domingo, 28 de fevereiro de 2021

Lucas 6, 36-38 A gratuidade nas relações.

 36″Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso.

Só Deus pode julgar - 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

Comentário:

* 27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai.

* 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.

Quatro propostas de Jesus para que possamos tornar-nos cada vez mais misericordiosos como o Pai: não julgar, não condenar, perdoar e dar. Os dois primeiros são negativos e andam de mãos dadas. Quando nos tornamos juízes dos outros, a primeira tendência nossa é a condenação. Com facilidade, vemos nos outros o que escondemos dentro de nós. Quando temos o compromisso ou a obrigação de “avaliar” os outros, devemos fazê-lo sempre com muita caridade e amor. Isso não significa que devemos fechar os olhos diante das injustiças e os ouvidos ao clamor do povo. Os dois aspectos positivos: perdoar e dar. Somos egoístas, queremos o perdão de Deus, mas nem sempre conseguimos praticá-lo. Dar e partilhar com os mais necessitados é cada vez mais difícil. A realidade dos grandes centros urbanos mostra claramente isso.

Oração
Ó Jesus Mestre, aprendemos que no Reino de Deus não há lugar para mesquinharia ou estreiteza de espírito. Ao contrário, somos convidados a ser generosos, compassivos e capazes de perdoar. Tais atitudes são garantia de que Deus será bondoso, abundante em graças e rico em misericórdia conosco. Amém.

 

sábado, 27 de fevereiro de 2021

Marcos 9, 31-34 O sinal da vitória.

  2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

Comentário:

* 1-13: A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.

A cena da transfiguração é uma amostra do que será o Cristo glorioso. A nuvem simboliza a presença de Deus, que administra a história da salvação. No Antigo Testamento, duas figuras de destacam: Moisés, o grande líder do povo de Israel e zeloso transmissor da Lei de Deus; Elias, o grande profeta, que interpretava e transmitia ao povo a vontade de Deus. Moisés e Elias conversam com Jesus, não com os discípulos de Jesus. Estes têm a quem ouvir: “Este é meu Filho amado. Ouçam-no”. Doravante, o comunicador autorizado do Pai é seu Filho Jesus. Para o momento, o Mestre e os três apóstolos deverão deixar esse ambiente de glória e retornar à realidade. A glória virá, mas antes eles terão que percorrer o caminho da cruz. Prenúncio de vitória para Jesus e também para os discípulos.

ORAÇÃO
Divino Mestre, Jesus Cristo, dialogando com Moisés, o grande líder do povo de Israel e representante da Lei de Deus, e com Elias, o incomparável profeta da antiga Aliança, nos revelaste estar cumprindo tudo o que foi proclamado e escrito a teu respeito, com o aval do Pai celeste. Amém.

Romanos 8, 31-34 Ninguém pode impedir o projeto de Deus.

 31O que nos resta dizer? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? 33Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? 34Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus, intercedendo por nós?

Comentário:

* 31-39: Com o amor de Deus, manifestado em seu Filho, nada mais temos a temer: nem dificuldades, nem perseguições, nem martírio, nem qualquer forma de dominação. Nada poderá desfazer o que Deus já realizou. Nada poderá impedir o testemunho dos cristãos. E nada poderá opor-se à plena realização do projeto de Deus.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Mateus 5, 43-48 Amar como o Pai ama.

  43“Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44Eu, porém, vos digo, amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

Comentário:

* 43-48: O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17.

O texto de hoje faz parte do Sermão da Montanha. Jesus nos pede algo muito difícil: amar até os inimigos e fazer o bem a quem nos prejudica. Com essas recomendações, o Mestre quer acabar com as barreiras que construímos para legitimar nossas opções religiosas, sociais, políticas e econômicas. A Palavra de Deus nunca pode ser usada para discriminar e odiar as pessoas. As propostas de Jesus são necessárias para sermos de fato “filhos e filhas do Pai celeste”. A sociedade moderna parece ter despertado o ódio entre as pessoas, coisa que nem o Antigo Testamento propunha. O Pai celeste procura ser bom para com todos e espera o mesmo de cada um que se considera filho seu. A conclusão do Evangelho de hoje – ser perfeito como o Pai – abre o caminho para um processo contínuo de conversão e de superação discriminatória.

ORAÇÃO
Divino Mestre, tu nos dás uma ordem no mínimo desconcertante: a de amar nossos inimigos. No entanto, o afirmas com base na perfeição do Pai celeste, que acode a bons e maus, a justos e injustos. Deus não faz acepção de pessoas. Dá-nos, Senhor, disposição para cumprir essa exigência divina. Amém.

 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.

 20“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos céus. 

