sexta-feira, 15 de março de 2024

João 7, 40-53 A manifestação de Jesus provoca divisão.

40 Ouvindo essas palavras, alguns diziam no meio da multidão: “De fato, este homem é mesmo o Profeta!” 41 Outros diziam: “Ele é o Messias.” Outros ainda afirmavam: “Mas o Messias virá da Galileia? 42 A Escritura não diz que o Messias será da descendência de Davi e que virá de Belém, povoado de onde era Davi?” 43 Por isso, houve uma divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos em cima dele. As autoridades recusam ouvir Jesus -* 45 Os guardas do Templo foram para onde estavam os chefes dos sacerdotes e fariseus. E estes perguntaram: “Por que é que vocês não trouxeram Jesus?” 46 Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como esse homem.” 47 Então os fariseus perguntaram: “Será que ele enganou vocês também? 48 Vocês já viram um só dos nossos chefes ou fariseu que acreditasse nele? 49 Esse povinho, que não conhece a Lei, é maldito.” 50 Mas Nicodemos, um dos fariseus, aquele que tinha ido encontrar-se com Jesus, disse: 51 “Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir e saber o que ele faz?” 52 Eles responderam: “Você também é galileu? Estude e verá que da Galileia não sai profeta.” 53 E cada um voltou para sua casa. Comentário: * 45-53: Aqueles que detêm o poder não toleram a mensagem de Jesus, porque ela acabaria com todos os seus privilégios. Por isso, amaldiçoam o povo simples e procuram prender Jesus, usando a Lei como arma repressiva. A respeito de Jesus, correm muitas opiniões divergentes. No meio do povo, alguns o consideram profeta, na esteira dos antigos profetas; outros arriscam dizer que ele é o Messias; os guardas do templo vão prendê-lo e voltam de mãos vazias, com a firme convicção de que “jamais alguém falou assim”. As autoridades religiosas, por sua vez, semeiam a dúvida e tentam confundir o povo simples. Para isso, recorrem ao preconceito e ao desprezo. Humilham os guardas (v. 47). Desprezam as pessoas humildes: “Essa multidão, que não conhece a Lei, é feita de malditos”. Caçoam do conceituado professor Nicodemos, como se fosse ignorante e desinformado: “Estude e verá que da Galileia não surge profeta nenhum”. Os argumentos dos chefes não convencem; ao contrário, causam dispersão (v. 53).

quinta-feira, 14 de março de 2024

João 7, 1-2.10.25-30 Jesus é sinal de contradição.

-* 1 Depois disso, Jesus começou a andar pela Galileia. Ele evitava andar pela Judéia, porque os judeus queriam matá-lo. 2 Entretanto, a festa judaica das Tendas estava próxima. 10 Depois que seus irmãos foram para a festa, Jesus também foi; ele não foi publicamente, mas às escondidas. Jesus é o enviado do Pai -* 25 Algumas pessoas de Jerusalém comentavam: “Não é este que estão procurando para matar? 26 Ele está aí falando em público, e ninguém diz nada! Será que até as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27 Entretanto, nós sabemos de onde vem esse Jesus, mas, quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem.” 28 Jesus estava ensinando no Templo. Então ele gritou: “Será que de fato vocês me conhecem e sabem de onde eu sou? Eu não vim por mim mesmo. Quem me enviou é verdadeiro, e vocês não o conhecem. 29 Mas eu o conheço, porque venho de junto dele, e foi ele quem me enviou.” 30 Então tentaram prender Jesus. Mas ninguém pôs a mão em cima dele, porque a hora dele ainda não tinha chegado. Comentário: * 1-13: A atividade de Jesus denuncia o agir perverso da sociedade, e por isso provoca ódio. Os parentes de Jesus pensam no sucesso. As autoridades o procuram, vendo nele um perigo. E o povo expressa opiniões diversas a respeito dele: uns o julgam a partir das obras que ele realiza (Jesus é bom), e outros a partir de leis e estruturas estabelecidas (engana o povo). Assim a presença de Jesus é sinal de contradição que vai revelando a face das pessoas. * 25-36.40-44: Os dirigentes dos judeus tentam prender Jesus, que para eles é uma ameaça. E no meio do povo a divisão continua: o tema da discussão é sobre a origem do Messias. Uns não aceitam Jesus, baseados numa tradição teórica sobre a origem do Messias. Outros, que já são muitos, acreditam que Jesus é o Messias, porque prestam atenção na sua prática libertadora e veem nisso sinal da presença de Deus. E Jesus então mostra o verdadeiro critério para reconhecer o Messias: não é o lugar de sua origem, mas o fato de ele ser o enviado de Deus, cuja atividade seja reconhecida pelas obras que faz. Por prudência, Jesus evita circular pela Judeia, já que os judeus “pretendiam matá-lo”. Mesmo assim, vai a Jerusalém, “não publicamente, mas às escondidas”. Infelizmente, os chefes do povo querem emudecer aquele que tem palavras de vida eterna e acorrentar o libertador de tantos corações! O mundo cometerá o grave erro de eliminar o Inocente, deixando livres os malfeitores. Contudo, a “Palavra de Deus não está algemada” (2Tm 2,9). Mesmo correndo perigo de vida, Jesus continua ensinando no templo e, em voz clara, desafia seus ouvintes: “Será que vocês me conhecem mesmo e sabem de onde sou?”. Segue reafirmando que conhece a Deus e vem de junto dele. Movimentam-se os chefes para prender Jesus, mas ainda não o conseguem: “Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente” (Jo 10,18).

