quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Lucas 2, 16-21 O Messias veio para os pobres.

 16Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. 18E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. 19Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. 20Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. 

O Messias é pobre - 21Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.

Comentário:

* 8-20: Os primeiros a receber a Boa Notícia (Evangelho) são os pobres e marginalizados, aqui representados pelos pastores. Com efeito, na sociedade da época, os pastores eram desprezados, porque não tinham possibilidade de cumprir todas as exigências da Lei. É para eles que nasceu o Salvador, o Messias e o Senhor. E são os primeiros a anunciar a sua chegada. Jesus é o Salvador, porque traz a libertação definitiva. É o Messias, porque traz o Espírito de Deus, que convoca os homens para uma relação de justiça e amor fraterno (cf. Is 11,1-9). É o Senhor, porque vence todos os obstáculos, conduzindo os homens dentro de uma história nova.

O Concílio Vaticano II afirma: “Desde os tempos mais remotos, a Bem-aventurada Virgem é honrada com o título de Mãe de Deus, a cujo amparo os fiéis acodem com suas súplicas em todos os seus perigos e necessidades” (Lumen Gentium, 66). Desde o princípio, a Igreja reconhece que o mistério da encarnação lhe permitiu entender e esclarecer o mistério da Mãe do Verbo Encarnado: “Neste aprofundamento teve uma importância decisiva o Concílio de Éfeso, no ano 431, durante o qual, com grande alegria dos cristãos, a verdade sobre a maternidade divina de Maria foi confirmada solenemente como verdade de fé da Igreja. Maria é a Mãe de Deus, uma vez que, por obra do Espírito Santo, concebeu no seu seio virginal e deu ao mundo Jesus Cristo, o Filho de Deus consubstancial ao Pai” (S. João Paulo II, Redemptoris Mater, 4).

ORAÇÃO
Ó divina Criança de Belém, ao teu lado encontram-se tua santa Mãe, Maria, e teu pai, José, e te prestam Janeiro Dia a dia com o Evangelho 2021 11 todos os cuidados de que um recém-nascido necessita. Apressados, chegam também os pastores para te contemplar e sair “glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto”. Amém.

Gálatas 4,4-7 Adultos em Cristo.

 4Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! 7Assim, já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus.

Comentário:

* 1-11: Paulo coloca no mesmo plano os ritos religiosos pagãos e os ritos judaicos. Se os gálatas se submeterem aos costumes judaicos, estarão vivendo a mesma vida pagã de outrora, submissos e escravos de outras criaturas. O homem de fé deve depender unicamente do seu Criador, de quem se tornou filho, graças a Cristo. Cf. nota em Rm 8,14-17.


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

João 1, 1-18 Jesus é a Palavra que revela Deus aos homens.

 1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela -, mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim'”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

Comentário:

* 1-18: O Prólogo de João lembra a introdução do Gênesis (1,1-31; 2,1-4a). No começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para o Pai: estava em Deus, como a Expressão de Deus, eterna e invisível. O Filho é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo e mútua comunicação.

A Palavra é a Sabedoria de Deus vislumbrada nas maravilhas do mundo e no desenrolar da história, de modo que, em todos os tempos, os homens sempre tiveram e têm algum conhecimento dela.

Jesus, Palavra de Deus, é a luz que ilumina a consciência de todo homem. Mas, para onde nos conduziria essa luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor e fidelidade. Levado pelo seu imenso amor e fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde jamais teriam pensado: partilhar a própria vida e felicidade de Deus. E para isso a Palavra se fez homem e veio à sua própria casa, neste seu mundo.

A humanidade já não está condenada a caminhar cegamente, guiando-se por pequenas luzes no meio das trevas, por pequenas manifestações de Deus, mas pelo próprio Jesus, Manifestação total de Deus. Com efeito, Jesus Cristo, que é a luz, veio para tornar filhos de Deus todos os homens. Um só é o Filho, porém, todos podem tornar-se bem mais do que filhos adotivos: nasceram de Deus.

