terça-feira, 3 de novembro de 2020

Lucas 14, 25-33 Para ser discípulo de Jesus.

 25 Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo. 28Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31Ou ainda, qual o rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se, com dez mil homens, poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”

Comentário:

* 25-35: Seguir a Jesus e continuar o seu projeto (= ser discípulo) é viver um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e fidelidade a condição humana, sem superficialismo, conveniência ou romantismo. O discípulo de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas.

Quem aceita o convite de Jesus para segui-lo tem que estar disposto a assumir a proposta do Reino dos Céus, ou seja, a prática da justiça e o exercício da fraternidade. Não é possível continuar mergulhado nas solicitações deste mundo e, ao mesmo tempo, ser autêntico discípulo do divino Mestre. Tudo deve ser colocado na balança: também os afetos referentes aos laços familiares. Servir ao mundo e seguir a Jesus Cristo são duas atitudes que não combinam. É preciso escolher e decidir. Prioridade é para o Reino. Viver como cristão não consiste em exibir camisetas com a figura de Jesus ou fazer passeata gritando bordões favoráveis a Cristo. A vida cristã pede convicções mais profundas. Do contrário, diante das primeiras tribulações, o cristão renega o Mestre e escapa do campo de missão.

Oração
Divino Mestre, tua mensagem se dirige à multidão, e não apenas a um grupo especial. Quer dizer que as exigências do Reino de Deus valem para todos. Concede-nos, Senhor, sabedoria e disposição para colocar-nos inteiramente a serviço do teu Reino de justiça, amor e solidariedade. Amém.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Lucas 14, 15-24 O Reino é para todos.

 15Um homem que estava à mesa disse a Jesus: “Feliz aquele que come o pão no Reino de Deus!” 16Jesus respondeu: “Um homem deu um grande banquete e convidou muitas pessoas. 17Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Vinde, pois tudo está pronto’. 18Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo e preciso ir vê-lo. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 19Um outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las. Peço-te que aceites minhas desculpas’. 20Um terceiro disse: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’. 21O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado e disse ao empregado: ‘Sai depressa pelas praças e ruas da cidade. Traze para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’. 22O empregado disse: ‘Senhor, o que tu mandaste fazer foi feito e ainda há lugar’. 23O patrão disse ao empregado: ‘Sai pelas estradas e atalhos e obriga as pessoas a virem aqui, para que minha casa fique cheia. 24Pois eu vos digo, nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete'”.

Comentário:

* 15-24: O Reino de Deus é apresentado como banquete em que Deus reúne os seus convidados. Ainda que os representantes oficiais e os habituados à religião recusem o convite, dando mais importância aos seus próprios afazeres, o Reino permanece aberto para aqueles que comumente são julgados como excluídos: os marginalizados da sociedade e da religião.

Parábola dos três convites ao banquete. O dono da casa é figura de Deus que, por meio dos profetas e do seu Filho Jesus, chama todos à salvação. Os dois primeiros convidados não comparecem, por motivos de negócios; o terceiro, porque tinha casado. Representam o povo de Israel, que rejeitou o Messias. Deus certamente se aborrece com a recusa do benefício. A segunda leva de convidados tem uma característica: são “pobres, aleijados, cegos e coxos”. Habitantes da cidade, porém malvistos e até desprezados pela sociedade. Representam os desprezados de Israel. Um terceiro grupo de convidados engloba pessoas de fora da cidade. Indica a missão entre os pagãos. Deus quer a casa cheia. Ele convida generosamente para a festa do Reino, mas respeita a liberdade dos convidados.

Oração
Ó Jesus, não cessas de convidar “muita gente” para o banquete do Reino de Deus. Envolvidos com os bens terrenos, muitos convidados se desculpam e não comparecem. Estes não provarão do teu banquete. Chamas novos adeptos. Dá-nos, Senhor, discernimento para priorizar as realidades do teu Reino. Amém.

domingo, 1 de novembro de 2020

João 6, 37-40 Jesus é o pão da vida.

  37“Todos os que o Pai me confia virão a mim, e, quando vie­rem, não os afastarei. 38Pois eu desci do céu não para fazer a minha von­tade, mas a vontade daquele que me enviou. 39E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.

Comentário:

* 35-50: Jesus se apresenta como aquele que veio de Deus para dar a vida definitiva aos homens. Seus adversários não admitem que um homem possa ter origem divina e, portanto, possa dar a vida definitiva.

Jesus pronuncia palavras de conforto e esperança. Não estamos abandonados, sozinhos, sem rumo, sem mestre, sem pastor. Jesus é o doador da vida; ele não rejeita ninguém, pois desceu do céu por nós: “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é que eu não perca nenhum dos que ele me deu”. Jesus e o Pai querem vida abundante para todos. Única e indispensável exigência de Jesus é que acreditemos nele. Acreditar não é simplesmente alimentar bons pensamentos ou dizer da boca para fora “eu creio”. A fé requer a prática das obras de justiça, fraternidade e misericórdia. Então, sim, poderemos ter a certeza da vida eterna: “Eu o ressuscitarei no último dia”. A salvação só será completa com a ressurreição.

Oração
Senhor Jesus, desceste do céu para fazer a vontade do Pai. E o desejo do Pai celeste é que ressuscites a todos os que te procuram de coração sincero. Confiantes e cheios de esperança, prosseguimos nossa jornada terrena, certos de que nos ressuscitarás no último dia. Amém.

Romanos 5, 5-11 O motivo da nossa esperança.

  5 A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 6Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios, no tempo marcado. 7Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós quando éramos ainda pecadores. 9Muito mais agora, que já estamos justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira por ele. 10Quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele pela morte do seu Filho; quanto mais agora, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida! 11Ainda mais, nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconci­liação.

