. Então ele gritou: “Será que de fato vocês me conhecem e sabem de onde eu sou? Eu não vim por mim mesmo. Quem me enviou é verdadeiro, e vocês não o conhecem. 29 Mas eu o conheço, porque venho de junto dele, e foi ele quem me enviou.” 30 Então tentaram prender Jesus. Mas ninguém pôs a mão em cima dele, porque a hora dele ainda não tinha chegado. Comentário: * 1-13: A atividade de Jesus denuncia o agir perverso da sociedade, e por isso provoca ódio. Os parentes de Jesus pensam no sucesso. As autoridades o procuram, vendo nele um perigo. E o povo expressa opiniões diversas a respeito dele: uns o julgam a partir das obras que ele realiza (Jesus é bom), e outros a partir de leis e estruturas estabelecidas (engana o povo). Assim a presença de Jesus é sinal de contradição que vai revelando a face das pessoas. * 25-36.40-44: Os dirigentes dos judeus tentam prender Jesus, que para eles é uma ameaça. E no meio do povo a divisão continua: o tema da discussão é sobre a origem do Messias. Uns não aceitam Jesus, baseados numa tradição teórica sobre a origem do Messias. Outros, que já são muitos, acreditam que Jesus é o Messias, porque prestam atenção na sua prática libertadora e veem nisso sinal da presença de Deus. E Jesus então mostra o verdadeiro critério para reconhecer o Messias: não é o lugar de sua origem, mas o fato de ele ser o enviado de Deus, cuja atividade seja reconhecida pelas obras que faz. Por saber que corria sério perigo de morte, Jesus evita circular pela Judeia. Mesmo quando vai a Jerusalém para a festa das Tendas, ele o faz ocultamente. Não procura o martírio gratuitamente. Entretanto, longe de se omitir ou calar, ele é visto falando abertamente. Aliás, fala bem alto ao ensinar no templo. Permanece fiel à sua missão de ensinar a verdade. As autoridades, bem ciosas de seu espaço e de seu poder, tomam essa atitude de Jesus como provocação. Por sua vez, a qualquer momento, Jesus poderia ser vítima da fúria de seus adversários. Estes, em vez de se converterem ao Deus de Jesus, escolhem eliminar o Jesus de Deus. Enquanto não chega a sua hora, a hora da paixão e morte, Jesus segue testemunhando, diante de todos, que ele vem de junto do Pai.

quarta-feira, 22 de março de 2023

João 5, 31-47 Testemunhas em favor de Jesus.

-* 31 “Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32 Mas há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é válido. 33 Vocês mandaram mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu não preciso de testemunho de um homem, mas falo isso para que vocês sejam salvos. 35 João era uma lâmpada que estava acesa e iluminava. Vocês quiseram se alegrar com sua luz. 36 Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: são as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37 E o Pai que me enviou deu testemunho a meu favor. Vocês nunca ouviram a voz dele, nem viram a sua face. 38 Desse modo, a palavra dele não permanece em vocês, porque vocês não acreditam naquele que ele enviou.39 Vocês vivem estudando as Escrituras, pensando que vão encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim. 40 Mas vocês não querem vir a mim para terem a vida eterna. 41 Eu não aceito elogios dos homens. 42 Quanto a vocês, eu já os conheço muito bem: o amor de Deus não está dentro de vocês. 43 Eu vim em nome do meu Pai, e vocês não me receberam. Mas, se outro vem em seu próprio nome, vocês o receberão. 44 Como é que vocês poderão acreditar, se vivem elogiando uns aos outros, e não buscam a glória que vem do Deus único? 45 Não pensem que eu vou acusar vocês diante do Pai. Já existe alguém que os acusa: é Moisés, no qual vocês põem sua esperança. 46 Se vocês acreditassem mesmo em Moisés, também acreditariam em mim, porque foi a respeito de mim que Moisés escreveu. 47 Mas, se vocês não acreditam naquilo que ele escreveu, como irão acreditar nas minhas palavras?” Comentário: * 31-47: Como distinguir o verdadeiro e o falso, reconhecendo se Jesus realiza ou não a vontade de Deus? Jesus apresenta as três testemunhas que confirmam sua missão divina: primeiro, sua ação em favor da vida e da liberdade; segundo, o testemunho de João Batista, que o apresenta como salvador; terceiro, as Escrituras, que anunciavam o que Jesus agora realiza. Não adianta nada uma comunidade dizer que tem fé e repetir as palavras da Bíblia; é necessário que as ações dessa comunidade sejam continuação da ação de Jesus, confirmando a própria fé. Sabendo que testemunho em causa própria não vale, Jesus recorre a testemunhos que dão garantia à sua missão: o de João Batista; as obras milagrosas que realiza por ordem do Pai, e o Pai diretamente, aludindo talvez ao batismo e à transfiguração; e o testemunho da Escritura Sagrada, particularmente de Moisés. Os adversários de Jesus conhecem a Escritura, usam-na, mas não se deixam iluminar por ela, que anuncia o Messias. Fechados num círculo vicioso, só aceitam os que os aplaudem ou entram no seu esquema. Usam a Escritura em benefício próprio. É Moisés mesmo quem os condenará. Se não acreditam no que Moisés escreveu, como haveriam de acreditar em Jesus? As autoridades se posicionam claramente contra a vida.

terça-feira, 21 de março de 2023

João 5, 17-30 A vida está acima da lei.

