sexta-feira, 8 de abril de 2022
João 11, 45-56 Os poderosos procuram matar Jesus.
45Muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. 46Alguns, porém, foram ter com os fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47Então os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram o conselho e disseram: “O que faremos? Esse homem realiza muitos sinais. 48Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso lugar santo e a nossa nação”. 49Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote em função naquele ano, disse: “Vós não entendeis nada. 50Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” 51Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote em função naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação. 52E não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. 53A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus. 54Por isso, Jesus não andava mais em público no meio dos judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto, para a cidade chamada Efraim. Ali permaneceu com os seus discípulos. 55A Páscoa dos judeus estava próxima. Muita gente do campo tinha subido a Jerusalém para se purificar antes da Páscoa. 56Procuravam Jesus e, ao reunirem-se no templo, comentavam entre si: “O que vos parece? Será que ele não vem para a festa?”
Comentário:
* 45-57: A comunicação da vida e liberdade é intolerável para um sistema opressor que gera a morte. As autoridades disfarçam sua hostilidade com a desculpa de que o bem da nação está em jogo. Apelam para a segurança nacional. Caifás apresenta a solução que, ironicamente, se tornou o coração da fé cristã: Jesus morrerá por todos. Matando a Jesus, o sistema opressor se denuncia e se destrói a si mesmo, abrindo a possibilidade da vida e liberdade para todos.
Às portas da Grande Semana, vemos que os sinais realizados por Jesus são vistos, mais uma vez, de duas maneiras: muitos, por causa dos sinais, passam a crer em Jesus; outros, por sua vez, em geral as autoridades, veem nesses mesmos sinais uma ameaça à posição que ocupam e aos privilégios que lhes são assegurados. Diante da possibilidade de Jesus se tornar “mais importante”, decidem matá-lo como sendo algo querido por Deus. Por mais que devamos reprovar essa atitude dos judeus em relação a Jesus, podemos enxergá-la também de dois modos em nossos dias e em nossa caminhada de conversão. Buscamos, através dos sinais que hoje Jesus realiza em nossa vida e em nossa comunidade, aderir ao seu projeto de vida, que visa à construção de uma nova sociedade baseada no amor, ou vemos com desconfiança os sinais do Reino e buscamos eliminar seus promotores em vista da manutenção da Lei? De que lado estamos?
quinta-feira, 7 de abril de 2022
João 10, 31-42 As credenciais de Jesus são as suas obras.
31Os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. 32E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?” 33Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque, sendo apenas um homem, tu te fazes Deus!” 34Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? 35Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, 36por que então me acusais de blasfêmia quando eu digo que sou Filho de Deus, eu, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. 38Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. 39Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles.
O testemunho é eficaz - 40Jesus passou para o outro lado do Jordão e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. 41Muitos foram ter com ele e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem é verdade”. 42E muitos, ali, acreditaram nele.
Comentário:
* 22-39: Jesus define sua condição de Messias, apresentando-se como o Filho de Deus. As provas de seu messianismo não são teorias jurídicas, mas fatos concretos: suas ações comprovam que é Deus quem age nele.
* 40-42: O testemunho revela Jesus aos homens, levando-os a compreender que Jesus realiza o projeto de Deus (cf. 1,26-34).
Mais uma vez, os judeus se colocam em posição agressiva e procuram matar Jesus. Eles pegam pedras e tentam dar fim à vida do Filho de Deus por meio do apedrejamento. Novamente, há percepções diferentes acerca da realidade que envolve Jesus e os judeus. De um lado, Jesus que faz o bem; do outro, os judeus que enxergam em Jesus um blasfemo, ou seja, um homem que abertamente ofende a Deus, por se apresentar como Deus ou Filho de Deus. Nem sempre é fácil assimilar as informações que chegam até nós. Para os judeus, como já refletimos noutra ocasião, admitir que um humano se declare filho de Deus é inconcebível, pois fere a Lei que eles acreditam. Por outro lado, os judeus não se abrem (ao menos, uma boa parte deles) àquilo que Jesus diz e faz e, com isso, perdem a oportunidade de experimentar nas próprias vidas a graça e o bem. Estejamos atentos ao que Jesus tem a nos dizer.
quarta-feira, 6 de abril de 2022
João 8, 51-59 Jesus é maior do que Abraão.
51“Em verdade, em verdade, eu vos digo, se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. 52Disseram então os judeus: “Agora sabemos que tens um demônio. Abraão morreu e os profetas também, e tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte’. 53Acaso és maior do que nosso pai Abraão, que morreu, como também os profetas? Quem pretendes tu ser?” 54Jesus respondeu: “Se me glorifico a mim mesmo, minha glória não vale nada. Quem me glorifica é o meu Pai, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus. 55No entanto, não o conheceis. Mas eu o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria um mentiroso como vós! Mas eu o conheço e guardo a sua palavra. 56Vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia; ele o viu e alegrou-se”. 57Os judeus disseram-lhe então: “Nem sequer cinquenta anos tens e viste Abraão!?” 58Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, antes que Abraão existisse, eu sou”. 59Então eles pegaram em pedras para apedrejar Jesus, mas ele escondeu-se e saiu do templo.
