sábado, 30 de setembro de 2023

Mateus 21, 28-32 Os dois filhos.

-* 28 “O que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao mais velho, e disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’. 29 O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois arrependeu-se, e foi. 30 O pai dirigiu-se ao outro filho, e disse a mesma coisa. Esse respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O filho mais velho.” Então Jesus lhes disse: “Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu. 32 Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça, e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para acreditar nele.” Comentário: * 28-32: O filho mais velho é figura dos pecadores públicos que se convertem à justiça anunciada por João Batista e por Jesus. O filho mais novo é figura dos chefes do povo, que se consideram justos e não se convertem. A parábola atinge diretamente os líderes religiosos, que criticam em Jesus a predileção pelos pecadores. De fato, Jesus entra em casa de Zaqueu, chefe de cobradores de impostos; deixa-se tocar por uma prostituta que lhe lava os pés; defende a adúltera contra os “puros” que queriam apedrejá-la. Jesus afirma que esses marginalizados estão mais próximos da salvação do que os que se consideram justos. Esses “pecadores”, desprezados pelos dirigentes do povo, foram capazes de ouvir João Batista, acreditar em sua mensagem e mudar de vida. Ao passo que os chefes “não acreditaram nele”. Não basta mostrar uma fachada de pessoas de bem, é preciso realizar obras de justiça. Obras a favor da vida e da liberdade. O Reino não é dos que se consideram justos, mas dos pecadores que creem e mudam de vida.

Filipenses 2, 1-11 O Evangelho autêntico.

-* 1 Portanto, se há um conforto em Cristo, uma consolação no amor, se existe uma comunhão de espírito, se existe ternura e compaixão, 2 completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. 3 Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo. 4 Que cada um procure, não o próprio interesse, mas o interesse dos outros. 5* Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo: 6 Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. 7 Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, 8 humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz! 9 Por isso, Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; 10 para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a terra; 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai. Comentário: * 1-4: Paulo convida a comunidade a evitar as divisões causadas pelo espírito de competição, pelo desejo de receber elogios e pela busca dos próprios interesses. Tais vícios denotam o fechamento egoísta e a autopromoção à custa dos outros. A comunidade deve zelar pela harmonia interna e, para isso, é necessário que haja humildade, cada um considerando os outros superiores a si, e que o empenho tenha sempre em vista o bem comum. * 5-11: Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus se apresentou entre os homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio, tornando-se apenas homem que obedece a Deus e serve aos homens. Não bastasse isso, Jesus serviu até o fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse criminoso. Por isso Deus o ressuscitou e o colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do universo e da história. Os cristãos são convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Lucas 9, 43-45 O Filho do Homem vai ser entregue.

43 Todos ficaram admirados com a grandeza de Deus. O povo estava admirado com tudo o que Jesus fazia. Então Jesus disse aos discípulos: 44 “Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens.” 45 Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. Isso estava escondido a eles, para que não entendessem. E tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto. Comentário: * 37-45: Enquanto os discípulos não mudarem sua ideia sobre o Messias, jamais realizarão atos de libertação, que dão continuidade à missão de Jesus. Jesus tem momentos de sucesso no meio do povo e desperta a admiração de todos, mas tem o olhar fixo na obra decisiva da salvação. Pela segunda vez, de forma resumida, Jesus avisa seus discípulos sobre seu fim trágico. Essa informação não entra na cabeça deles. Esse tipo de anúncio não se enquadra com o que eles esperam de Jesus. Não conseguem conciliar poder com fraqueza: como pode cair “nas mãos dos homens” aquele que expulsa as forças malignas? Para eles, era incompreensível essa espécie de contradição. Só entenderão após a ressurreição, quando Jesus “abrirá a inteligência deles, para compreenderem as Escrituras. Então lhes dirá: ‘Está escrito que o Messias tinha de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia'” (cf. Lc 24,45).

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

João 1, 47-51 As testemunhas apontam o Salvador.

47 Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: “Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade.” 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando você estava debaixo da figueira.” 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!” 50 Jesus disse: “Você está acreditando só porque eu lhe disse: ‘Vi você debaixo da figueira’? No entanto, você verá coisas maiores do que essas.” 51 E Jesus continuou: “Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” Comentário: * 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. “O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. Arcanjo significa chefe supremo dos anjos. A carta de Judas aplica esse título a Miguel; a Igreja estendeu-o depois a Gabriel e a Rafael. O novo calendário reuniu numa só celebração os três arcanjos (Miguel, Gabriel e Rafael), cuja festa caía em datas diferentes. Miguel, que significa “Quem é como Deus?”, cultuado desde os primeiros séculos da era cristã, é lembrado no livro de Daniel. A carta de Judas mostra-o em luta contra Satanás, que quer o corpo de Moisés. Também o Apocalipse recorda o combate de Miguel e seus anjos contra o dragão. Gabriel, “Força de Deus”, apresentou-se a Zacarias como “aquele que está diante de Deus”. Anunciou o nascimento de João Batista e a encarnação do Filho de Deus. Rafael, “Deus cura”, aparece no livro de Tobias como acompanhante de viagem do jovem Tobias.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Lucas 9, 7-9 Jesus começa a inquietar.

-* 7 O governador Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou sem saber o que pensar, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos; 8 outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9 Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E queria ver Jesus. Comentário: * 7-9: A palavra e ação de Jesus deixam o povo e as autoridades sem saber o que pensar. É que a presença dele força todo mundo a se perguntar: “Quem é esse homem?” O encontro de Jesus e Herodes acontecerá na Paixão (23,6-12). Jesus vem para realizar e propor nova mentalidade e, por isso, novo estilo de vida. Por suas atitudes coerentes e por seu poder de expulsar as forças do mal e curar doenças, em pouco tempo Jesus havia cativado e arrastado atrás de si numerosas multidões. Embora ele insistisse para não publicarem seus feitos, sua fama logo se espalhou por toda parte e chegou aos ouvidos de Herodes, homem forte do governo. Fosse o profeta Elias que voltava, ou João Batista, ressuscitado dos mortos, ambas as lembranças eram um tormento para a cabeça do cruel Herodes. Fica confuso. “Queria ver Jesus”, talvez para livrar-se do pesadelo de sua vida desregrada. Na paixão de Jesus, Herodes fará de tudo para arrancar-lhe uma palavra. Em vão. Tratava-se de mera curiosidade, não desejo de se tornar discípulo.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Lucas 9, 1-6 A missão dos discípulos.