17 Jesus então lhes disse: “Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho.” 18 Por isso, as autoridades dos judeus tinham mais vontade ainda de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava até a dizer que Deus era o seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus. Jesus dá vida a quem está morto -* 19 Então Jesus disse às autoridades dos judeus: “Eu garanto a vocês: o Filho não pode fazer nada por sua própria conta; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho também faz. 20 O Pai ama o Filho, e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras ainda maiores, que deixarão vocês admirados. 21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer dar. 22 O Pai não julga ninguém. Ele deu ao Filho todo o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho, da mesma forma que honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.24 Eu garanto a vocês: quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, porque já passou da morte para a vida.25 Eu garanto a vocês: está chegando, ou melhor, já chegou a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: aqueles que ouvirem sua voz, terão a vida. 26 Porque assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo ele concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, ele deu ao Filho o poder de julgar, porque é Filho do Homem. 28 Não fiquem admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho, 29 e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem, vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal, vão ressuscitar para a condenação. 30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.” Comentário: * 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho. Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades. * 19-30: Em tudo o que faz, Deus procura dar a vida, e sua maior obra é a ressurreição. Ressuscitar não é apenas voltar à vida física, mas levantar-se para começar vida nova e transformada. A fé em Jesus, que é compromisso com sua palavra e ação, leva o povo a começar a vida nova da ressurreição, organizando-se como família dos filhos de Deus e irmãos de Jesus. Assim, a morte já está sendo vencida, e o será definitivamente na ressurreição final. Entre Deus Pai e Jesus existe perfeita harmonia, comunhão total. O Filho tem acesso às obras do Pai e faz aquilo que o Pai faz. Ora, o Pai ressuscita os mortos e haverá de ressuscitar o Filho. Jesus se apresenta como Filho e ousa anunciar que, por sua voz, os mortos retornarão à vida. Ensina também que o Pai confia de tal modo no Filho, que lhe confere autoridade para julgar o mundo. Seu julgamento é justo, porque faz a vontade do Pai que o enviou. Os doutores da Lei não suportam que uma pessoa, semelhante a eles, se atreva a julgar-se tão próxima de Deus. Acreditam em Deus, mas não aceitam Jesus como Filho de Deus. O conflito entre esses doutores e Jesus se agrava. Desembocará na crucificação do Mestre.

segunda-feira, 20 de março de 2023

João 5, 1-16 A vida está acima da lei.

-* 1 Depois disso, houve uma festa judaica, e Jesus foi a Jerusalém.2 Em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, existe uma piscina rodeada por cinco corredores cobertos. Em hebraico a piscina chamava-se Betesda. 3 Muitos doentes ficavam aí deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse (4 porque um anjo descia de vez em quando e movimentava a água da piscina. O primeiro doente que entrasse na piscina, depois que a água fosse movida, ficava curado de qualquer doença que tivesse). 5 Aí ficava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. 6 Jesus viu o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então lhe perguntou: “Você quer ficar curado?” 7 O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água está se movendo. Quando vou chegando, outro já entrou na minha frente.” 8 Jesus disse: “Levante-se, pegue sua cama e ande”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar. Era um dia de sábado. 10 Por isso, as autoridades dos judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “Hoje é dia de sábado. A lei não permite que você carregue a cama.” 11 Ele respondeu: “Aquele homem que me curou disse: ‘Pegue sua cama e ande’.” 12 Então os dirigentes dos judeus lhe perguntaram: “Quem foi que disse a você para pegar a cama e andar?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha desaparecido no meio das pessoas que estavam reunidas nesse lugar. 14 Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e lhe disse: "Você ficou curado. Não peque de novo, para que não lhe aconteça alguma coisa pior.” 15 Então o homem saiu e disse às autoridades dos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Então as autoridades dos judeus começaram a perseguir Jesus, porque ele havia curado em dia de sábado. Comentário: * 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho. Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades. Em Jerusalém, centro do poder econômico, religioso e político, Jesus depara-se com uma multidão de doentes. Toma a iniciativa e, sem nada exigir, restitui a saúde a um paralítico que, havia muitos anos, esperava por uma remota cura. O recém-curado sai transitando livremente no meio da multidão. Em vez de celebrar a nova vida do ex-paralítico e congratular-se com Jesus que o libertou da paralisia, os judeus ficam indignados contra um e outro por fazerem “essas coisas em dia de SÁBADO”. Ao encontrar mais tarde o homem que foi curado, Jesus o chama à conversão, para que sua libertação seja completa. Jesus se coloca a favor da vida e da libertação das pessoas; seus adversários, ao invés, preferem mantê-las paralisadas e oprimidas.

João 4, 43-54 Muitos acreditam só quando veem milagres.

-* 43 Dois dias depois, Jesus foi para a Galiléia. 44 Mas o próprio Jesus tinha declarado: “Um profeta nunca é bem recebido em sua própria terra.” 45 Entretanto, quando ele chegou à Galiléia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém durante a festa. Pois eles também tinham ido à festa. Segundo sinal: Jesus cura o filho do funcionário do rei A fé na palavra de Jesus produz vida - 46 Jesus voltou para Caná da Galiléia, onde havia transformado a água em vinho. Ora, em Cafarnaum havia um funcionário do rei que tinha um filho doente. 47 Ele ouviu dizer que Jesus tinha ido da Judéia para a Galiléia. Saiu ao encontro de Jesus e lhe pediu que fosse a Cafarnaum curar seu filho que estava morrendo. 48 Jesus disse-lhe: “Se vocês não veem sinais e prodígios, vocês não acreditam.” 49 O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” 50 Jesus disse-lhe: “Pode ir, seu filho está vivo.” O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora. 51 Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro e disseram: “Seu filho está vivo.” 52 O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu ontem pela uma hora da tarde.” 53 O pai percebeu que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Seu filho está vivo.” Então ele acreditou, juntamente com toda a sua família. 54 Esse foi o segundo sinal de Jesus. Foi realizado quando ele voltou da Judéia para a Galiléia. Comentário: * 43-54: O círculo da missão evangelizadora de Jesus se expande, distanciando-se cada vez mais das instituições consideradas salvadoras. Os judeus recusam Jesus, os samaritanos o acolhem. E agora um pagão acredita na palavra dele e se converte com toda a família. Fica assim rompida toda relação de dependência entre salvação e lei, entre fé e instituição. A salvação é dom de Deus para todos aqueles que se abrem e respondem a esse dom. Os poderosos não têm poder para curar, por isso o funcionário do rei recorre a Jesus para que lhe cure o filho. Manifesta, porém, uma fé que carece de crescimento. Começa o diálogo com ato de fé baseada na fama de Jesus, e pede a cura do filho que está à beira da morte. Jesus censura a ânsia por prodígios: “Se vocês não veem sinais…”. O funcionário insiste em seu pedido, alegando urgência. Jesus então lhe diz: “Vai, teu filho está vivo”. O funcionário do rei é desafiado a crer sem ver sinais. Ele crê, de fato, “na palavra de Jesus”. Sem comparecer ao local, apenas com sua palavra de vida, Jesus opera o milagre. Ao comprovar a cura do filho, o homem crê e leva toda a sua família à fé em Jesus. Em nossos dias, quantos estão à beira da morte esperando socorro?

sábado, 18 de março de 2023

João 9, 1-41 Jesus cura a cegueira dos homens.

