segunda-feira, 17 de outubro de 2022
Lucas 10, 1-9 Os anunciadores do Reino.
-* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’
Comentário:
* 10,1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história.
Uma tradição do II século nos apresenta Lucas, um sírio proveniente de Antioquia, como o autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Alguns textos bíblicos do Novo Testamento citam seu nome: carta a Filêmon (v. 24), segunda carta a Timóteo (4,11); carta aos Colossenses (4,14), cujo autor o saúda como “Lucas, o médico amado”. Pelos estudos comparativos com a linguagem e o estilo dos outros médicos gregos da época, pode-se afirmar que, nas duas obras de Lucas, transparece claramente certa familiaridade com o linguajar médico. Lucas era homem culto e conhecia muito bem a língua grega. São Jerônimo manifesta admiração pelo escritor, “o mais dotado em língua grega entre os evangelistas”. Seus dotes foram colocados a serviço da redação e da difusão do Evangelho.
domingo, 16 de outubro de 2022
Lucas 12, 13-21 A vida é dom de Deus.
* 13 Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo.” 14 Jesus respondeu: “Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?” 15 Depois Jesus falou a todos: “Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens.” 16 E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17 E o homem pensou: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18 Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19 Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!’ 20 Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?’ 21 Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus.”
Comentário:
* 13-21: No caminho da vida, o homem depara com o problema das riquezas. Jesus mostra que é idiotice acumular bens para assegurar a própria vida. Só Deus pode dar ao homem a riqueza que é a própria vida.
No tempo de Jesus, havia o costume de os mestres (rabinos) intervirem em questões familiares para resolução de algum conflito. O anônimo da multidão põe em cena um tema complexo, a herança. Geralmente esse problema divide famílias e causa muita dor. Jesus aproveita o ensejo para uma catequese sobre o verdadeiro sentido da vida. Denuncia o perigo da ganância e o risco da concentração de bens. Os bens em si não são problema. Deixar-se dominar por eles, sim, é problema. Quem põe o sentido da vida nas coisas leva uma vida medíocre. O sentido da vida consiste no cultivo de valores que transcende as coisas e os fatos deste mundo.
sábado, 15 de outubro de 2022
Lucas 18, 1-8 Perseverança na oração.
-* 1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. Ele dizia: 2 “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3 Na mesma cidade havia uma viúva, que ia à procura do juiz, pedindo: ‘Faça-me justiça contra o meu adversário!’ 4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum; 5 mas essa viúva já está me aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não fique me incomodando’.” 6 E o Senhor acrescentou: "Escutem o que está dizendo esse juiz injusto. 7 E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8 Eu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa. Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?”
Comentário:
* 1-8: Insistência e perseverança só existem naqueles que estão insatisfeitos com a situação presente e, por isso, não desanimam; do contrário, jamais conseguiriam alguma coisa. Deus atende àqueles que, através da oração, testemunham o desejo e a esperança de que se faça justiça.
Enquanto se dirige para Jerusalém, Jesus continua seus ensinamentos por meio de parábolas. Ele conta uma parábola aos discípulos para mostrar-lhes a necessidade da oração e do fortalecimento da fé. Duas realidades que andam juntas: oração e fé. O texto inicia com a oração e conclui com a fé. O evangelista apresenta o caso de uma pobre viúva, sem apoio de ninguém. Viúva no tempo de Jesus é símbolo de pessoa pobre, juntamente com órfãos e estrangeiros. Essa viúva busca um juiz para que lhe faça justiça. Depois de muita insistência, o juiz atende o apelo da mulher. Como sempre, é muito difícil os pobres serem ouvidos e atendidos. Por outro lado, Deus fará justiça aos pobres, seus escolhidos. Nesse sentido, vale a pena perguntar qual nossa atitude diante das injustiças que levam milhares ao empobrecimento. O exemplo dessa pobre viúva deve nos incentivar a depositar nossa confiança em Deus, justo juiz, e a nunca esmorecer diante das necessidades dos pobres. A exemplo da viúva, o empenho pela justiça nunca deveria esmorecer na sociedade. A fé pode enfraquecer quando deixamos de orar e não nos solidarizar com os necessitados. A oração e o engajamento no compromisso com o Reino de Deus certamente fortalecerão nossa fé, pois, sem as obras, ela é morta.