-* 1 Jesus convocou os Doze, e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios e para curar as doenças. 2 E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar. 3 E disse-lhes: “Não levem nada para o caminho: nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas. 4 Em qualquer casa onde vocês entrarem, fiquem aí, até vocês se retirarem do lugar. 5 E todos aqueles que não os acolherem, vocês, ao sair da cidade, sacudam a poeira dos pés, como protesto contra eles.” 6 Os discípulos partiram, e percorriam os povoados, anunciando a Boa Notícia, e fazendo curas em todos os lugares. Comentário: * 1-6: Cf. nota em Mc 6, 6b-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações. Após certo período de ensinamento aos apóstolos, Jesus os envia em missão. Dá-lhes poder e autoridade sobre as coisas que oprimem as pessoas. Objetivamente, o que deverão fazer? Anunciar o Reino de Deus, isto é, que Jesus está presente e traz seu projeto de vida e liberdade para todos. Além disso, Jesus lhes dá o poder de curar as doenças. É um projeto inédito, revolucionário, que vai mexer com as estruturas da sociedade. Jesus e seus apóstolos não fecharão os olhos diante das injustiças que o povo sofre; não omitirão a verdade, mas proporão a transparência nos relacionamentos. São pregoeiros de uma sociedade assentada sobre a prática do amor, da justiça e da fraternidade. Ao enviar seus apóstolos, Jesus prevê conflitos; porque nem todos estão abertos para acolher o Reino de Deus e dele fazer parte.

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Lucas 9, 19-21 A verdadeira família de Jesus.

-* 19 A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem te ver.” 21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.” Comentário: * 19-21: Jesus instaura novas relações entre os homens, que começam a existir quando os homens põem em prática a palavra do Evangelho, continuando a missão de Jesus. Jesus está entretido com a multidão, falando do Reino de Deus. Passam-lhe o recado de que sua mãe e outros parentes estão fora e querem vê-lo. Ótimo ensejo para Jesus nos brindar com mais um ensinamento surpreendente. No judaísmo, os laços do sangue, da raça e da família tinham caráter sagrado e absoluto. A palavra de Jesus os relativiza. Nenhuma instituição natural poderá constituir o fundamento do povo de Deus. Única base para o novo povo de Deus é a Palavra divina: os que a acolhem e praticam formam a família de Jesus. Com isso, ele se faz nosso irmão, “o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29). Ora, se Jesus é nosso irmão, somos filhos e filhas de Deus e podemos chamar a Deus de Pai: Pai nosso! Dessa família é que surge o mundo novo, cheio de liberdade e vida para todos.

domingo, 24 de setembro de 2023

Lucas 8, 16-18 Ouvir e agir.

16 “Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que todos os que entram, vejam a luz. 17 De fato, tudo o que está escondido, deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo, deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18 Portanto, prestem atenção como vocês ouvem: para quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter.” Comentário: * 16-18: Cf. nota em Mc 4,21-25. Quem não age, perde até mesmo a compreensão que pensa ter. Os discípulos receberam a explicação da parábola do semeador e foram iluminados. Não devem guardar para si o tesouro precioso dos ensinamentos do Mestre; ao contrário, devem ser luz para o mundo. A Palavra de Deus, de fato, tem cunho universal: não é exclusividade de grupos fechados. Sendo palavra que liberta, não pode ficar oculta ou abafada: “A Palavra de Deus não está algemada” (2Tm 2,9). Em outra passagem, Jesus disse: “O que vocês disserem no quarto, ao pé do ouvido, será proclamado sobre os telhados”. A seus discípulos, e a nós, Jesus recomenda abertura de coração para acolhermos sua mensagem em medida generosa. Quanto mais a pessoa se abre para Deus sem cálculos, tanto mais Deus se lhe manifesta. Se a pessoa é mesquinha e se retrai, mesmo assim Deus não se retira nem deixa de se comunicar.

sábado, 23 de setembro de 2023

Mateus 20, 1-16 O Reino é dom gratuito.

-* 1 “De fato, o Reino do Céu é como um patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3 Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo. Viu outros que estavam desocupados na praça, 4 e lhes disse: ‘Vão vocês também para a minha vinha. Eu lhes pagarei o que for justo’. 5 E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6 Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: ‘Por que vocês estão aí o dia inteiro desocupados?’ 7 Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Vão vocês também para a minha vinha’. 8 Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros’. 9 Chegaram aqueles que tinham sido contratados pelas cinco da tarde, e cada um recebeu uma moeda de prata. 10 Em seguida chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata. 11 Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12 ‘Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor do dia inteiro!’ 13 E o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? 14 Tome o que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. 15 Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?’ 16 Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.” Comentário: * 1-16: No Reino não existem marginalizados. Todos têm o mesmo direito de participar da bondade e misericórdia divinas, que superam tudo o que os homens consideram como justiça. No Reino não há lugar para o ciúme. Aqueles que julgam possuir mais méritos do que os outros devem aprender que o Reino é dom gratuito. Na origem, a parábola do patrão generoso foi aplicada aos judeus compatriotas de Jesus, que se fechavam em seu mundo religioso e repeliam os pagãos (os não judeus). Depois, serviu de catequese para as comunidades cristãs, compostas não só de pessoas convertidas do judaísmo, mas também de estrangeiros ou pagãos. Os chamados da primeira hora são os fariseus cumpridores da Lei mosaica, os doutores da Lei e todos os judeus, como povo eleito, herdeiro das promessas divinas. Os chamados das horas posteriores são todos os não judeus. Pertencer à comunidade de Jesus não é privilégio de um povo. Deus abre as portas do seu Reino para todos e os convida a entrar. A salvação é presente de Deus, que chama todas as pessoas na situação em que se encontram e na hora em que se deixam encontrar.

Filipenses 1, 20-24.27 Viver para Cristo.

20 O que desejo e espero é não fracassar, mas, agora como sempre, manifestar com toda a coragem a glória de Cristo em meu corpo, tanto na vida, como na morte. 21 Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. 22 Mas, se eu ainda continuar vivendo, poderei fazer algum trabalho útil. Por isso é que não sei bem o que escolher. 23 Fico na indecisão: meu desejo é partir dessa vida e estar com Cristo, e isso é muito melhor. 24 Lutar pela fé -* 27 Uma só coisa: comportem-se como pessoas dignas do Evangelho de Cristo. Desse modo, indo vê-los ou estando longe, eu ouça dizer que vocês estão firmes num só espírito, lutando juntos numa só alma pela fé do Evangelho, Comentário: * 19-26: Paulo provavelmente tem meios para ser solto da prisão e escapar à morte. Mas encontra-se num dilema: viver ou morrer? No contexto da sua fé, as duas coisas se equivalem: viver é estar em função de Cristo, ou seja, da evangelização; e morrer é lucro, pois leva a estar com Cristo. Paulo resolve o dilema, não levando em conta seu próprio interesse, mas o que é melhor para a comunidade: continuar vivo, para ajudar os filipenses a crescer e se realizar plenamente na fé. * 27-30: Os adversários são talvez os pregadores judaizantes, que anunciam um evangelho sem cruz e sem necessidade da graça de Deus. Paulo espera que a comunidade se mantenha firme e unida, testemunhando o Evangelho autêntico. Não se trata apenas de acreditar em Cristo, mas de empenhar-se de fato com Cristo numa luta que pode trazer perseguição e sofrimento, assim como levou Paulo à prisão.