* 1 Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. 2 Os discípulos perguntaram: “Mestre, quem foi que pecou, para que ele nascesse cego? Foi ele ou seus pais?” 3 Jesus respondeu: “Não foi ele que pecou, nem seus pais, mas ele é cego para que nele se manifestem as obras de Deus. 4 Nós temos que realizar as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. Está chegando a noite, e ninguém poderá trabalhar. 5 Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo.” 6 Dizendo isso, Jesus cuspiu no chão, fez barro com a saliva e com o barro ungiu os olhos do cego. 7 E disse: “Vá se lavar na piscina de Siloé.” (Esta palavra quer dizer “O Enviado”). O cego foi, lavou-se, e voltou enxergando. 8 Os vizinhos e os que costumavam ver o cego, pois ele era mendigo, perguntavam: “Não é ele que ficava sentado, pedindo esmola?” 9 Uns diziam: “É ele mesmo.” Outros, porém, diziam: “Não é ele não, mas parece com ele.” Ele, no entanto, dizia: “Sou eu mesmo.” 10 Então lhe perguntaram: “Como é que seus olhos se abriram?” 11 Ele respondeu: “O homem que se chama Jesus fez barro, ungiu meus olhos e me disse: ‘Vá se lavar em Siloé’. Eu fui, me lavei, e comecei a enxergar.” 12 Perguntaram-lhe: “Onde está esse homem?” Ele disse: “Não sei.” Pior cego é aquele que não quer ver -* 13 Então levaram aos fariseus aquele que tinha sido cego. 14 Era sábado o dia em que Jesus fez o barro e abriu os olhos do cego. 15 Então os fariseus lhe perguntaram como é que tinha recuperado a vista. Ele disse: “Alguém colocou barro nos meus olhos, eu me lavei, e estou enxergando.” 16 Então os fariseus disseram: “Esse homem não pode vir de Deus; ele não guarda o sábado.” Outros diziam: “Mas como pode um pecador realizar esses sinais?” 17 E havia divisão entre eles. Perguntaram outra vez ao que tinha sido cego: “O que você diz do homem que abriu seus olhos?” Ele respondeu: “É um profeta.” 18 As autoridades dos judeus não acreditaram que ele tinha sido cego e que tinha recuperado a vista. Até que chamaram os pais dele 19 e perguntaram: “Este é o filho que vocês dizem ter nascido cego? Como é que ele agora está enxergando?” 20 Os pais disseram: “Sabemos que é o nosso filho e que nasceu cego. 21 Como é que ele agora está enxergando, isso não sabemos. Também não sabemos quem foi que abriu os olhos dele. Perguntem a ele. É maior de idade e pode dar explicação.” 22 Os pais do cego disseram isso porque tinham medo das autoridades dos judeus, que haviam combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Messias. 23 Foi por isso que os pais disseram: “É maior de idade; perguntem a ele.” 24 Então as autoridades dos judeus chamaram de novo o homem que tinha sido cego e lhe disseram: “Confesse a verdade. Nós sabemos que esse homem é um pecador.” 25 Ele respondeu: “Se ele é pecador, isso eu não sei; só sei que eu era cego e agora estou enxergando.” 26 Eles insistiram: “Que é que ele fez? Como foi que abriu seus olhos?” 27 Ele respondeu: “Eu já lhes disse, e vocês não me escutaram. Por que vocês querem ouvir de novo? Será que também vocês querem se tornar discípulos dele?” 28 Então insultaram o cego curado e disseram: “Você é que é discípulo dele. Nós, porém, somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés, mas quanto a esse homem, nem sabemos de onde ele é.” 30 Ele respondeu: “Isso é de admirar! Vocês não sabem de onde ele é. No entanto, ele abriu meus olhos. 31 Sabemos que Deus não ouve os pecadores, mas ouve aquele que o respeita e faz a sua vontade. 32 Nunca se ouviu falar que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença. 33 Se esse homem não vem de Deus, não poderia fazer nada.” 34 Eles disseram: “Você nasceu inteirinho no pecado e quer nos ensinar?” E o expulsaram. Jesus torna cegos os que pensam ver -* 35 Jesus, ouvindo dizer que tinham expulsado aquele que fora cego, foi à procura dele e perguntou-lhe: “Você acredita no Filho do Homem?” 36 Ele respondeu: “Quem é ele, Senhor, para que eu acredite nele?” 37 Jesus disse: “Você o está vendo; é aquele que está falando com você.” 38 O cego que tinha sido curado disse: “Eu acredito, Senhor.” E se ajoelhou diante de Jesus. 39 Então Jesus disse: “Eu vim a este mundo para um julgamento, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos.” 40 Alguns fariseus que estavam perto dele ouviram isso e disseram: “Será que também somos cegos?” 41 Jesus respondeu: “Se vocês fossem cegos, não teriam nenhum pecado. Mas como vocês dizem: ‘Nós vemos’, o pecado de vocês permanece.” Comentário: * 1-12: O cego de nascença simboliza o povo que nunca tomou consciência de sua própria condição de oprimido, e por isso não chegou a ver a verdadeira condição humana, o objetivo para o qual Deus o criou. A missão de Jesus, e dos que acreditam nele, é mostrar essa possibilidade, a partir de uma prática concreta, mais do que com palavras. * 13-34: A ação de Jesus abala as ideias religiosas dos representantes do poder. Estes, em primeiro lugar, procuram transformar o fato em fraude. Não o conseguindo, recorrem à sua própria autoridade, para definirem o que está ou não de acordo com a vontade de Deus. Apegados a suas ideias, negam o que é evidente e invertem as coisas, defendendo a todo o custo sua posição de privilégio e poder. Para eles, Deus prefere a observância da Lei ao bem do homem. Por fim, recorrem à violência, expulsando o homem da comunidade, marginalizando-o. Pretendendo possuir a luz, eles se tornam cegos e querem cegar os outros. * 35-41: Curado por Jesus, o homem enfrenta a luta com os dirigentes de uma sociedade cega que o afasta. Como consequência, ele passa então para uma nova comunidade e começa seu novo culto. Por outro lado, os dirigentes não querem aceitar essa realidade e por isso permanecem intransigentes dentro da instituição opressora. Este é o julgamento de Jesus. A cura do cego de nascimento recorda o nosso batismo. Fomos lavados pela água, símbolo de purificação e vida nova, e ungidos com óleo, símbolo da força de Deus para a missão nova que assumimos. Há um contraste entre o caminho percorrido pelo cego e a atitude radical e inflexível das autoridades religiosas. O cego parte da cegueira física, da total dependência, para a total autonomia, própria de quem vê; e da ignorância religiosa para a libertação interior da fé. Os dirigentes judeus, ao contrário, permanecem incrédulos em relação a Cristo, “luz do mundo”. Enxergam fisicamente, mas o coração deles está longe de acolher as ações libertadoras de Jesus. Preferem manter o povo dominado e explorado. A nosso respeito, Jesus diz: “Vocês são a luz do mundo” (Mt 5,14). Somos?