quarta-feira, 13 de março de 2024

João 5, 31-47 Testemunhas em favor de Jesus.

-* 31 “Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32 Mas há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é válido. 33 Vocês mandaram mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu não preciso de testemunho de um homem, mas falo isso para que vocês sejam salvos. 35 João era uma lâmpada que estava acesa e iluminava. Vocês quiseram se alegrar com sua luz. 36 Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: são as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37 E o Pai que me enviou deu testemunho a meu favor. Vocês nunca ouviram a voz dele, nem viram a sua face. 38 Desse modo, a palavra dele não permanece em vocês, porque vocês não acreditam naquele que ele enviou. 39 Vocês vivem estudando as Escrituras, pensando que vão encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim. 40 Mas vocês não querem vir a mim para terem a vida eterna. 41 Eu não aceito elogios dos homens. 42 Quanto a vocês, eu já os conheço muito bem: o amor de Deus não está dentro de vocês. 43 Eu vim em nome do meu Pai, e vocês não me receberam. Mas, se outro vem em seu próprio nome, vocês o receberão. 44 Como é que vocês poderão acreditar, se vivem elogiando uns aos outros, e não buscam a glória que vem do Deus único? 45 Não pensem que eu vou acusar vocês diante do Pai. Já existe alguém que os acusa: é Moisés, no qual vocês põem sua esperança. 46 Se vocês acreditassem mesmo em Moisés, também acreditariam em mim, porque foi a respeito de mim que Moisés escreveu. 47 Mas, se vocês não acreditam naquilo que ele escreveu, como irão acreditar nas minhas palavras?” Comentário: * 31-47: Como distinguir o verdadeiro e o falso, reconhecendo se Jesus realiza ou não a vontade de Deus? Jesus apresenta as três testemunhas que confirmam sua missão divina: primeiro, sua ação em favor da vida e da liberdade; segundo o testemunho de João Batista, que o apresenta como salvador; terceiro, as Escrituras, que anunciavam o que Jesus agora realiza. Não adianta nada uma comunidade dizer que tem fé e repetir as palavras da Bíblia; é necessário que as ações dessa comunidade sejam continuação da ação de Jesus, confirmando a própria fé. As autoridades religiosas pedem um testemunho que garanta a missão de Jesus. Testemunho em causa própria não vale. Testemunhos a favor de Jesus não faltam: João Batista é seu precursor e o aponta como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”; as obras que Jesus realiza são as que o Pai lhe concede realizar; o próprio Pai dá testemunho de seu Filho Jesus (“Este é o meu Filho amado…”); enfim, as Escrituras, em particular Moisés, dão testemunho de Jesus. Mesmo diante de tantos testemunhos, seus adversários não se rendem. Têm os olhos vendados e os ouvidos tapados para a verdade. Fechados em seu mundo, contentam-se com os elogios recíprocos e dão testemunho em seu próprio benefício. Não aceitam Jesus, de quem vão se distanciando cada vez mais.

