domingo, 22 de setembro de 2019

Marcos 1, 12-15 Jesus vai enfrentar o mal.


* 12 Em seguida o Espírito impeliu Jesus para o deserto. 13 E Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí era tentado por Satanás. Jesus vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.
A pregação de Jesus -* 14 Depois que João Batista foi preso, Jesus voltou para a Galiléia, pregando a Boa Notícia de Deus: 15 “O tempo se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia.”
Comentário:
* 12-13: A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das forças do mal que escravizam os homens. E Deus o sustentará nessa luta.
* 14-15: São as primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave para interpretar toda a sua atividade. Cumprimento: em Jesus, Deus se entrega totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir. O Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a ação de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele.
O deserto despertava fortes lembranças para os hebreus. A caminho da Terra prometida, eles permaneceram quarenta anos no deserto, onde Moisés teve a experiência de Deus libertador e recebeu os Mandamentos, base da sociedade alicerçada na justiça. O número quarenta indica totalidade. Pode-se dizer que Jesus foi tentado durante toda a sua vida pública. É no deserto, lugar do encontro com Deus, que Jesus consolida sua decisão de fazer a vontade do Pai. Deverá enfrentar toda tentação do poder opressor. Para fortalecê-lo nessa luta, Jesus tem a seu favor o Espírito Santo e os anjos (bons mensageiros), em contraste com Satanás, seu rival. Após a prisão do Batista, Jesus inicia sua missão na Galileia, longe de Jerusalém, centro do poder político, econômico e religioso.


1 Pedro 3, 18-22 Solene compromisso com Deus.


* 18 De fato, o próprio Cristo morreu uma vez por todas pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de os conduzir a Deus. Ele sofreu a morte em seu corpo, mas recebeu vida pelo Espírito. 19 Foi então que ele proclamou a vitória, inclusive para os espíritos aprisionados; 20 falo das pessoas que foram rebeldes outrora, nos tempos de Noé, quando Deus demorava para castigar o mundo. Enquanto isso, Noé construía a arca, na qual somente oito pessoas foram salvas por meio da água. 21 Aquela água representava o batismo que agora salva vocês; não se trata de limpeza da sujeira corporal, mas do compromisso solene de uma boa consciência diante de Deus, mediante a ressurreição de Jesus Cristo. 22 Ele subiu ao céu e está sentado à direita de Deus, após ter submetido os anjos, as dominações e os poderes.
Comentário:
* 18-22: Diante dos sofrimentos, o modelo sempre é a morte de Jesus, através do qual se realizou o ato definitivo da salvação. Pedro compara duas situações: o tempo de Noé e o tempo dos cristãos. No tempo de Noé, foi salvo um pequeno grupo de justos, enquanto a maioria pereceu. Com a descida de Jesus à mansão dos mortos, também eles tiveram que se confrontar com o Evangelho. No tempo dos cristãos, igualmente existe um grupo menor de batizados (“salvos pela água”), e a maioria ainda não se converteu. Agora, o testemunho dos batizados deve fazer com que os não-convertidos se confrontem com o Evangelho.

sábado, 21 de setembro de 2019

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.


-* 9 Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10 Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: “Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13 Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.”
Comentário:
* 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia.
Mateus, chamado também Levi, era cobrador de impostos. Estava, portanto, a serviço dos ocupantes romanos, razão pela qual era malvisto e desprezado pelos doutores da Lei e pelos fariseus. No entanto, foi a ele que, enquanto exercia sua profissão, Jesus chamou: “Siga-me”. A adesão foi imediata. A Mateus é atribuída a redação de um dos quatro Evangelhos; antes em aramaico. O Evangelho de Mateus, tal qual o possuímos hoje, escrito em grego, sofreu influência de Marcos e de Lucas. Conservou, porém, sua fisionomia própria. É o Evangelho do Reino dos Céus, do cumprimento em Cristo da Antiga Aliança; o Evangelho do Sermão da montanha e da Igreja. A respeito do apostolado de Mateus e das circunstâncias de sua morte ou martírio, não há comprovações suficientes e confiáveis.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Lucas 8, 1-3 As mulheres servem a Jesus.


* 1 Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, 2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos maus e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres, que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam.
Comentário:
* 1-3: Jesus continua sua missão, e vai formando uma comunidade nova, a partir daqueles que são marginalizados pela sociedade do seu tempo, como eram as mulheres. Elas também são parte integrante do grupo que acompanha Jesus.
Esta passagem nos mostra, em parte, como era organizada a vida pública de Jesus e seus apóstolos. Jesus não é um pregador solitário. Além dos Doze que o acompanham, também algumas mulheres fazem parte do anúncio apostólico da mensagem cristã. A tradição evangélica conservou o nome de algumas delas (Joana, Suzana) e sua atuação em momentos importantes (Maria Madalena, na ressurreição de Jesus). A Igreja primitiva, à semelhança de Jesus, abriu significativo espaço para a ação das mulheres nas comunidades. A mulher não tem papel passivo no mistério da salvação, e hoje é chamada a novos encargos apostólicos, como evidenciou o Concílio Vaticano II. O papa Francisco diz que “ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja” (EG 103).


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Lucas 7, 36-50 O perdão gera o amor.


