segunda-feira, 14 de abril de 2025
João 13, 21-33.36-38 Jesus é traído por um discípulo.
21 Depois de dizer essas coisas, Jesus ficou profundamente comovido e disse com toda a clareza: “Eu garanto que um de vocês vai me trair.” 22 Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. 23 Um deles, aquele que Jesus amava, estava à mesa ao lado de Jesus. 24 Simão Pedro fez um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25 Então o discípulo se inclinou sobre o peito de Jesus e perguntou: “Senhor, de quem estás falando?” 26 Jesus respondeu: “É aquele a quem vou dar o pedaço de pão que estou umedecendo no molho.” Então Jesus pegou um pedaço de pão, o molhou e o deu para Judas Iscariotes, filho de Simão. 27 Nesse momento, depois do pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que você pretende fazer, faça logo.” 28 Ninguém aí presente compreendeu por que Jesus disse isso. 29 Como Judas era o responsável pela bolsa comum, alguns discípulos pensaram que Jesus o tinha mandado comprar o necessário para a festa ou dar alguma coisa aos pobres. 30 Judas pegou o pedaço de pão e saiu imediatamente. Era noite.
A expressão de fé em Jesus é o amor -* 31 Quando Judas Iscariotes saiu, Jesus disse: “Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. 32 Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.
33 Filhinhos: vou ficar com vocês só mais um pouco. Vocês vão me procurar, e eu digo agora a vocês o que eu já disse aos judeus: para onde eu vou, vocês não podem ir.
36 Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu: “Para onde eu vou, você não pode me seguir. Você me seguirá mais tarde.” 37 Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu daria a minha própria vida por ti.” 38 Jesus respondeu: “Você daria a vida por mim? Eu lhe garanto: antes que o galo cante, você me negará três vezes.”
Comentário:
* 18-30: A longa noite da paixão começa com a traição de Judas, símbolo da traição que pode estar presente dentro da própria comunidade cristã.
* 31-38: O mandamento novo supera todos os outros mandamentos. Deus e o homem são inseparáveis. E é somente amando ao homem que amamos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente no homem, tornando-o intocável. Tal mandamento novo gera uma comunidade, que oferece uma alternativa de vida digna e liberdade perante a morte e a opressão.
A Pascoa é o momento em que “o Filho do Homem foi glorificado, e Deus foi glorificado nele”. Hoje o Evangelho nos convida a meditar um momento triste, mas fundamental para a glorificação de Cristo: a traição de Judas. Mais que condenar o gesto desse discípulo, devemos ter a coragem de examinar nossas ações cotidianas enquanto discípulos do Filho de Deus. No seguimento de Cristo, devemos proclamar a salvação até os confins da terra, através de nossos atos e palavras. Por isso, devemos olhar para o nosso interior, para perceber se nossos lábios são anunciadores da salvação ou também nós voltamos as costas àquele que deu a vida pela humanidade. Na nossa vida de fé, nos assemelhamos à fidelidade do “discípulo amado” ou à traição daquele que não compreendeu o significado de sua mensagem?
domingo, 13 de abril de 2025
João 12, 1-11 Jesus é ungido para a sepultura.
* 1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2 Aí ofereceram um jantar para Jesus. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. 3 Então Maria levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro. Ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. A casa inteira se encheu com o perfume. 4 Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que ia trair Jesus, disse: 5 “Por que esse perfume não foi vendido por trezentas moedas de prata, para dar aos pobres?” 6 Judas disse isso não porque se preocupava com os pobres, mas porque era um ladrão. Ele tomava conta da bolsa comum e roubava do que era depositado nela. 7 Jesus, porém, disse: “Deixe-a. Ela guardou esse perfume para me ungir no dia do meu sepultamento. 8 No meio de vocês sempre haverá pobres; enquanto eu não estarei sempre com vocês.”
9 Muitos judeus ficavam sabendo que Jesus estava aí em Betânia. Então foram aí não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. 10 Então os chefes dos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11 porque, por causa dele, muitos judeus deixavam seus chefes e acreditavam em Jesus.
Comentário:
* 1-11: O gesto de Maria prepara o corpo de Jesus para a morte, isto é, o ato final com que ele entregará sua vida em favor dos homens. Desperdício inútil? Judas desculpa sua própria avareza, disfarçando-a com uma preocupação paternalista pelos pobres. A comunidade que vive o espírito de Jesus será eminentemente uma comunidade de pobres e sempre aberta fraternalmente para os pobres.
Iniciamos a Semana Santa, a maior semana do ano litúrgico, na qual somos convidados a refletir de forma mais intensa sobre os acontecimentos que envolvem o mistério da paixão e morte de Cristo. Hoje a Igreja é convidada a meditar sobre o anúncio da sepultura de Cristo, em quem se concretiza a figura do servo de Javé do livro de Isaías: ele não gritou, nem levantou a voz, mas proclamou fielmente a justiça. Seu comportamento será exatamente o contrário do adotado pelos heróis da história, que erguem seu poder sobre as ruínas da cidade e os cadáveres dos inimigos. Jesus se apresenta com a força da convicção, segura nos seus efeitos. O espírito posto por Deus no seu servo é que lhe dará a capacidade de agir com bravura e força. É o poder de Deus criador que está presente no seu Filho eleito, mesmo poder que se manifesta a todos os que aderem a Cristo e à Nova Aliança.
sábado, 12 de abril de 2025
Lucas 19, 28-40 A espera ativa.