Deus tinha dado uma lei por meio de Moisés. E todos os judeus achavam que essa lei era o maior presente de Deus. Na realidade, era bem mais o que Deus tinha reservado para todos. Porque Jesus, o Deus Filho, o verdadeiro e total Dom do Pai, é o único que pode falar de Deus Pai, porque comunica o amor e a fidelidade do Deus que dá a vida aos homens.

O prólogo nos apresenta a trajetória de Jesus Cristo, enviado pelo Pai para realizar no mundo uma missão, a saber, transmitir a mensagem de salvação. Terminada a missão, ele volta para o Pai (v. 18). Aqui Jesus é designado com um nome especial: Palavra. Palavra eficaz, criadora: “o mundo foi feito por meio dela”. A Palavra é Deus; existe desde o princípio e se manifesta como pessoa humana: “a Palavra se fez carne e armou sua tenda entre nós”. Não chega de repente. Foi anunciada por João Batista. O que João pregava é que todos acreditassem em Jesus, a luz verdadeira. Muitos não acreditaram. Jesus e seus discípulos experimentaram forte oposição e perseguições. Mas aos que acreditaram, Jesus “deu o poder de se tornarem filhos de Deus”.

Oração
Senhor Jesus, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não criado: desceste dos Céus e, pelo Espírito Santo, foste formado no seio da Virgem Maria; foste crucificado e morreste para nos salvar. Amém.

 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Lucas 2, 36-40 O Messias, sinal de contradição.

 36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

Comentário:

* 25-40: Simeão e Ana também representam os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias: Jesus será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos (cf. Lc 6,20-26).

Ao lado do velho Simeão encontra-se a idosa profetisa Ana. Ela frequenta o Templo diariamente e serve a Deus com jejuns e orações na expectativa de contemplar o Messias. Representantes dos antigos profetas, Ana e Simeão testemunham a presença de Maria, José e o menino Jesus. Simeão exulta de alegria porque ergue nos braços o Salvador; o pai e a mãe do menino ficam maravilhados com o que ouvem a respeito do filho. A profetisa Ana, por sua vez, dá graças a Deus e fala do menino a “todos os que esperam a libertação de Jerusalém”. Com isso, Lucas salienta o papel da mulher no anúncio do Evangelho. A informação final nos mostra que Jesus se submete às leis do crescimento humano próprias de qualquer pessoa.

Oração
Ó Menino Jesus, quando foste apresentado ao Senhor no Templo, encheste de júbilo a profetisa Ana. Ela dava graças a Deus e, diante de todos, exaltava tua presença como o libertador do povo de Israel. Com teus pais, cumpriste “todas as coisas segundo a Lei do Senhor”. E crescias cheio de sabedoria. Amém.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Lucas 2, 22-35 O Messias é pobre.

 22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor.

O Messias, sinal de contradição - 25Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29″Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”.

Comentário:

* 21-24: Todo primogênito pertencia a Deus, e devia ser resgatado por meio de um sacrifício. Nessa ocasião, também se fazia a purificação da mãe, e se oferecia um cordeiro. Quem era pobre podia oferecer duas rolas ou dois pombinhos, em lugar do cordeiro (cf. Lv 5,1-8). O Messias nasce como dominado, em lugar pobre, e vem pobre, para os pobres.

* 25-40: Simeão e Ana também representam os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias: Jesus será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos (cf. Lc 6,20-26).

Em obediência à Lei, Maria vai ao Templo para o rito de sua purificação e para consagrar o filho. O Espírito Santo coordena o encontro de Maria, José e o menino com o velho Simeão. Este era representante dos profetas que encerravam o tempo do Antigo Testamento na espera do Messias. “Movido pelo Espírito Santo”, Simeão vai ao Templo, pega nos braços a criança e, num canto de agradecimento, proclama que Deus cumpriu suas promessas enviando o Salvador, não só para Israel, mas também para todas as nações. O pai e a mãe do menino ficam admirados com o que veem e ouvem a respeito dele. Simeão os abençoa e, com chocante realismo, diz a Maria: “Este menino será um sinal de contradição… Quanto a você, uma espada vai atravessar a sua alma”.

