sábado, 4 de outubro de 2025
Lucas 17, 5-10 Atitudes do discípulo.
5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6 O Senhor respondeu: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês.
7 Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Venha depressa para a mesa’? 8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? 9 Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? 10 Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.”
Comentário:
* 1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus.
Na viagem a Jerusalém, os apóstolos reconhecem sua falta de fé, por isso o pedido: “Aumenta nossa fé”. Jesus mostra-lhes a importância da fé, mesmo pequena. A fé do cristão não está em aderir a um conjunto de verdades abstratas, mas trata-se de uma escolha concreta: a de seguir o Mestre. Segundo o texto, o poder da fé é muito grande, consegue coisas humanamente impossíveis. A pequena parábola pode chocar os corações mais genuínos. Ela dá a impressão de justificar a escravidão, mas Jesus não aprova escravidão nenhuma, apenas aproveita da realidade presente no seu tempo, em que havia muitos escravos. Precisamos de muita fé para compreender nossa contribuição gratuita ao serviço do Reino de Deus. A parábola mostra que os servidores do Evangelho não devem esperar aplausos e recompensas. Ela quer desfazer o conceito de um “deus capitalista”, uma troca de favores, que recompensa ou castiga conforme nosso agir. Deus nunca esquecerá o bem que fazemos, mas não o fazemos para ter méritos diante dele.
2 Timóteo 1, 6-8.13-14 Não se envergonhar do Evangelho.
* 6 Por esse motivo, o convido a reavivar o dom de Deus que está em você pela imposição de minhas mãos. 7 De fato, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria. 8 Não se envergonhe, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participe do meu sofrimento pelo Evangelho, confiando no poder de Deus13 Tome por modelo as sãs palavras que você ouviu de mim, com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo. 14 Guarde o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós.
Comentário:
* 6-14: Preso e prestes a enfrentar o martírio, Paulo procura estimular seu companheiro Timóteo, convidando-o a reavivar o dom que este recebeu em sua “ordenação” para a missão. Esta consiste fundamentalmente em testemunhar o Evangelho, e isso pode levar a testemunha ao mesmo destino de Jesus: o sofrimento e a morte. “Envergonhar-se” é renegar o testemunho por causa da perseguição social que ele provoca (cf. Mc 8,38). A vocação cristã é dom gratuito de participação no projeto de Deus: projeto de salvação feito desde a eternidade, manifesto em Jesus Cristo e entregue a todos pelo anúncio do Evangelho. Sobre o “depósito da fé” (vv. 12.14), cf. nota em 1Tm 6,20-21. O Espírito garante o discernimento que faz compreender o núcleo fundamental da fé, isto é, o testemunho de Jesus Cristo, e como concretizá-lo em novas situações históricas.
sexta-feira, 3 de outubro de 2025
Lucas 10, 17-24 A alegria do discípulo.
* 17 Os setenta e dois voltaram muito alegres, dizendo: “Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome.» 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago. 19 Vejam: eu dei a vocês o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo, e nada poderá fazer mal a vocês. 20 Contudo, não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes, fiquem alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu.”
Os pobres evangelizam -* 21 Nessa hora, Jesus se alegrou no Espírito Santo, e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar.” 23 E Jesus voltou-se para os discípulos, e lhes disse em particular: “Felizes os olhos que veem o que vocês veem. 24 Pois eu digo a vocês que muitos profetas quiseram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.”
Comentário:
* 17-20: Os milagres realizados são motivo de alegria para os discípulos que retornam. No entanto, Jesus mostra que são apenas sinais de uma libertação muito mais ampla, que ameaça o domínio de Satanás. A verdadeira alegria dos discípulos é saber que a novidade do Reino está surgindo, e que eles estão participando dela.
* 21-24: Os sábios e inteligentes não são capazes de perceber em Jesus a presença do Reino. Só os desfavorecidos e pobres conseguem penetrar o sentido da atividade de Jesus e continuá-la.
O Evangelho de hoje nos impele a um exercício de memória, obriga-nos a refletir sobre a libertação que Jesus Cristo opera em nós. Fazendo memória dessa ação de Cristo, poderemos nos alegrar, pois temos a certeza de que nosso nome está inscrito no Reino. Seremos felizes na medida em que estivermos seguros de pertencer a Deus, aquele que sustenta toda a nossa vida, assim como os discípulos se alegraram com as maravilhas que podiam realizar ao agir em nome de Jesus. A maior alegria, no entanto, é a certeza de que o Reino está sendo construído e todos os que aceitarem o Evangelho dele participarão.
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Lucas 10, 13-16 Os anunciadores do Reino.
13 Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14 Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 15 Ai de você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada no inferno, isso sim! 16 Quem escuta vocês, escuta a mim, e quem rejeita vocês, rejeita a mim; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.”
Comentário:
* 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história.
Na subida para Jerusalém, apesar de realizar muitos sinais, Jesus encontra rejeição e hostilidade. Por isso as palavras duras que lemos hoje, quando Jesus compara as cidades que não o acolhem com Sodoma, a cidade pecadora, que no julgamento será tratada com menos rigor do que estas cidades que rejeitam o Reino: Corazin, Betsaida, Cafarnaum. Jesus faz um enérgico apelo à conversão, ao estilo profético. Afirma ainda que quem rejeita seus discípulos rejeita a ele próprio e ao Pai que o enviou. Recusar o dom de Deus é escolher a própria condenação, permanecendo fora da Nova Aliança e das novas relações sociais que nascem do projeto de Deus. Precisamos estar atentos, pois, em diversos momentos e situações, Jesus nos visita, chamando-nos à conversão.