Lucas 8, 4-15 Uma colheita custosa.

-* 4 Ajuntou-se uma grande multidão, e de todas as cidades as pessoas iam até Jesus. Então ele contou esta parábola: 5 “O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os passarinhos foram, e comeram tudo. 6 Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7 Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos brotaram junto, e a sufocaram. 8 Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um.” Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” O mistério da missão de Jesus -* 9 Os discípulos perguntaram a Jesus o significado dessa parábola. 10 Jesus respondeu: “A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas, aos outros ele vem por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam.” Compreender a Palavra nos conflitos -* 11 “A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. 12 Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram; mas, depois chega o diabo, e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem, nem se salvem. 13 Os que caíram sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolheram com alegria a Palavra. Mas eles não têm raiz: por um momento, acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14 O que caiu entre os espinhos são aqueles que ouvem, mas, continuando a caminhar, se afogam nas preocupações, na riqueza e nos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15 O que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo de coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.” Comentário: * 4-8: Cf. nota em Mt 13,1-9: Cf. nota em Mc 4,1-9. Se o Reino já está aqui, por que existem fracassos e conflitos? Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Mas, assim como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo pessoas e estruturas continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer entre os homens. Sem dúvida, haverá uma colheita, mas à custa de muitas perdas, isto é, muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu mistério. * 9-10: Cf. nota em Mc 4, 10-12: As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso “estar dentro”, isto é, seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam “por fora”, e nada podem compreender. * 11-15: Cf. notas em Mc 4,1 13-20: A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus (contada pela palavra do Evangelho) tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele e Mt 13, 18-23: Os obstáculos para compreender a Palavra do Reino (= ensinamento de Jesus) são: a alienação, que tira o poder de decisão humana; as perseguições concretas que causam desânimo; as estruturas políticas e econômicas que fascinam e seduzem. A compreensão da Palavra do Reino se realiza na dramaticidade dos conflitos pessoais e sociais. Para a grande multidão, Jesus conta a parábola do semeador e depois a explica a seus discípulos. Trata-se da disposição (diversos tipos de terreno) com que as pessoas acolhem a Palavra. Sabemos, pelos Evangelhos, que Jesus estava sempre disposto e não perdia nenhuma ocasião para anunciar o Reino de Deus. Entretanto, entre os ouvintes, uns eram impenetráveis (terreno pedregoso); outros, entusiastas superficiais; havia quem, após ouvir a Palavra, se deixava seduzir pelos bens materiais; por fim, muitos ouviam a Palavra e lhe davam pleno consentimento, abrindo-se para a fé e o fiel seguimento de Jesus. Em nossos dias, a Palavra de Deus continua sendo semeada de múltiplos modos, também pelos meios digitais. Resta saber como os cristãos estão “administrando” o grande tesouro dessa palavra!

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Lucas 8, 1-3 As mulheres servem a Jesus.

-* 1 Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, 2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos maus e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres, que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam. Comentário: * 1-3: Jesus continua sua missão, e vai formando uma comunidade nova, a partir daqueles que são marginalizados pela sociedade do seu tempo, como eram as mulheres. Elas também são parte integrante do grupo que acompanha Jesus. Esta passagem nos mostra, em parte, como era organizada a vida pública de Jesus e seus apóstolos. Jesus não é um pregador solitário. Além dos Doze que o acompanham, também algumas mulheres fazem parte do anúncio apostólico da mensagem cristã. A tradição evangélica conservou o nome de algumas delas (Joana, Suzana) e sua atuação em momentos importantes (Maria Madalena, na ressurreição de Jesus). A Igreja primitiva, à semelhança de Jesus, abriu significativo espaço para a ação das mulheres nas comunidades. A mulher não tem papel passivo no mistério da salvação, e hoje é chamada a novos encargos apostólicos, como evidenciou o Concílio Vaticano II. O papa Francisco diz que “ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja” (EG 103).

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.

-* 9 Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10 Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: “Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13 Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.” Comentário: * 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia. Mateus era cobrador de impostos. Ao chamado de Jesus, responde prontamente. Admirável é seu desprendimento, pois ele promove em casa uma refeição de despedida, para a qual convida muitos colegas de profissão. Por prestar serviço aos ocupantes romanos, os cobradores de impostos eram malvistos e até mesmo desprezados pelos judeus. Jesus, que veio para oferecer a salvação a todos, não se deixa levar por esses preconceitos. Mateus escreveu o Evangelho que leva seu nome. É o Evangelho do Reino de Deus, do cumprimento em Cristo da Antiga Aliança. É o Evangelho do sermão da montanha, das parábolas do Reino e do juízo universal. Escrevendo para judeu-cristãos, insiste no messianismo de Jesus e na realização perfeita das promessas do Antigo Testamento.

Lucas 7, 31-35 Os filhos da sabedoria.

-* 31 “Com quem eu vou comparar os homens desta geração? Com quem se parecem eles? 32 São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram’. 33 Pois veio João Batista, que não comia nem bebia, e vocês disseram: ‘Ele tem um demônio!’ 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vocês dizem: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores!’ 35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.” Comentário: * 31-35: As autoridades religiosas do tempo de Jesus se comportam de maneira infantil: acusam João Batista de louco, porque é severo demais; acusam Jesus de boa-vida, porque parece muito condescendente. O povo e os cobradores de impostos se comportam de maneira sábia: acolhem João Batista e Jesus, reconhecendo neles a revelação da misericordiosa justiça de Deus. Jesus faz um desabafo. Seu lamento recai sobre os dirigentes do povo, incluindo as autoridades religiosas, que buscam desculpas, em vez de se abrirem ao projeto de Deus. Não se dispuseram a mudar de vida ante os apelos severos do Batista, a quem tacharam de louco. Agora não se dispõem a converter-se, diante das palavras de misericórdia de Jesus e de seus grandes prodígios. Até o chamam de “comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores”. São como crianças caprichosas: nada é capaz de despertar-lhes interesse. Nem tudo, porém, está perdido: muitos discípulos da Sabedoria (“filhos”), que eram os desprezados pelas autoridades religiosas, ou seja, o povo simples e os pecadores, foram inteligentes, aceitando a conversão anunciada por João e o compromisso com Jesus.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.

