sexta-feira, 18 de julho de 2025
Mateus 12, 14-21 O bem do homem está acima da lei.
14 Logo depois, os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus.
A missão do Servo de Javé -* 15 Jesus soube disso, e foi embora desse lugar. Numerosas multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 Jesus ordenou que não dissessem quem ele era. 17 Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 18 “Eis aqui o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual minha alma se compraz. Colocarei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará o julgamento às nações. 19 Não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que leve o julgamento à vitória. 21 E em seu nome as nações depositarão a sua esperança.”
Comentário:
* 9-14: Cf. nota em Mc 3,1-6. Jesus sabe que os fariseus permitem salvar um animal em dia de sábado. E propõe um caso de consciência: um homem não vale mais do que um animal?
* 15-21: Jesus não é um demagogo que exige publicidade para suas ações. Ele é o Servo de Javé, isto é, o novo mediador que traz e garante para todos os homens a salvação misericordiosa de Deus.
Normalmente, associamos a figura do libertador à imagem de um guerreiro forte, capaz de vencer, de forma violenta, todos os seus inimigos. Jesus Cristo, que era de condição divina, viveu peregrino na terra como servo, segundo as modalidades da humildade e da mansidão. Ou seja, nosso Libertador nos arrancou do mundo, onde o pecado nos mantinha aprisionados pelo poder da morte, não pela força, mas pela entrega humilde. Como o discípulo não é superior ao Mestre, qualquer cristão que quiser alcançar a vida nova em Cristo deverá fazê-lo pela mesma via da humildade e da mansidão, deixando-se guiar pelo mesmo Espírito que indicou o Filho amado: “Este é o meu Filho amado, em quem eu me agrado” (Mt 3,17).
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Mateus 12, 1-8 Jesus é o Senhor do sábado.
-* 1 Naquele tempo, Jesus passou por uns campos de trigo, num dia de sábado. Seus discípulos ficaram com fome, e começaram a apanhar espigas para comer. 2 Vendo isso, os fariseus disseram: “Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!” 3 Jesus perguntou aos fariseus: “Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? 4 Como ele entrou na casa de Deus, e eles comeram os pães oferecidos a Deus? Ora, nem para Davi, nem para os que estavam com ele, era permitido comer os pães reservados apenas aos sacerdotes. 5 Ou vocês não leram também, na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado, sem cometer falta? 6 Pois eu digo a vocês: aqui está quem é maior do que o Templo. 7 Se vocês tivessem compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, vocês não teriam condenado estes homens que não estão em falta. 8 Portanto, o Filho do Homem é senhor do sábado.”
Comentário:
* 1-8: Cf. nota em Mc 2,23-28. Mateus acrescenta um exemplo para mostrar que a lei do sábado não é absoluta. Jesus, como nova presença de Deus entre os homens, é maior do que o Templo, e é senhor do sábado. Por isso, ele tem poder para relativizar a lei, propondo a misericórdia como atitude fundamental de Deus para com os homens.
No seu significado original, a palavra “páscoa” significa “passagem”. Na passagem de Deus pela terra do Egito, o Senhor liberta o povo eleito da escravidão, transformando, assim, a realidade em que o povo hebreu se encontrava. Na passagem de Jesus, também é possível perceber uma transformação, porque a sociedade deixa de estar escravizada pelos sacrifícios impostos pela Lei, para encontrar, em Cristo, a verdadeira libertação. Os fariseus, no entanto, não estão preparados e não aceitam a novidade trazida por Cristo, que dá novo sentido à Lei e aos Profetas. Em cada Eucaristia, somos convidados a deixar que Cristo passe novamente pela nossa vida, porque só ele pode transformar nossa existência, tantas vezes escravizada pelo pecado, numa nova realidade, livre para acolher a misericórdia de Deus.
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Mateus 11, 28-30 Os pobres evangelizam.
28 Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. 29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.”
Comentário:
* 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar.
No tempo de Jesus, assim como em diversos outros momentos da história de Israel, o povo andava cansado e oprimido, mas, ao mesmo tempo, sentia-se demasiado amedrontado e acomodado, com dificuldade para aceitar a novidade da salvação. Jesus se dispõe a conduzir os que ouvem sua voz e decidem segui-lo. Ele é manso e humilde, é nosso ombro amigo e conforto para os momentos de angústia, saída certa quando estamos desorientados. Quando confiamos em Cristo, nossa vida se torna mais leve e alegre, sentimo-nos livres e seguros. Uma sociedade que não sente a necessidade de apoio e encontro com Cristo acaba por se ver envolvida em uma onda de sofrimento, infelicidade e falta de sentido da vida.
terça-feira, 15 de julho de 2025
Mateus 12, 46-50 Uma nova geração.
* 46 Jesus ainda estava falando às multidões. Sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.” 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos, 50 pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
Comentário:
* 46-50: Cf. nota em Mc 3,31-35. Mateus salienta que a família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispôs a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração, diferente da geração má dos fariseus.
Carmo é sinônimo de Carmelo (cujo sentido original remete à palavra “jardim”), o monte da Palestina em torno do qual o profeta Elias levou o povo de Israel a descobrir a verdadeira fé, eliminando o culto aos deuses pagãos (cf. 1Rs 18,19-46). No século XIII, um grupo de eremitas retirados no monte Carmelo deu início a uma ordem contemplativa, sob a proteção de Maria, Mãe de Deus. A Virgem passou a ser invocada sob o título de Nossa Senhora do Carmo. No período da perseguição dos muçulmanos, os frades carmelitas invocaram de modo especial a Virgem do Carmo. Simão Stock, primeiro superior-geral da ordem, pediu um sinal da proteção de Maria e recebeu das suas mãos o “escapulário”, com a promessa de eterna salvação a todos os que o usassem. Difundida em diversas nações, com o apoio do povo, a festa da Senhora do Carmo, em 1726, foi estendida a toda a Igreja por Bento XIII.