Efésios 5, 8-14 Imitar a Deus.

8 Outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Por isso, comportem-se como filhos da luz. 9 O fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade. 10 Saibam discernir o que é agradável ao Senhor. 11 Não participem das obras estéreis das trevas; pelo contrário, denunciem tais obras. 12 Dá até vergonha dizer o que eles fazem às escondidas. 13 Porém, tudo o que é denunciado, torna-se manifesto pela luz, 14 pois tudo o que se torna manifesto é luz. É por isso que se diz: “Desperte, você que está dormindo. Levante-se dentre os mortos, e Cristo o iluminará.” Comentário: * 1-20: Paulo traz uma série de exortações e conselhos para que os cristãos vivam autenticamente a sua fé. Os vv. 1-2 apresentam o princípio que rege a vida nova: imitar a Deus, vivendo o amor, como viveu Jesus Cristo. Em outras palavras, os cristãos são e devem viver como filhos de Deus, tendo como modelo supremo o ato de amor de Cristo na cruz, onde ele entregou sua vida por todos. A vida nova compreende a renovação de todas as atitudes do homem: essa é a resposta livre ao dom de Deus.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Mateus 1,16.18-21.24 Jesus, o Messias, realiza as promessas de Deus.

16 Jacó foi o pai de José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Messias. O começo de uma nova história -* 18 A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. 20 Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados.” 24 Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa, 25 e, sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus. Comentário: * 1-17: Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel. Sua árvore genealógica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Como filho de Davi, Jesus é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja. * 18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados). Embora São José seja cercado de profunda veneração pelas gerações cristãs, sua festa só alcançou visibilidade e expansão nos últimos séculos. Começou a fazer parte do Calendário universal em 1621. Pio IX, em 1870, o declarou patrono da Igreja universal. O Evangelho o apresenta como figura fundamental para a realização do projeto de Deus. José legou a Jesus a descendência de Davi. Ele é o pai de Jesus segundo a lei, esposo de Maria, chefe da família de Nazaré. Está presente e age eficazmente, sobretudo no nascimento e infância de Jesus. No episódio de hoje, José participa da aflição de Maria ao notar a ausência do adolescente Jesus. Questionaram-no, mas “não compreenderam o que ele lhes tinha dito”. Certamente, à semelhança de Maria, José meditava no coração sobre todas essas coisas.

Romanos 4, 13.16-18.22 Os herdeiros de Abraão.

* 13 Não por causa da Lei, mas por causa da justiça da fé, que a promessa de receber o mundo em herança foi feita a Abraão ou à sua descendência. 16 A herança, portanto, vem através da fé, para que seja gratuita e para que a promessa seja garantida a toda a descendência, não só à descendência segundo a Lei, mas também à descendência segundo a fé de Abraão, que é o pai de todos nós. O que é ter fé -* 18 Esperando contra toda esperança, Abraão acreditou e tornou-se o pai de muitas nações, conforme foi dito a ele: “Assim será a sua descendência.” 22 Eis o motivo pelo qual isso lhe foi creditado como justiça. Comentário: * 13-17: Em vista da justiça que vem da fé, Abraão recebeu gratuitamente de Deus a promessa de se tornar herdeiro do mundo. Ora, a promessa feita a Abraão permanece e é transmitida como herança aos seus descendentes. Todavia, os autênticos descendentes e herdeiros são aqueles que Deus justifica através da fé, como fez com Abraão, e não os que se limitam a observar a Lei. * 18-25: Ter fé e entregar a própria vida a Deus é esperar contra toda esperança. Abraão acreditou que ia ser pai quando sua velhice e a esterilidade de Sara diziam o contrário. A justiça de Abraão é a fé confiante de que Deus pode realizar tudo o que promete. Nós também somos justificados por Deus quando acreditamos que ele ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos, para nos livrar da morte do pecado e nos dar a vida nova.

quinta-feira, 16 de março de 2023

Marcos 12, 28-34 O centro da vida.

-* 28 Um doutor da Lei estava aí, e ouviu a discussão. Vendo que Jesus tinha respondido bem, aproximou-se dele e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” 29 Jesus respondeu: “O primeiro mandamento é este: Ouça, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor! 30 E ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força. 31 O segundo mandamento é este: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois.” 32 O doutor da Lei disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Como disseste, ele é, na verdade, o único Deus, e não existe outro além dele. 33 E amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e do que todos os sacrifícios.” 34 Jesus viu que o doutor da Lei tinha respondido com inteligência, e disse: “Você não está longe do Reino de Deus.” E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus. Comentário: * 28-34: Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus. Movido por sincera dúvida, o doutor da Lei faz a Jesus uma pergunta, cuja resposta parece óbvia e bem conhecida no mundo religioso da época. Jesus, entretanto, não foge da questão e diz que são dois os pilares da religião que agrada a Deus: amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. São colunas inseparáveis, porque não se pode amar verdadeiramente a Deus sem amar o irmão, e o amor aos irmãos tem suas raízes no amor a Deus. O doutor da Lei confirma a prioridade dos dois mandamentos. Jesus elogia o doutor da Lei e o considera em condições para iniciar a caminhada no Reino de Deus. Não basta, de fato, conhecer os mandamentos. É necessário assumir a pessoa e os ensinamentos de Jesus, que é o primeiro a cumprir seriamente os projetos de Deus até as últimas consequências.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Lucas 11, 14-23 Jesus é mais forte do que Satanás.

