terça-feira, 27 de junho de 2023
Mateus 7, 15-20 Cuidado com as falsas promessas.
* 15 “Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16 Vocês os conhecerão pelos frutos deles: por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz maus frutos. 18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo. 20 Pelos frutos deles é que vocês os conhecerão.”
Comentário:
* 15-20: “Nada se parece tanto com um verdadeiro profeta, como um falso profeta.” As ideologias que nos afastam da opção fundamental pelo Reino e sua justiça são cheias de fascínio, e sempre trazem a aparência de humanidade e até mesmo de fé. Só poderemos perceber a sua falsidade através daquilo que elas produzem na sociedade: a cobiça e a sede de poder, que levam à exploração e opressão.
No Antigo Testamento, os falsos profetas eram o tormento dos verdadeiros profetas de Deus. Prometiam o que não podiam dar; eram complacentes com os vícios humanos, em vez de corrigi-los. Não faltarão, nas comunidades cristãs, os falsos profetas contra os quais Jesus previne seus discípulos (cf. Mt 24,11). São pessoas mal-intencionadas. É necessário cada um ficar atento aos “frutos” que elas produzem. Se forem gente do bem, farão obras boas. Se não, serão como balões portadores de vento! A advertência de Jesus atinge, antes de tudo, as lideranças religiosas: sua vida é reflexo daquilo que pregam? Mas é um apelo a todos os cristãos: mais que uma doutrina que se deve conhecer, o cristianismo é uma forma de vida; então cabe aqui a pergunta: quais são os frutos que estou produzindo para o Reino de Deus?
segunda-feira, 26 de junho de 2023
Mateus 7, 6. 12-14 Saber discernir.
-* 6 “Não deem aos cães o que é santo, nem atirem pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se, despedaçar vocês.”
A regra de ouro -* 12 “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas.”
O Reino exige esforço -* 13 “Entrem pela porta estreita, porque é larga a porta e espaçoso o caminho que levam para a perdição, e são muitos os que entram por ela! 14 Como é estreita a porta e apertado o caminho que levam para a vida, e são poucos os que a encontram!”
Comentário:
* 6: Esta sentença provavelmente significa que é desperdício e perigo anunciar o Reino aos que não estão preocupados com ele. Se ligada à sentença sobre os dois senhores (Mt 6,24), poderia significar que é inútil e até perigoso anunciar os princípios evangélicos àqueles cujo deus são as riquezas. O coração deles está em outro lugar; fizeram outra opção fundamental. Em todo caso, a sentença parece fora de contexto, e é de difícil interpretação.
* 12: No tempo de Jesus, “Lei e Profetas” indicava todo o Antigo Testamento. Esta “regra de ouro” convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai.
* 13-14: Tanto a opção fundamental pelo Reino e sua justiça (entrar pela porta), como continuar nessa busca fundamental (caminho), não são fáceis. A escolha verdadeira nunca será feita pelos indecisos e acomodados. Estes ficam relutando, ou escolhem a estrada mais larga proposta pelos ídolos.
Não é prudente falar de Deus e do seu projeto de vida e libertação a pessoas que se julgam autossuficientes, que desprezam a religião e seus símbolos sagrados. Seria desperdício total. As coisas sagradas, dentre elas a Palavra de Deus, devem ser oferecidas a quem tem o coração aberto para acolhê-las com respeito. Jesus retoma a máxima chamada “regra de ouro”. Coloca-a em chave positiva: fazer aos outros o que desejaríamos que nos fizessem. Para praticar essa norma em todos os momentos, temos de prestar atenção à realidade do outro, colocar-nos no seu lugar, enfim, sair de nós mesmos. A caridade aqui é entendida como atitude de amor sem limite, sem esperar retribuição. Isso faz parte do “caminho estreito” pelo qual se supera o egoísmo e se alcança a salvação.
domingo, 25 de junho de 2023
Mateus 7, 1-5 Ninguém pode julgar.
* 1 “Não julguem, e vocês não serão julgados. 2 De fato, vocês serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão medidos com a mesma medida com que vocês medirem.