28 Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém.
O Rei-Messias -* 29 Quando Jesus se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do chamado monte das Oliveiras, enviou dois discípulos, 30 dizendo: “Vão até o povoado em frente. Quando vocês entrarem aí, vão encontrar, amarrado, um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrem o animal e o tragam. 31 Se alguém lhes perguntar: ‘Por que vocês o estão desamarrando?’ vocês responderão: ‘Porque o Senhor precisa dele’.” 32 Os discípulos foram, e encontraram as coisas como Jesus havia dito. 33 Quando eles estavam desamarrando o jumentinho, os donos perguntaram: “Por que vocês estão desamarrando o jumentinho?” 34 Os discípulos responderam: “Porque o Senhor precisa dele.” 35 Então levaram o jumentinho a Jesus. Colocaram os próprios mantos sobre o jumentinho e fizeram Jesus montar. 36 Enquanto caminhavam, as pessoas estendiam os próprios mantos pelo caminho.
37 Quando Jesus estava junto à descida do monte das Oliveiras, toda a multidão de discípulos começaram, alegres, a louvar a Deus em voz alta, por todos os milagres que tinham visto. 38 E dizia: “Bendito seja aquele que vem como Rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto do céu.” 39 No meio da multidão, alguns fariseus disseram a Jesus: “Mestre, manda que teus discípulos se calem.” 40 Jesus respondeu: “Eu digo a vocês: se eles se calarem, as pedras gritarão.”
Comentário:
* 11-28: Cf. nota em Mt 25,14-30. Lucas misturou a parábola original com os traços de outra parábola: o pretendente ao trono, que volta como rei e juiz, julgando seus inimigos.
* 29-40: De maneira simples e espontânea, Jesus é aclamado como Rei-Messias. Despojado dos tradicionais aparatos dos reis, ele se apresenta de modo humilde e pacífico. Traz consigo a inversão de um sistema que se apoia na violência e na força das armas, e que defende os privilegiados. Por isso, as autoridades tentam calar aqueles que aclamam Jesus como o Rei que traz a verdadeira justiça.
Filipenses 2, 6-11 O Evangelho autêntico.
6 Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. 7 Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem, 8 humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz! 9 Por isso, Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome; 10 para que, ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e sob a terra; 11e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.
Comentário:
* 1-4: Paulo convida a comunidade a evitar as divisões causadas pelo espírito de competição, pelo desejo de receber elogios e pela busca dos próprios interesses. Tais vícios denotam o fechamento egoísta e a autopromoção à custa dos outros. A comunidade deve zelar pela harmonia interna e, para isso, é necessário que haja humildade, cada um considerando os outros superiores a si, e que o empenho tenha sempre em vista o bem comum.
* 5-11: Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus se apresentou entre os homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio, tornando-se apenas homem que obedece a Deus e serve aos homens. Não bastasse isso, Jesus serviu até o fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse criminoso. Por isso Deus o ressuscitou e o colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do universo e da história. Os cristãos são convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.
João 11, 45-56 Os poderosos procuram matar Jesus.
* 45 Então muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele. 46 Alguns, porém, foram ao encontro dos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47 Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho. E disseram: “Que é que vamos fazer? Esse homem está realizando muitos sinais. 48 Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o Templo e toda a nação.” 49 Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote nesse ano, disse: “Vocês não sabem nada. 50 Vocês não percebem que é melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer?” 51 Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus ia morrer pela nação. 52 E não só pela nação, mas também para reunir juntos os filhos de Deus que estavam dispersos. 53 A partir desse dia, as autoridades dos judeus decidiram matar Jesus. 54 Por isso, Jesus não andava mais em público entre os judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto. Foi para uma cidade chamada Efraim, onde ficou com seus discípulos.
55 A Páscoa dos judeus estava próxima, e muita gente do campo foi a Jerusalém para purificar-se antes da Páscoa. 56 Eles procuravam Jesus, e quando se reuniram no Templo, comentavam: “Que é que vocês acham? Será que ele não vem para a festa?”
Comentário:
* 45-57: A comunicação da vida e liberdade é intolerável para um sistema opressor que gera a morte. As autoridades disfarçam sua hostilidade com a desculpa de que o bem da nação está em jogo. Apelam para a segurança nacional. Caifás apresenta a solução que, ironicamente, se tornou o coração da fé cristã: Jesus morrerá por todos. Matando a Jesus, o sistema opressor se denuncia e se destrói a si mesmo, abrindo a possibilidade da vida e liberdade para todos.
