* 1 Apareceu no céu
um grande sinal:
uma Mulher vestida
com o sol,
tendo a lua
debaixo dos pés,
e sobre a cabeça
uma coroa de doze
estrelas. 5* Nasceu
o Filho da Mulher.
Era menino
homem. Nasceu
para governar todas
as nações com cetro
de ferro. Mas
o Filho foi
levado para junto
de Deus e de seu trono.
13* Quando viu
que tinha
sido expulso
para a terra,
o Dragão começou
a perseguir a Mulher,
aquela que
tinha dado
à luz um menino
homem. 15 A Serpente
não desistiu:
vomitou um rio
de água atrás da Mulher,
para que ela se afogasse. 16 Mas a terra
socorreu a Mulher:
abriu a boca
e engoliu o rio
que o Dragão
tinha vomitado.
Comentário:
* 1-16,20: É a parte mais importante do livro. Mostra que o tempo do
povo de Deus é o tempo de confronto com o mal, até chegar a consumação da
história. João analisa agora a vitória sobre o mal (Ap 12), o ambiente onde os
cristãos vão profetizar (Ap 13) e a conseqüência do testemunho profético, isto
é, o julgamento (Ap 14,1-16,20). Os capítulos 12-14 interrompem o
desenvolvimento linear do livro.
12,1-2: A
Mulher é um símbolo cheio de significados: é Eva, a mãe da humanidade (cf. Gn
3,15-20); também o povo de Israel (doze estrelas = doze tribos) assim como
Sião, o resto do povo de Deus que espera o Messias (Is 66,7). É também Maria
enquanto mãe de Jesus e mãe dos discípulos de Jesus (Jo 19,25-27), e o povo de
Deus da nova Aliança (doze estrelas = doze apóstolos).
* 3-4: O Dragão personifica
o mal, inimigo de Deus. Trata-se do egoísmo, orgulho e auto-suficiência que
deformam os indivíduos e os grupos sociais. Ele é sangüinário (vermelho), tem
pleno poder sobre os impérios do mundo (sete cabeças e sete diademas), mas sua
força é relativa e imperfeita (dez chifres). Ele tem a pretensão de lutar
contra Deus (estrelas do céu). Quer devorar o Filho da Mulher, o Messias que
veio para destruí-lo.
* 5-6: O Filho é Jesus, que
nasce (ressurreição) para a glória e para dominar as nações, destruindo o poder
do Dragão. O mal foi derrotado. Agora a situação do povo de Deus é como a dos
hebreus no deserto, libertados da escravidão: viverá no deserto até o fim da
história (mil, duzentos e sessenta dias), em meio a perseguições e na
intimidade com Deus.
* 7-12: O mal foi cortado
pela raiz. Miguel (= Quem é como Deus?) vence e expulsa o Dragão, o mal que
sempre ameaçou a humanidade (Serpente, Diabo, Satanás). Mas os cristãos não
podem ficar acomodados, porque o mal continua agindo no mundo e, agonizante,
ainda vai perseguir os homens de todos os modos.
* 13-18: O
mal não conseguiu vencer Jesus; por isso agora persegue os cristãos seguidores
de Jesus. Mas estes são continuamente protegidos por Deus, até o final da
história (três tempos e meio = mil, duzentos e sessenta dias). É tempo de
perseguição (rio) mas, como no Êxodo, o povo de Deus não sucumbe.
* 13,1-18: O
povo de Deus profetiza na Grande Cidade (11,8), onde estão os poderes que se
tornam maus quando se absolutizam, tomando o lugar de Deus e escravizando os
homens.
1-4: A
Besta é o poder político absolutizado, isto é, os poderes totalitários,
ditatoriais e opressores. Na época de João, trata-se de Roma, às margens do mar
Mediterrâneo. A Besta encarna o mal (Dragão) na história (sete cabeças e dez
chifres, que serão explicados em Ap 17). Blasfemar é tomar coisas ou pessoas
humanas como divinas; usurpando títulos honoríficos e divinos é que os
poderosos afirmam sua autoridade e oprimem os homens. A Besta é uma
superpotência (pantera, urso, leão: Dn 7,4-7). Ela é agente do mal (Dragão),
que lhe dá todo o poder. O Dragão e a Besta são uma paródia do Deus que entrega
o domínio da história a Jesus ressuscitado (Ap 4-5). A Besta é também uma
paródia de Cristo morto e ressuscitado (cabeça ferida e curada). O império
romano parecia ter decaído com Nero, mas depois volta ao seu esplendor: é o mal
que vai e vem na história através dos poderes absolutizados. As multidões se
maravilham com isso e adoram a Besta como se ela fosse Deus: “Quem é como a
Besta?”