Oração
Ó Jesus Menino, foste apresentado ao Senhor pelo “justo e piedoso” Simeão. Incentiva-nos a viver em comunhão com Deus e a participar da vida litúrgica da Igreja. Ensina os líderes religiosos a ser hospitaleiros e amáveis com todos os que vão a tua procura na comunidade cristã. Amém.

 

domingo, 27 de dezembro de 2020

Mateus 2, 13-18 A nova história é um novo êxodo.

 13Depois que os magos partiram, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18″Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, porque eles não existem mais”.

Comentário:
* 13-23: O lugar da Terra Prometida tornou-se novo Egito, lugar de opressão. Mateus apresenta o significado da vida e ação de Jesus: ele será o novo Moisés. Vai liderar o processo de libertação das estruturas que oprimem e escravizam, simbolizadas pela Judéia e Jerusalém. A Galiléia, terra dos pagãos, será o ponto de partida para esse novo êxodo que Jesus realiza através do seu ensinamento e atividade.

Todos os calendários litúrgicos orientais incluem esta festa. Em Roma, ela surge no século V. Vítimas da crueldade de Herodes-pai, muitas crianças são massacradas, por medo de um recém-nascido de quem os magos haviam falado. Herodes-filho, mais tarde, manda cortar a cabeça de João Batista, e por fim zomba do inocente Jesus, que sofre. Herodes-neto ordena decapitar Tiago e aprisionar Pedro. Assim, desde seu nascimento, Jesus encontra total oposição, que se estenderá a seus fiéis seguidores. São estes os pequeninos com quem Jesus se identifica e que fazem parte do seu Reino. Têm a salvação garantida. Neste sentido, a Antífona de entrada os apresenta como portadores de conforto e esperança: “Os meninos inocentes foram mortos por causa do Cristo; eles seguem o Cordeiro sem mancha, e cantam: Glória a ti, Senhor!”.

Oração
Ó Mestre e Senhor, dolorosa página fazendo referência aos santos inocentes mártires! Por prepotência e cegueira de um déspota, os bebês foram cruelmente trucidados. Vem em nosso auxílio, Jesus, e ajuda-nos a promover a vida. Concede que jamais alguém se sinta no direito de tirar a vida do semelhante. Amém.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Lucas 2, 22-40 O Messias é pobre

22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos -, como está ordenado na Lei do Senhor.

O Messias, sinal de contradição - 25Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão foi ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29″Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel”. 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. 36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.  39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. 

Comentário:

* 21-24: Todo primogênito pertencia a Deus, e devia ser resgatado por meio de um sacrifício. Nessa ocasião, também se fazia a purificação da mãe, e se oferecia um cordeiro. Quem era pobre podia oferecer duas rolas ou dois pombinhos, em lugar do cordeiro (cf. Lv 5,1-8). O Messias nasce como dominado, em lugar pobre, e vem pobre, para os pobres.

* 25-40: Simeão e Ana também representam os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias: Jesus será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos (cf. Lc 6,20-26).

Ao apresentar o recém-nascido no Templo de Jerusalém, oferecendo um par de pombinhos (oferta dos pobres), a Família de Nazaré – Jesus, Maria e José – cumpre as determinações da lei mosaica. Com isso, mostra que está bem inserida na ordem social. Simeão, homem justo e piedoso, toma o menino nos braços e louva a Deus, pois vê naquela criança a salvação do seu povo. Além disso, profetiza sobre as consequências que adviriam à mãe. Nesse texto, a presença da Família de Nazaré proporciona um clima de alegria e acolhimento entre os pobres que se encontram no Templo. Ao mesmo tempo, já se percebe o futuro conflito dessa criança com autoridades e poderosos. O texto revela a importância da família na vida dos filhos. A família é o lugar privilegiado da evangelização, onde a criança respira otimismo e alegria, fé e compromisso social, presença de Deus ou, ao contrário, indiferença. Com o gesto de apresentar seu filho a Deus, Maria e José revelam que os filhos pertencem a Deus e à sociedade.

