segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
Mateus 18, 12-14 Por que alguém se afasta da comunidade?
12 O que vocês acham? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, será que ele não vai deixar as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? 13 Eu garanto a vocês: quando ele a encontra, fica muito mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14 Do mesmo modo, o Pai que está no céu não quer que nenhum desses pequeninos se perca.”
Comentário:
* 10-14: Por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo (vv. 6-9), ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida.
Uma ovelha desaparece: imagem familiar aos conterrâneos de Jesus que lidavam com rebanhos. Inquietação e incessantes buscas por caminhos perigosos são as atitudes do pastor cheio de zelo. Reencontrar a ovelha desgarrada é motivo de festa para seu dono. A figura é logo transferida ao Pai celeste, que se alegra imensamente quando vê um filho ou filha voltar para o aconchego da casa, como acontece na parábola do pai misericordioso (cf. Lc 15,11-32). Jesus, à semelhança do Pai, quer reunir, celebrar o reencontro, reforçar os laços fraternos. Em sua missão, Jesus se movimenta, o tempo todo, a fim de “reunir os filhos de Deus que estavam dispersos” (Jo 11,52). A essa missão dedica tempo, inteligência e forças físicas. Sem se poupar.
domingo, 8 de dezembro de 2024
Lucas 5, 17-26 Jesus liberta pela raiz.
* 17 Certo dia, Jesus estava ensinando. Estavam aí, sentados, fariseus e doutores da Lei, vindos de todos os povoados da Galileia, da Judéia e até de Jerusalém. E o poder do Senhor estava em Jesus, fazendo-o realizar curas. 18 Chegaram, então, algumas pessoas levando, numa cama, um homem que estava paralítico; tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante de Jesus. 19 Mas, por causa da multidão, não conseguiam introduzi-lo. Subiram então ao terraço e, através das telhas, desceram o homem com a cama, no meio, diante de Jesus. 20 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: “Homem, seus pecados estão perdoados.”
21 Os doutores da Lei e os fariseus começaram a pensar: “Quem é esse, que está falando blasfêmias? Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!” 22 Mas Jesus percebeu o que eles estavam pensando. Tomou então a palavra, e disse: “Por que vocês pensam assim? 23 O que é mais fácil? Dizer: ‘Seus pecados estão perdoados’. Ou dizer: ‘Levante-se e ande’? 24 Pois bem: para vocês ficarem sabendo que o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama, e volte para casa.” 25 No mesmo instante, o homem se levantou diante deles, pegou a cama onde estava deitado, e foi para casa, louvando a Deus. 26 Todos ficaram admirados, e louvavam a Deus. Ficaram cheios de medo, e diziam: “Hoje vimos coisas estranhas.”
Comentário:
* 17-26: Cf. nota em Mc 2,1-12: Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. Sua vinda, porém, desperta reações diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e o acolhem como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceito pelos pagãos.
Conforme a mentalidade da época, as doenças eram consequência do pecado. De fato, o pecado é um mal que fica encoberto, mas prejudica o pecador e pode causar grandes estragos na sociedade. Por isso, Jesus ataca o mal pela raiz: “Seus pecados estão perdoados”. Fariseus e mestres da Lei se escandalizam, pois só Deus pode perdoar pecados. Jesus esclarece: “O Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. E realiza a cura integral, libertando o homem de sua paralisia. O gesto solidário e confiante dos que carregam o paralítico e a intervenção libertadora de Jesus fazem o povo exultar: “Hoje vimos coisas extraordinárias”. Entretanto, fariseus e mestres da Lei sentem que estão perdendo influência sobre o povo.
sábado, 7 de dezembro de 2024
Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.
-* 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” 29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou.
Comentário:
* 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova.
No dia 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora: “É doutrina revelada por Deus – em que, portanto, todos os fiéis têm de acreditar firme e constantemente – que a Virgem Maria, por graça e privilégio de Deus todo-poderoso, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, no primeiro instante da sua concepção”. A definição desse dogma veio coroar um sentimento comum do povo de Deus, que, desde os primeiros séculos da Igreja, entendeu que Maria foi “totalmente santa e imune de toda mancha de pecado (imaculada), modelada e feita nova criatura pelo Espírito Santo” (cf. Lumen Gentium, 56). Maria, para nós, é modelo de vida santa e estímulo para evitarmos toda forma de pecado.
Efésios 1, 3-6.11-12 A graça não tem limites.
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo. 4 Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor. 5 Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade, 6* para o louvor da sua glória e da graça que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de seu Filho querido. 11 Em Cristo recebemos nossa parte na herança,
conforme o projeto daquele que tudo conduz segundo a sua vontade: fomos predestinados 12 a ser o louvor da sua glória, nós, que já antes esperávamos em Cristo.
Comentário:
* 3-14: Paulo desenvolve um hino de louvor em forma de “bênção”, frequente no Antigo Testamento. O louvor é uma resposta do homem ao Deus que se manifesta através de um ato de salvação ou mediante a revelação de um mistério.
Deus Pai é o sujeito e a fonte de toda a ação criadora e salvadora. E tudo o que Deus Pai realiza no homem e no mundo, ele o faz mediante o seu Filho Jesus Cristo: escolhe (vv. 4-5), liberta (vv. 6-7), reúne tudo em Cristo (vv. 8-10), entrega a herança prometida (vv. 11-12) e concede o dom do Espírito Santo (vv. 13-14).
