terça-feira, 2 de março de 2021

Mateus 20, 17-28 Autoridade é serviço.

17Enquanto Jesus subia para Jerusalém, ele tomou os doze discípulos à parte e, durante a caminhada, disse-lhes: 18″Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte 19e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará”. 20A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro seja vosso servo. 28Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.

Comentário:

* 17-28: Cf. nota em Mc 10,32-45 Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum.

É a terceira predição de Jesus a respeito do seu futuro em Jerusalém: condenação, morte e ressurreição. Enquanto o Mestre anuncia seu fim trágico, a mãe dos dois filhos sinaliza o desejo dos doze: um lugar privilegiado no Reino de Jesus. O homem de Nazaré chama a atenção para não seguirem o exemplo “das autoridades e dos grandes”, que dominam e se impõem sobre o povo, e propõe uma alternativa: que não haja mais últimos e primeiros nem privilegiados: “Entre vocês não deve ser assim”. Essa exigência dos discípulos mostra claramente que eles ainda estão longe de entender a proposta de Jesus: o importante – se existe no projeto de Jesus – é aquele que se coloca a serviço dos outros. O Mestre se apresenta como exemplo a ser seguido pelos seus: não patrão, mas servo; não ser servido, mas servir; doar a própria vida.

Oração
Senhor e Mestre, a caminho de Jerusalém, falas da doação de tua própria vida. Enquanto isso, teus apóstolos discutem quem deles é o maior. Deixas claro que vieste para servir e que, no teu Reino, maior é o que serve a todos. Ajuda-nos, Senhor, a prestar generoso serviço à comunidade. Amém.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Mateus 23, 1-12 Jesus condena a dominação intelectual.

 1Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: 2″Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços e põem na roupa longas franjas. 6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de mestre, pois um só é vosso mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

Comentário:

* 1-12: Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Na nova comunidade de Jesus todos são irmãos, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir.

O Evangelho deste dia parece que vai contra tudo o que a atual sociedade busca: prestígio e aplauso. O capítulo 23 de Mateus é muito duro com as autoridades farisaicas. Começa criticando aqueles que vivem tranquilos, com todo tipo de mordomia, e impõem pesados fardos sobre os pobres. É fácil estar “sentado em cátedras e viver em mansões” e ditar regras para a população que vive na penúria. Tudo isso pode acontecer tanto no mundo da política como no da religião. Em seguida, Jesus convida seus seguidores a não seguir esse caminho, mas a pautar sua vida na fraternidade e no acolhimento mútuo, seguindo o exemplo do próprio Mestre, sem se preocupar muito com títulos e privilégios. A comunidade comprometida com o projeto de Jesus precisa superar dominações, para viver como irmãos e irmãs.

Oração
Ó Jesus, nosso único Mestre, pedes que não imitemos os que dizem, mas não fazem. Muitos líderes da sociedade gastam palavras e propaganda com vista a sua autopromoção ou algum cargo de governo. Dá-nos, ó divino Líder, discernimento para que pessoas desonestas não nos enganem. Amém.

 

domingo, 28 de fevereiro de 2021

Lucas 6, 36-38 A gratuidade nas relações.

 36″Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso.

Só Deus pode julgar - 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

Comentário:

* 27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai.

* 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.

Quatro propostas de Jesus para que possamos tornar-nos cada vez mais misericordiosos como o Pai: não julgar, não condenar, perdoar e dar. Os dois primeiros são negativos e andam de mãos dadas. Quando nos tornamos juízes dos outros, a primeira tendência nossa é a condenação. Com facilidade, vemos nos outros o que escondemos dentro de nós. Quando temos o compromisso ou a obrigação de “avaliar” os outros, devemos fazê-lo sempre com muita caridade e amor. Isso não significa que devemos fechar os olhos diante das injustiças e os ouvidos ao clamor do povo. Os dois aspectos positivos: perdoar e dar. Somos egoístas, queremos o perdão de Deus, mas nem sempre conseguimos praticá-lo. Dar e partilhar com os mais necessitados é cada vez mais difícil. A realidade dos grandes centros urbanos mostra claramente isso.

Oração
Ó Jesus Mestre, aprendemos que no Reino de Deus não há lugar para mesquinharia ou estreiteza de espírito. Ao contrário, somos convidados a ser generosos, compassivos e capazes de perdoar. Tais atitudes são garantia de que Deus será bondoso, abundante em graças e rico em misericórdia conosco. Amém.

 

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Marcos 9, 31-34 O sinal da vitória.

