sábado, 7 de dezembro de 2024

Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.

-* 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” 29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou. Comentário: * 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova. No dia 8 de dezembro de 1854, o papa Pio IX definiu o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora: “É doutrina revelada por Deus – em que, portanto, todos os fiéis têm de acreditar firme e constantemente – que a Virgem Maria, por graça e privilégio de Deus todo-poderoso, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, no primeiro instante da sua concepção”. A definição desse dogma veio coroar um sentimento comum do povo de Deus, que, desde os primeiros séculos da Igreja, entendeu que Maria foi “totalmente santa e imune de toda mancha de pecado (imaculada), modelada e feita nova criatura pelo Espírito Santo” (cf. Lumen Gentium, 56). Maria, para nós, é modelo de vida santa e estímulo para evitarmos toda forma de pecado.

Efésios 1, 3-6.11-12 A graça não tem limites.

3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Ele nos abençoou com toda bênção espiritual, no céu, em Cristo. 4 Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor. 5 Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por meio de Jesus Cristo, conforme a benevolência de sua vontade, 6* para o louvor da sua glória e da graça que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de seu Filho querido. 11 Em Cristo recebemos nossa parte na herança, conforme o projeto daquele que tudo conduz segundo a sua vontade: fomos predestinados 12 a ser o louvor da sua glória, nós, que já antes esperávamos em Cristo. Comentário: * 3-14: Paulo desenvolve um hino de louvor em forma de “bênção”, frequente no Antigo Testamento. O louvor é uma resposta do homem ao Deus que se manifesta através de um ato de salvação ou mediante a revelação de um mistério. Deus Pai é o sujeito e a fonte de toda a ação criadora e salvadora. E tudo o que Deus Pai realiza no homem e no mundo, ele o faz mediante o seu Filho Jesus Cristo: escolhe (vv. 4-5), liberta (vv. 6-7), reúne tudo em Cristo (vv. 8-10), entrega a herança prometida (vv. 11-12) e concede o dom do Espírito Santo (vv. 13-14). * 6: A expressão “para o louvor da sua glória” (cf. vv. 12 e 14) mostra que o sentido último da vida humana é louvar a Deus. O louvor é, portanto, ato de consciência: declarando Deus como o único absoluto, o homem reconhece que as criaturas são relativas. O louvor cabe somente a Deus. * 9-10: O mistério é o projeto com que Deus se propõe levar a história à sua plena realização, reunindo em Cristo tudo o que existe.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Mateus 9, 35-10, 1.6-8 A origem da missão.

-* 35 Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36 Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então Jesus disse a seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! 38 Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.” O núcleo da nova comunidade -* 1 Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. A missão dos apóstolos - 6 Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. 8 Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça! Comentário: * 35-38: Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. * 10,1-4: Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: desalienar os homens (expulsar demônios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e ação de Jesus. * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. Profeta itinerante, Jesus se empenha profundamente na implantação do Reino de Deus. Não atende só algumas cidades ou povoados: beneficia umas e outros. Ensina e cura as multidões, sobretudo porque constata que “estão angustiadas e abandonadas, como ovelhas que não têm pastor”. Jesus lembra as imagens fortes usadas pelo profeta Ezequiel, ao desmascarar os chefes do povo, maus pastores: “Vocês bebem o leite, vestem a lã, sacrificam as ovelhas gordas, mas não cuidam do rebanho” (Ez 34,3). Como bom pastor, Deus toma a defesa do povo oprimido: “Vou me colocar contra os pastores. Vou pedir conta a eles sobre o meu rebanho” (Ez 34,10). Palavras que deixam intrigados

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Mateus 9, 27-31 Jesus faz ver e falar.

* 27 Quando Jesus saiu dali, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi.” 28 Jesus chegou em casa, e os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou: “Vocês acreditam que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor.” 29 Então Jesus tocou os olhos deles, dizendo: “Que aconteça conforme vocês acreditaram.” E os olhos deles se abriram. 30 Então Jesus lhes ordenou: “Tomem cuidado para que ninguém fique sabendo.” 31 Mas eles saíram, e espalharam a notícia por toda aquela região. Comentário: * 27-34: A justiça do Reino liberta os homens para o discernimento (ver) e expulsa a alienação (demônio) que impede de dizer a palavra que transforma a realidade. A justiça libertadora, porém, provoca a oposição daqueles que querem apossar-se da salvação, para restringi-la a pequeno grupo de privilegiados. A cura dos dois cegos é fruto da fé que eles têm no poder de Jesus, o “Filho de Davi”, e da insistente súplica a Jesus, a quem “seguiram gritando”. Os dois cegos expressam seu profundo desejo de enxergar. Querem ser reintegrados na sociedade. Valorizando-lhes a fé sincera, Jesus lhes restitui a visão. Motivo bastante para os recém-curados saírem anunciando, por toda parte, a bondade de Deus. Libertados da cegueira, terão novo modo de vida. Se Jesus pede que “ninguém fique sabendo”, é porque eles precisavam de melhor formação antes do anúncio correto a respeito do Messias. Além disso, Jesus quer preservar sua própria vida, não despertando tão cedo a inveja e a ira dos adversários do Reino. Afinal, Jesus tem ainda um longo caminho a percorrer fazendo o bem.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Mateus 15, 29-37 A comunidade que serve.