2 Timóteo 3, 14-4,2 A Sagrada Escritura é o alimento da fé.
14 Quanto a você, permaneça firme naquilo que aprendeu e aceitou como certo; você sabe de quem o aprendeu. 15 Desde a infância você conhece as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de lhe comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo. 16 Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra.
Proclame a Palavra -* 1 Rogo a você diante de Deus e de Jesus Cristo, que há de vir para julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e por seu Reino: 2 proclame a Palavra, insista no tempo oportuno e inoportuno, advertindo, reprovando e aconselhando com toda paciência e doutrina.
Comentário:
* 1-17: Jesus anunciara perspectivas sombrias para os últimos tempos: os falsos messias se multiplicam, desviando as pessoas com doutrinas perversas (cf. Mt 24,4-5.24). Paulo relembra esse aumento do mal que antecede o fim da história (cf. 2Ts 2,3-12). Segundo a lenda judaica, Janes e Jambres foram os chefes dos magos que se opuseram a Moisés na presença do Faraó (cf. Ex 7,8ss). Quem anuncia o Evangelho deve contar com a perseguição (cf. Mt 10,22; At 13,1-14,28), permanecendo fiel à palavra de Deus contida na Sagrada Escritura: nela se encontra o alimento da fé e a força para o testemunho.
* 1-5: A missão dos apóstolos e pastores é, em primeiro lugar, anunciar o Evangelho, a fim de que os homens deixem a idolatria e sirvam ao único Deus vivo.
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
Lucas 12, 8-12 Testemunhar sem medo.
* 4 “Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer. 5 Vou mostrar a quem vocês devem temer: tenham medo daquele que, depois de ter matado, tem poder de jogá-los no inferno. Eu lhes digo: é a este que vocês devem temer. 6 Não se vendem cinco pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 8 Eu digo a vocês: todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9 Mas, aquele que me renegar diante dos homens, será renegado diante dos anjos de Deus. 10 Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado. Mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, não será perdoado. 11 Quando introduzirem vocês diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiquem preocupados como ou com que vocês se defenderão, ou o que dirão. 12 Pois, nessa hora o Espírito Santo ensinará o que vocês devem dizer.”
Comentário:
* 4-12: Cf. nota em Mt 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus.
Declarar-se por Jesus é vencer o medo. O testemunho público do discípulo acarreta risco. Mas é uma escolha que vale a pena, porque a existência é preenchida de sentido. Mesmo diante das perseguições, o discípulo jamais ficará desamparado. O Espírito Santo iluminará seu caminho. Por isso, ele jamais duvidará dessa força misericordiosa, amorosa e encorajadora. Blasfemar contra o Espírito Santo é negar a bondade da ação libertadora de Jesus. É atribuir aos poderes do mal o que na verdade é obra divina. É não aceitar Jesus como o Enviado de Deus. Blasfemar contra o Espírito Santo é querer eliminar o motor do Reino de Deus e da vida da Igreja. Diante dos tribunais, os cristãos perseguidos terão a assistência do Espírito Santo, que “vai lhes ensinar o que eles deverão dizer”.
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
Lucas 12, 1-7 Autenticidade do discípulo.
* 1 Enquanto isso, milhares de pessoas se reuniram, de modo que uns pisavam nos outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2 Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3 Pelo contrário, tudo o que vocês tiverem feito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que vocês tiverem pronunciado em segredo, nos quartos, será proclamado sobre os telhados.”
Testemunhar sem medo -* 4 “Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer. 5 Vou mostrar a quem vocês devem temer: tenham medo daquele que, depois de ter matado, tem poder de jogá-los no inferno. Eu lhes digo: é a este que vocês devem temer. 6 Não se vendem cinco pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais.
Comentário:
* 1-3: Em contraste com a conduta hipócrita dos fariseus, o Evangelho pede aos discípulos que sejam autênticos, isto é, que a vida e ação deles testemunhem o compromisso deles com Jesus.
* 4-12: Cf. nota em Mt 10,26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus.