-* 9 Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10 Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: “Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13 Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.” Comentário: * 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia. Mateus era cobrador de impostos. Ao chamado de Jesus, responde prontamente. Admirável é seu desprendimento, pois ele promove em casa uma refeição de despedida, para a qual convida muitos colegas de profissão. Por prestar serviço aos ocupantes romanos, os cobradores de impostos eram malvistos e até mesmo desprezados pelos judeus. Jesus, que veio para oferecer a salvação a todos, não se deixa levar por esses preconceitos. Mateus escreveu o Evangelho que leva seu nome. É o Evangelho do Reino de Deus, do cumprimento em Cristo da Antiga Aliança. É o Evangelho do sermão da montanha, das parábolas do Reino e do juízo universal. Escrevendo para judeu-cristãos, insiste no messianismo de Jesus e na realização perfeita das promessas do Antigo Testamento.

Lucas 7, 11-17 Deus visitou o seu povo.

* 11 Em seguida, Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. 12 Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela. 13 Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: “Não chore!” 14 Depois se aproximou, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Então Jesus disse: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!” 15 O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16 Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo.” 17 E a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza. Comentário: * 11-17: A atividade libertadora de Jesus é a grande “visita” de Deus que vem salvar o seu povo. Essa visita é a manifestação do amor compassivo, que atende aos mais pobres e necessitados. Jesus, seus discípulos e grande multidão deparam-se com um caso de extrema desolação: uma senhora, tendo perdido o marido, perde também o filho único e o leva para sepultar. Por isso, Jesus enche-se de compaixão e, sem que a viúva lhe peça, antecipa-se, interrompendo-lhe o choro. Detém o cortejo fúnebre e dá ao defunto a ordem de levantar-se. A palavra poderosa de Jesus restitui a vida ao jovem, devolve-lhe também a palavra (“o morto sentou-se e começou a falar”), e desencadeia o reconhecimento dos assistentes: “Glorificavam a Deus, dizendo: ‘Um grande profeta apareceu entre nós. Deus visitou o seu povo'”. É a mesma expressão que encontramos no cântico de Zacarias (cf. Lc 1,68-69). Deus, por meio de Jesus, visita o povo, dando-lhe liberdade e vida.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Lucas 7 , 31-35 Os filhos da sabedoria.

* 31 “Com quem eu vou comparar os homens desta geração? Com quem se parecem eles? 32 São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram’. 33 Pois veio João Batista, que não comia nem bebia, e vocês disseram: ‘Ele tem um demônio!’ 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vocês dizem: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores!’ 35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.” Comentário: * 31-35: As autoridades religiosas do tempo de Jesus se comportam de maneira infantil: acusam João Batista de louco, porque é severo demais; acusam Jesus de boa-vida, porque parece muito condescendente. O povo e os cobradores de impostos se comportam de maneira sábia: acolhem João Batista e Jesus, reconhecendo neles a revelação da misericordiosa justiça de Deus. Jesus faz um desabafo. Seu lamento recai sobre os dirigentes do povo, incluindo as autoridades religiosas, que buscam desculpas, em vez de se abrirem ao projeto de Deus. Não se dispuseram a mudar de vida ante os apelos severos do Batista, a quem tacharam de louco. Agora não se dispõem a converter-se, diante das palavras de misericórdia de Jesus e de seus grandes prodígios. Até o chamam de “comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores”. São como crianças caprichosas: nada é capaz de despertar-lhes interesse. Nem tudo, porém, está perdido: muitos discípulos da Sabedoria (“filhos”), que eram os desprezados pelas autoridades religiosas, ou seja, o povo simples e os pecadores, foram inteligentes, aceitando a conversão anunciada por João e o compromisso com Jesus.

domingo, 17 de setembro de 2023

Lucas 7, 1-10 A fé não tem fronteiras.

-* 1 Depois que terminou de falar todas essas palavras ao povo que o escutava, Jesus entrou na cidade de Cafarnaum. 2 Havia aí um oficial romano que tinha um empregado, a quem estimava muito. O empregado estava doente, a ponto de morrer. 3 O oficial ouviu falar de Jesus, e enviou alguns anciãos dos judeus, para pedir a Jesus que fosse salvar o empregado. 4 Chegando onde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: “O oficial merece que lhe faças esse favor, 5 porque ele estima o nosso povo, e até construiu uma sinagoga para nós.” 6 Então Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizer a Jesus: “Senhor, não te incomodes, pois eu não sou digno de que entres em minha casa; 7 nem sequer me atrevi a ir pessoalmente ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu empregado ficará curado. 8 Pois eu também estou sob a autoridade de oficiais superiores, e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem; e ao meu empregado: Faça isso, e ele o faz.” 9 Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia, e disse: “Eu declaro a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.” 10 Os mensageiros voltaram para a casa do oficial, e encontraram o empregado em perfeita saúde. Comentário: *1-10: O oficial era "temente a Deus", isto é, simpatizante do judaísmo, embora não pertencesse oficialmente aos seus quadros religiosos. Muitas vezes pode-se encontrar mais fé em pessoas que não pertencem a uma instituição religiosa do que entre aquelas que dela fazem parte. Estamos diante de um modelo de fé. Um centurião (chefe de cem soldados, a serviço dos ocupantes romanos) não se dirige diretamente a Jesus, mas envia-lhe uma comitiva de anciãos judeus a pedir-lhe que vá curar seu funcionário a quem tanto estima. Pelos emissários, sabemos que o homem tinha bom coração. Jesus parte com eles. Mas, cheio de humildade e confiança, o militar envia alguns amigos com este recado para Jesus: diga apenas uma palavra e meu servo ficará curado. Assim acontece, de modo que os emissários, ao voltar para casa, encontram o servo curado. E Jesus, tomado de profunda admiração, engrandece a fé que o pagão demonstrou. Com esse episódio, Lucas já anuncia o tempo em que o Evangelho, pela ação do Espírito Santo, se estenderá também aos não judeus.

sábado, 16 de setembro de 2023

Mateus 18, 21-35 Perdoar sem limites.

-* 21 Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22 Jesus respondeu: “Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24 Quando começou o acerto, levaram a ele um que devia dez mil talentos. 25 Como o empregado não tinha com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26 O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu te pagarei tudo’. 27 Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado, e lhe perdoou a dívida. 28 Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. 29 O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. 30 Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31 Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. 32 O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: ‘Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. 33 E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?’ 34 O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35 É assim que fará com vocês o meu Pai que está no céu, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.” Comentário: * 21-35: Na comunidade de Jesus não existem limites para o perdão (setenta vezes sete). Ao entrar na comunidade, cada pessoa já recebeu do Pai um perdão sem limites (dez mil talentos). A vida na comunidade precisa, portanto, basear-se no amor e na misericórdia, compartilhando entre todos esse perdão que cada um recebeu. Os Evangelhos registram várias advertências de Jesus sobre o perdão. Por exemplo: “Se vocês perdoarem as faltas das pessoas, também o Pai celeste perdoará a vocês. Mas, se vocês não perdoarem as pessoas, o Pai também não perdoará as faltas de vocês” (Mt 6,14-15). As comparações usadas por Jesus, na mensagem de hoje, causam impacto e mexem com a nossa sensibilidade. Mostram como nosso coração humano tem dificuldades para perdoar. Necessitamos do perdão e o imploramos a Deus. Cheio de bondade e misericórdia, Deus nos perdoa, cancela nossas dívidas (ofensas, pecados). Nós, no entanto, em vez de perdoar, temos vontade de castigar a quem nos ofendeu. Não é assim que Deus age. A parábola mostra que Deus leva a sério este assunto: se não perdoarmos, ficaremos em dívida com Deus. Até quando?