-* 14 Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: “Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.” Comentário: * 14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário. Por não reconhecerem a ação de Deus na pessoa de Jesus, seus adversários caem na mais ridícula contradição. Atribuem ao poder do maligno as boas obras que Jesus realiza diante deles. Na verdade, estão completamente dominados pelo espírito do mal; escolhem o mundo da injustiça que Jesus veio combater. Fique bem claro: Jesus expulsa o mal pelo poder do sumo Bem, o próprio Deus. E o grande sinal é que o Reino de Deus já chegou. O “homem forte”, como diz Jesus, é ele mesmo, que chega e derrota o inimigo. É sensato quem fica do lado de Jesus. Com ele, podemos levar vida fecunda. Sem ele, perde-se o tempo, perde-se a vida! Quando há má vontade, pode-se cair no engano de ver maldade até numa ação boa, praticada de coração sincero.

terça-feira, 14 de março de 2023

Mateus 5, 17-19 A lei e a justiça.

* 17 “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. 19 Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. 20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.” Comentário: * 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida. Jesus não se apresenta como grande reformador que derruba por terra tudo o que foi lenta e solidamente edificado ao longo de séculos. Não vem para suprimir a Antiga Aliança, mas para cumpri-la fiel e totalmente. Ele é o ponto de encontro entre o Antigo e o Novo Testamento. Ao dizer que veio realizar toda a Lei e os Profetas, Jesus se refere à genuína Lei de Deus, aquela que foi transmitida a Abraão, a Moisés e aos Profetas. Não se refere a tradições e interpretações acrescentadas pelos fariseus. Os que violam esses preceitos não encontram fechada a porta do Reino, porém são convidados a crescer até atingir a estatura de Jesus Cristo. Só ele é grande, justamente porque manteve sua fidelidade no cumprimento da vontade do Pai, até entregar a própria vida na cruz.

segunda-feira, 13 de março de 2023

Mateus 18, 21-35 Perdoar sem limites.

-* 21 Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22 Jesus respondeu: “Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24 Quando começou o acerto, levaram a ele um que devia dez mil talentos. 25 Como o empregado não tinha com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26 O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu te pagarei tudo’. 27 Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado, e lhe perdoou a dívida. 28 Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. 29 O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. 30 Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31 Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. 32 O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: ‘Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. 33 E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?’ 34 O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35 É assim que fará com vocês o meu Pai que está no céu, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.” Comentário: * 21-35: Na comunidade de Jesus não existem limites para o perdão (setenta vezes sete). Ao entrar na comunidade, cada pessoa já recebeu do Pai um perdão sem limites (dez mil talentos). A vida na comunidade precisa, portanto, basear-se no amor e na misericórdia, compartilhando entre todos esse perdão que cada um recebeu. Muito oportuna a pergunta de Pedro a Jesus sobre o perdão. A resposta vem imediatamente, sem deixar margem a dúvidas: é necessário perdoar todas as vezes que alguém nos ofende. Para ilustrar o ensinamento novo, Jesus conta a parábola dos dois devedores. E salienta a desproporção entre o perdão generoso que nos vem de Deus e o nosso perdão, muitas vezes mesquinho ou dado de má vontade. A parábola mostra também que Deus nos perdoa quando nós perdoamos. Ao perdoar alguém, abrimos o canal para que o perdão de Deus chegue até nós. Detalhe: não se trata de um perdão qualquer, da boca para fora. É necessário perdoar “de coração”. Todos somos pecadores e precisamos do perdão de Deus. Estamos dispostos a oferecer o perdão a quem nos ofendeu?

domingo, 12 de março de 2023

Lucas 4, 24-30 Reação do povo.

24 E acrescentou: “Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25 De fato, eu lhes digo que havia muitas viúvas em Israel, no tempo do profeta Elias, quando não vinha chuva do céu durante três anos e seis meses, e houve grande fome em toda a região. 26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, e sim a uma viúva estrangeira, que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27 Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu. Apesar disso, nenhum deles foi curado, a não ser o estrangeiro Naamã, que era sírio.” 28 Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se, e expulsaram Jesus da cidade. E o levaram até o alto do monte, sobre o qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício. 30 Mas Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. Comentário: * 22-30: A dúvida e a rejeição de Jesus por parte de seus compatriotas fazem prever a hostilidade e a rejeição de toda a atividade de Jesus por parte de todo o seu povo. No entanto, Jesus prossegue seu caminho, para construir a nova história que engloba toda a humanidade. Ao citar dois episódios que tiveram como protagonistas os profetas Elias e Eliseu, Jesus desperta a curiosidade dos ouvintes. É que esses profetas eram tidos em alta consideração pelo povo de Israel. Entretanto, Jesus não lhes apresenta um conto de fadas. Quer mostrar que os pagãos foram mais acolhedores e abertos à palavra do Senhor. Com efeito, uma viúva estrangeira recebeu a benfazeja visita do profeta Elias, e o sírio Naamã foi curado da lepra pelo profeta Eliseu. Incapazes de abrir-se à grandiosidade do amor divino universal, os conterrâneos de Jesus ficam furiosos, pois entenderam bem o recado: eram duros de coração e avessos à pregação de Jesus. Queriam exterminá-lo. Só não o fizeram, porque a hora de Jesus ainda não havia chegado.

sábado, 11 de março de 2023

Joao 4, 5-42 Jesus sacia a sede do homem.

