domingo, 21 de novembro de 2021
Lucas 21, 1-4 A verdadeira atitude religiosa.
1Jesus ergueu os olhos e viu pessoas ricas depositando ofertas no tesouro do templo. 2Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas. 3Diante disso, ele disse: “Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. 4Pois todos eles depositaram, como oferta feita a Deus, aquilo que lhes sobrava. Mas a viúva, na sua pobreza, ofertou tudo quanto tinha para viver”.
Comentário:
* 1-4: Enquanto os doutores da Lei exploram as viúvas e roubam suas casas, uma viúva pobre deposita no Tesouro do Templo tudo o que possui para viver. Ao elogiá-la, Jesus mostra que numa sociedade que acredita em Deus, vigoram não relações econômicas baseadas no supérfluo, mas relações de doação total, que não se prendem a seguranças pessoais.
Os ricos depositam moedas no tesouro do templo, e uma viúva pobre ali coloca duas pequenas moedas. Os gestos são semelhantes, mas um abismo de diferença separa os ricos e a viúva pobre. Ela entrega tudo o que tem para viver, doa a própria vida. Os ricos, ao invés, ofertam suas sobras, sem que isso interfira na sua porção de alimento, nem nas vestes, nem na saúde. E ainda cabe uma dúvida: teriam eles dado generosamente aquela quantia? Não passou pela cabeça de nenhum deles uma onda de vaidade, o desejo de aparecer? Conforta-nos saber que Deus conhece o íntimo de todos os seus filhos e filhas, e nada lhe passa despercebido. Só o Senhor tem condição de avaliar a sinceridade dos nossos atos. Estará em boas mãos tudo o que for feito gratuitamente para Deus.
Oração
Senhor Jesus Cristo, entre os ricos que depositavam, no tesouro do templo, “parte do que tinham de sobra”, observaste uma viúva que ofertou “tudo o que tinha para viver”. Concede-nos, Senhor, desapego dos bens terrenos e generosidade para partilhá-los com os necessitados. Amém.
sábado, 20 de novembro de 2021
João 18, 33-37 A realeza de Jesus.
33Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” 34Jesus respondeu: “Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim?” 35Pilatos falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?” 36Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. 37Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?” Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.
Comentário:
* 33-38a: Jesus confirma que é rei. Sua realeza, porém, não é semelhante à dos poderosos deste mundo. Estes exploram e oprimem o povo, enganando-o com um sistema de idéias, para esconder sua ação. É o mundo da mentira. Jesus, ao contrário, é o Rei que dá a vida, trazendo aos homens o conhecimento do verdadeiro Deus e do verdadeiro homem. Seu reino é o reino da verdade, onde a exploração dá lugar à partilha, e a opressão dá lugar à fraternidade.
Em sua resposta a Pilatos, Jesus não diz que é “rei dos judeus”, afirma simplesmente que é rei, porque seu reinado ultrapassa nações e reinos terrenos. Jesus é rei-servidor de toda a humanidade: “O meu reino não é deste mundo”. Para pertencer ao Reino de Jesus, é necessário ser da verdade e ouvir sua voz. Verdade aqui significa o plano salvador de Deus, que se manifesta em favor dos seres humanos. A grande verdade que Jesus proclama é que “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho único…” (Jo 3,16). E o que Jesus exige de seus seguidores é a prática do amor fraterno: “Eu dou a vocês um mandamento novo: Amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, que vocês se amem uns aos outros” (Jo 13,34). Desse modo, o Reino de Jesus suplanta o egoísmo, a injustiça e a violência. Seu Reino é regido pela lei do amor.
Oração
Ó Jesus, Rei do Universo, teu Reino é alicerçado na prática da justiça, no constante exercício da fraternidade e na busca incessante da paz. És um Rei que não exploras nem oprimes. Ao contrário, és um Rei que sacrificas tua vida para que todos tenham vida, e a tenham em abundância. Amém.
Apocalipse 1, 5-8 Jesus é o centro da fé cristã.
5Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra. A Jesus, que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados 6e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém. 7Olhai! Ele vem com as nuvens, e todos os olhos o verão, também aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim. Amém! 8“Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, “aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso”.
Comentário:
* 4-8: O número sete é simbólico e indica totalidade, plenitude. João se dirige a toda a Igreja, representada pelas comunidades da Ásia.
Deus Pai é o Senhor da história: assim como agiu no passado, age no presente e agirá no futuro. Sete Espíritos, isto é, a plenitude do Espírito de Deus.
