quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Lucas 10, 1-12 Os anunciadores do Reino.

 1o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’. 10Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11‘Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!’ 12Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade”.

Comentário:

* 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história.

Jesus envia seus discípulos “como ovelhas no meio de lobos”. A perspectiva de rejeição assusta. Entretanto, é possível entrever um movimento carregado de esperança: evangelizar é transformar uma sociedade de lobos numa sociedade de irmãos. Com efeito, os discípulos levam a mansidão, a pobreza, o espírito de paz. Sem exigências, “comendo e bebendo o que tiverem”. Curam os doentes e anunciam o Reino de Deus. Recebem a justa retribuição pelo trabalho, e batem os pés como gesto de julgamento contra os inimigos do Reino. Naturalmente, essa benéfica transformação entra em choque com o egoísmo de muitos e as estruturas sociais injustas. Diante do panorama um tanto sombrio da missão, os discípulos não precisam recuar de medo. Eles vão em nome de Jesus: “O Senhor… os enviou à sua frente”.

Oração
Ó Jesus, Enviado do Pai, escolhes expressivo número de discípulos e os convidas a pedir ao “Senhor da colheita” muitos trabalhadores para sua colheita. Depois, tu os envias a toda parte, para que preparem tua chegada. Partam despojados, conscientes de que terão de enfrentar oposições. Amém.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Lucas 9, 57-62 Os primeiros passos do discípulo.

 57Enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. 58Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60Jesus respondeu: ”Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61Um outro ainda lhe disse: ”Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.

Comentário:

* 57-62: Os primeiros passos para os que seguem Jesus em seu caminho são: disponibilidade contínua, capacidade de renunciar a seguranças e, iniciado o caminho, não voltar para trás, por motivo nenhum.

Jesus segue seu caminho para Jerusalém, onde será crucificado. Alguém se mostra disposto a segui-lo (v. 57). Jesus o previne: é necessário ser solidário com todos os marginalizados, a exemplo do “Filho do Homem”, que escolheu ser pobre entre os pobres (v. 58). Outro recebe de Jesus o convite: “siga-me”, mas põe condições que atrasariam seu imediato engajamento; precisa cuidar da família. Jesus ensina-lhe que o anúncio do Reino de Deus é urgente e está acima de outros compromissos, também importantes. Um terceiro manifesta o desejo de seguir o Mestre, mas antes tem negócios familiares para acertar. Jesus não concorda. Olhar para trás é não viver o presente, é buscar seguranças humanas. Paulo dizia: “Esquecendo-me do que fica para trás… corro em direção à meta…” (Fl 3,13-14).

Oração
Ó Jesus Mestre, aos que querem te seguir, apresentas os requisitos indispensáveis: despojar-se dos bens terrenos, dar prioridade à nova escolha e romper com o passado. Por isso, nós te pedimos: prepara-nos, Senhor, para assumirmos, alegremente, os desafios e as exigências do Reino de Deus. Amém.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

João 1, 47-51 As testemunhas apontam o Salvador.

 47Jesus viu Natanael, que vinha para ele, e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”. 50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: ‘Eu te vi debaixo da figueira’? Coisas maiores que essa verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade, eu vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. 

Comentário:

* 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. “O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele.João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica.

Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja.

Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens.

Arcanjo significa chefe supremo dos anjos. A Carta de Judas aplica esse título a Miguel; a Igreja estendeu-o depois a Gabriel e a Rafael. O novo calendário reuniu numa só celebração os três arcanjos (Miguel, Gabriel e Rafael), cuja festa caía em datas diferentes. Miguel, que significa “Quem é como Deus?”, cultuado desde os primeiros séculos da era cristã, é lembrado no livro de Daniel. A Carta de Judas mostra-o em luta contra Satanás, que quer o corpo de Moisés. Também o Apocalipse recorda o combate de Miguel e seus anjos contra o dragão. Gabriel, “Força de Deus”, apresentou-se a Zacarias como “aquele que está diante de Deus”. Anunciou o nascimento de João Batista e a encarnação do Filho de Deus. Rafael, “Deus cura”, aparece no livro de Tobias como acompanhante de viagem do jovem Tobias.