Aproxima-se a Páscoa dos judeus, festa que dura uma semana e na qual eles celebram a “passagem” (Pessach), ou seja, a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito. Aproxima-se também a nova Páscoa, a libertação de toda a humanidade através da ressurreição de Cristo. Na sua morte, Cristo crucifica todo o pecado, sinal de divisão, e pela cruz surge uma nova vida, à qual todos nos associamos pela graça do batismo. É fundamental que a humanidade de hoje, ferida pelas divisões e pelas lutas, se converta à lógica da cruz.
sexta-feira, 11 de abril de 2025
João 10, 31-42 As credenciais de Jesus são as suas obras.
31 As autoridades dos judeus pegaram pedras outra vez para apedrejar Jesus. 32 Então Jesus disse: “Por ordem do meu Pai, tenho feito muitas coisas boas na presença de vocês. Por qual delas vocês me querem apedrejar?” 33 As autoridades dos judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus.”
34 Jesus disse: “Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: ‘Eu disse: vocês são deuses’? 35 Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. 36 O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus? 37 Se não faço as obras do meu Pai, vocês não precisam acreditar em mim. 38 Mas se eu as faço, mesmo que vocês não queiram acreditar em mim, acreditem pelo menos em minhas obras. Assim vocês conhecerão, de uma vez por todas, que o Pai está presente em mim, e eu no Pai.” 39 Eles tentaram outra vez prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles.
O testemunho é eficaz -* 40 Jesus atravessou de novo o rio Jordão e foi para o lugar onde antes João ficava batizando. E aí ficou. 41 Muitos foram ao seu encontro. E diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito desse homem é verdade.» 42 E aí muitos acreditaram em Jesus.
Comentário:
* 22-39: Jesus define sua condição de Messias, apresentando-se como o Filho de Deus. As provas de seu messianismo não são teorias jurídicas, mas fatos concretos: suas ações comprovam que é Deus quem age nele.
* 40-42: O testemunho revela Jesus aos homens, levando-os a compreender que Jesus realiza o projeto de Deus (cf. 1,26-34).
Jesus utiliza uma técnica comum aos rabinos da sua época: responder comentando um texto bíblico. No Salmo 82, lemos a frase que Jesus menciona no Evangelho de hoje: “Eu disse: vocês são deuses, são todos filhos do Altíssimo”. De fato, somos todos criados à imagem e semelhança de Deus, portanto “deuses” porque filhos de Deus. Mas a questão central da discussão de Jesus com os fariseus é outra. Acusam- no de blasfêmia, dizendo que, sendo homem, mostra-se como se fosse Deus. Não compreendem que Jesus, sendo Deus, assumiu a humanidade: “Esvaziou-se a si mesmo e tomou a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,7). Uma lógica difícil de compreender, a não ser pelos olhos da fé.
quarta-feira, 9 de abril de 2025
João 8, 51-59 Jesus é maior do que Abraão.
51 Eu garanto a vocês: se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a morte.” 52 Os judeus disseram: “Agora sabemos que estás louco. Abraão morreu e os profetas também. E tu dizes: ‘se alguém guarda a minha palavra, nunca vai experimentar a morte’. 53 Por acaso, tu és maior que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram. Quem é que pretendes ser?” 54 Jesus respondeu: “Se eu glorifico a mim mesmo, minha glória não vale nada. Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vocês dizem que é o Pai de vocês. 55 Vocês não o conhecem, mas eu o conheço. Se dissesse que não o conheço, eu seria mentiroso como vocês. Mas eu o conheço e guardo a palavra dele. 56 Abraão, o pai de vocês, alegrou-se porque viu o meu dia. Ele viu e encheu-se de alegria.” 57 Então os judeus disseram: “Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?” 58 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: antes que Abraão existisse, Eu Sou.” 59 Então eles pegaram pedras para atirar em Jesus. Mas Jesus se escondeu e saiu do Templo.
Comentário:
* 48-59: Abraão se alegrou com a promessa feita por Deus de que o futuro Messias iria sair da sua descendência (Gn 12,7; 15,2ss; Gl 3,16). Jesus vai muito além, e atribui a si mesmo o título do Deus do êxodo: “Eu Sou”.
Jesus é maior do que Abraão e é maior do que os profetas. Jesus é o Filho de Deus. Seus contemporâneos ainda estão cegos para a verdade, apegados aos preconceitos da sua cultura e tradição. Deus estabeleceu uma aliança com Abraão, prometendo proteger e abençoar seu povo, mas o povo não foi fiel àquela aliança. Desobedeceu a Deus, adorou ídolos, desviou-se do caminho da vida, pecou. Em Jesus, a humanidade tem uma nova oportunidade. Ele estabelece com cada um de nós uma Nova Aliança, a fim de que retomemos a vida em plenitude. A autoridade para fazer tal aliança lhe foi dada pelo Pai. A salvação reside na fé em Jesus Cristo. Demonstramos nossa fé ao seguir sua Palavra, seu Evangelho, exatamente por isso Jesus afirma: “Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte”.
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