Oração
Ó Jesus, Ungido do Pai, teus pais te conduziram ao Templo para seres “consagrado ao Senhor”. Tua presença foi causa de indizível alegria para o velho Simeão, porque ele contemplou em ti o Salvador, luz para todos os povos. A ti louvor e glória eternamente. Amém.

 

 

Colossenses 3, 12-21 Vida nova em Cristo.

 12vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. 14Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. 15Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. 16Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. 17Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele, dai graças a Deus, o Pai.

Cristo é Senhor de todos - 18Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. 19Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. 20Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. 21Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.

Comentário:

* 5-17: Através do batismo, os cristãos passam por uma transformação radical: deixam de pertencer à velha humanidade corrompida (homem velho) e começam a pertencer à nova humanidade (homem novo), que é a criação realizada em Cristo, o novo Adão, imagem de Deus (1,15). Na comunidade cristã, semente da nova humanidade, não se admitem distinções de raça, religião, cultura ou classe social: todos são iguais e participam igualmente da vida de Cristo. A transformação é coisa prática: deixar as ações que visam egoisticamente aos próprios interesses, em troca de ações a serviço da reconciliação mútua e do bem comum.



sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Mateus 10, 17-22 Testemunho e perseguição.

 17″Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18Vós sereis levados diante de governadores e reis por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. 19Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em como falar ou com o que dizer. Então, naquele momento, vos será indicado o que deveis dizer. 20Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais e os matarão. 22Vós sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo”.

Comentário:

* 16-25: Os discípulos terão o mesmo destino de Jesus: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Essa missão atingirá os interesses de muitos e, por isso, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das famílias. Muitas vezes poderá levar para a condenação nos tribunais. A missão, porém, é dirigida pelo Espírito de Deus. Por isso, os discípulos perseveram até o fim, sem temor nem aflição, seguros da plena manifestação de Jesus, Senhor e Juiz da história.

Um dos sete diáconos instituídos em At 6,1-6, Estêvão não limitou seu “diaconato” às obras de caridade; assumiu também a pregação do evangelho. Além de primeiro diácono e defensor da fé, Estêvão também foi o primeiro mártir da Igreja. Repleto de graça e poder, Estêvão realizava grandes prodígios e sinais entre o povo. Seu testemunho de vida e sua incondicional fidelidade a Cristo até morrer certamente provocaram a conversão de grande número de pessoas, entre elas a do jovem Paulo de Tarso (cf. At 7,58). Com excelente expressão literária e profunda emoção, o autor de Atos dos Apóstolos nos transmite os instantes finais da vida terrena de Estêvão, morto a pedradas. O relato do martírio de Estêvão assemelha-se ao martírio de Cristo: perdoou a seus algozes e entregou seu espírito a Deus.

Oração
Ó Jesus, divino Mestre, teu discípulo Estêvão, por falar e agir em teu nome, provocou o ódio dos adversários e acabou sofrendo o martírio. Expirou sob violenta “chuva” de pedras. É considerado o primeiro mártir da Igreja. Dá-nos, Senhor, a determinação e a fortaleza deste teu fiel seguidor. Amém.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

João 1, 1-18 Jesus é a Palavra que revela Deus aos homens.

 1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela, e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela -, mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

Comentário:

* 1-18: O Prólogo de João lembra a introdução do Gênesis (1,1-31; 2,1-4a). No começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para o Pai: estava em Deus, como a Expressão de Deus, eterna e invisível. O Filho é a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo e mútua comunicação.

A Palavra é a Sabedoria de Deus vislumbrada nas maravilhas do mundo e no desenrolar da história, de modo que, em todos os tempos, os homens sempre tiveram e têm algum conhecimento dela.

Jesus, Palavra de Deus, é a luz que ilumina a consciência de todo homem. Mas, para onde nos conduziria essa luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor e fidelidade. Levado pelo seu imenso amor e fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde jamais teriam pensado: partilhar a própria vida e felicidade de Deus. E para isso a Palavra se fez homem e veio à sua própria casa, neste seu mundo.