Romanos 14, 7-9 Não brigar por coisas secundárias.

7 Porque nenhum de vocês vive para si mesmo, e ninguém morre para si mesmo. 8 Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. 9 Cristo morreu e voltou à vida para ser o Senhor dos mortos e dos vivos. Comentário: * 1-9: A comunidade cristã, que verdadeiramente possui objetivo e procura realizá-lo com convicção, não se perde em questões secundárias; estas podem provocar desunião e dispersar as forças necessárias para se atingir a meta proposta. E o principal na vida cristã é viver para Deus, dando testemunho de Jesus Cristo. Nas coisas secundárias, cada um deve agir segundo a sua própria convicção.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Lucas 6, 43-49 Os atos revelam a pessoa.

-* 43 “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; 44 porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. 45 O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.” Passar para a ação -* 46 “Por que vocês me chamam: ‘Senhor! Senhor!’, e não fazem o que eu digo? 47 Vou mostrar a vocês com quem se parece todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática. 48 É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a enxurrada bateu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. 49 Aquele que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa sobre a terra, sem alicerce. A enxurrada bateu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa.” Comentário: * 43-45: Assim como as árvores são conhecidas pelos frutos, do mesmo modo os homens são conhecidos pelos seus atos. * 46-49: Quem põe em prática a mensagem de Jesus, constrói a vida pessoal e comunitária sobre alicerce firme, que resiste à alienação, aos conflitos e até mesmo à perseguição. Quem fica somente no ouvir ou no falar, jamais colabora na construção de nova sociedade. A primeira parte é um alerta de Jesus contra o perigo da falsidade. Ninguém se deixe levar pelo aspecto exterior: boa aparência, belos discursos, promessas sedutoras. É preciso prestar atenção ao testemunho de vida honesta e de amor sincero. Portanto, o que conta é o que vem do íntimo da pessoa. Quem tem consciência reta também pratica ações corretas. Antes ou depois, cada um revela o que de fato é. A segunda parte denuncia uma fé vazia, superficial, que não corresponde a uma vida alicerçada em Cristo. A casa de nossa vida terá valor aos olhos de Deus se for construída sobre o alicerce inabalável da Palavra de Deus. Se não, enganamos a nós mesmos e aos outros, pois todos os projetos de vida que não levam em conta Jesus Cristo e seu Reino estão destinados a desmoronar.

João 19, 25-27 A relação entre Israel e a comunidade de Jesus

-* 25 A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto à cruz. 26 Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: “Mulher, eis aí o seu filho.” 27 Depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe.” E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa. Comentário * 25-27: A mãe de Jesus representa aqui o povo da antiga aliança que se conservou fiel às promessas e espera pelo salvador. E o discípulo amado representa o novo povo de Deus, formado por todos os que dão sua adesão a Jesus. Na relação mãe-filho, o evangelista mostra a unidade e continuação do povo de Deus, fiel à promessa e herdeiro da sua realização. A celebração litúrgica das Sete Dores da Virgem foi acolhida no Calendário romano pelo papa Pio VII (século XVII). Pio X fixou a data definitiva para 15 de setembro, conservada no atual calendário litúrgico que mudou o título da festa: de Sete Dores de Maria, para Nossa Senhora das Dores. A “paixão” de Maria se concentra na cena em que ela está de pé junto à cruz de seu Filho. Sabemos, porém, que Maria, durante toda a sua vida, com seu coração de mãe, conheceu e experimentou o sofrimento ao ver seu Filho rejeitado pelos adversários. Por isso a devoção popular enumerou os principais momentos dolorosos de Maria, suas Sete Dores: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus, o caminho para o Calvário, a crucificação, a deposição da cruz, o sepultamento de Jesus.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

João 3, 13-17 A vida nova vem de Jesus.

13 Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14 Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. 15 Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna.” Jesus provoca decisão -* 16 “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. 18 Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. Comentário: * 9-15: A grande novidade que Deus tem para os homens está em Jesus, que vai revelar na cruz a vida nova. Aí ele demonstra o maior ato de amor: a doação de sua própria vida em favor dos homens. * 16-21: Deus não quer que os homens se percam, nem sente prazer em condená-los. Ele manifesta todo o seu amor através de Jesus, para salvar e dar a vida a todos. Mas a presença de Jesus é incômoda, pois coloca o mundo dos homens em julgamento, provocando divisão e conflito, e exigindo decisão. De um lado, os que acreditam em Jesus e vivem o amor, continuando a palavra e a ação dele em favor da vida. De outro lado, os que não acreditam nele e não vivem o amor, mas permanecem fechados em seus próprios interesses e egoísmo, que geram opressão e exploração; por isso estes sempre escondem suas verdadeiras intenções: não se aproximam da luz. O imperador Constantino mandou construir em Jerusalém duas basílicas, uma sobre o Gólgota (morte de Jesus), e outra sobre o sepulcro de Jesus. A dedicação dessas basílicas se realizou em 13 de setembro do ano 335. No dia seguinte, lembrando o significado profundo das duas igrejas, mostrou-se ao povo o que restava do lenho da cruz do Salvador. Anualmente se repete esse ritual. Daí originou-se a celebração do dia 14 de setembro, que se faz também em Roma, desde o século VII. “A cruz é, ao mesmo tempo, o sofrimento e o troféu de Deus. É seu sofrimento, porque foi nela que ele morreu voluntariamente; ela é seu triunfo, porque o diabo foi ferido e derrotado e, com ele, foi vencida a morte. A cruz é proclamada como glória de Cristo e sua exaltação” (Santo André de Creta, século VII).

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Lucas 6, 20-26 Anseio por um mundo novo.