Comentário:

* 1-11: Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (vv. 1-5). Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11).

O termo “tribulação”, que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.

sábado, 31 de outubro de 2020

Mateus 5, 1-12 Bem-aventuranças: anseio por um mundo novo.

 1Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2e Jesus começou a ensiná-los: 3“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus. 4Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. 5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus. 11Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus”.

Comentário:

* 5-7: O Sermão da Montanha é um resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Moisés tinha recebido a Lei na montanha do Sinai; agora Jesus se apresenta como novo Moisés, proclamando sobre a montanha a vontade de Deus que leva à libertação do homem.

* 5,1-12: As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime.

Os que buscam a justiça do Reino são os “pobres em espírito.” Sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade.

A exemplo de Moisés, que, na montanha, recebe a lei e a entrega ao povo, Jesus, ao ver as multidões de sofredores que vêm a ele, sobe a montanha e nos deixa a nova lei, as bem-aventuranças, início solene do sermão da montanha. As oito bem-aventuranças são dirigidas a toda a multidão, e não apenas aos discípulos de Jesus (a nona é mais específica para seus seguidores). Ele propõe anúncios de felicidade. O que é ser feliz? Onde buscamos a felicidade? Para a sociedade moderna, felizes são os ricos, os poderosos, os “bem de vida” e os que podem consumir à vontade. Jesus, ao contrário, nos diz: felizes os pobres, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa da justiça. Essas são instâncias de felicidade propostas por Jesus para toda a humanidade, não apenas para alguns grupos específicos. À primeira vista, parece que as bem-aventuranças conclamam para a acomodação. Ao contrário, elas convocam para o “não conformismo”, para a busca dos valores do Reino (paz, justiça, misericórdia). E também não é uma proposta para a vida após a morte, mas para o presente.

Oração
Ó Jesus Mestre, és o Caminho que conduz ao Pai; és a Verdade que revela os planos divinos; és a Vida que renova o mundo. Confiantes, te pedimos, Senhor: dá-nos perseverança na constante busca da santidade nesta vida, a fim de vivermos eternamente em comunhão contigo e com todos os santos. Amém.

1 João 3, 1-3 Deus é justo.

 1Vejam que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós de fato o somos! Se o mundo não nos reconhece, é porque não reconheceu o Pai. 2Amados, desde agora já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. 

Romper com o pecado - 3Todo o que espera nele purifica-se a si mesmo, para ser puro como Jesus é puro.

Comentário:

 * 2,29-3,2: João começa novo tema: Deus é justo. Jesus Cristo manifestou inteiramente a Deus porque, através de sua vida, mostrou concretamente o que é a justiça divina. Do mesmo modo, quem pratica a justiça mostra que é filho do Deus justo, à semelhança de Jesus. Não basta ser batizado para ser filho de Deus: é preciso praticar a justiça. Essa realidade, porém, ainda está em crescimento, e só se realizará totalmente quando puderem contemplar toda a glória de Jesus Cristo. O mundo não reconhece o Deus justo, porque o princípio que rege a vida do mundo é a injustiça. Desse modo, o mundo considera como inimigos perigosos o Deus justo e seus filhos que revelam a justiça.

* 3,3-10: Praticar a justiça é amar o irmão: esta é a vida na graça de quem conheceu a justiça de Deus - seu amor pelos homens - revelada em Jesus Cristo. Quem não ama o irmão pratica a injustiça, isto é, está do lado do Diabo e vive no pecado, que é odiar o irmão. Esse ódio, porém, não é apenas sentimento interior; é princípio de vida que rege todo pensamento e ação, e se manifesta através de preconceitos, separatismo, exploração e opressão. Com Jesus começou a era da justiça: o amor ao irmão leva à relação, à comunhão, à partilha e fraternidade.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Lucas 14, 1.7-11 Festejar o sábado é dar vida aos homens.

 1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 

A verdadeira honra - 7Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então, contou-lhes uma parábola: 8“Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. 10Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isso vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11Porque quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.

Comentário

* 1-6: A lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem.

* 7-14: Nos vv. 8-11, Jesus critica o conceito de honra baseado no orgulho e ambição, que geram aparências de justiça, mas escondem os maiores contrastes sociais. A honra do homem depende de Deus, o único que conhece a situação real e global do homem; essa honra supera a crença que o homem pode ter nos seus próprios méritos. Nos vv. 12-14, Jesus mostra que o amor verdadeiro não é comércio, mas serviço gratuito, pois o pobre não pode pagar e o inimigo não pode merecer. Só Deus pode retribuir ao amor gratuito.

A sociedade nos impulsiona constantemente a buscar uma posição de destaque. As indústrias comerciais armam entre si verdadeira “guerra”, disputando quem é a maior. Naturalmente maior evidência atrai mais dinheiro, mais investimentos, mais publicidade… Círculo vicioso sem freio. O ser humano tem tendência a querer ser o mais famoso, o mais admirado, o mais rico… Esses predicativos não servem para compor a comunidade de Jesus, pois, nela, “se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servidor de todos” (Mc 9,35). O próprio Jesus “renunciou ao direito de ser tratado como Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo e tomou a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7). Deus exalta os humildes.

Oração
Ó Mestre, observas que os convidados escolhem os primeiros lugares. Aproveitas a ocasião para nos dar algumas instruções sobre bom senso e civilidade. Convém escolher os últimos lugares, assim evita-se passar vergonha. Livra-nos, Senhor, da vaidade e ajuda-nos a percorrer o caminho da humildade. Amém.