Oração
Ó Jesus, Salvador nosso, teu Pai celeste confiou aos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael importantes intervenções na História da Salvação. Faze-nos, Senhor, compreender a nobre missão desses mensageiros do Alto, e glorificar a Deus pela cooperação deles na tua obra redentora. Amém.

 

domingo, 27 de setembro de 2020

Lucas 9, 46-50 Quem é o maior.

 46Houve entre os discípulos uma discussão para saber qual deles seria o maior. 47Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome estará recebendo a mim. E quem me receber estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior”.

Quem está a favor de Jesus? 49João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lho proibimos, porque não anda conosco”. 50Jesus disse-lhe: “Não o proibais, pois quem não está contra vós está a vosso favor”.

Comentário:

* 46-48: Para compreender o messianismo de Jesus é preciso mudar a ideia que se tem a respeito do poder. Enquanto persistir entre os discípulos o desejo do poder que domina, não haverá possibilidade alguma de construir o Reino de Deus.

* 49-50: Cf. nota em Mc 9,38-41Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer ação que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus.

 A conversão é processo lento e fatigoso. Várias vezes, Jesus explica aos discípulos qual é a característica do seu messianismo. Ele veio para dar a própria vida por todos. Está entre nós para servir ao Pai e ao povo; não para explorar e ser servido. Surdos às palavras e cegos às atitudes de Jesus, os apóstolos disputam o primeiro lugar. A presença da criança oferece a Jesus imagem forte de simplicidade, pureza, abertura à partilha e à fraternidade. Esses são os valores do Reino que Jesus está implantando e que seus discípulos precisam assimilar. Outro aspecto importante é a tolerância com os de fora do grupo. Não se deve rejeitá-los, mas estabelecer comunhão com eles. Os apóstolos não têm exclusividade sobre a prática do bem.

Oração
Ó Mestre, a grandeza do Reino de Deus não está em conquistar lugares de honra. Quem acolhe o pequenino em teu nome está acolhendo a ti e ao Pai celeste. Esclareces também que o teu Reino não é um grupo fechado, uma seita; está presente em toda parte onde se pratica o bem. Amém.

sábado, 26 de setembro de 2020

Mateus 21, 28-32 Os dois filhos

 28“Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. 30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”.

Comentário:

* 28-32: O filho mais velho é figura dos pecadores públicos que se convertem à justiça anunciada por João Batista e por Jesus. O filho mais novo é figura dos chefes do povo, que se consideram justos e não se convertem.

Jesus dá um “puxão de orelha” nas autoridades religiosas do seu tempo e as desmascara com uma pergunta. A parábola mostra que o importante não são as palavras, mas as ações, o fazer. Podemos enganar os outros com belas palavras, mas nossa prática revela nossas intenções e opções. Jesus diz que os pecadores e prostitutas precedem as autoridades religiosas no Reino de Deus. Enquanto os pecadores e prostitutas são excluídos do Templo por não cumprir a lei, levam a sério o caminho da justiça; as autoridades fazem de sua “suposta justiça” a fonte do seu poder, do seu domínio sobre os outros. Portanto, a parábola denuncia a hipocrisia da elite, que se apresenta como cumpridora da vontade de Deus, quando de fato não a cumpre. É clara a mensagem: o importante diante de Deus é o fazer. Os grupos desprezados são os verdadeiros herdeiros do Reino dos Céus. Jesus repreende os “bons” porque acham que já estão vivendo de forma honesta e justa e que não há o que melhorar.

Oração
Ó Jesus, comunicador franco e transparente, não escondes a tua indignação contra os que querem se passar por justos, quando na verdade estão longe das exigências do Reino de Deus. Ajuda-nos a assumir, de modo responsável, a prática da justiça e da misericórdia. Amém.

Filipenses 2, 1-11 O Evangelho autêntico.

 1se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão, 2tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. 3Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante 4e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro. 5Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus. 6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.