20 Levantando os olhos para os discípulos, Jesus disse: “Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence. 21 Felizes de vocês que agora têm fome, porque serão saciados. Felizes de vocês que agora choram, porque hão de rir. 22 Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. 24 Mas, ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação! 25 Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar! 26 Ai de vocês, se todos os elogiam, porque era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas.” Comentário: * 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. Jesus oferece aos discípulos um panorama do Reino de Deus que ele está implantando. As bem-aventuranças e as “mal-aventuranças” são realidades que vão se verificar já ao longo desta vida. Os pobres são pessoas que sofrem privações graves. No setor econômico: os que têm fome. No plano afetivo: os que choram. No plano social: os que são odiados e rejeitados pela sociedade injusta que recusa o projeto de Jesus. Ao lado das bem-aventuranças, Lucas apresenta as “mal-aventuranças”. Não se trata de condições sociais ou destinos humanos diferentes. O Reino de Deus é um divisor de águas. De um lado, encontram-se os que aceitam Jesus e a prática do amor. Do outro, os que rejeitam Jesus e sua proposta de vida e liberdade para todos. Cada um arca com as consequências da própria escolha.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Lucas 6, 12-19 Os doze apóstolos.

* 12 Nesses dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. Anseio por um mundo novo -* 17 Jesus desceu da montanha com os doze apóstolos, e parou num lugar plano. Estava aí numerosa multidão de seus discípulos com muita gente do povo de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Foram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus, foram curados. 19 Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. Comentário: * 12-16: Jesus escolhe os doze apóstolos, que formarão o núcleo da comunidade nova que ele veio criar. A palavra apóstolo significa aquele que Jesus envia para continuar a sua obra. * 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. Lucas condensa aqui várias informações importantes sobre o ministério de Jesus. A primeira é que ele sobe à montanha e passa a noite inteira em oração a Deus. Nesse colóquio com o Pai, Jesus se prepara para a escolha que está prestes a fazer: selecionar e nomear, dentre seus discípulos, os doze apóstolos, aos quais vai dedicar uma formação especial. Era a maneira de garantir a missão da Igreja. Ao descer da montanha, juntamente com os discípulos, Jesus se depara com outros discípulos e com imensa multidão, sedentos de ouvir sua palavra e serem curados de suas doenças. A escolha dos apóstolos não fez Jesus esquecer as massas aflitas e abandonadas. Uma nota própria de Lucas é a energia boa que de Jesus procede e que é capaz de curar a todos. Claro que “toda a multidão” queria tocar nele!

domingo, 10 de setembro de 2023

Lucas 6, 6-11 A lei de Jesus é salvar o homem.

-* 6 Em outro sábado, Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem com a mão direita seca. 7 Os doutores e os fariseus espiavam, para ver se Jesus iria curá-lo durante o sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8 Mas Jesus sabia o que eles estavam pensando, e disse ao homem da mão seca: “Levante-se, e fique no meio.” Ele se levantou, e ficou de pé. 9 Jesus disse aos outros: “Eu pergunto a vocês: a Lei permite no sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” 10 Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estenda a mão.” O homem assim o fez, e sua mão ficou boa. 11 Eles ficaram com muita raiva, e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus. Comentário: * 6-11: Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Por isso, os que preferem ficar com o velho sistema se reúnem para planejar a morte de Jesus: ele está destruindo as ideias de religião e sociedade que eles tinham. Volta a questão da observância do SÁBADO. Desta vez, na sinagoga, enquanto Jesus ensina, doutores da Lei e fariseus o observam “para assim terem motivo de acusá-lo”. O benefício redunda em favor de um homem com a mão paralisada. Antes de curá-lo, Jesus deixa mudos os adversários, dirigindo-lhes a pergunta: No SÁBADO, deve-se ou não se deve fazer o bem, salvar uma vida ou destruí-la? Com certeza, o povo simples, a quem o Pai revela seus segredos (cf. Lc 10,21), sabia responder: tudo o que é bom glorifica a Deus. Mas os doutores da Lei e fariseus “se encheram de raiva”. Buscam, na verdade, motivos para eliminar Jesus. Ao curar esse enfermo, Jesus reafirma sua posição tomada anteriormente: a salvação de uma vida diminuída está acima das disposições negativas da lei do SÁBADO.

sábado, 9 de setembro de 2023

Mateus 18, 18-20 E quando o irmão peca?

-* 15 “Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. 16 Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Caso ele não dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos. 18 Eu lhes garanto: tudo o que vocês ligarem na terra, será ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra, será desligado no céu. 19 E lhes digo ainda mais: se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu. 20 Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles.” Comentário: * 15-20: Quando um irmão peca, prejudicando o bem comum, a comunidade age com prudência e justiça, procurando corrigir o irmão. Reunida em nome e no espírito de Jesus, a comunidade tem o poder de incluir ou excluir pessoas do seu meio (cf. 16,19), isto é, incluir ou excluir pessoas. A missão dela, porém, não termina com a exclusão do pecador: ela deve procurá-lo, como o pastor que sai em busca da ovelha perdida (18,11-14). A comunidade cristã é convidada à correção fraterna. Não se trata de vasculhar a vida do irmão com o fim de julgá-lo e condená-lo. A correção passa pelo crivo da misericórdia, uma vez que todos nós estamos sujeitos a cometer erros. Por isso, a correção ao irmão que erra se faz por etapas e se reveste de grande dose de tolerância e compreensão. Do diálogo interpessoal, passa-se ao apelo de duas ou três testemunhas; em último caso, não havendo conversão, pede-se a ajuda da comunidade. Tudo se faça em clima de oração comunitária, da qual participa o próprio Jesus ressuscitado: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Nossas comunidades têm longo caminho a percorrer quando se trata do exercício da correção fraterna, pois corrigir é obra do amor.

Romanos 13, 8-10 O amor é o pleno cumprimento da Lei.

-* 8 Não fiquem devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo. Pois, quem ama o próximo cumpriu plenamente a Lei. 9 De fato, os mandamentos: não cometa adultério, não mate, não roube, não cobice, e todos os outros se resumem nesta sentença: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” 10 O amor não pratica o mal contra o próximo, pois o amor é o pleno cumprimento da Lei. Comentário: * 8-10: Na vida cristã a única tarefa que não tem limites é o amor, pois ele não só resume tudo o que deve ser feito, mas é também o espírito com que tudo deve ser feito. Como nos evangelhos, Paulo também vê o amor como a expressão perfeita de toda a Lei.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Lucas 6, 1-5 Jesus liberta da lei.

-* 1 Num dia de sábado, Jesus estava passando por uns campos de trigo. Os discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2 Então alguns fariseus disseram: “Por que vocês estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?” 3 Jesus respondeu: “Então vocês não leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam sentindo fome? 4 Davi entrou na casa de Deus, pegou e comeu dos pães oferecidos a Deus, e ainda os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães.” 5 E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor do sábado.” Comentário: * 1-5: Sendo senhor do sábado, Jesus está acima das leis, mesmo religiosas, que os homens elaboram. Ele relativiza essas leis, mostrando que elas não têm sentido quando impedem o homem de ter acesso aos bens necessários para a própria sobrevivência. Os discípulos de Jesus colhem espigas e as comem. Interpretando o fato de debulhar espigas como colheita e, portanto, como violação ao repouso sabático, os fariseus recriminam a atitude dos discípulos. Apoiado em passagem da Escritura e citando o respeitado nome de Davi, Jesus enuncia um princípio decisivo: em caso de necessidade, a manutenção da vida tem precedência sobre o respeito às proibições religiosas. Sem alimentar-se, não há ser humano, que é maior do que qualquer prescrição, pois “o SÁBADO foi feito para o homem” (Mc 2,27). Ao dizer “o Filho do Homem é senhor do SÁBADO”, Jesus nos ensina que as instituições, estruturas, leis e costumes devem estar a serviço do homem: podem ser abolidos e cair para segundo plano em qualquer circunstância em que uma necessidade urgente o exigir.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Mateus 1, 18-23 O começo de uma nova história.

