domingo, 30 de junho de 2024

Mateus 8, 16-22 Exigências para seguir Jesus.

-* 18 Vendo grandes multidões ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem. 19 Então um doutor da Lei se aproximou e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que fores.” 20 Mas Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” 21 Outro, que era discípulo, disse a Jesus: “Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” 22 Mas Jesus lhe respondeu: “Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos.” Comentário: * 18-22: Para seguir a Jesus, a pessoa precisa estar disposta a duas coisas: correr o risco da insegurança sobre o futuro, e estar pronta para não adiar o compromisso. Os doutores da Lei faziam parte da elite religiosa e política. Ora, Jesus é um pregador itinerante e vive na pobreza absoluta: “o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Estaria o doutor da Lei disposto a uma mudança tão radical? Jesus o leva a refletir melhor sobre sua escolha. Outro homem, no início do seu seguimento a Jesus, pede-lhe um tempo para voltar para casa e enterrar seu pai. Embora sepultar os mortos fosse dever sagrado, Jesus supõe que a família se encarregará dessa obra de misericórdia. Do discípulo, porém, Jesus exige decisão sem hesitações, pois quem se dispõe a seguir o Cristo tem de estar disposto a uma vida nova, a entregar-se por completo ao serviço do Reino de Deus. O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que se deixa conduzir pelo Espírito Santo.

sábado, 29 de junho de 2024

Mateus 16, 13-19 Jesus é o Messias.

-* 13 Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas.” 15 Então Jesus perguntou-lhes: “E vocês, quem dizem que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” 17 Jesus disse: “Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. 19 Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu.” Comentário: * 13-23: Cf. nota em Mc 8,27-33. Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. Já no século IV, um documento chamado Cronógrafo filocaliano comprova a existência de uma festa litúrgica em honra dos apóstolos Pedro e Paulo, juntos. O significado dessa solenidade encontra-se, em aprimorada síntese, no seu prefácio próprio (cf. Missal romano): “Hoje, vós nos concedeis a alegria de festejar os apóstolos São Pedro e São Paulo. Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”. Sigamos os passos desses dois gigantes da fé cristã e peçamos a intercessão deles em favor da Igreja de Cristo e dos povos do mundo inteiro.

2 Timóteo 4, 6-8.17-18 Combati o bom combate.

-* 6 Quanto a mim, meu sangue está para ser derramado em libação, e chegou o tempo da minha partida. 7 Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. 8 Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me entregará naquele Dia; e não somente para mim, mas para todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação. O Senhor me deu forças - 17 Mas o Senhor ficou comigo e me encheu de força, a fim de que eu pudesse anunciar toda a mensagem, e ela chegasse aos ouvidos de todas as nações. E assim eu fui liberto da boca do leão. 18 O Senhor me libertará de todo mal e me levará para o seu Reino eterno. Ao Senhor, glória para sempre. Amém! Comentário: * 6-8: Diante da certeza do martírio, Paulo se compara a um atleta que recebe o prêmio da vitória: ele sabe que sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé. * 9-18: Os últimos tempos de Paulo são tristes e solitários. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente do Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da primeira prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3.° Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. At 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. At 15,37-39). Mas o encontramos como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. Cl 4,10).

sexta-feira, 28 de junho de 2024

João 21, 15-19 Para dirigir a comunidade, é preciso amar.

* 15 Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.” Jesus disse: “Cuide dos meus cordeiros.” 16 Jesus perguntou de novo a Pedro: “Simão, filho de João, você me ama?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.” Jesus disse: “Tome conta das minhas ovelhas.” 17 Pela terceira vez Jesus perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, você me ama?” Então Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Disse a Jesus: “Senhor, tu conheces tudo, e sabes que eu te amo.” Jesus disse: “Cuide das minhas ovelhas. 18 Eu garanto a você: quando você era mais moço, você colocava o cinto e ia para onde queria. Quando você ficar mais velho, estenderá as suas mãos, e outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir.” 19 Jesus falou isso aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus. E Jesus acrescentou: “Siga-me.” Comentário: * 15-23: A ideia de superioridade e domínio no exercício do pastoreio é absolutamente contrária ao ensino e atitude de Jesus, que considera todos os seus discípulos como amigos e irmãos. O verdadeiro pastor é aquele que segue a Jesus, colocando-se a serviço da comunidade e sendo capaz de amá-la até o fim, dando por ela até a própria vida. Depois de ter sido perguntado por três vezes se amava Jesus, Pedro se entristece, sem entender o significado desse questionamento. Após ter certeza de que era amado por Pedro, Jesus o convida a conduzir a Igreja. Do amor nasce o compromisso com a comunidade e com a proposta de uma sociedade mais solidária e fraterna. Somente quem ama de verdade consegue assumir compromisso com Jesus e seu projeto, tendo sua vida conduzida pelo próprio Espírito. Tudo o que se faz deveria ser feito com amor, assim a vida se tornaria mais leve e agradável.

Gálatas 1, 11-20 Paulo ensina o que recebeu de Deus.