Comentário:
* 48-59: Abraão se alegrou com a promessa feita por Deus de que o futuro Messias iria sair da sua descendência (Gn 12,7; 15,2ss; Gl 3,16). Jesus vai muito além, e atribui a si mesmo o título do Deus do êxodo: "Eu Sou".
Ainda estamos no capítulo 8 do Evangelho de João. Jesus continua lidando com os judeus e suas descrenças, dúvidas e questionamentos. Poderíamos afirmar que a falta de sintonia entre Jesus e os judeus se deve – também – ao fato de que ambos estão posicionados em lados opostos e falam a partir de entendimentos distintos. Há, sim, pontos comuns entre Jesus e os judeus – e não poderia ser diferente -, contudo, a maneira de compreender e interpretar a realidade faz com que os passos de um e outro trilhem estradas distintas. Jesus é a luz, a verdade, aquele que vence a morte e aquele que é. Aos poucos, nesse caminho quaresmal, vamos descortinando quem é Jesus de forma muito didática justamente porque esse caminho nos leva a conhecê-lo para assumi-lo em nossa vida. Não nos esqueçamos de que esse tempo que a Igreja nos oferece é por excelência tempo de preparação para assumir (ou reassumir) o batismo junto com vitória sobre a morte do Ressuscitado.
terça-feira, 5 de abril de 2022
João 8, 31-42 A verdade liberta.
31Jesus disse aos judeus que nele tinham acreditado: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 32e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. 33Responderam eles: “Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?” 34Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35O escravo não permanece para sempre numa família, mas o filho permanece nela para sempre. 36Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. 37Bem sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque a minha palavra não é acolhida por vós. 38Eu falo o que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai”.
A mentira escraviza - 39Eles responderam então: “O nosso pai é Abraão”. Disse-lhes Jesus: “Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão! 40Mas agora vós procurais matar-me, a mim, que vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto, Abraão não o fez. 41Vós fazeis as obras do vosso pai”. Disseram-lhe, então: “Nós não nascemos do adultério, temos um só pai: Deus”. 42Respondeu-lhes Jesus: “Se Deus fosse vosso Pai, vós certamente me amaríeis, porque de Deus é que eu saí e vim. Não vim por mim mesmo, mas foi ele que me enviou”.
Comentário:
* 31-38: A verdade que liberta é aceitar a vida nova trazida por Jesus, que relativiza tudo aquilo que antes parecia absoluto: riqueza, poder, idéias, estruturas. A liberdade só é possível quando se rompe com uma ordem injusta, que impede a experiência do amor de Deus através do amor ao homem.
* 39-47: O diabo é aquele que se opõe à vontade de Deus e se absolutiza, ocupando o lugar de Deus e criando uma sociedade mentirosa e assassina, que adora ídolos opressores, e é incapaz de assimilar a mensagem libertadora de Jesus.
A presença de Jesus é libertadora simplesmente porque ele é a verdade. Grande parte dos judeus não reconheceu em Jesus a verdade que liberta. De antemão, não podemos repreendê-los por isso. Se fôssemos nós no lugar dos judeus, que postura tomaríamos? Provavelmente, não acreditaríamos em Jesus e buscaríamos os argumentos necessários para justificar nosso posicionamento. Entretanto, estamos distantes no tempo, e nosso olhar nos permite, pela fé, acreditar que verdadeiramente Jesus era (e é) o Filho de Deus. A verdade que liberta o ser humano é o próprio Jesus, que dá novo sentido a todas as coisas e nos coloca em sintonia com o projeto do Pai. Como filhos de Deus, somos capazes de reconhecer nossas faltas e buscar, no próprio Deus, a reconciliação que nos faz seguir adiante em nosso caminho de conversão contínua.
João 8, 21-30 O pecado é rejeitar uma ordem nova.
21“Eu parto e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir”. 22Os judeus comentavam: “Por acaso, vai-se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?” 23Jesus continuou: “Vós sois daqui de baixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados”. 25Perguntaram-lhe, pois: “Quem és tu então?” Jesus respondeu: “O que vos digo desde o começo. 26Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito e a julgar também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo”. 27Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. 28Por isso, Jesus continuou: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. 30Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.