3 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho? 4 Ou, como você se atreve a dizer ao irmão: ‘deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando você mesmo tem uma trave no seu? 5 Hipócrita, tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o cisco do olho do seu irmão.”
Comentário:
* 1-5: Deus nos julga com a mesma medida que usamos para os outros. O rigor do nosso julgamento sobre o nosso próximo (cisco) mostra que desconhecemos a nossa própria fragilidade e a nossa condição de pecadores diante de Deus (trave).
Jesus se posiciona contra o julgamento arrogante. Trata-se do julgamento que despreza e condena. Emitir juízo sobre alguém é, no mínimo, imprudente. Primeiro, porque toda pessoa é um mistério; não está em nosso poder conhecer-lhe o interior, o que pensa e o que sente. Segundo, porque mesmo que sejamos testemunhas oculares de suas atitudes, corremos o risco de interpretá-las erroneamente, não raro movidos por preconceito ou má-fé. Não fomos criados para condenar, e sim para amar. Eis por que Jesus nos deixa um recado sensato e mais que oportuno: “Tire primeiro a trave de seu olho, e então você verá bem para tirar o cisco do olho de seu irmão”. Tarefa para a vida inteira, já que corrigir os próprios defeitos não é fácil nem automático: requer intenso e perseverante trabalho espiritual.
sábado, 24 de junho de 2023
Lucas 1, 5-17 Deus ouve o pedido dos pobres.
-* 5 No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias. Era do grupo de Abias. Sua esposa se chamava Isabel, e era descendente de Aarão. 6 Os dois eram justos diante de Deus: obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7 Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada.
8 Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo, pois era a vez do seu grupo realizar as cerimônias. 9 Conforme o costume do serviço sacerdotal, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10 Na hora do incenso, toda a assembleia do povo estava rezando no lado de fora. 11 Então apareceu a Zacarias um anjo do Senhor. Estava de pé, à direita do altar do incenso. 12 Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e cheio de medo. 13 Mas o anjo disse: “Não tenha medo, Zacarias! Deus ouviu o seu pedido, e a sua esposa Isabel vai ter um filho, e você lhe dará o nome de João. 14 Você ficará alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15 porque ele vai ser grande diante do Senhor. Ele não beberá vinho, nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará cheio do Espírito Santo. 16 Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17 Caminhará à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto.”
Comentário:
* 5-25: A esterilidade e velhice marcam a vida desse casal justo, e o tornam objeto de humilhação pública. Zacarias e Isabel representam a comunidade dos pobres e oprimidos, que dependem de Deus. Deus se volta para esses pobres: deles nascerá João, o último profeta da antiga Aliança. João abrirá o caminho para a chegada do Messias, que iniciará a história da libertação dos pobres (cf. nota em Ml 3,22-24).
1 Pedro 1, 8-12 O papel do Filho.
8 Vocês nunca viram Jesus e, apesar disso, o amam; não o veem, mas acreditam. E por isso sentem alegria extraordinária e gloriosa, 9 porque alcançam a meta da fé, que é a salvação de vocês.
A ação do Espírito -* 10 Essa salvação já foi objeto de busca e investigação dos profetas, quando de antemão anunciavam a graça que Deus tinha reservado para nós. 11 Eles procuravam descobrir em que tempo e circunstâncias se verificariam as indicações por eles próprios recebidas do Espírito de Cristo, que estava presente neles. Foi assim que eles falaram dos sofrimentos de Cristo e das glórias que viriam depois. 12 E foi-lhes revelado que eles mesmos não veriam essas coisas, mas que, anunciando-as, estavam trabalhando para vocês. Agora, porém, os pregadores do Evangelho as manifestaram, guiados pelo Espírito Santo enviado do céu: são coisas que até os anjos gostariam de contemplar.
Comentário:
* 6-9: A fé é compromisso permanente com Cristo, até a morte. Cristo chegou à glória da ressurreição e da vida através de perseguições e sofrimentos. O cristão segue o mesmo caminho: mediante o testemunho de vida em meio às provas, pouco a pouco nele se manifesta o próprio Cristo, que comunica a alegria da ressurreição.