Ofensa e reconciliação - 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo, todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de tolo será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo, dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Comentário:

* 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.

* 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento.

Como superar a justiça dos doutores da Lei e fariseus? A justiça deles era simplesmente cumprir o que estava escrito nas Leis. O simples cumprimento da Lei não é critério suficiente para dizer que alguém é mais santo e justo e que outros são maus e pecadores. Jesus nos encoraja a ir além da lei. Segundo o Mestre, matar alguém não é simplesmente derramar seu sangue; mata-se, por exemplo, quando diminuímos moral e fisicamente alguém, por meio de palavras e atitudes nada edificantes, tais como ficar com raiva, chamá-lo de imbecil ou idiota e outras. Para entrar no Reino dos céus, é indispensável uma justiça mais plena. A santidade ou a perfeição de Deus é a “plenitude da lei”, e a reconciliação com o irmão e o amor fraterno podem ser mais importantes do que o cumprimento da lei da oferta ou do sacrifício.

ORAÇÃO
Senhor Jesus, tu que nos ensinas sobre a justiça do Reino, queres uma comunidade de irmãos e irmãs que vivam reconciliados entre si e que realizem obras de caridade e compreensão uns com os outros. Assim, suas atitudes são guiadas não pelas rigorosas leis dos “antepassados”, mas pela lei do amor. Amém.

 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mateus 7, 7-12 Confiança no Pai.

7“Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! 8Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e a quem bate, a porta será aberta. 9Quem de vós dá ao filho uma pedra quando ele pede um pão? 10Ou lhe dá uma cobra quando ele pede um peixe? 11Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem! 

A regra de ouro -* 12Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas”.

Comentário:

* 7-11: A oração é a expressão da nossa relação com Deus como o único absoluto (cf. Mt 6,5-7). Aqui se abre uma nova perspectiva: essa relação deve ser de confiança e intimidade como a de um filho para com o seu pai.

* 12: No tempo de Jesus, "Lei e Profetas" indicava todo o Antigo Testamento. Esta "regra de ouro" convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai.

O texto de hoje fala sobre a oração de petição. Deus Pai sabe de nossas necessidades, mas quer que nos preocupemos com elas. Por isso pedimos e, ao mesmo tempo que pedimos, nos envolvemos no compromisso, não ficamos acomodados só no pedir. Em outras palavras, quando peço, me envolvo no pedido; quando busco, não me conformo em ficar sem o que perdi; quando bato, busco aconchego na família. São atitudes que não nos deixam passivos. Se os pais sabem dar coisas boas aos filhos, muito mais Deus saberá dar aquilo que é melhor para cada um de seus filhos e filhas. Ele nunca nos dará coisas inúteis (pedras) nem coisas nocivas (serpentes). O Evangelho conclui com a “regra de ouro”: fazer aos outros tudo o que gostaríamos que eles nos fizessem. Essa é a fraternidade confirmada pela Lei e pelos profetas.

ORAÇÃO
Atencioso e providente Jesus, conheces nossos limites e carências, por isso nos orientas a pedir, buscar e bater à porta. São expressões que sugerem humildade, movimento e perseverança. E nos garantes que o Pai celeste atenderá os pedidos dos que o procuram de coração sincero. Amém.

 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Lucas 11, 29-32 O grande sinal.

 29Quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.

Comentário:

* 29-32: Não é um sinal maravilhoso que leva os homens à conversão, e sim a adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus.

Jesus critica a “geração malvada” que está em busca de sinais para acreditar e aderir a ele. Lembra duas personagens conhecidas do passado: Jonas e Salomão. O povo de Nínive acreditou na pregação de Jonas e se converteu; Salomão consegue atrair admiração pela sua sabedoria. O evangelista apresenta Jesus como alguém maior que esses dois. Mesmo assim muitos não acreditam nele e querem sinais estrondosos para acreditar. A fé não se baseia em milagres, mas ela pode provocar milagres. A fé que depende de sinais maravilhosos é uma fé frágil. Jesus, filho do carpinteiro, não deseja forçar ninguém a segui-lo. Mais do que buscar sinais, precisamos ser sinais vivos que levam as pessoas a acreditar em Jesus. Por meio de nossa vivência cristã, poderemos ser sinais que apontam para o amor e a misericórdia de Deus.

ORAÇÃO
Ó Jesus de Nazaré, és maior que o rei Salomão; és maior que o profeta Jonas. No entanto, teus conterrâneos não foram capazes de reconhecer tua divina presença no meio e a favor deles. Desperta, Senhor, nossa sensibilidade para que valorizemos a tua transformadora presença em nós e entre nós. Amém.