-* 18 A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. 20 Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados.” 22 Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 “Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco.” 24 Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa, 25 e, sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus. Comentário: * 18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados). A comemoração da natividade de Maria tem origem no século V. Segundo a tradição, foi construída em Jerusalém uma igreja no lugar onde havia a casa de Joaquim e Ana, pais de Maria. Mais tarde, outra igreja foi aí edificada e recebia grande número de peregrinos que iam venerar o nascimento de Maria. No Ocidente, a festa foi acolhida pela Igreja de Roma ao longo do século VII. Difundida por toda a Europa, tornou-se, a partir da Idade Média, uma festa muito valorizada. Ao contemplar o nascimento de Maria, São João Damasceno exclama: “Formou-se um céu sobre a terra, porque está para iniciar a salvação”. Deus olha e admira a menina que descansa tranquila nos braços de Sant’Ana e a prepara para o futuro: um dia ela dará à luz aquele que o universo não pode conter.

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Lucas 5, 1-11 O seguimento de Jesus.

-* 1 Certo dia, Jesus estava na margem do lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago; os pescadores haviam desembarcado, e lavavam as redes. 3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avance para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca.” 5 Simão respondeu: “Mestre, tentamos a noite inteira, e não pescamos nada. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes.” 6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se arrebentavam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que fossem ajudá-los. Eles foram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8 Ao ver isso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” 9 É que o espanto tinha tomado conta de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Mas Jesus disse a Simão: “Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens.” 11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo, e seguiram a Jesus. Comentário: * 5,1-11: A cena é simbólica. Jesus chama seus primeiros discípulos, mostrando-lhes qual a missão reservada a eles: fazer que os homens participem da libertação trazida por Jesus e que só pode realizar-se no seguimento dele, mediante a união com ele e sua missão. O convite ao seguimento é exigente: é preciso “deixar tudo”, para que nada impeça o discípulo de anunciar a Boa Notícia do Reino. Uma página a respeito da missão de Jesus e dos discípulos. As multidões comprimiam-se ao redor de Jesus a fim de ouvirem a Palavra de Deus. O ensinamento se dá a partir da barca, símbolo da Igreja. Sem Jesus, a missão é estéril. É ele quem garante a eficácia da ação, por mais difícil que seja a situação. Diante do sucesso, Pedro sente o poder de Deus e se reconhece pecador. Sem comentar a atitude humilde de Pedro, Jesus o projeta para obras grandiosas: “A partir de agora, você vai ser pescador de gente”. Os outros sócios de Simão também são chamados a compor o grupo dos apóstolos. Em várias ocasiões, os três – Simão, Tiago e João – serão convidados a testemunhar situações significativas na vida do Mestre (transfiguração, paixão). Certamente para consolidá-los na fé em Jesus, o Filho de Deus.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Lucas 4, 38-44 Ser livre para servir.

-* 38 Jesus saiu da sinagoga, e foi para a casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39 Inclinando-se para ela, Jesus ameaçou a febre, e esta deixou a mulher. Então, no mesmo instante, ela se levantou, e começou a servi-los. 40 Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levavam a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles, e os curava. 41 De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus.” Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias. Jesus anuncia o Reino -* 42 Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que fosse embora. 43 Mas Jesus disse: “Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado.” 44 E Jesus pregava nas sinagogas da Judéia. Comentário: * 38-41: Cf. nota em Mc 1, 29-34: Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem. * 42-44: A Boa Notícia do Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical das estruturas que escravizam os homens. Para anunciá-la, Jesus vai ao encontro daqueles que ainda não a conhecem. Jesus leva a sério seu programa de libertação, assumido na sinagoga de Nazaré (Lc 4,16-22). Em Cafarnaum, liberta um homem possuído pelo espírito impuro. Da sinagoga, Jesus desloca-se para a casa de Simão, cuja sogra tem febre alta. Jesus “repreendeu a febre”, e a mulher recuperou a condição de prestar serviços à comunidade. No final do dia, Jesus entra em contato com muito doentes, com diversos tipos de enfermidades, e liberta a todos, com a simples e poderosa imposição das mãos. As multidões, possivelmente por interesse, “o seguravam para que não fosse embora”. Querem fechar o Mestre no seu pequeno círculo. Jesus, porém, movido pela força da oração, retoma o sentido de sua missão: “Eu devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também a outras cidades, pois para isso é que fui enviado”.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Lucas 4, 31-37 Jesus liberta da alienação.

-* 31 Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados. 32 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. 33 Na sinagoga havia um homem possuído pelo espírito de um demônio mau, que gritou em alta voz: 34 “O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 35 Jesus o ameaçou, dizendo: “Cale-se, e saia dele!” Então o demônio jogou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. 36 O espanto tomou conta de todos, e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos maus com autoridade e poder, e eles saem.” 37 E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza. Comentário: * 31-37: Cf. nota em Mc 1,21-28: A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e de agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo. Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. Coerente com seu programa missionário libertador, assumido na sinagoga de Nazaré, Jesus vai a campo. Como de praxe, ensina nas sinagogas. Fala com autoridade, de modo que as forças adversas (demônio impuro) lhe obedecem, e seus ouvintes ficam maravilhados. Com sua palavra eficaz, Jesus expulsa um espírito impuro, que percebe estar diante de uma força superior: “Eu sei quem tu és: o Santo de Deus”. O espanto toma conta de todos, porque os espíritos impuros são submetidos às ordens de Jesus, dadas com autoridade e poder. Era inevitável que a fama de Jesus se espalhasse por toda parte. Mais tarde, ele investirá seus discípulos com este mesmo poder, isto é, o de libertar o povo da escravidão e de todas as amarras que o privam da vida plena que Deus quer para todos.

domingo, 3 de setembro de 2023

Lucas 4, 16-30 O programa da atividade de Jesus.

