terça-feira, 17 de outubro de 2023

Lucas 10, 1-9 Os anunciadores do Reino.

-* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’ Comentário: * 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. Uma tradição do II século nos apresenta Lucas, um sírio proveniente de Antioquia, como o autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Alguns textos bíblicos do Novo Testamento citam seu nome: carta a Filêmon (v. 24), segunda carta a Timóteo (4,11); carta aos Colossenses (4,14), cujo autor o saúda como “Lucas, o médico amado”. Pelos estudos comparativos com a linguagem e o estilo dos outros médicos gregos da época, pode-se afirmar que, nas duas obras de Lucas, transparece claramente certa familiaridade com o linguajar médico. Lucas era homem culto e conhecia muito bem a língua grega. São Jerônimo manifesta admiração pelo escritor, “o mais dotado em língua grega entre os evangelistas”. Seus dotes foram colocados a serviço da redação e da difusão do Evangelho.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Lucas 11, 37-41 Jesus desmascara os hipócritas.

-* 37 Enquanto Jesus falava, um fariseu o convidou para jantar em casa. Jesus entrou, e se pôs à mesa. 38 O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tinha lavado as mãos antes da refeição. 39 O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e maldade. 40 Gente sem juízo! Aquele que fez o exterior, não fez também o interior? 41 Antes, deem em esmola o que vocês possuem, e tudo ficará puro para vocês. Comentário: * 37-54: No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação. Visto que Jesus veio para todos, não recusa o convite do fariseu para tomar refeição. É que, muitas vezes, os fariseus se aliam aos doutores da Lei para desclassificar Jesus. Também neste caso, certamente há segundas intenções. Com efeito, o fariseu estranha o fato de Jesus não respeitar certas prescrições da pureza ritual (lavar-se antes de comer). Jesus, por sua vez, colhe a ocasião para mostrar ao seu anfitrião a necessidade de buscar o essencial: a prática da justiça e do amor, que é o centro da nova sociedade inaugurada por Jesus. Daí a sugestão de dar esmola, um gesto concreto que implica envolvimento pessoal e solidariedade. Não se dá esmola só com palavras. O fariseu e nós somos convidados a seguir Jesus mediante o exercício concreto do amor e da misericórdia.

domingo, 15 de outubro de 2023

Lucas 11, 29-32 O grande sinal.

-* 29 Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” Comentário: * 29-32: Não é um sinal maravilhoso que leva os homens à conversão, e sim a adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus. Jesus sente que suas palavras e obras não encontram acolhimento no coração de seus conterrâneos, sobretudo dos dirigentes do povo. De vez em quando, ele é desafiado a exibir algum prodígio espetacular, capaz de convencê-los de que ele é verdadeiramente o Filho de Deus. No entanto, basta-lhes o eloquente sinal de Jonas. Jesus classifica esta geração como malvada, isto é, aferrada a uma instituição que não abre mão de privilégios, que não aceita a proposta de uma sociedade assentada na prática da justiça e da fraternidade. É uma geração tão avessa à presença e mensagem de Jesus, que no dia do Julgamento será condenada. Não por Jesus, mas pelos que se converteram com a pregação de Salomão e de Jonas. Aqui está alguém (Jesus) que é maior do que Salomão e Jonas.

sábado, 14 de outubro de 2023

Mateus 22, 1-14 O novo povo de Deus.