* 36 Certo fariseu convidou Jesus para uma refeição em casa. Jesus entrou na casa do fariseu, e se pôs à mesa. 37 Apareceu então certa mulher, conhecida na cidade como pecadora. Ela, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume. 38 A mulher se colocou por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés. Em seguida, os enxugava com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com perfume. 39 Vendo isso, o fariseu que havia convidado Jesus ficou pensando: “Se esse homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, porque ela é pecadora.” 40 Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para dizer a você.” Simão respondeu: “Fala, mestre.” 41”Certo credor tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas moedas de prata, e o outro lhe devia cinquenta. 42 Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?”43 Simão respondeu: “Acho que é aquele a quem ele perdoou mais.” Jesus lhe disse: “Você julgou certo.” 44 Então Jesus voltou-se para a mulher e disse a Simão: “Está vendo esta mulher? Quando entrei em sua casa, você não me ofereceu água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. 45 Você não me deu o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46 Você não derramou óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47 Por essa razão, eu declaro a você: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Aquele a quem foi perdoado pouco, demonstra pouco amor.”48 E Jesus disse à mulher: “Seus pecados estão perdoados.” 49 Então os convidados começaram a pensar: “Quem é esse que até perdoa pecados?” 50 Mas Jesus disse à mulher: “Sua salvou você. em paz!”
Comentário:
* 36-50: O fariseu não se considera pecador; por isso, fica numa atitude de julgamento, e não é capaz de entender e experimentar o perdão e o amor. Jesus mostra que a justiça de Deus se manifesta como amor que perdoa os pecados e transforma as condições das pessoas. O amor é expressão e sinal do perdão recebido.
A atitude da pecadora em relação a Jesus, na casa do fariseu, desconcerta a sociedade machista de todos os tempos. Com efeito, mulher judia não tocava publicamente em nenhum rabino. E se fosse conhecida como pecadora, não era bem-vinda à casa dos fariseus. Entretanto, movida pelo arrependimento (chorava) e impulsionada pela gratidão, oferece a Jesus a prova de amor, usando o charme de que era capaz. Jesus acolhe, com total compreensão, os gestos amorosos da nova mulher. O fariseu pensa mal de ambos. Jesus põe num prato da balança os atos positivos da mulher e no outro prato, o vazio do fariseu, isto é, o que ele não fez em favor do Mestre. A sentença é óbvia: os pecados dela estão perdoados (“ela muito amou”). O fariseu, não se reconhecendo pecador, é incapaz de amar.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Lucas 7, 31-35 Os filhos da sabedoria.


* 31 “Com quem eu vou comparar os homens desta geração? Com quem se parecem eles? 32 São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram’. 33 Pois veio João Batista, que não comia nem bebia, e vocês disseram: ‘Ele tem um demônio!’ 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vocês dizem: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores!’ 35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.”
Comentário:
* 31-35: As autoridades religiosas do tempo de Jesus se comportam de maneira infantil: acusam João Batista de louco, porque é severo demais; acusam Jesus de boa-vida, porque parece muito condescendente. O povo e os cobradores de impostos se comportam de maneira sábia: acolhem João Batista e Jesus, reconhecendo neles a revelação da misericordiosa justiça de Deus.
Jesus faz um desabafo. Seu lamento recai sobre os dirigentes do povo, incluindo as autoridades religiosas, que buscam desculpas, em vez de se abrirem ao projeto de Deus. Não se dispuseram a mudar de vida ante os apelos severos do Batista, a quem tacharam de louco. Agora não se dispõem a converter-se, diante das palavras de misericórdia de Jesus e de seus grandes prodígios. Até o chamam de “comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores”. São como crianças caprichosas: nada é capaz de despertar-lhes interesse. Nem tudo, porém, está perdido: muitos discípulos da Sabedoria, (“filhos”) que eram os desprezados pelas autoridades religiosas, ou seja, o povo simples e os pecadores, foram inteligentes, aceitando a conversão anunciada por João e o compromisso com Jesus.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Lucas 7, 11-17 Deus visitou o seu povo.


* 11 Em seguida, Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. 12 Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela. 13 Ao -la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: “Não chore!” 14 Depois se aproximou, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Então Jesus disse: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!” 15 O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16 Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo.” 17 E a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza.
Comentário:
* 11-17: A atividade libertadora de Jesus é a grande “visita” de Deus que vem salvar o seu povo. Essa visita é a manifestação do amor compassivo, que atende aos mais pobres e necessitados.
Jesus, seus discípulos e grande multidão deparam-se com um caso de extrema desolação: uma senhora, tendo perdido o marido, perde também o filho único e o leva para sepultar. Por isso, Jesus enche-se de compaixão e, sem que a viúva lhe peça, antecipa-se interrompendo-lhe o choro. Detém o cortejo fúnebre e dá ao defunto a ordem de levantar-se. A palavra poderosa de Jesus restitui a vida ao jovem, devolve-lhe também a palavra (“o morto sentou-se e começou a falar”), e desencadeia o reconhecimento dos assistentes: “Glorificavam a Deus, dizendo: ‘Um grande profeta apareceu entre nós. Deus visitou o seu povo’”. É a mesma expressão que encontramos no Cântico de Zacarias (cf. Lc 1,68.69). Deus, por meio de Jesus, visita o povo, dando-lhe liberdade e vida.