16 Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se havia criado. Conforme seu costume, no sábado entrou na sinagoga, e levantou-se para fazer a leitura. 17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus encontrou a passagem onde está escrito: 18 “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, 19 e para proclamar um ano de graça do Senhor.” 20 Em seguida Jesus fechou o livro, o entregou na mão do ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21 Então Jesus começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.” Reação do povo -* 22 Todos aprovavam Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Este não é o filho de José?’» 23 Mas Jesus disse: “Sem dúvida vocês vão repetir para mim o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.” 24 E acrescentou: “Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25 De fato, eu lhes digo que havia muitas viúvas em Israel, no tempo do profeta Elias, quando não vinha chuva do céu durante três anos e seis meses, e houve grande fome em toda a região. 26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, e sim a uma viúva estrangeira, que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27 Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu. Apesar disso, nenhum deles foi curado, a não ser o estrangeiro Naamã, que era sírio.” 28 Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se, e expulsaram Jesus da cidade. E o levaram até o alto do monte, sobre o qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício. 30 Mas Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. Comentário: * 14-21: Colocada no início da vida pública de Jesus, esta passagem constitui, conforme Lucas, o programa de toda a atividade de Jesus. Is 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão. * 22-30: A dúvida e a rejeição de Jesus por parte de seus compatriotas fazem prever a hostilidade e a rejeição de toda a atividade de Jesus por parte de todo o seu povo. No entanto, Jesus prossegue seu caminho, para construir a nova história que engloba toda a humanidade. Jesus apresenta-se na sinagoga de Nazaré, onde fora criado. Diante da assembleia, lê um trecho de Isaías referente ao Messias, e, fechando o livro, arremata: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura que vocês acabam de ouvir”. Este é o projeto de vida, esta é a missão de Jesus, ou seja, dedicar-se inteiramente aos mais pobres e sofredores. Pelo poder do Espírito Santo, Jesus vem libertar da opressão o povo e criar condições para que tenha vida abundante. Os nazarenos reagem primeiramente com admiração, mas passam em seguida à desconfiança. Finalmente, presos a categorias humanas (“filho de José”) e incapazes de dar o salto da fé, ficam furiosos, expulsam-no da cidade e tentam jogá-lo no precipício. Jesus, porém, “passando pelo meio deles, seguia seu caminho”. Sua missão estava apenas começando.

sábado, 2 de setembro de 2023

Mateus 16, 21-27 Jesus é o Messias.

21 E Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir a Jerusalém, e sofrer muito da parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos doutores da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. 22 Então Pedro levou Jesus para um lado, e o repreendeu, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” 23 Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse: “Fique longe de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, porque não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens!” O seguimento de Jesus -* 24 Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga. 25 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 26 Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que um homem pode dar em troca da sua vida? 27 Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta. Comentário: 13-23: Cf. nota em Mc 8,27-33. Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. * 24-28: Cf. nota em Mc 8, 34-38: A morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a se tornar marginalizado por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz). A atitude de Pedro, tentando afastar Jesus do caminho da cruz, mostra que sua concepção a respeito do Messias precisa de alguns ajustes. É que Pedro e os demais discípulos acreditavam num Messias glorioso, triunfante, capaz de eliminar pela força os ocupantes romanos. Ao passo que Jesus é o Servo sofredor. Sua luta pela justiça implicará o sacrifício da própria vida. Na verdade, a vida de Jesus será tirada pelos dirigentes do povo: anciãos, chefes dos sacerdotes e doutores da Lei. Sua morte na cruz trará a vitória da justiça e do projeto de Deus. Todo discípulo que for leal a Jesus e aplicar sua vida por Deus em favor do seu povo, terá sua vida resgatada e premiada por Deus: “Quem perder a própria vida por causa de mim, a encontrará”. Quanto a Jesus, Deus o ressuscitará no terceiro dia.

Romanos 12, 1-2 O culto autêntico.

-* 1 Irmãos, pela misericórdia de Deus, peço que vocês ofereçam os próprios corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Esse é o culto autêntico de vocês. 2 Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o que é perfeito. Comentário: * 1-2: A vida cristã é resposta à misericórdia de Deus e abrange toda a existência concreta do homem, representada pelo corpo como centro de vida e ação e de relação com Deus, com os homens e com o mundo. Cada cristão oferece a si mesmo, sendo ele próprio o sacerdote e o sacrifício vivo. Tal sacerdócio é exercido de modo prático através do não-conformismo, que critica as estruturas corrompidas pela injustiça, e através de discernimento novo, que sabe distinguir a vontade de Deus que leva à justiça e à vida.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Mateus 25, 14-30 Esperar, arriscando.

-* 14 “Acontecerá como um homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamando seus empregados, entregou seus bens a eles. 15 A um deu cinco talentos, a outro dois, e um ao terceiro: a cada qual de acordo com a própria capacidade. Em seguida, viajou para o estrangeiro. 16 O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. 17 Do mesmo modo o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18 Mas, aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. 19 Depois de muito tempo, o patrão voltou, e foi ajustar contas com os empregados. 20 O empregado que havia recebido cinco talentos, entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. 21 O patrão disse: ‘Muito bem, empregado bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria’. 22 Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23 O patrão disse: ‘Muito bem, empregado bom e fiel! Como você foi fiel na administração de tão pouco, eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria’. 24 Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: ‘Senhor, eu sei que tu és um homem severo pois colhes onde não plantaste, e recolhes onde não semeaste. 25 Por isso, fiquei com medo, e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26 O patrão lhe respondeu: “Empregado mau e preguiçoso! Você sabia que eu colho onde não plantei, e que recolho onde não semeei. 27 Então você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence’. 28 Em seguida o patrão ordenou: ‘Tirem dele o talento, e deem ao que tem dez. 29 Porque, a todo aquele que tem, será dado mais, e terá em abundância. Mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 Quanto a esse empregado inútil, joguem-no lá fora, na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes.” Comentário: * 14-30: Não basta estar preparado, esperando passivamente a manifestação de Jesus. É preciso arriscar e lançar-se à ação, para que os dons recebidos frutifiquem e cresçam. Jesus confiou à comunidade cristã a revelação da vontade de Deus e a chave do Reino. No julgamento, ele pedirá contas por esse dom. A comunidade o repartiu e o fez crescer, ou o escondeu dos homens? O proprietário representa Deus. Os dois primeiros servos, na prestação de contas, apresentam os lucros, isto é, as boas obras. O terceiro servo representa a pessoa, ou a comunidade, que vive fechada em si mesma, faz as coisas em benefício próprio, de modo egoísta. Deixou passar em branco o tempo, não fez nenhum esforço para praticar a justiça e obras de caridade. O que teria para apresentar a Deus? Só desculpas sem cabimento. São João da Cruz diz que “no entardecer da vida seremos julgados sobre o amor”. Este “servo mau”, omisso e mesquinho na administração de suas qualidades, não ouvirá o feliz convite: “Entre para participar da alegria de seu senhor”. De que modo aproveito cada momento da minha vida? A comunidade está fazendo o Reino de Deus crescer?