5 Chegou, então, a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado ao seu filho José. 6 Aí ficava a fonte de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto à fonte. Era quase meio-dia. 7 Então chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe pediu: “Dê-me de beber.” 8 (Os discípulos tinham ido à cidade para comprar mantimentos). 9 A samaritana perguntou: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?” (De fato, os judeus não se dão bem com os samaritanos). 10 Jesus respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva.” 11 A mulher disse a Jesus: “Senhor, não tens um balde, e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva? 12 Certamente não pretendes ser maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, e do qual ele bebeu junto com seus filhos e animais!” 13 Jesus respondeu: “Quem bebe desta água vai ter sede de novo. 14 Mas aquele que beber a água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte de água que jorra para a vida eterna.” 15 A mulher disse a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para tirar.” A verdadeira religião sai de dentro do homem -* 16 Jesus disse à samaritana: “Vá chamar o seu marido e volte aqui.” 17 A mulher respondeu: “Eu não tenho marido.” Jesus disse: “Você tem razão ao dizer que não tem marido. 18 De fato, você teve cinco maridos. E o homem que você tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade.” 19 A mulher então disse a Jesus: “Senhor, vejo que és profeta! 20 Os nossos pais adoraram a Deus nesta montanha. E vocês judeus dizem que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.” 21 Jesus disse: “Mulher, acredite em mim. Está chegando a hora, em que não adorarão o Pai, nem sobre esta montanha nem em Jerusalém. 22 Vocês adoram o que não conhecem, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. 23 Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura. 24 Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.” 25 A mulher disse a Jesus: “Eu sei que vai chegar um Messias (aquele que se chama Cristo); e quando chegar, ele nos vai mostrar todas as coisas.” 26 Jesus disse: “Esse Messias sou eu, que estou falando com você.” Os discípulos continuam a missão de Jesus -* 27 Nesse momento, os discípulos de Jesus chegaram. E ficaram admirados de ver Jesus falando com uma mulher, mas ninguém perguntou o que ele queria, ou por que ele estava conversando com a mulher. 28 Então a mulher deixou o balde, foi para a cidade e disse para as pessoas: 29 “Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Messias?” 30 O pessoal saiu da cidade e foi ao encontro de Jesus. 31 Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus, dizendo: “Mestre, come alguma coisa.” 32 Jesus disse: “Eu tenho um alimento para comer, que vocês não conhecem.” 33 Os discípulos comentavam: “Será que alguém trouxe alguma coisa para ele comer?” 34 Jesus disse: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. 35 Vocês não dizem que faltam quatro meses para a colheita? Pois eu digo a vocês: ergam os olhos e olhem os campos: já estão dourados para a colheita. 36 Aquele que colhe, recebe desde já o salário, e recolhe fruto para a vida eterna; desse modo, aquele que semeia se alegra junto com aquele que colhe. 37 Na verdade é como diz o provérbio: ‘Um semeia e outro colhe’. 38 Eu enviei vocês para colher aquilo que vocês não trabalharam. Outros trabalharam, e vocês entraram no trabalho deles.” O encontro com a palavra de Jesus produz a verdadeira fé -* 39 Muitos samaritanos dessa cidade acreditaram em Jesus, por causa do testemunho que a mulher tinha dado. “Ele me disse tudo o que eu fiz.” 40 Os samaritanos então foram ao encontro de Jesus e lhe pediram que ficasse com eles. E Jesus ficou aí dois dias. 41 Muitas outras pessoas acreditaram em Jesus ao ouvir sua palavra. 42 E diziam à mulher: “Já não acreditamos por causa daquilo que você disse. Agora, nós mesmos ouvimos e sabemos que este é, de fato, o salvador do mundo.” Comentário: * 1-15: Conversando com uma mulher que era samaritana, Jesus supera os preconceitos de raça e as discriminações sociais. Como qualquer pessoa, essa mulher tem sede de vida. Todos buscam algo que lhes mate a sede, mas encontram apenas águas paradas. Jesus traz água viva corrente e faz com que a fonte brote de dentro de cada um. * 16-26: Enquanto os judeus adoravam a Deus no templo de Jerusalém, os samaritanos o adoravam no templo do monte Garizim. Jesus supera o nacionalismo religioso, mostrando que Deus quer ser adorado na própria dimensão da vida humana. A própria vida, dedicada ao bem dos outros, como a de Jesus, é o verdadeiro culto a Deus, a adoração em espírito e verdade. Como Pai, Deus está presente na família humana e não quer que os homens separem religião e vida. * 27-38: Com sua palavra e ação, Jesus realiza a obra do semeador. Todos os que fazem a experiência de Jesus partem para anunciá-lo, como a samaritana, provocando a vinda do povo. A vontade do Pai é reunir a humanidade em torno de Jesus, e cabe aos discípulos continuar essa tarefa, iniciada pelo próprio Jesus. * 39-42: Os judeus se consideravam escolhidos por Deus, mas não compreenderam e não aceitaram a mensagem de Jesus, e até o obrigaram a sair da Judéia (4,1-3). Os samaritanos, que eram considerados como povo marginalizado e herege, acolheram Jesus como o Salvador do mundo. A mulher (sem nome) representa todos os samaritanos, tidos pelos judeus como idólatras, pecadores. O poço é figura da Lei e das instituições. Simboliza a sabedoria, o sentido da vida que todos buscam. Jesus pede de beber. Com isso, derruba dois preconceitos: de raça (judeus se julgavam superiores aos samaritanos) e de sexo (está conversando com uma mulher! Homens não falavam com mulher em público). Quebrada a discriminação, Jesus provoca na mulher a “sede”. Ele fala de água viva, seu dom, o Espírito Santo. E ordena à mulher que vá chamar o marido. Ela reconhece Jesus como profeta e entra com o assunto do dia, o Messias. Jesus esclarece que é ele o Messias. Ela, transformada interiormente, começa a divulgar o fato. Muitos samaritanos abraçaram a fé e quiseram que Jesus ficasse mais tempo com eles!

Romanos 5, 1-2.5-8 O motivo da nossa esperança.

* 1 Assim, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Por meio dele e através da fé, nós temos acesso à graça, na qual nos mantemos e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 5 E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 6 De fato, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento oportuno, morreu pelos ímpios. 7 Dificilmente se encontra alguém disposto a morrer em favor de um justo; talvez haja alguém que tenha coragem de morrer por um homem de bem. 8 Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores. Comentário: * 1-11: Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (vv. 1-5). Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11). O termo “tribulação”, que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.

sexta-feira, 10 de março de 2023

Lucas 15, 1-3.11-32 Jesus provoca escândalo.

* 1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!” A ovelha perdida -* 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: Os dois filhos -* 11 Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17 Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... 18 Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19 já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20 Então se levantou, e foi ao encontro do pai. Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21 Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa. 25 O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. 28 Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32 Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.” Comentário: * 1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai. * 3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera. * 11-32: O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida. Cobradores de impostos e pecadores chegavam perto de Jesus para ouvi-lo, ao passo que os fariseus e os doutores da Lei censuravam o Mestre. Jesus colhe a ocasião para narrar uma das mais belas parábolas dos Evangelhos. Conhecida como parábola do filho pródigo, apresenta-se melhor como parábola do pai misericordioso. São impressionantes e admiráveis as atitudes do pai: ele não perde tempo censurando a vida extravagante do filho, mas o recebe de volta, cercando-o de carinho e dignidade. Assim age o Pai de imensa misericórdia. Fariseus e doutores da Lei, representados pelo filho mais velho, são incapazes de abrir-se à misericórdia e ao perdão.

quinta-feira, 9 de março de 2023

Mateus 21, 33-43.45-46 Jesus acusa as autoridades.