A humanidade já não está condenada a caminhar cegamente, guiando-se por pequenas luzes no meio das trevas, por pequenas manifestações de Deus, mas pelo próprio Jesus, Manifestação total de Deus. Com efeito, Jesus Cristo, que é a luz, veio para tornar filhos de Deus todos os homens. Um só é o Filho, porém, todos podem tornar-se bem mais do que filhos adotivos: nasceram de Deus.

Deus tinha dado uma lei por meio de Moisés. E todos os judeus achavam que essa lei era o maior presente de Deus. Na realidade, era bem mais o que Deus tinha reservado para todos. Porque Jesus, o Deus Filho, o verdadeiro e total Dom do Pai, é o único que pode falar de Deus Pai, porque comunica o amor e a fidelidade do Deus que dá a vida aos homens.

A liturgia do dia de Natal nos põe em contato com o prólogo do Evangelho de João. Nesse relato, temos a presença da Palavra junto de Deus, pela qual tudo foi feito. Ela cria e recria e se transforma em carne, na sua fragilidade humana, armando a tenda no meio da humanidade. Ao se fazer carne, a Palavra torna-se visível e pode ser ouvida e tocada. Deus não só está conosco, mas se fez um de nós, assumindo a fragilidade humana. O divino e o humano não se excluem, antes se complementam. Jesus tornou visível e conhecido o rosto do Pai, rosto que transpira amor, misericórdia, perdão e alegria. Conhecendo as palavras e as obras de Jesus, teremos o retrato de Deus. Com o nascimento de seu Filho, Deus nos deu sua Palavra e também sua vida, isto é, tornou-nos seus filhos e filhas (“A Palavra deu o poder de se tornarem filhos de Deus”). Celebremos com alegria essa festa do Deus que se torna gente com a gente. Ninguém deve se sentir excluído dessa festa e da alegria que ela proporciona.

Oração
Ó Jesus, Filho unigênito do Pai, Palavra eterna, “luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todos os seres humanos”. Aceita nossa gratidão, pois abres para nós as portas do Céu e nos dás um Pai onipotente e misericordioso. És bendito para sempre. Amém.

 

Hebreus 1, 1-6 Introdução: o mistério de Cristo.

1Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus outrora aos nossos pais pelos profetas; 2nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho, a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também ele criou o universo. 3Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas. 4Ele foi colocado tanto acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o nome deles.-

Jesus é o Filho, os anjos são ministros 5De fato, a qual dos anjos Deus disse alguma vez: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”? Ou ainda: “Eu serei para ele um Pai, e ele será para mim um filho”? 6Mas, quando faz entrar o Primogênito no mundo, Deus diz: “Todos os anjos devem adorá-lo!”

Comentário:

* 1-4: Cristo é o centro do sermão. O trecho é o mais denso de todo o Novo Testamento: Deus falou definitivamente em Jesus Cristo, o qual é a palavra viva e concreta de Deus. Tudo o que podemos falar sobre o projeto de Deus - criação, revelação e redenção - tudo encontra sua expressão definitiva em Cristo. Este é quem faz existir e salva toda criatura. Ele é igual em tudo ao Pai; e, glorificado, é muito superior ao mundo dos anjos.

* 1,5-2,18: Muitas vezes imaginamos um Deus distante: para se comunicar com os homens, Deus se serve dos anjos; e os homens, para se comunicarem com Deus, se servem dos santos. O autor mostra que não há mais necessidade de outros intermediários: Jesus está intimamente unido a Deus (1,5-14) e, ao mesmo tempo, está próximo aos homens e solidário com eles (2,5-18). Os santos, mais do que intercessores, são testemunhas que procuraram ser fiéis no seguimento de Cristo, tornando-se exemplos concretos que nos estimulam a construir a história em direção a Cristo e com ele.

1,5-14: Não há comparação entre Cristo e os anjos. Estes são mediadores subordinados, mensageiros que obedecem continuamente às ordens de Deus. Jesus, porém, é o Filho primogênito, e esse título de honra, reservado a ele, mostra a sua superioridade em relação às criaturas. Ele está entronizado, recebe adoração e participa da condição de Deus por toda a eternidade.