Jesus é o centro do projeto e ação de Deus. A glória e o poder lhe pertencem, porque: - ele é a Testemunha fiel, que revelou e realizou o projeto do Pai até o fim, dando a vida por amor aos homens; - ele é o Primeiro a ressuscitar dos mortos, vencendo assim a morte e o pecado, e tornou-se início de uma nova humanidade; - ele é o Chefe dos reis da terra, pois está acima de todos os poderosos e reúne os homens, para fazer deles um Reino, onde todos são sacerdotes da aliança com Deus Pai. O v. 7 mostra que Jesus vem para julgar e implantar o Reino.
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
Lucas 20, 27-40 Deus comprometido com a vida .
27aproximaram-se de Jesus alguns saduceus, que negam a ressurreição, 28e lhe perguntaram: “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a viúva a fim de garantir a descendência para o seu irmão’. 29Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu sem deixar filhos. 30Também o segundo 31e o terceiro se casaram com a viúva. E assim os sete: todos morreram sem deixar filhos. 32Por fim, morreu também a mulher. 33Na ressurreição, ela será esposa de quem? Todos os sete estiveram casados com ela”. 34Jesus respondeu aos saduceus: “Nesta vida, os homens e as mulheres casam-se, 35mas os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, nem eles se casam nem elas se dão em casamento; 36e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram. 37Que os mortos ressuscitam, Moisés também o indicou na passagem da sarça, quando chama o Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. 38Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele”. 39Alguns doutores da Lei disseram a Jesus: “Mestre, tu falaste muito bem”. 40E ninguém mais tinha coragem de perguntar coisa alguma a Jesus.
Comentário:
* 27-40: Cf. nota em Mc 12,18-27: Jesus desmoraliza os saduceus, apresentando o cerne das Escrituras: Deus é o Deus comprometido com a vida. Ele não criou ninguém para a morte, mas para a aliança consigo para sempre. A vida da ressurreição não pode ser imaginada como cópia do modo de vida deste mundo.
Os saduceus são os porta-vozes das grandes famílias ricas que desfrutam dos generosos donativos de peregrinos e da renda de sacrifícios oferecidos no templo. Não lhes interessa que se fale de uma retribuição na outra vida, pois já têm a garantia desta vida presente. Pretendem fazer Jesus cair na armadilha: de quem será esposa a mulher que teve sete casamentos e sete maridos? De nenhum, é a resposta de Jesus, corrigindo o raciocínio dos saduceus. Na vida futura, não haverá morte nem necessidade de criar família. As relações humanas se dão em nível diferente, próprio dos anjos. Quanto à ressurreição dos mortos, é certo que há, pois Deus é Deus de vivos, e não de mortos. A própria Escritura o comprova ao mencionar o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.
Oração
Ó Mestre Jesus, tu nos ensinas que a verdadeira ressurreição é passagem para um novo modo de vida, em que não há necessidade de procriação. Os ressuscitados são “como anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”. Renova, Senhor, nossa fé no Deus dos vivos, e não dos mortos. Amém.
quinta-feira, 18 de novembro de 2021
Lucas 19, 45-48 O centro da exploração e opressão.
45Jesus entrou no templo e começou a expulsar os vendedores. 46E disse: “Está escrito: ‘Minha casa será casa de oração’. No entanto, vós fizestes dela um antro de ladrões”. 47Jesus ensinava todos os dias no templo. Os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os notáveis do povo procuravam modo de matá-lo. 48Mas não sabiam o que fazer, porque o povo todo ficava fascinado quando ouvia Jesus falar.
Comentário:
* 45-48: Cf. nota em Mc 11, 15-19: Acusando e atacando o comércio existente dentro do Templo, Jesus retira as bases sobre as quais se apoiava toda uma sociedade. Com efeito, era com esse comércio que se sustentava grande parte da economia do país. O gesto de Jesus mexe não só com um modo de vida religiosa, mas com toda uma estrutura que usa a religião para estabelecer e assegurar privilégios de uma classe e sustentar uma visão mesquinha de salvação. Por isso, os que se favorecem desse sistema, pensam em matar Jesus, mas temem o povo.
Jesus toca no ponto mais sagrado da religião, o templo. Deus queria uma casa de reunião e oração, e eles construíram um templo que se converteu em “abrigo de ladrões”. Com seu ato de autoridade soberana ao purificar o templo, Jesus restabelece a verdadeira relação entre o ser humano e Deus. Essa atitude lhe acarretará a morte. Mesmo sabendo do risco que corria, Jesus “ensinava todos os dias no templo”. A brevidade de sua vida impõe que ele aproveite ao máximo as horas restantes a fim de levar a termo a obra que o Pai lhe confiou. Enquanto isso, seus adversários tramam qual será a melhor circunstância para matá-lo. Sobre esse ponto estão inseguros, afinal, estão tramando um homicídio histórico, e sabem que “o povo todo ficava atraído, ao ouvir Jesus falar”.