-* 33 “Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha para alguns agricultores, e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos agricultores para receber os frutos. 35 Os agricultores, porém, agarraram os empregados, bateram num, mataram outro, e apedrejaram o terceiro. 36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Eles vão respeitar o meu filho’. 38 Os agricultores, porém, ao verem o filho, pensaram: ‘Esse é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e tomar posse da sua herança’. 39 Então agarraram o filho, o jogaram para fora da vinha, e o mataram. 40 Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?” 41 Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.” 42 Então Jesus disse a eles: “Vocês nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’? 44 Quem cair sobre essa pedra, ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair, será esmagado.” 45 Os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46 Procuraram prender Jesus, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta. Comentário: * 33-46: Cf. nota em Mc 12,1-12. Mateus salienta a formação de um novo povo de Deus, formado agora não por uma nação particular, mas por todos aqueles que acreditam, comprometendo-se com Jesus. A vinha é o povo de Israel; o proprietário é Deus; o filho do dono é Jesus. Ao narrar esta parábola aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, Jesus os envolve na trama. Qual foi o erro das autoridades? A eles foi confiada a população, mas não zelaram por ela. Eram administradores, mas sentiram-se donos. Administraram mal, oprimiram o povo, eliminaram os profetas que vinham em nome de Deus. Jesus, por sua vez, foi condenado e morto fora da cidade, porém ele, a pedra rejeitada, tornou-se, pela ressurreição, a pedra fundamental e recebeu em herança uma nova comunidade, aberta aos pagãos e judeus, que vão produzir muitos frutos. Cabe-nos perguntar como estamos administrando nossa vida e que frutos estamos produzindo para Deus.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Lucas 16, 19-31 O rico e o pobre.

* 19 “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20 E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21 Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. 22 Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23 No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24 Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. 25 Mas Abraão respondeu: ‘Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. 26 Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28 porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento’. 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!’ 30 O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. 31 Mas Abraão lhe disse: ‘Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos’.” Comentário: * 19-31: A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir o coração para a palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos. Lucas compõe um drama para mostrar que os ricos cavam para si um abismo que os separa da Vida. O homem rico é debochado: entrega-se aos prazeres da comida e do luxo, além de desprezar o mendigo, deitado à porta de sua casa. O pobre tem identidade, seu nome é Lázaro, e espera saciar a fome com as sobras do ricaço. É da natureza do rico avarento enxergar só a si mesmo: fecha-se no próprio orgulho e ignora a humilhação e sofrimento alheios; falta-lhe a decisão de ser solidário e fraterno com quem passa necessidade. Final do drama: cada pessoa presta conta dos seus atos. O pobre, que viveu em total despojamento à semelhança de Cristo, passa da morte à glória. O rico, que viveu de modo egoísta e desprezou os demais filhos de Deus, vai ao encontro de uma vida de tormentos.

terça-feira, 7 de março de 2023

Mateus 20, 17-28 Autoridade é serviço.

-* 17 Enquanto subia para Jerusalém, Jesus tomou consigo os doze discípulos em particular e, durante a caminhada, disse para eles: 18 “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte, 19 e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, flagelá-lo e crucificá-lo. E no terceiro dia ele ressuscitará.” 20 A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos, e ajoelhou-se para pedir alguma coisa. 21 Jesus perguntou: “O que você quer?” Ela respondeu: “Promete que meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.” 22 Jesus, então, disse: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso, vocês podem beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos.” 23 Então Jesus disse: “Vocês vão beber do meu cálice. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É meu Pai quem dará esses lugares àqueles para os quais ele mesmo preparou.” 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram com raiva dos dois irmãos. 25 Mas Jesus chamou-os, e disse: “Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. 26 Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; 27 e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.” Comentário: * 17-28: Cf. nota em Mc 10, 32-45: Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum. Ao seguir para Jerusalém, Jesus corre sério risco de vida. Sabe que os chefes do povo estão ansiosos para capturá-lo. E o final já se prevê: prisão, condenação e morte. Jesus não se entrega à morte como algo inevitável ou fatal. Sua coerência de vida, seu pacto com a verdade, sua fidelidade aos planos do Pai, tudo isso o impele a prosseguir caminho. Eis que uma mulher desvia a atenção de Jesus para os filhos: quer para eles lugar de honra. O Mestre esclarece que vai entregar a vida por amor; enquanto a mãe fala de buscar segurança e posto importante para os filhos. Voltando-se para ela e seus dois filhos e para os demais discípulos, Jesus lhes esclarece o que significa segui-lo: assumir atitude de serviço na comunidade e entregar a própria vida por todos.

segunda-feira, 6 de março de 2023

Mateus 23, 1-12 Jesus condena a dominação intelectual.

* 1 Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2 “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Vejam como eles usam faixas largas na testa e nos braços, e como põem na roupa longas franjas, com trechos da Escritura. 6 Gostam dos lugares de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; 7 gostam de ser cumprimentados nas praças públicas, e de que as pessoas os chamem mestre. 8 Quanto a vocês, nunca se deixem chamar mestre, pois um só é o Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. 9 Na terra, não chamem a ninguém Pai, pois um só é o Pai de vocês, aquele que está no céu. 10 Não deixem que os outros chamem vocês líderes, pois um só é o Líder de vocês: o Messias. 11 Pelo contrário, o maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. 12 Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.” Comentário: * 1-12: Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Na nova comunidade de Jesus todos são irmãos, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir. Único e autêntico líder do povo e dos discípulos, Jesus mostra a necessidade de pôr ordem na casa. Cada qual no seu espaço, sem extrapolar as próprias competências. Pai de todos é Deus. Verdadeiro Mestre, que valoriza as pessoas, é Jesus. Os doutores da Lei e os fariseus são peritos em leis, mas não merecem confiança nem devem ser imitados, pois sufocam a população com o pesado fardo de exigências legais, enquanto são incapazes de pô-las em prática. Na comunidade de Jesus, os títulos acadêmicos, ou recebidos em homenagem, não têm nenhuma importância. Uma pessoa analfabeta ou de pouca instrução pode ser levada em grande consideração, pois o maior é aquele que serve a todos. O critério de importância não está nos cargos que ocupa, mas na reta intenção com que serve.

domingo, 5 de março de 2023

Lucas 6, 36-38 A gratuidade nas relações.