* 11 Irmãos, eu declaro a vocês: o Evangelho por mim anunciado não é invenção humana. 12 E, além disso, não o recebi nem aprendi através de um homem, mas por revelação de Jesus Cristo. 13 Certamente vocês ouviram falar do que eu fazia quando estava no judaísmo. Sabem como eu perseguia com violência a Igreja de Deus e fazia de tudo para arrasá-la. 14 Eu superava no judaísmo a maior parte dos compatriotas da minha idade, e procurava seguir com todo o zelo as tradições dos meus antepassados. 15 Deus, porém, me escolheu antes de eu nascer e me chamou por sua graça. Quando ele resolveu 16 revelar em mim o seu Filho, para que eu o anunciasse entre os pagãos, não consultei a ninguém, 17 nem subi a Jerusalém para me encontrar com aqueles que eram apóstolos antes de mim. Pelo contrário, fui para a Arábia, e depois voltei para Damasco. 18 Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer Pedro, e fiquei com ele quinze dias. 19 Entretanto, não vi nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, o irmão do Senhor. 20 Deus é testemunha: o que estou escrevendo a vocês não é mentira. Comentário: * 11-24: Os judeu-cristãos criticam a autoridade de Paulo, dizendo que ele não é apóstolo como aqueles que Jesus tinha escolhido. E Paulo se defende, contando a história da sua vocação (cf. At 9), nascida de uma experiência direta de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Tal experiência o transformou profundamente: de perseguidor, ele se tornou apóstolo. Na origem da sua missão, portanto, não há nenhuma interferência humana. Quando Paulo vai a Jerusalém, é simplesmente para conhecer Pedro e Tiago (cf. At 9,23-30).

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Mateus 8, 1-4 Jesus purifica.

-* 1 Quando Jesus desceu da montanha, grandes multidões começaram a segui-lo. 2 Eis que um leproso aproximou-se e ajoelhou-se diante de Jesus, dizendo: !Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar.” 3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fique purificado.” No mesmo instante o homem ficou purificado da lepra. 4 Então Jesus lhe disse: “Não conte isso a ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois faça a oferta que Moisés mandou, a fim de que seja um testemunho para eles.” Comentário: * 8,1-4: O leproso era um marginalizado da vida social (Lv 13,45-46). Através da cura, Jesus o reintegra na comunidade (Lv 14). O verdadeiro cumprimento da Lei não é declarar quem é puro ou impuro, mas fazer com que a pessoa fique purificada. Embora a narrativa seja breve, traz um conteúdo revolucionário. Leprosos, naquela época, nem se aproximavam das pessoas. Viviam afastados do convívio social, gritando sua miserável situação, para que ninguém se contaminasse. Além disso, considerados impuros, eram impedidos de prestar culto público a Deus. Dupla marginalização: social e religiosa. Ora, Jesus, tendo assumido a causa dos oprimidos, acolhe o leproso. Surpresa para todos, desconforto para alguns, que logo vão espalhar a notícia de que também Jesus é impuro, porque tocou a pele do leproso. Decidido, sem fazer cálculos sobre a possível reação dos adversários, Jesus afirma: “Quero. Fique purificado”. Os sumos sacerdotes ficarão agitados com a presença de alguém que transmite vida abundante para o povo.

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Mateus 7, 21-29 A fé é uma prática.

-* 21 “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino do Céu. Só entrará aquele que põe em prática a vontade do meu Pai, que está no céu. 22 Naquele dia muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos tantos milagres?’ 23 Então, eu vou declarar a eles: Jamais conheci vocês. Afastem-se de mim, malfeitores!” Passar para a ação -* 24 “Portanto, quem ouve essas minhas palavras e as põe em prática, é como o homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, mas a casa não caiu, porque fora construída sobre a rocha. 26 Por outro lado, quem ouve essas minhas palavras e não as põe em prática, é como o homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, e a casa caiu, e a sua ruína foi completa!” A autoridade de Jesus -* 28 Quando Jesus acabou de dizer essas palavras, as multidões ficaram admiradas com o seu ensinamento, 29 porque Jesus ensinava como alguém que tem autoridade, e não como os doutores da Lei. Comentário: * 21-23: Nem mesmo o ato de fé mais profundo da comunidade, que é o reconhecimento de Jesus como o Senhor, faz que alguém entre no Reino. Se o ato de fé pela palavra não for acompanhado de ações, é vazio e sem sentido. A expressão “naquele dia” indica o Juízo final e nos remete a Mt 25,31-46, onde são mostradas as ações que qualificam o autêntico reconhecimento de Jesus como Senhor. * 24-27: Construir a casa sobre a rocha é viver e agir de acordo com a justiça do Reino apresentada no Sermão da Montanha. Construir a casa sobre a areia é ficar na teoria, sem passar para a prática. * 28-29: A autoridade de Jesus não se baseia em tradições ou sistemas, e sim na sua própria pessoa. Ele vive e pratica o que ensina aos outros. O Reino de Deus não é uma diversão. É realidade que empenha a vida toda. Dele se participa não só com palavras, ainda que sejam santas, mas criando o Reino da justiça que Deus quer. O primeiro a entregar sua vida pelo Reino foi Jesus, que cumpriu plenamente a vontade do Pai. Quem se faz discípulo de Jesus deve seguir seus passos, ouvir e pôr em prática suas palavras. Este estará edificando sua casa (vida) sobre rocha inabalável, o próprio Cristo. Ninguém se iluda. Não basta falar fluentemente sobre a doutrina cristã ou cantar belos hinos religiosos. No final, pode haver tremenda decepção: “Não conheço vocês”. O que conta é assumir o compromisso com Jesus e seu Reino. Isso supõe, concretamente, a prática da justiça e do amor a Deus e ao próximo. Ações que transformam a realidade.