  2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

Comentário:

* 1-13: A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.

A cena da transfiguração é uma amostra do que será o Cristo glorioso. A nuvem simboliza a presença de Deus, que administra a história da salvação. No Antigo Testamento, duas figuras de destacam: Moisés, o grande líder do povo de Israel e zeloso transmissor da Lei de Deus; Elias, o grande profeta, que interpretava e transmitia ao povo a vontade de Deus. Moisés e Elias conversam com Jesus, não com os discípulos de Jesus. Estes têm a quem ouvir: “Este é meu Filho amado. Ouçam-no”. Doravante, o comunicador autorizado do Pai é seu Filho Jesus. Para o momento, o Mestre e os três apóstolos deverão deixar esse ambiente de glória e retornar à realidade. A glória virá, mas antes eles terão que percorrer o caminho da cruz. Prenúncio de vitória para Jesus e também para os discípulos.

ORAÇÃO
Divino Mestre, Jesus Cristo, dialogando com Moisés, o grande líder do povo de Israel e representante da Lei de Deus, e com Elias, o incomparável profeta da antiga Aliança, nos revelaste estar cumprindo tudo o que foi proclamado e escrito a teu respeito, com o aval do Pai celeste. Amém.

Romanos 8, 31-34 Ninguém pode impedir o projeto de Deus.

 31O que nos resta dizer? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? 33Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? 34Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus, intercedendo por nós?

Comentário:

* 31-39: Com o amor de Deus, manifestado em seu Filho, nada mais temos a temer: nem dificuldades, nem perseguições, nem martírio, nem qualquer forma de dominação. Nada poderá desfazer o que Deus já realizou. Nada poderá impedir o testemunho dos cristãos. E nada poderá opor-se à plena realização do projeto de Deus.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Mateus 5, 43-48 Amar como o Pai ama.

  43“Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44Eu, porém, vos digo, amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

Comentário:

* 43-48: O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17.

O texto de hoje faz parte do Sermão da Montanha. Jesus nos pede algo muito difícil: amar até os inimigos e fazer o bem a quem nos prejudica. Com essas recomendações, o Mestre quer acabar com as barreiras que construímos para legitimar nossas opções religiosas, sociais, políticas e econômicas. A Palavra de Deus nunca pode ser usada para discriminar e odiar as pessoas. As propostas de Jesus são necessárias para sermos de fato “filhos e filhas do Pai celeste”. A sociedade moderna parece ter despertado o ódio entre as pessoas, coisa que nem o Antigo Testamento propunha. O Pai celeste procura ser bom para com todos e espera o mesmo de cada um que se considera filho seu. A conclusão do Evangelho de hoje – ser perfeito como o Pai – abre o caminho para um processo contínuo de conversão e de superação discriminatória.

ORAÇÃO
Divino Mestre, tu nos dás uma ordem no mínimo desconcertante: a de amar nossos inimigos. No entanto, o afirmas com base na perfeição do Pai celeste, que acode a bons e maus, a justos e injustos. Deus não faz acepção de pessoas. Dá-nos, Senhor, disposição para cumprir essa exigência divina. Amém.

 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.

 20“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos céus. 

Ofensa e reconciliação - 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo, todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de tolo será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo, dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Comentário:

* 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.

* 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento.

Como superar a justiça dos doutores da Lei e fariseus? A justiça deles era simplesmente cumprir o que estava escrito nas Leis. O simples cumprimento da Lei não é critério suficiente para dizer que alguém é mais santo e justo e que outros são maus e pecadores. Jesus nos encoraja a ir além da lei. Segundo o Mestre, matar alguém não é simplesmente derramar seu sangue; mata-se, por exemplo, quando diminuímos moral e fisicamente alguém, por meio de palavras e atitudes nada edificantes, tais como ficar com raiva, chamá-lo de imbecil ou idiota e outras. Para entrar no Reino dos céus, é indispensável uma justiça mais plena. A santidade ou a perfeição de Deus é a “plenitude da lei”, e a reconciliação com o irmão e o amor fraterno podem ser mais importantes do que o cumprimento da lei da oferta ou do sacrifício.

ORAÇÃO
Senhor Jesus, tu que nos ensinas sobre a justiça do Reino, queres uma comunidade de irmãos e irmãs que vivam reconciliados entre si e que realizem obras de caridade e compreensão uns com os outros. Assim, suas atitudes são guiadas não pelas rigorosas leis dos “antepassados”, mas pela lei do amor. Amém.