O primeiro aspecto para o aprofundamento deste texto é atração de Jesus. Ele atraía as pessoas. Essa atratividade tem que ver com sua forma terna de se aproximar das pessoas, sobretudo das mais necessitadas. A comunicação de Jesus tocava o coração de seus interlocutores. O segundo aspecto é o fato dele se dirigir diretamente aos discípulos. O ensinamento é para o seio da comunidade. O ponto de partida para um discipulado verdadeiro é evitar a hipocrisia. Depois, é necessário vencer o medo. Haja o que houver, o discípulo deve ser autêntico e corajoso. Os verdadeiros discípulos, os “amigos” de Jesus são os que, no tempo da perseguição, vão manter o uso adequado da palavra. Sem medo dos adversários. O Pai não abandonará os discípulos do seu Filho Jesus. Ele cuida dos pormenores: “Até mesmo os cabelos da sua cabeça estão todos contados”.
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
João 2, 1-11 Vida nova para os homens.
-* 1 No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava aí. 2 Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos.
3 Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho!” 4 Jesus respondeu: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou.” 5 A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo: “Façam o que ele mandar.”
6 Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que serviam para os ritos de purificação dos judeus. 7 Jesus disse aos que serviam: “Encham de água esses potes.” Eles encheram os potes até a boca. 8 Depois Jesus disse: “Agora tirem e levem ao mestre-sala.” Então levaram ao mestre-sala.
9 Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água. Então o mestre-sala chamou o noivo 10 e disse: “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora.”
11 Foi assim, em Caná da Galiléia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele.
Comentário:
*1-12: Segundo João, a primeira semana de Jesus termina com a festa de casamento em Caná. João relata este episódio por causa do seu aspecto simbólico: o casamento é o símbolo da união de Deus com a humanidade, realizada de maneira definitiva na pessoa de Jesus, Deus-e-Homem. Sem Jesus, a humanidade vive uma festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação constrangedora, simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus, e as últimas palavras que ela diz neste evangelho são um convite: “Façam o que Jesus mandar.” Jesus diz que a sua hora ainda não chegou, pois só acontecerá na sua morte e ressurreição, quando ele nos reconcilia com Deus.
Jesus utilizou a água que os judeus usavam para as purificações. Os judeus estavam cegos pela preocupação de não se mancharem, e sua religião multiplicava os ritos de purificação. Mas Jesus transformou a água em vinho! É que a religião verdadeira não se baseia no medo do pecado. O importante é receber de Jesus o Espírito. Este, como vinho generoso, faz a gente romper com as normas que aprisionam e com a mesquinhez da nossa própria sabedoria.
O episódio de Caná é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de toda a atividade de Jesus: com sua palavra e ação, Jesus transforma as relações dos homens com Deus e dos homens entre si.
As bodas de Caná representam o primeiro dos sete sinais narrados no Evangelho de João. O autor não fala em milagres, mas em sinais, pois não quer exaltar o fato em si, mas o que está por trás dele: revelar a glória de Jesus para que os discípulos acreditem nele. Ele e seus discípulos foram convidados para um casamento, a Mãe de Jesus também estava presente. Ao longo da festa, ela percebe que o vinho está acabando e intercede ao Filho em favor dos noivos e dos convidados. Festa sem vinho é festa incompleta, sem alegria. Enquanto ela e o Filho estiverem presentes, o vinho não faltará. A Mãe é assim mesmo, sempre atenta para que nada falte, ela tem importante papel na família, na comunidade, em todos os lugares. Ela é perspicaz e sensível diante das necessidades. Além disso, ela desempenha a função de Mestra: pede para fazer o que o Mestre disser. Se seguíssemos os ensinamentos de Jesus, nossas vidas e nossas comunidades seriam muito diferentes. Nós, católicos brasileiros, temos uma devoção e um carinho todo especial para com Maria, Mãe de Jesus e nossa. No Brasil é invocada como Nossa Senhora Aparecida. Ela olha com muito amor o povo brasileiro e intercede a Jesus para que nunca falte o vinho do amor, da alegria e da dignidade para seus filhos e filhas.
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