Oração
Ó Jesus Messias, teu ardente zelo pela “casa de oração” te leva a expulsar de seu interior os mercadores, que dela fizeram um “abrigo de ladrões”. Purificado, o templo se torna ponto de onde ensinas o povo, sedento de tua mensagem. Alimenta-nos, Senhor, com tuas palavras de vida eterna. Amém.
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
Lucas 19, 41-44 Jesus chora sobre Jerusalém.
41Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar. E disse: 42“Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está escondido aos teus olhos! 43Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti e te cercarão de todos os lados. 44Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra. Porque tu não reconheceste o tempo em que foste visitada”.
Comentário:
No século IV, Constantino fez edificar, em Roma, uma basílica dedicada ao glorioso mártir São Pedro e uma construção de menores dimensões dedicada a São Paulo. A basílica atual (São Paulo Fora dos Muros), erigida no mesmo lugar da anterior, data do ano 1854. As duas igrejas, cuja dedicação hoje celebramos, nos recordam que Pedro e Paulo são considerados as colunas da Igreja de Cristo. O prefácio da festa dos dois apóstolos apresenta os traços principais de cada um deles: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”.
Oração
Ó Jesus, Filho de Deus, os santos Pedro e Paulo, por suas obras e por seu martírio, mereceram a veneração dos cristãos, desde o começo da era cristã. Para perpetuar o nome deles, erigiram em Roma duas grandes basílicas. Dá-nos, Senhor, o ardor apostólico desses dois gigantes do cristianismo. Amém.
terça-feira, 16 de novembro de 2021
Lucas 19, 11-28 A espera ativa.
11Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo. 12Então Jesus disse: “Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei e depois voltar. 13Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata a cada um e disse: ‘Procurai negociar até que eu volte’. 14Seus concidadãos, porém, o odiavam e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: ‘Nós não queremos que esse homem reine sobre nós’. 15Mas o homem foi coroado rei e voltou. Mandou chamar os empregados aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quanto cada um havia lucrado. 16O primeiro chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’. 17O homem disse: ‘Muito bem, servo bom. Como foste fiel em coisas pequenas, recebe o governo de dez cidades’. 18O segundo chegou e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais’. 19O homem disse também a este: ‘Recebe tu também o governo de cinco cidades’. 20Chegou o outro empregado e disse: ‘Senhor, aqui estão as tuas cem moedas, que guardei num lenço, 21pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Recebes o que não deste e colhes o que não semeaste’. 22O homem disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua própria boca. Tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei e colho o que não semeei. 23Então, por que tu não depositaste meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros’. 24Depois disse aos que estavam aí presentes: ‘Tirai dele as cem moedas e dai-as àquele que tem mil’. 25Os presentes disseram: ‘Senhor, esse já tem mil moedas!’ 26Ele respondeu: ‘Eu vos digo, a todo aquele que já possui será dado mais ainda; mas àquele que nada tem será tirado até mesmo o que tem. 27E, quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e matai-os na minha frente'”. 28Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém.
Comentário:
* 11-28: Cf. nota em Mt 25,14-30. Lucas misturou a parábola original com os traços de outra parábola: o pretendente ao trono, que volta como rei e juiz, julgando seus inimigos.
O homem nobre (Jesus) viaja para um país distante (casa do Pai) para conseguir o título de rei (sua morte) e volta depois (ressurreição) para o julgamento. O povo mau não aceita o Messias: “Não queremos que esse homem reine sobre nós”. O final da parábola insinua o final trágico dos ingratos. Os empregados que fazem frutificar as cem moedas tomarão parte no governo do Reino. O empregado inútil e medroso, que nada produziu, não terá parte no Reino. Deus procura em nós os frutos, as boas obras, com base nas qualidades que ele mesmo nos concedeu. A sentença conclusiva é um programa para os membros da comunidade cristã: “A todo aquele que tem, lhe será dado…”. No Reino de Deus, quem “produz” tem dentro de si o tesouro, a pérola; quem não “produz”, está vazio por dentro.
Oração
Ó Mestre, o que esperas de nós é que apliquemos o tempo e nossas qualidades a serviço do Reino. Afasta de nós, Senhor, o medo de enfrentar os adversários interiores e exteriores. Preenche-nos de fortaleza e entusiasmo, para que cultivemos comunidades alicerçadas sobre o amor e a solidariedade. Amém.
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