Comentário:

* 1-4: Paulo convida a comunidade a evitar as divisões causadas pelo espírito de competição, pelo desejo de receber elogios e pela busca dos próprios interesses. Tais vícios denotam o fechamento egoísta e a autopromoção à custa dos outros. A comunidade deve zelar pela harmonia interna e, para isso, é necessário que haja humildade, cada um considerando os outros superiores a si, e que o empenho tenha sempre em vista o bem comum.

* 5-11: Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus se apresentou entre os homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio, tornando-se apenas homem que obedece a Deus e serve aos homens. Não bastasse isso, Jesus serviu até o fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse criminoso. Por isso Deus o ressuscitou e o colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do universo e da história. Os cristãos são convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.



sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Lucas 9, 43-45 O Filho do Homem vai ser entregue.

43Todos ficaram admirados com a grandeza de Deus. O povo estava admirado  com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44“Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. 45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.

Comentário:
* 37-45: Enquanto os discípulos não mudarem sua ideia sobre o Messias, jamais realizarão atos de libertação, que dão continuidade à missão de Jesus.


Era geral a admiração por Jesus e sua obra. Beneficiava o povo com ensinamentos, curas de doenças, perdão dos pecados e reintegração social dos marginalizados. Jesus era um homem de Deus. Como admitir que ele seria capturado e condenado pelas autoridades de Jerusalém, e terminaria pregado numa cruz? Isso não cabia na cabeça dos discípulos. Por isso, Jesus replica o que já anunciara outras vezes: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens” A morte de Jesus na cruz nos introduz na esfera dos planos de Deus, mistério que escapa à nossa compreensão. Após a ressurreição, Jesus dirá aos discípulos de Emaús: “Era preciso que o Messias sofresse tudo isso e entrasse na sua glória” (Lc 24,25-26). O cristão é aquele que segue Cristo, primeiro nos sofrimentos, depois na glória.

Oração
Ó Jesus Messias, tuas poderosas obras causavam grande admiração em teus discípulos. Por isso, não compreendiam que serias entregue “nas mãos dos homens”. Voltas a explicar-lhes que, para nos salvar, tu te submeteste aos limites humanos. Pelo mau uso da liberdade é que os homens te crucificaram. Amém.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Lucas 9, 18-22 Jesus é o Messias.

18Certo dia Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então, Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. 20Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.

Comentário:

* 18-27: Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.

Os contemporâneos de Jesus não têm ideia clara sobre quem ele é. Evocam João Batista, Elias ou algum dos antigos profetas. Os apóstolos, pela voz de Pedro, respondem corretamente. Mas a Pedro falta compreender que tipo de Messias é Jesus. Não o valente guerreiro que viria para expulsar os ocupantes romanos. Não alguém que vai triunfar pela força e poder. Jesus é o Messias que dará sua vida para resgatar da escravidão do pecado a humanidade inteira. Visto que os apóstolos não estavam em condições de entender a verdadeira identidade do Messias, Jesus os proíbe de contar a alguém a revelação feita a Pedro. A partir da ressurreição, as pessoas saberão quem de fato é “o Messias de Deus”. Por ora, o Messias encaminha-se para a morte na cruz.

Oração
Ó Jesus, “Messias de Deus”, reconhecemos que não basta ter informações sobre quem tu és. É necessário que assumamos teu modo de vida; que sejamos teus fiéis seguidores, conscientes de que percorres um caminho de sofrimento até a entrega total de tua vida mediante tua morte na cruz. Amém.

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Lucas 9, 7-9 Jesus começa a inquietar

  7 O Governador Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. 8Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros, ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.

Comentário:

* 7-9: A palavra e ação de Jesus deixam o povo e as autoridades sem saber o que pensar. É que a presença dele força todo mundo a se perguntar: “Quem é esse homem?” O encontro de Jesus e Herodes acontecerá na Paixão (23,6-12).