* 29 Saindo daí, Jesus foi para a margem do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. 30 Numerosas multidões se aproximaram de Jesus, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. 31 As multidões ficaram admiradas, vendo que os mudos falavam, os aleijados saravam, os coxos andavam e os cegos viam. E glorificaram o Deus de Israel. 32 Jesus chamou seus discípulos, e disse: “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo, e não tem nada para comer. Não quero mandá-los embora sem comer, para que não desmaiem pelo caminho.” 33 Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, nesse deserto, tantos pães para matar a fome de tão grande multidão?” 34 Jesus perguntou: “Quantos pães vocês têm?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos.” 35 Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. 36 Depois pegou os sete pães e os peixes, agradeceu, partiu-os, e ia dando aos discípulos, e os discípulos para as multidões. 37 Todos comeram, e ficaram satisfeitos. E encheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 38 Os que tinham comido eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças. 39 Tendo despedido as multidões, Jesus subiu na barca, e foi para o território de Magadã. Comentário: * 29-39: Com os milagres, Jesus responde às necessidades da multidão, mostrando a presença de Deus que salva o seu povo, cuja gratidão se traduz no ato de louvor. O texto salienta o papel dos discípulos, isto é, da comunidade cristã. Esta é mediadora, respondendo à fome de uma sociedade que corre o risco de desfalecer no caminho da vida. Enquanto muitos poderosos exploram a população, eis que surge um líder (Jesus) que investe todas as suas capacidades a fim de renovar a vida do povo. E o faz, não com promessas ou boas intenções. Ele realiza, de fato, uma mudança significativa na história de quem o busca com fé e coração aberto. Então, vemos o poder de Deus transformando a vida da sociedade: Jesus restitui a saúde aos doentes, reintegra no convívio social a muitos marginalizados, oferece dignidade a todos. O episódio da partilha de alimento para incontável multidão é um sério apelo a todos nós: se houver partilha igualitária dos bens da criação (sete pães indicam totalidade), todos ficarão alimentados. Bendigamos ao Senhor pelo pão da terra e pelo pão do céu.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Lucas 10, 21-24 Os pobres evangelizam.

-* 21 Nessa hora, Jesus se alegrou no Espírito Santo, e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar.” 23 E Jesus voltou-se para os discípulos, e lhes disse em particular: “Felizes os olhos que veem o que vocês veem. 24 Pois eu digo a vocês que muitos profetas quiseram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.” Comentário: * 21-24: Os sábios e inteligentes não são capazes de perceber em Jesus a presença do Reino. Só os desfavorecidos e pobres conseguem penetrar o sentido da atividade de Jesus e continuá-la. Em suas pregações, Jesus fala, frequentemente, de sua intimidade com o Pai. Ao mesmo tempo, exulta “no Espírito Santo”, por ver as multidões que recorrem a ele em busca de alimento espiritual, libertação, vida plena. Não são os estudiosos das Escrituras que vêm pedir a Jesus esclarecimentos sobre passagens bíblicas; não são os mestres da Lei que o consultam para saber sua opinião sobre as “pesadas cargas” que colocam nos ombros do povo. Seus seguidores são os pobres, os oprimidos, os pecadores. Entre esses marginalizados da sociedade é que Jesus encontra ouvidos atentos e disposição para serem seus discípulos. Por isso, ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus exclama: “Felizes vocês, os pobres, porque de vocês é o Reino de Deus” (Lc 6,20).

domingo, 1 de dezembro de 2024

Mateus 8, 5-11 As fronteiras do Reino.

* 5 Jesus estava entrando em Cafarnaum, quando um oficial romano se aproximou dele, suplicando: 6 “Senhor, meu empregado está em casa, de cama, sofrendo muito com uma paralisia.” 7 Jesus respondeu: “Eu vou curá-lo.” 8 O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. 9 Pois eu também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz.” 10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel! 11 Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. Comentário: * 5-13: Atendendo ao pedido de um pagão, Jesus mostra que as fronteiras do Reino vão muito além do mundo estreito da pertença a uma origem privilegiada. A fronteira agora é a fé na palavra libertadora de Jesus. Mesmo pertencendo ao grupo dos que se consideram salvos, se não houver essa fé, também não haverá possibilidade de entrar no Reino de Deus. Encarregado de manter a ordem social no país, o centurião está a serviço dos ocupantes romanos. No entanto, totalmente desarmado de qualquer preconceito, apresenta sentida súplica ao Senhor Jesus. Reconhece nele um poder superior. Jesus, por sua vez, não lhe pergunta nada. Não lhe fala de religião nem de preceitos morais. Dá ao centurião a certeza de que vai curar seu servo: “Eu irei, e o curarei”. Essa atitude nos faz lembrar a insistência do papa Francisco para sermos uma Igreja em saída. Jesus não vai à casa do centurião, porque este, com fé admirável, poupa esse esforço ao Mestre: “Basta, porém, que digas uma palavra, e meu criado ficará curado”. Jesus, então, engrandece a fé do centurião, que contrasta com a fé pequena de Israel.