Comentário:
* 21-30: O pecado que leva à morte é permanecer fechado neste mundo de baixo, isto é, dentro de uma ordem sociorreligiosa injusta. Jesus é a presença atuante do Deus do êxodo ("Eu Sou", cf. Ex 3,14), que liberta o povo da escravidão e o conduz para uma vida nova, desejada por Deus ("mundo de cima"). É através da sua morte que Jesus realiza esse êxodo.
Em muitos momentos, o Evangelho parece dar voltas ao redor de si e, com isso, a sua compreensão nos exige mais atenção. Nesses dias, os textos propostos pelo evangelista João, com suas idas e vindas, provocam judeus, escribas e fariseus para que vejam quem é Jesus e acreditem nele. Contudo, essa disputa é dura, pois, como já vimos, os olhos de muitos judeus, escribas e fariseus estão fechados. Reconhecer quem é Jesus nos dá a possibilidade de aderir ao seu projeto, que é exigente e comprometedor. Podemos também não seguir a proposta do Mestre, mas, igualmente, tal escolha tem consequências que, em geral, estão pautadas em interesses que não se afinam com as luzes do Reino.
segunda-feira, 4 de abril de 2022
João 8, 21-30 O pecado é rejeitar uma ordem nova.
21“Eu parto e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir”. 22Os judeus comentavam: “Por acaso, vai-se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?” 23Jesus continuou: “Vós sois daqui de baixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados”. 25Perguntaram-lhe, pois: “Quem és tu então?” Jesus respondeu: “O que vos digo desde o começo. 26Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito e a julgar também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo”. 27Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. 28Por isso, Jesus continuou: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. 30Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.
Comentário:
* 21-30: O pecado que leva à morte é permanecer fechado neste mundo de baixo, isto é, dentro de uma ordem sociorreligiosa injusta. Jesus é a "«mundo de cima"). É através da sua morte que Jesus realiza esse êxodo.
Em muitos momentos, o Evangelho parece dar voltas ao redor de si e, com isso, a sua compreensão nos exige mais atenção. Nesses dias, os textos propostos pelo evangelista João, com suas idas e vindas, provocam judeus, escribas e fariseus para que vejam quem é Jesus e acreditem nele. Contudo, essa disputa é dura, pois, como já vimos, os olhos de muitos judeus, escribas e fariseus estão fechados. Reconhecer quem é Jesus nos dá a possibilidade de aderir ao seu projeto, que é exigente e comprometedor. Podemos também não seguir a proposta do Mestre, mas, igualmente, tal escolha tem consequências que, em geral, estão pautadas em interesses que não se afinam com as luzes do Reino.
domingo, 3 de abril de 2022
João 8, 12-20 Jesus é a luz do mundo.
12Disse Jesus aos fariseus: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. 13Então os fariseus disseram: “O teu testemunho não vale, porque estás dando testemunho de ti mesmo”. 14Jesus respondeu: “Ainda que eu dê testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é válido, porque sei de onde venho e para onde vou. Mas vós não sabeis donde venho nem para onde vou. 15Vós julgais segundo a carne, eu não julgo ninguém, 16e se eu julgo, o meu julgamento é verdadeiro, porque não estou só, mas comigo está o Pai, que me enviou. 17Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. 18Ora, eu dou testemunho de mim mesmo e também o Pai, que me enviou, dá testemunho de mim”. 19Perguntaram então: “Onde está o teu Pai?” Jesus respondeu: “Vós não conheceis nem a mim nem o meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai”. 20Jesus disse estas coisas enquanto estava ensinando no templo, perto da sala do tesouro. E ninguém o prendeu, porque a hora dele ainda não havia chegado.
Comentário:
* 12-20: Jesus discute com os fariseus perto da sala do Tesouro, onde era guardado o dinheiro oferecido ao Templo. Ele se declara a luz do mundo, e convida os homens a segui-lo, renunciando às riquezas para servirem uns aos outros e, assim, testemunharem a presença de Deus. Os fariseus, escravos do dinheiro, não são capazes de reconhecer Deus presente em Jesus, e por isso querem provas.
Jesus é a luz do mundo; contudo, os fariseus não conseguem enxergar a luminosidade proporcionada pelo Filho de Deus. Ao se prenderem à Lei, eles buscam um meio de levar Jesus à prisão e à morte; os fariseus maquinam e perdem a oportunidade de experimentar a plenitude da vida que Jesus oferece a cada pessoa que esteja disposta a acolhê-lo. A cegueira que priva os fariseus de verem a luz que é Jesus pode também turvar os nossos olhos. Nesse tempo favorável para a conversão do coração, somos convidados pela Igreja e pelo próprio Jesus a mudar a direção do nosso olhar e abrir os olhos para o que verdadeiramente importa. E o que importa de verdade para cada um de nós neste momento? Importa permitir que Jesus nos ilumine e, a partir da luz que brota do nosso interior, iluminar as realidades e pessoas que nos cercam.
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