Herodes Antipas era homicida; ele mesmo o comprova: “Mandei degolar João”. Parece não ter paz interior. Está preocupado com a fama de Jesus de Nazaré. Seria Jesus um defensor da verdade e da retidão, como João Batista? “E queria ver Jesus”. Para satisfazer sua curiosidade? Ou mandá-lo calar a boca? Certamente não era para tornar-se seu fiel discípulo. Mais tarde, nas horas da sua Paixão, Jesus é colocado à frente desse Herodes, que quer vê-lo fazer algum milagre. Jesus não lhe dirá sequer uma palavra. Saboreando amarga frustração, o tetrarca dará vazão a sua ira: “Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo e caçoou dele” (Lc 23,11). A Boa-Nova do Reino continua provocando transformação na sociedade ao mexer com as consciências. Qual é a nossa resposta aos apelos do evangelho?

Oração
Ó Jesus Mestre, Herodes Antipas se incomoda com as informações que circulam a teu respeito. Mera curiosidade pessoal, sem intenção de se tornar teu discípulo. Livra-nos, Senhor, dos prepotentes, que dificultam ou impedem a expansão do teu Reino de justiça, amor e paz. Amém.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Lucas 9, 1-6 A missão dos discípulos.

 1Jesus convocou os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças. 2E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas. 4Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. 5 E todos aqueles que não os acolherem, vocês, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés como protesto contra eles”. 6Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa-nova e fazendo curas em todos os lugares.

Comentário:

1-6: Cf. nota em Mc 6,7-13 Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações.

Jesus não retém para si o cabedal de conhecimentos que possui, nem seus poderes. Transmite-os aos doze apóstolos e os envia para realizarem o que ele fazia publicamente: anunciar o Reino de Deus e curar enfermidades. Uma atividade renovadora. Ensinamento novo e convincente com palavras divinas colhidas na fonte: “Falo estas coisas como o Pai me ensinou” (Jo 8,28). Energia poderosa, toques benfazejos. Curas libertadoras. Tempos messiânicos. Vida nova. Os apóstolos não precisam apoiar-se nos bens materiais; ao contrário, devem despojar-se deles. A gratuidade e a confiança na providência de Deus são as exigências para a missão. Haverá pessoas insensíveis ou avessas à passagem de Deus. Responderão por seus atos. O missionário cristão seguirá seu caminho, sem esmorecer. Como Jesus.

Oração
Ó Jesus, missionário do Pai, aos doze apóstolos dás “poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças”. Assim autorizados, eles percorrem os vilarejos, anunciando a Boa Notícia e realizando curas por toda parte. Envia, Senhor, novos apóstolos para os novos tempos. Amém.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Lucas 8, 19-21 A verdadeira família de Jesus.

 * 19 A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estãofora, e querem te ver.” 21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.”

Comentário:

* 19-21: Jesus instaura novas relações entre os homens, que começam a existir quando os homens põem em prática a palavra do Evangelho, continuando a missão de Jesus.

O breve discurso de Jesus não revela nenhum desrespeito por sua mãe e seus parentes. Aliás, se há alguém que se deixa guiar docilmente pela Palavra de Deus é justamente Maria, a mãe de Jesus. Ela sabia guardar no coração e meditar tudo o que se relacionava com o mistério da vida de seu filho (cf. Lc 2,19). A comunicação de Deus encontrava ambiente acolhedor na alma de Maria. A Palavra de Deus é fecunda: gera novos filhos e filhas para a família de Deus. Portanto, os ouvintes de Jesus acabavam de aprender que os laços de sangue estão subordinados aos vínculos do amor e da fraternidade. Jesus dizia, em outra ocasião: “Vocês todos são irmãos” (Mt 23,8). A condição para fazer parte da família de Jesus ficou explícita. Trata-se de ouvir e pôr em prática a Palavra de Deus.

Oração
Senhor Jesus, este episódio nos recorda quando, aos doze anos, teus pais te encontraram no Templo e, aflitos, perguntaram a razão da tua atitude. Respondeste, então: “Não sabiam que eu devo estar ocupado com as coisas de meu Pai?”. Teus relacionamentos ultrapassam o âmbito da família de sangue. Amém.