sexta-feira, 25 de março de 2022
Hebreus 10, 4-10 Um sacrifício único.
4É impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes. 5Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. 6Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. 7Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade”. 8Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado” – coisas oferecidas segundo a Lei -, 9ele acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o primeiro sacrifício para estabelecer o segundo. 10É graças a essa vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.
Comentário:
* 1-18: O que são Paulo diz sobre a Lei, o autor repete sobre a liturgia judaica. Esta faz reviver a experiência do pecado, mas não consegue libertar dele. O sacrifício de Cristo, a existência inteira de Jesus, todo o movimento de sua consciência é o verdadeiro ato sacerdotal, o grande e perene ato de oferta. Ele tira o pecado, restabelece a ligação com Deus mediante a sua própria pessoa e experiência viva. Funda a nova aliança, o povo novo que pode ter acesso a Deus. E o caminho para esse acesso é o compromisso de fé com Cristo, compromisso que nenhuma liturgia pode substituir.
quinta-feira, 24 de março de 2022
Lucas 11, 14-23 Jesus é mais forte do que Satanás.
14Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. 16Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. 17Mas, conhecendo seus pensamentos, Jesus disse-lhes: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra. 18Ora, se até satanás está dividido contra si mesmo, como poderá sobreviver o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. 20Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus. 21Quando um homem forte e bem armado guarda a própria casa, seus bens estão seguros. 22Mas, quando chega um homem mais forte do que ele, vence-o, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava e reparte o que roubou. 23Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo dispersa”.
Comentário:
* 14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário.
As curas promovidas por Jesus, para além do bem-estar recaído sobre os curados, também reintegravam tais pessoas ao convívio social, pois lhes restituíam a dignidade e a plenitude da vida. Jesus é acusado de realizar suas ações por meio do príncipe dos demônios, e não por meio de Deus; contudo, ele devolve a pergunta e afirma que um reino dividido é facilmente destruído. Precisamos discernir e escolher com quem estamos e ao lado de quem nos posicionamos. Não é possível estarmos com os pés em duas canoas, obviamente não haverá estabilidade e em pouco tempo estaríamos dentro d’água. Recolher, por mais difícil que seja, implica renunciar, pois optamos seguir por determinada via assumindo as consequências dessa opção. Quem não se decide vive na superficialidade e de forma inconsistente
terça-feira, 22 de março de 2022
Mateus 5, 17-19 A lei e a justiça.
17“Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade eu vos digo, antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino dos céus. Porém quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos céus”.
Comentário:
* 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.
Jesus é a plenitude da Lei; contudo, sua presença e missão não cancelam a tradição e a Lei que regeram o povo até aquele momento. Entretanto, com Jesus, a Lei chega a seu ápice ou é retomada em seu sentido original, ou seja, promover a vida de todo ser humano sem distinção. De outra sorte, quem não cumpre a Lei ou quem incentiva o seu descumprimento, será considerado menor no Reino dos Céus. Jesus não é um revolucionário inconsequente; ele tem plena consciência de seus atos, pois refletem a vontade do Pai que o enviou. Como essa palavra pode nos iluminar? Certamente, considerando o caminho daqueles que vieram antes de nós e conhecendo a tradição e as leis que devem promover e garantir a vida. Não se cria nada do nada, ou seja, é preciso saber quais são nossas origens e fundamentos de fé para viver plenamente nosso chamado.
segunda-feira, 21 de março de 2022
Mateus 18, 21-35 Perdoar sem limites.
21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? ” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna. 25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo! E eu te pagarei tudo’. 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. 29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo! E eu te pagarei’. 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? ’ 34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”.
Comentário:
* 21-35: Na comunidade de Jesus não existem limites para o perdão (setenta vezes sete). Ao entrar na comunidade, cada pessoa já recebeu do Pai um perdão sem limites (dez mil talentos). A vida na comunidade precisa, portanto, basear-se no amor e na misericórdia, compartilhando entre todos esse perdão que cada um recebeu.