-* 1 Jesus voltou a falar em parábolas aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo. 2 Ele dizia: “O Reino do Céu é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3 E mandou seus empregados chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram ir. 4 O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Falem aos convidados que eu já preparei o banquete, os bois e animais gordos já foram abatidos, e tudo está pronto. Que venham para a festa’. 5 Mas os convidados não deram a menor atenção; um foi para o seu campo, outro foi fazer os seus negócios, 6 e outros agarraram os empregados, bateram neles, e os mataram. 7 Indignado, o rei mandou suas tropas, que mataram aqueles assassinos, e puseram fogo na cidade deles. 8 Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não a mereceram. 9 Portanto, vão até as encruzilhadas dos caminhos, e convidem para a festa todos os que vocês encontrarem’. 10 Então os empregados saíram pelos caminhos, e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. 11 Quando o rei entrou para ver os convidados, observou aí alguém que não estava usando o traje de festa. 12 E lhe perguntou: ‘Amigo, como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu. 13 Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrem os pés e as mãos desse homem, e o joguem fora na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes’. 14 Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos.” Comentário: * 1-14: É em Jesus que Deus convoca os homens para uma nova aliança, simbolizada pela festa de casamento. Os que rejeitam o convite são aqueles que se apegam ao sistema religioso que defende seus interesses e, por isso, não aceitam o chamado de Jesus. Estes serão julgados e destruídos juntamente com o sistema que defendem. O convite é dirigido então aos que não estão comprometidos com tal sistema, mas, ao contrário, são até marginalizados por ele. Começa na história novo povo de Deus, formado de pobres e oprimidos. Os vv. 11-14, porém, mostram que até mesmo estes últimos serão excluídos, se não realizarem a prática da nova justiça (traje de festa). A festa de casamento ou banquete, na Bíblia, é símbolo da aliança de Deus com o povo. O rei representa Deus. O filho que se casa é Jesus. Os servos rejeitados pelos chefes religiosos são os profetas. Os primeiros convidados dizem sim, mas não comparecem. Deus não desiste e faz novo convite. Mas os convidados, envolvidos em seus interesses pessoais (campo, negócios), não dão atenção. Outros partem para a violência e matam os profetas. A reação do rei é uma alusão à tomada de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 d.C. Sabemos, porém, que não é Deus quem destrói. A pessoa é que provoca a destruição, quando rejeita a vida que Deus oferece. Enfim, o convite é dirigido a todos, “bons e maus”. Mas não basta somente aceitar o convite. No Reino de Deus, é necessário assumir a prática da justiça (roupa de festa).

Filipenses 4, 12-14.19-20 Gratidão pela oferta da comunidade.

12 Aprendi a viver na necessidade e aprendi a viver na abundância; estou acostumado a toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome, ter abundância e passar necessidade. 13 Tudo posso naquele que me fortalece. 19 O meu Deus, por sua vez, atenderá com grandeza a todas as necessidades de vocês, conforme a riqueza dele em Jesus Cristo. 20 Ao nosso Deus e Pai seja dada a glória para sempre. Amém. Comentário: * 10-20: Paulo agradece o auxílio que os filipenses lhe enviaram mediante Epafrodito. Ele se alegra, não tanto pelo auxílio material recebido, mas pelo afeto e crescimento espiritual que a comunidade demonstra mediante a oferta.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Lucas 11, 27-28 A verdadeira felicidade.

-* 27 Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e lhe disse: “Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram.” 28 Jesus respondeu: “Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática.” Comentário: * 27-28: Acolher a palavra de Jesus é dom maior do que o simples fato de ser mãe dele. Uma voz feminina, anônima, dirige-se a Jesus, glorificando-lhe a mãe. Esta mulher, do meio da multidão, representa o povo que continua acreditando nos privilégios de um povo só. Jesus, porém, não vai nessa direção. Ele vem para proclamar e estabelecer uma sociedade alternativa aberta a todos os povos. O critério de pertença ao Reino de Deus não é a nacionalidade, mas a escuta e a prática da Palavra de Deus. Quem ouve a Palavra de Deus, e a transforma em atos concretos, passa a fazer parte da família de Jesus. Vai empenhar-se para a realização, neste mundo, da justiça, da fraternidade e da paz. Quem assim o fizer será verdadeiramente “feliz”. Esta mulher do povo empresta sua voz à humanidade que louva Maria por ter escutado e cumprido a Palavra de Deus.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Lucas 11, 15-26 Jesus é mais forte do que Satanás.

15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: “Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.” Pior do que antes -* 24 “Quando um espírito mau sai de um homem, fica vagando em lugares desertos à procura de repouso, e não encontra. Então diz: ‘Vou voltar para a casa de onde saí’. 25 Quando ele chega, encontra a casa varrida e arrumada. 26 Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. Eles entram, moram aí e, no fim, esse homem fica em condição pior do que antes.” Comentário: * 14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário. * 24-26: Cf. nota em Mt 12, 43-45: Recusando Jesus e o Reino de justiça que ele traz, os homens ficam entregues a uma alienação maior do que aquela em que se encontravam antes da sua vinda. Jesus é acusado de expulsar demônios, mediante o poder do chefe dos demônios. Um disparate sem cabimento. Como poderiam as forças do mal lutar contra si mesmas? Jesus deixa claro que ele combate o mal mediante o poder de Deus, sinal de que o Reino de Deus já chegou. É uma resposta àquele que pedia um sinal do céu. Com a chegada do “mais forte” (Jesus), as forças malignas se afastam. E diante de Jesus, é necessário tomar posição: a favor dele, ou contra. Quem se põe contra Jesus, torna-se seu inimigo, apoiando uma ideologia contrária ao plano de Deus. Se a pessoa libertada não dá sua adesão a Jesus e prefere manter-se neutra ou contra, sua situação será pior que antes. É uma predição do triste fim de quem não dá plena adesão a Jesus.