* 10-12: Aquilo que estava escondido aos profetas e anjos foi revelado aos cristãos: Deus realizou seu plano salvador através de Jesus Cristo, que culminou seu testemunho na morte e ressurreição. Este é o grande mistério anunciado por aqueles que pregam o Evangelho, impulsionados pelo Espírito. E o Espírito provoca o discernimento que nos leva a compreender o projeto de Deus realizado em Jesus.
sexta-feira, 23 de junho de 2023
Lucas 1, 57-66.80 Nascimento de João Batista.
-* 57 Terminou para Isabel o tempo de gravidez, e ela deu à luz um filho. 58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela. 59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe, porém, disse: “Não! Ele vai se chamar João.” 61 Os outros disseram: “Você não tem nenhum parente com esse nome!” 62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “O nome dele é João.” E todos ficaram admirados. 64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. 66 E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: “O que será que esse menino vai ser?” De fato, a mão do Senhor estava com ele.80 O menino ia crescendo, e ficando forte de espírito. João viveu no deserto, até o dia em que se manifestou a Israel.
Comentário:
* 57-66: O nome de João (= Deus tem piedade) é o sinal que evidencia o projeto de Deus sobre a criança e sua missão.
* 67-80: O cântico de Zacarias é um louvor ao Deus misericordioso que realiza, através de Jesus, a “visita” aos pobres. Em Jesus se manifesta a força que liberta dos inimigos e do medo, formando um povo santo diante de Deus e justo diante dos homens. Desse modo, manifesta-se a luz que ilumina a condição do povo, abrindo uma história nova, que se encaminha para a Paz, isto é, a plenitude da vida.
O culto a São João Batista remonta aos primeiros séculos do cristianismo. João, denominado Batista, é filho de Zacarias, o mudo, e de Isabel, a estéril. Seu nascimento anuncia a chegada dos tempos messiânicos, em que a esterilidade se torna fecunda e o mutismo se faz exuberância profética. Todos os vizinhos perguntavam: “O que esse menino vai ser?”. Zacarias eleva seu cântico de reconhecimento, profetizando a grande missão de João: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás à frente do Senhor para preparar os caminhos dele, e para dar a seu povo o conhecimento da salvação, mediante o perdão dos pecados” (Lc 1,76-77). Segundo avaliação do próprio Jesus, João é o maior dos profetas de Israel: “Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista” (Mt 11,11).
Atos 13, 22-26 A essência da catequese de Paulo.
22 Após depor Saul da realeza, Deus suscitou para eles o rei Davi, do qual prestou o seguinte testemunho: ‘Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele cumprirá todas as minhas vontades’. 23 Conforme havia prometido, Deus fez surgir da descendência de Davi um Salvador para Israel, que é Jesus. 24 E João, o precursor, havia preparado a chegada de Jesus, pregando a todo o povo de Israel um batismo de arrependimento. 25 Estando para terminar a sua missão, João declarou: ‘Não sou aquele que vocês pensam que eu seja! Vejam: depois de mim é que vem aquele do qual não mereço nem sequer desamarrar as sandálias!
26 Irmãos, descendentes de Abraão e não-judeus que adoram a Deus, esta mensagem de salvação foi enviada para nós.
Comentário:
* 13-43: O primeiro discurso de Paulo reflete a estrutura da sua catequese (comparar com a catequese de Pedro em At 10,34-43). A ideia-chave é a salvação, fruto da ressurreição de Cristo. A história de Israel, conduzida por Deus, é um passado de promessas em tensão para o seu cumprimento. É em Jesus que Deus as cumpre, transformando a história passada num presente que antecipa todo o futuro. Embora conhecendo as promessas, as autoridades de Israel rejeitaram Jesus e o mataram. Deus, porém, o ressuscitou, tornando-o salvador de todos os homens. É o que as Escrituras anunciam e os apóstolos testemunham. A profissão de fé expressa nessa catequese não é teoria abstrata; é experiência profundamente ligada à história, na qual se revela o acontecimento salvífico e na qual Deus nos chama para construirmos o futuro libertador antecipado em Jesus ressuscitado.
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