Somos chamados a perdoar de forma ilimitada; é isso que significa o “setenta vezes sete”. E para que não haja dúvida, Jesus conta uma pequena história que ilustra com muita clareza como devem ser a lógica e a dinâmica do perdão daqueles que seguem o Mestre. De modo geral, perdoar não é fácil. Depende, no mínimo, da índole de cada pessoa e também da ofensa recebida. Contudo, toda e qualquer dificuldade de perdoar somente será superada se estivermos inseridos no Cristo. Perdoar é libertador, é uma decisão, é um exercício. As ofensas recebidas não são esquecidas facilmente (ou nunca são esquecidas); contudo, o perdão concedido nos possibilita seguir adiante com leveza e de cabeça erguida.
domingo, 20 de março de 2022
Lucas 4, 24-30 Reação do povo.
24“Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
Comentário:
* 22-30: A dúvida e a rejeição de Jesus por parte de seus compatriotas fazem prever a hostilidade e a rejeição de toda a atividade de Jesus por parte de todo o seu povo. No entanto, Jesus prossegue seu caminho, para construir a nova história que engloba toda a humanidade.
Jesus se dirige ao povo de forma dura e provocativa. Ele afirma que nenhum profeta é aceito em sua pátria, como referência direta ao descaso e rejeição das pessoas que o cercam à mensagem por ele anunciada. Ao resgatar situações do passado, Jesus aponta para semelhanças. Elias e Eliseu, por exemplo, fizeram o bem a estrangeiros e não a seu próprio povo. Muitas vezes, por preconceito ou falta de sensibilidade, duvidamos que aquela pessoa crescida em nossa comunidade possa um dia ser instrumento de transformação da própria comunidade. Infelizmente, a desconfiança e a inveja falam mais alto, e não nos abrimos ao bem e ao bom que está ao nosso alcance. Com a rejeição sofrida e ameaça de morte, Jesus vai embora. Que saibamos reconhecer a graça de Deus, que vem nos visitar de muitas formas e por meio de muitas pessoas.
sábado, 19 de março de 2022
Lucas 13, 1-9 Urgência da conversão.
1Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. 2Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus por terem sofrido tal coisa? 3Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. 4E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. 6E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. 7Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra? ’ 8Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. 9Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás”.
Comentário:
*1-9: No caminho da vida há acontecimentos trágicos. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para se construir a nova história. A parábola (vv. 6-9) salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última chance.
A partir de duas tragédias – as atrocidades provocadas por Pilatos e o acidente da torre de Siloé, matando dezoito pessoas -, Jesus aproveita para nos dar alguma lição. Não podemos ver as desgraças como castigo divino para os que foram atingidos. Podem, porém, ser vistas como apelo de conversão. Todos temos necessidade de mudança de vida para o melhor. Deus pode nos falar também por meio dos fatos, mesmo não muito agradáveis. As pessoas que ficaram chocadas com as mortes das tragédias recebem de Jesus uma resposta talvez mais chocante ainda: se vocês não se converterem, morrerão do mesmo modo. O Senhor que diz palavras de ânimo, de consolo, é o mesmo que profere expressões de advertência. Não faz isso, porém, para escandalizar ou para deprimir os seguidores. Adverte por amor, misericórdia, compaixão. O amor de Deus por nós se apresenta às vezes como remédio que cura, mas que, para ser eficiente, pode ser amargo. A parábola a seguir parece nos dizer que a conversão que Jesus pede não é apenas algo que demonstramos com bonitas palavras, mas consiste em produzir frutos. Podemos nos questionar sobre nosso envolvimento diante de tanta violência, mortes, tragédias que diariamente presenciamos ou recebemos pelos meios de comunicação.
1 Coríntios 10, 1-6.10.12 Aprender da história.
1Irmãos, não quero que ignoreis o seguinte: os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; 2todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; 3e todos comeram do mesmo alimento espiritual, 4e todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava – e esse rochedo era Cristo. 5No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus, pois morreram e ficaram no deserto. 6Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. 10Não murmureis, como alguns deles murmuraram e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. 12Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
Comentário:
* 1-13: Paulo faz uma releitura do AT, mostrando que a história é um exemplo e instrução para a comunidade cristã, que vive a etapa final dessa mesma história (v. 11). Segundo tradições dos rabinos, a rocha golpeada por Moisés (cf. Nm 20,1-13) seguia os hebreus para providenciar-lhes água. Essa interpretação é aqui usada para dizer que Cristo conduz o povo desde os tempos do Êxodo. O comportamento dos hebreus daquele tempo torna-se advertência para que os cristãos se mantenham fiéis, confiando no apoio de Deus.
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