terça-feira, 12 de março de 2024

João 5, 17-30 A vida está acima da lei

17 Jesus então lhes disse: “Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho.” 18 Por isso, as autoridades dos judeus tinham mais vontade ainda de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava até a dizer que Deus era o seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus. Jesus dá vida a quem está morto -* 19 Então Jesus disse às autoridades dos judeus: “Eu garanto a vocês: o Filho não pode fazer nada por sua própria conta; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho também faz. 20 O Pai ama o Filho, e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras ainda maiores, que deixarão vocês admirados. 21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer dar. 22 O Pai não julga ninguém. Ele deu ao Filho todo o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho, da mesma forma que honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. 24 Eu garanto a vocês: quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, porque já passou da morte para a vida. 25 Eu garanto a vocês: está chegando, ou melhor, já chegou a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: aqueles que ouvirem sua voz, terão a vida. 26 Porque assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo ele concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, ele deu ao Filho o poder de julgar, porque é Filho do Homem. 28 Não fiquem admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho, 29 e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem, vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal, vão ressuscitar para a condenação. 30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.” Comentário: * 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho. Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades. * 19-30: Em tudo o que faz, Deus procura dar a vida, e sua maior obra é a ressurreição. Ressuscitar não é apenas voltar à vida física, mas levantar-se para começar vida nova e transformada. A fé em Jesus, que é compromisso com sua palavra e ação, leva o povo a começar a vida nova da ressurreição, organizando-se como família dos filhos de Deus e irmãos de Jesus. Assim, a morte já está sendo vencida, e o será definitivamente na ressurreição final. Os judeus queriam matar Jesus, “não somente porque violava o sábado, mas também porque dizia que Deus era seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus”. Com efeito, o Pai e o Filho são iguais: na ação (“O Filho […] faz apenas o que vê o Pai fazendo”); no ter vida (“Assim como o Pai tem a vida em si próprio […] concedeu ao Filho ter a vida em si próprio”); no dar a vida (“Assim como o Pai […] dá a vida, o Filho também dá a vida”); em ser honrados (“Para que todos honrem o Filho da mesma forma que honram o Pai”). As obras do Pai são: a criação, a libertação e a conservação do povo ao longo da história. Quais são as obras do Filho? Muitos sinais, milagres e “obras maiores do que estas”. Entre elas, a grande obra de ressuscitar os mortos e de julgar a todos no fim dos tempos.

segunda-feira, 11 de março de 2024

João 5, 1-16 A vida está acima da lei.

-* 1 Depois disso, houve uma festa judaica, e Jesus foi a Jerusalém. 2 Em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, existe uma piscina rodeada por cinco corredores cobertos. Em hebraico a piscina chamava-se Betesda. 3 Muitos doentes ficavam aí deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse (4 porque um anjo descia de vez em quando e movimentava a água da piscina. O primeiro doente que entrasse na piscina, depois que a água fosse movida, ficava curado de qualquer doença que tivesse). 5 Aí ficava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. 6 Jesus viu o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então lhe perguntou: “Você quer ficar curado?” 7 O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água está se movendo. Quando vou chegando, outro já entrou na minha frente.” 8 Jesus disse: “Levante-se, pegue sua cama e ande”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar. Era um dia de sábado. 10 Por isso, as autoridades dos judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “Hoje é dia de sábado. A lei não permite que você carregue a cama.” 11 Ele respondeu: “Aquele homem que me curou disse: ‘Pegue sua cama e ande’.” 12 Então os dirigentes dos judeus lhe perguntaram: “Quem foi que disse a você para pegar a cama e andar?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha desaparecido no meio das pessoas que estavam reunidas nesse lugar. 14 Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e lhe disse: “Você ficou curado. Não peque de novo, para que não lhe aconteça alguma coisa pior.” 15 Então o homem saiu e disse às autoridades dos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Então as autoridades dos judeus começaram a perseguir Jesus, porque ele havia curado em dia de sábado. 17 Jesus então lhes disse: “Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho.” 18 Por isso, as autoridades dos judeus tinham mais vontade ainda de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava até a dizer que Deus era o seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus. Comentário: * 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho. Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades. Jesus, fonte de água viva, cura um homem que sempre esteve doente. “Você quer ficar bom?” – a pergunta de Jesus parece despertar alguém que vive conformado com sua situação: Você quer mesmo recuperar a saúde? Só é possível ajudar a quem permite ser ajudado. A ordem de Jesus revela compaixão e eficácia (v. 8). O homem saiu andando. Até aqui, sem problemas. A encrenca começa porque a cura se dá em dia de sábado. Ora, o descanso sabático é, para os judeus, um dos preceitos mais sagrados. Querem barrar o homem que caminha livremente carregando sua maca. Não conseguem acolher a bondade do Senhor, que devolve a saúde, a vida nova e a felicidade a uma pessoa que viveu todo o tempo prisioneira da doença. Permanecem cegos e, nessa condição, começam a “perseguir Jesus”.

domingo, 10 de março de 2024

João 4, 43-54 Muitos acreditam só quando veem milagres .