36 Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.” Só Deus pode julgar - 38 Deem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.” Comentário: * 27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai. * 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar. Numa de suas instruções aos discípulos, Jesus profere sua solene e revolucionária sentença: “Sejam misericordiosos, como o Pai de vocês é misericordioso”. Mais que um conselho, trata-se de séria exigência para os que querem fazer parte da comunidade de Jesus. Ser misericordioso é exercício para a vida inteira. Talvez por isso é que Jesus tenha acrescentado a necessidade de não julgar, não condenar, perdoar e ser generoso. Devemos ser compassivos, porque Deus é compassivo; devemos perdoar, porque Deus nos perdoa. À medida que crescemos e nos fortalecemos na vivência dessas virtudes, o Pai celeste nos socorre, pois “a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês”.

sábado, 4 de março de 2023

2 Timóteo 1, 8-10 Não se envergonhar do Evangelho.

8 Não se envergonhe, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participe do meu sofrimento pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. 9 Ele nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não por causa de nossas obras, mas conforme seu próprio projeto e graça. Esta graça nos foi concedida em Jesus Cristo desde a eternidade, 10 mas somente agora foi revelada pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo. Ele não só venceu a morte, mas também fez brilhar a vida e a imortalidade por meio do Evangelho, Comentário: * 6-14: Preso e prestes a enfrentar o martírio, Paulo procura estimular seu companheiro Timóteo, convidando-o a reavivar o dom que este recebeu em sua “ordenação” para a missão. Esta consiste fundamentalmente em testemunhar o Evangelho, e isso pode levar a testemunha ao mesmo destino de Jesus: o sofrimento e a morte. “Envergonhar-se” é renegar o testemunho por causa da perseguição social que ele provoca (cf. Mc 8,38). A vocação cristã é dom gratuito de participação no projeto de Deus: projeto de salvação feito desde a eternidade, manifesto em Jesus Cristo e entregue a todos pelo anúncio do Evangelho. Sobre o “depósito da fé” (vv. 12.14), cf. nota em 1Tm 6,20-21. O Espírito garante o discernimento que faz compreender o núcleo fundamental da fé, isto é, o testemunho de Jesus Cristo, e como concretizá-lo em novas situações históricas.

Mateus 17, 1-9 O sinal da vitória.

-* 1 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. 2 E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. 3 Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. 4 Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.” 5 Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz.” 6 Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. 7 Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantem-se, e não tenham medo.” 8 Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. 9 Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos.” Comentário: * 1-9: Cf. nota em Mc 9,1-13: A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele. Os vários elementos que compõem a cena indicam a manifestação da glória de Cristo. Conforme constante tradição bíblica, a glória se torna visível em forma luminosa. O rosto de Jesus “brilhava como o sol”, “suas roupas ficaram brancas como a luz”; luminosa era também a nuvem de onde ressoou a voz do Pai, dando testemunho do Filho: “Este é o meu Filho amado, em quem encontro o meu agrado. Ouçam-no”. A transfiguração passageira, sinal da glorificação definitiva de Cristo, atrai Moisés e Elias, representantes da Lei e dos Profetas. Moisés e Elias conversam com Jesus. É o Antigo Testamento que testemunha a favor do Messias. Terminada a transfiguração, os discípulos são convidados por Jesus a descer da montanha, voltar à realidade cotidiana. A glória virá depois da luta.

sexta-feira, 3 de março de 2023

Mateus 5, 43-48 Amar como o Pai ama.

* 43 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! 45 Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. 46 Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.” Comentário: * 43-48: O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17. Jesus mostra aos discípulos a verdadeira fisionomia do Pai celeste. Ele ama a todos os seus filhos sem distinção. Cuidando de cada um, ama a todos, mandando sol e chuva para bons e maus. Seu amor é universal. O primeiro a reproduzir a bondade do Pai é o próprio Jesus. Generosamente aberto a todos, Jesus nunca fechou a porta a quem o procurava de coração sincero. Cercado de adversários e perseguidores, Jesus não guardou ódio contra eles; mesmo na hora da morte, pediu ao Pai que perdoasse as pessoas que o tinham crucificado. Por isso mesmo, Jesus tem credenciais para exigir de seus seguidores um amor gratuito, sem qualquer tipo de restrições. Os cristãos, em todo tempo, são chamados a criar e cultivar comunidades cuja razão de ser é a prática incondicional do amor.

quinta-feira, 2 de março de 2023

Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.

20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.” Ofensa e reconciliação -* 21 “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra você, procure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal; senão o acusador entregará você ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garanto: daí você não sairá, enquanto não pagar até o último centavo.» Comentário: * 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida. * 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento. Jesus está formando os primeiros discípulos para a nova comunidade. Ela tem como fundamento e motivação a prática do amor. Ora, o amor pede que se dê um passo além, um passo de qualidade: “Se a justiça de vocês não superar a justiça dos doutores da Lei e fariseus, vocês não entrarão no Reino dos céus”. Não basta não matar, é necessário evitar qualquer atitude que ofenda ou prejudique o próximo. Até mesmo a celebração litúrgica, por mais que satisfaça as exigências da religião, se não for acompanhada da reconciliação fraterna, poderá transformar-se em belo espetáculo; culto agradável a Deus é que não será. E quem se apresentar diante do Juiz divino, sem ter perdoado, será condenado a pagar tudo, até o “último centavo”.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Mateus 7, 7-12 Confiança no Pai.

-* 7 “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 8 Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 9 Quem de vocês dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? 10 Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? 11 Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem.” A regra de ouro -* 12 “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas.” Comentário: * 7-11: A oração é a expressão da nossa relação com Deus como o único absoluto (cf. Mt 6,5-7). Aqui se abre uma nova perspectiva: essa relação deve ser de confiança e intimidade como a de um filho para com o seu pai. * 12: No tempo de Jesus, “Lei e Profetas” indicava todo o Antigo Testamento. Esta “regra de ouro” convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai. Com a chave da confiança, entramos no coração de Deus Pai. Ele conhece as necessidades de cada filho ou filha e espera que estes se apresentem e, cheios de esperança, manifestem seus pedidos. Deus, que nos conhece por dentro, sabe que somos distraídos, acomodados ou maus. Por isso aceita que sejamos persistentes, perseverantes, e espera que lhe peçamos “coisas boas” para nós e para os outros. Quanto a obter o que pedimos, depende da vontade de Deus: se o que pedimos estiver de acordo com o projeto de Deus, ele concederá tudo. Outro aspecto a se levar em conta é verificar se estamos em condições de receber a graça divina. Precisamos apoiar-nos na fé. São Pio de Pietrelcina dizia: “Deus nunca me negou um pedido”.