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Mateus 11, 20-24 O julgamento da autossuficiência.
-* 20 Então Jesus começou a falar contra as cidades onde havia realizado a maior parte de seus milagres, porque elas não tinham se convertido. 21 Ele dizia: “Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinzas. 22 Pois bem! Eu digo a vocês: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 23 E você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada é no inferno, isso sim! Porque, se em Sodoma tivessem acontecido os milagres que foram realizados no meio de você, ela existiria até o dia de hoje! 24 Eu lhe digo: no dia do julgamento, Sodoma terá uma sentença menos dura que você!”
Comentário:
* 20-24: Corazin, Betsaida e Cafarnaum são exemplos da autossuficiência e orgulho que não reconhecem a presença do Reino nas ações realizadas por Jesus. Por isso serão julgadas com mais severidade do que as cidades pagãs de Tiro, Sidônia e Gomorra, símbolos da perdição.
Para compreender o Evangelho de hoje, é preciso retomar o Antigo Testamento, recordando Sodoma, que foi destruída pelo fogo devido ao pecado contra a hospitalidade (Gn 19), além de Tiro e Sidônia, que representam o poder comercial dos fenícios (Is 23). Algumas cidades da Galileia onde Jesus pregou encarnaram a rejeição e o pecado de Sodoma. Corazin, Betsaida e Cafarnaum são as cidades que recusaram a oportunidade de se arrepender. As palavras de Jesus retomam a profecia de Ezequiel (16,46-48) que compara Judá com a Samaria e Sodoma. Judá supera-as em devassidão, consequentemente seu castigo será muito maior. Para Cafarnaum, o julgamento divino é apresentado por meio da citação de Is 14,12-15, como castigo pelo pecado da soberba. Quem tem o privilégio de conhecer a Cristo e seus milagres não pode ter outra atitude que não seja converter-se e anunciá-lo ao mundo.
domingo, 13 de julho de 2025
Mateus 10, 34-11,1 Perseverança em meio ao conflito.
-* 34 “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a espada. 35 De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.”
Jesus se identifica com os pequeninos -* 40 “Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der ainda que seja apenas um copo de água fria a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, eu garanto a vocês: não perderá a sua recompensa.”
Jesus é o Messias? -* 1 Quando Jesus terminou de dar essas instruções aos seus doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.
Comentário:
* 34-39: O anúncio da verdade provoca divisão e exige tomada de posição: uns aceitam, outros rejeitam. Os discípulos, porém, devem permanecer firmes no compromisso com Jesus, seguindo-o até o fim. Nem os laços familiares, nem as ameaças à própria vida, nada pode impedir o discípulo de testemunhar a justiça do Reino.
* 40-42: Os discípulos enviados para a missão são os “pequeninos”; Jesus se identifica com a pessoa deles, porque eles levam ao mundo a sua palavra e ação.
* 11,1-6: Será que Jesus é verdadeiramente o Messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples ideia ou teoria. É uma atividade concreta que realiza o que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos.
No final do discurso missionário (Mt 10), lemos que seguir Jesus exige um comprometimento radical. Não podemos imitá-lo apenas em determinados momentos ou situações, pois o seguimento envolve a totalidade da nossa vida, sendo mais forte do que os próprios laços de sangue. A uma sociedade injusta e opressora, Jesus oferece os valores da paz. Ele não declara guerra, mas sabe que sua mensagem provocará a hostilidade dos que a rejeitam, gerando conflito e divisão. Vêm à nossa mente as palavras do velho Simeão, quando da apresentação de Jesus no templo: “Eis que este menino será causa de queda e reerguimento de muitos em Israel” (Lc 2,34). É interessante notar os três termos que Jesus utiliza para definir os discípulos: profetas, justos e pequenos. Assim todos nós, cristãos, devemos ser.
sábado, 12 de julho de 2025
Lucas 10, 25-37 O amor é prática concreta.
* 25 Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus perguntou: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26 Jesus lhe disse: “O que é que está escrito na Lei? Como você lê?” 27 Ele então respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” 28 Jesus lhe disse: “Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!” 29 Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Jesus respondeu: “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 31 Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36 “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37 O especialista em leis respondeu: “Aquele que praticou misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá, e faça a mesma coisa.”
Comentário:
* 25-37: O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente. A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?”
Na viagem para Jerusalém, onde será julgado e condenado, Jesus se defronta com um mestre da Lei que quer saber como herdar a vida eterna. Jesus lhe pergunta sobre os Mandamentos. Como é conhecedor das leis, o mestre responde sabiamente, mas resta uma dúvida: quem é “meu próximo”? A partir da pergunta, Jesus conta a parábola do “bom samaritano”. O homem caído à beira da estrada é ignorado pelo sacerdote e pelo levita, provavelmente voltando dos deveres religiosos. Um samaritano vê o moribundo, tem compaixão e cuida dele. O diálogo entre Jesus e o especialista em leis leva à conclusão de quem é o nosso próximo. Mais do que definir “quem é o próximo”, a parábola revela “como tornar-se próximo” de alguém necessitado. Jesus anuncia que “tornar-se próximo” é a razão de sua encarnação, fazendo da humanidade o lugar predileto da sua presença. A compaixão e a misericórdia são a genuína solidariedade que conduz para a vida.
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