* 43 Dois dias depois, Jesus foi para a Galileia. 44 Mas o próprio Jesus tinha declarado: “Um profeta nunca é bem recebido em sua própria terra.” 45 Entretanto, quando ele chegou à Galileia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém durante a festa. Pois eles também tinham ido à festa. A fé na palavra de Jesus produz vida - 46 Jesus voltou para Caná da Galileia, onde havia transformado a água em vinho. Ora, em Cafarnaum havia um funcionário do rei que tinha um filho doente. 47 Ele ouviu dizer que Jesus tinha ido da Judéia para a Galileia. Saiu ao encontro de Jesus e lhe pediu que fosse a Cafarnaum curar seu filho que estava morrendo. 48 Jesus disse-lhe: “Se vocês não veem sinais e prodígios, vocês não acreditam.” 49 O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” 50 Jesus disse-lhe: “Pode ir, seu filho está vivo.” O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora. 51 Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro e disseram: “Seu filho está vivo.” 52 O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu ontem pela uma hora da tarde.” 53 O pai percebeu que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Seu filho está vivo.” Então ele acreditou, juntamente com toda a sua família. 54 Esse foi o segundo sinal de Jesus. Foi realizado quando ele voltou da Judéia para a Galileia. Comentário: * 43-54: O círculo da missão evangelizadora de Jesus se expande, distanciando-se cada vez mais das instituições consideradas salvadoras. Os judeus recusam Jesus, os samaritanos o acolhem. E agora um pagão acredita na palavra dele e se converte com toda a família. Fica assim rompida toda relação de dependência entre salvação e lei, entre fé e instituição. A salvação é dom de Deus para todos aqueles que se abrem e respondem a esse dom. Um funcionário do rei Herodes Antipas já ouvira falar a respeito de Jesus e vai ao seu encontro para pedir-lhe a cura do filho. Jesus questiona a qualidade da fé do funcionário: “Se vocês não veem sinais e prodígios, não acreditam de modo nenhum”. O funcionário, aflito, de forma imperativa, impõe urgência: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!”. Jesus se adapta aos modos do pai angustiado e o despede, garantindo-lhe a cura do filho. O homem acredita na palavra de Jesus. Na mesma hora, o doente sente-se em plena saúde. O prólogo do Evangelho de João nos recorda que “a Palavra era Deus […] O que estava nela era vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,1.4). A fé que, a princípio, era apenas do funcionário estendeu-se a toda a sua família.

sábado, 9 de março de 2024

João 3, 14-21 A vida nova vem de Jesus.

14 Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. 15 Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna.” Jesus provoca decisão -* 16 “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele. 18 Quem acredita nele, não está condenado; quem não acredita, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus. 19 O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20 Quem pratica o mal, tem ódio da luz, e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam desmascaradas. 21 Mas, quem age conforme à verdade, se aproxima da luz, para que suas ações sejam vistas, porque são feitas como Deus quer.” Comentário: * 9-15: A grande novidade que Deus tem para os homens está em Jesus, que vai revelar na cruz a vida nova. Aí ele demonstra o maior ato de amor: a doação de sua própria vida em favor dos homens. * 16-21: Deus não quer que os homens se percam, nem sente prazer em condená-los. Ele manifesta todo o seu amor através de Jesus, para salvar e dar a vida a todos. Mas a presença de Jesus é incômoda, pois coloca o mundo dos homens em julgamento, provocando divisão e conflito, e exigindo decisão. De um lado, os que acreditam em Jesus e vivem o amor, continuando a palavra e a ação dele em favor da vida. De outro lado, os que não acreditam nele e não vivem o amor, mas permanecem fechados em seus próprios interesses e egoísmo, que geram opressão e exploração; por isso estes sempre escondem suas verdadeiras intenções: não se aproximam da luz. Olhar para a serpente de bronze, erguida num poste, livrava da morte repentina os que eram mordidos pelas serpentes venenosas (cf. Nm 21,8-9). É imagem de Jesus exaltado na cruz para dar a vida eterna. Jesus põe em destaque a essência da salvação: Deus amou de tal modo as pessoas deste mundo que lhes entregou seu dom mais precioso, o próprio “Filho único”, para que elas tenham a vida plena. Jesus não veio condenar, mas salvar. Ele é a luz que ilumina a todos e lhes dá condições de se tornarem filhos de Deus. Não acreditar no dom amoroso do Pai é recusar a salvação. Ao vir ao mundo, Jesus provoca o julgamento, isto é, a separação entre os que creem e os que não creem. Diante das palavras e da prática de Jesus, ninguém pode permanecer neutro: cada um deve tomar posição, a favor de Jesus ou contra ele.