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
Mateus 18, 1-5.10 Quem é o maior na comunidade?
* 1 Naquele momento, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino do Céu?” 2 Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles, 3 e disse: “Eu lhes garanto: se vocês não se converterem, e não se tornarem como crianças, vocês nunca entrarão no Reino do Céu. 4 Quem se abaixa, e se torna como essa criança, esse é o maior no Reino do Céu. 5 E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe.”
Por que alguém se afasta da comunidade? -* 10 “Cuidado para não desprezar nenhum desses pequeninos, pois eu digo a vocês: os anjos deles no céu estão sempre na presença do meu Pai que está no céu.
Comentário:
* 1-5: A comunidade cristã não é a reprodução de uma sociedade que se baseia na riqueza e no poder. Nela, é maior ou mais importante aquele que se converte, deixando todas as pretensões sociais, para pertencer a um grupo que acolhe fraternalmente Jesus na pessoa dos pequenos, fracos e pobres.
* 10-14: Por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo (vv. 6-9), ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida.
No Evangelho que acabamos de ler, Jesus afirma que cada uma das crianças, ou cada um dos pequeninos (indefesos) da terra, tem no céu um anjo da guarda. Os anjos são os mensageiros de Deus, sua voz e presença no mundo. Segundo a definição do Catecismo, “são criaturas de Deus, puramente espirituais, que têm inteligência e vontade; vivem constantemente na presença de Deus e transmitem aos seres humanos a vontade de Deus e a sua proteção”. A Bíblia narra muitos fatos referentes aos anjos que acompanham as pessoas ou o povo, para protegê-los e comunicar-lhes a mensagem de Deus. Esses anjos da guarda continuam hoje a mesma missão, adorando a Deus e protegendo cada um de nós.
terça-feira, 30 de setembro de 2025
Lucas 9, 57-62 Os primeiros passos do discípulo.
* 57 Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” 58 Mas Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” 59 Jesus disse a outro: “Siga-me.” Esse respondeu: “Deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” 60 Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus.” 61 Outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa primeiro que eu vá me despedir do pessoal de minha casa.” 62 Mas Jesus lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus.”
Comentário:
* 57-62: Os primeiros passos para os que seguem Jesus em seu caminho são: disponibilidade contínua, capacidade de renunciar a seguranças e, iniciado o caminho, não voltar para trás, por motivo nenhum.
O seguimento de Jesus exige comprometimento, consciência plena e esforço pessoal. Não é tarefa fácil. Nos três convites que hoje vemos relatados, Jesus pede a quem quer ser seu discípulo que partilhe da sua simplicidade de vida, subordine tudo ao esforço missionário e renuncie aos vínculos humanos para formar uma família muito maior. Isso continua a ser exigido dos cristãos hoje, especialmente dos ordenados e consagrados, através dos votos de pobreza, obediência e castidade, mas também de todos os leigos que se dedicam de modo particular a um serviço na Igreja. No início do mês missionário, é bom recordar todos os que dedicam sua vida a essa bela e exigente missão de anunciar Cristo no mundo.
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Lucas 9, 51-56 Jesus vai para Jerusalém.
* 51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém, 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho, e entraram num povoado de samaritanos, para conseguir alojamento para Jesus. 53 Mas, os samaritanos não o receberam, porque Jesus dava a impressão de quem se dirigia para Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para acabar com eles?” 55 Jesus porém, voltou-se e os repreendeu. 56 E partiram para outro povoado.
Comentário:
* 51-56: Jesus inicia o seu caminho para Jerusalém (cf. Introdução). Nessa viagem, Lucas mostra a pedagogia de Jesus, que vai indicando o caminho para aqueles que querem unir-se a ele. Tal processo por ele iniciado vai provocar sérios conflitos com aqueles que não querem mudar o rumo da história. Por enquanto, nem os samaritanos entendem que Jesus vai a Jerusalém para salvá-los. E os discípulos não imaginam que a Samaria será um dos primeiros lugares que eles evangelizarão ao saírem de Jerusalém (At 1,8).
Os samaritanos eram os habitantes da região da Samaria, que ficava entre a Galileia (Nazaré) e a Judeia (Jerusalém e Belém), portanto lugar de passagem durante as peregrinações à Cidade Santa. A origem desse povo é descrita no livro dos Reis (2Rs 17). Os samaritanos viviam em grande conflito com os israelitas no tempo de Jesus, sobretudo porque, no pós-exílio, eles se opuseram à reconstrução do templo de Jerusalém, preferindo dedicar culto no templo do monte Garizim, construído no ano 328 a.C. Por isso, eram considerados idólatras e impuros pelos judeus. Nesse contexto, conseguimos entender melhor a hostilidade em relação a Jesus e a consequente reação dos discípulos no Evangelho de hoje. Jesus, porém, veio para todos, inclusive para os samaritanos, como veremos em diversas outras passagens do Evangelho.
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