* 6: A expressão “para o louvor da sua glória” (cf. vv. 12 e 14) mostra que o sentido último da vida humana é louvar a Deus. O louvor é, portanto, ato de consciência: declarando Deus como o único absoluto, o homem reconhece que as criaturas são relativas. O louvor cabe somente a Deus.
* 9-10: O mistério é o projeto com que Deus se propõe levar a história à sua plena realização, reunindo em Cristo tudo o que existe.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
Mateus 9, 35-10, 1.6-8 A origem da missão.
-* 35 Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36 Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então Jesus disse a seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! 38 Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.”
O núcleo da nova comunidade -* 1 Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade.
A missão dos apóstolos - 6 Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. 8 Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça!
Comentário:
* 35-38: Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina.
* 10,1-4: Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: desalienar os homens (expulsar demônios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e ação de Jesus.
* 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento.
Profeta itinerante, Jesus se empenha profundamente na implantação do Reino de Deus. Não atende só algumas cidades ou povoados: beneficia umas e outros. Ensina e cura as multidões, sobretudo porque constata que “estão angustiadas e abandonadas, como ovelhas que não têm pastor”. Jesus lembra as imagens fortes usadas pelo profeta Ezequiel, ao desmascarar os chefes do povo, maus pastores: “Vocês bebem o leite, vestem a lã, sacrificam as ovelhas gordas, mas não cuidam do rebanho” (Ez 34,3). Como bom pastor, Deus toma a defesa do povo oprimido: “Vou me colocar contra os pastores. Vou pedir conta a eles sobre o meu rebanho” (Ez 34,10). Palavras que deixam intrigados
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
Mateus 9, 27-31 Jesus faz ver e falar.
* 27 Quando Jesus saiu dali, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi.” 28 Jesus chegou em casa, e os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou: “Vocês acreditam que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor.” 29 Então Jesus tocou os olhos deles, dizendo: “Que aconteça conforme vocês acreditaram.” E os olhos deles se abriram. 30 Então Jesus lhes ordenou: “Tomem cuidado para que ninguém fique sabendo.” 31 Mas eles saíram, e espalharam a notícia por toda aquela região.
Comentário:
* 27-34: A justiça do Reino liberta os homens para o discernimento (ver) e expulsa a alienação (demônio) que impede de dizer a palavra que transforma a realidade. A justiça libertadora, porém, provoca a oposição daqueles que querem apossar-se da salvação, para restringi-la a pequeno grupo de privilegiados.
A cura dos dois cegos é fruto da fé que eles têm no poder de Jesus, o “Filho de Davi”, e da insistente súplica a Jesus, a quem “seguiram gritando”. Os dois cegos expressam seu profundo desejo de enxergar. Querem ser reintegrados na sociedade. Valorizando-lhes a fé sincera, Jesus lhes restitui a visão. Motivo bastante para os recém-curados saírem anunciando, por toda parte, a bondade de Deus. Libertados da cegueira, terão novo modo de vida. Se Jesus pede que “ninguém fique sabendo”, é porque eles precisavam de melhor formação antes do anúncio correto a respeito do Messias. Além disso, Jesus quer preservar sua própria vida, não despertando tão cedo a inveja e a ira dos adversários do Reino. Afinal, Jesus tem ainda um longo caminho a percorrer fazendo o bem.
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
Mateus 15, 29-37 A comunidade que serve.
* 29 Saindo daí, Jesus foi para a margem do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. 30 Numerosas multidões se aproximaram de Jesus, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. 31 As multidões ficaram admiradas, vendo que os mudos falavam, os aleijados saravam, os coxos andavam e os cegos viam. E glorificaram o Deus de Israel.
32 Jesus chamou seus discípulos, e disse: “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo, e não tem nada para comer. Não quero mandá-los embora sem comer, para que não desmaiem pelo caminho.” 33 Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, nesse deserto, tantos pães para matar a fome de tão grande multidão?” 34 Jesus perguntou: “Quantos pães vocês têm?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos.”
35 Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. 36 Depois pegou os sete pães e os peixes, agradeceu, partiu-os, e ia dando aos discípulos, e os discípulos para as multidões. 37 Todos comeram, e ficaram satisfeitos. E encheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 38 Os que tinham comido eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças. 39 Tendo despedido as multidões, Jesus subiu na barca, e foi para o território de Magadã.
Comentário:
* 29-39: Com os milagres, Jesus responde às necessidades da multidão, mostrando a presença de Deus que salva o seu povo, cuja gratidão se traduz no ato de louvor.
O texto salienta o papel dos discípulos, isto é, da comunidade cristã. Esta é mediadora, respondendo à fome de uma sociedade que corre o risco de desfalecer no caminho da vida.
Enquanto muitos poderosos exploram a população, eis que surge um líder (Jesus) que investe todas as suas capacidades a fim de renovar a vida do povo. E o faz, não com promessas ou boas intenções. Ele realiza, de fato, uma mudança significativa na história de quem o busca com fé e coração aberto. Então, vemos o poder de Deus transformando a vida da sociedade: Jesus restitui a saúde aos doentes, reintegra no convívio social a muitos marginalizados, oferece dignidade a todos. O episódio da partilha de alimento para incontável multidão é um sério apelo a todos nós: se houver partilha igualitária dos bens da criação (sete pães indicam totalidade), todos ficarão alimentados. Bendigamos ao Senhor pelo pão da terra e pelo pão do céu.
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