terça-feira, 24 de agosto de 2021

Mateus 23, 27-32 Jesus condena a hipocrisia religiosa.

27“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Completai, pois, a medida de vossos pais!” Comentário: * 13-36: Jesus critica e condena os líderes religiosos que sustentam um sistema formalista e hipócrita: eles não consideram o Reino de Deus como dom, nem respeitam a liberdade dos filhos de Deus. Tal sistema impede de entrar no Reino, pois não leva à conversão, mas à perversão, e destrói o verdadeiro espírito das Escrituras, chegando a matar até mesmo os enviados de Deus. Jesus mostra que a religião formalista e jurídica não é meio de salvação, mas produz prática escravizadora; portanto, é frontalmente oposta àquela que deve ser vivida por qualquer comunidade cristã. Jesus revela a incoerência dos doutores da Lei e fariseus. Não são o que mostram exteriormente. Ao contrário, o exterior deles oculta o interior, e Jesus o ilustra com duas imagens: a primeira é a figura do sepulcro belo por fora e cheio de podridão por dentro; a segunda faz referência aos túmulos que as lideranças religiosas edificavam para os profetas. Prestaram-lhes homenagem como a pessoas beneméritas, no entanto, eles próprios os haviam eliminado. Na linguagem coloquial, Jesus teria dito aos doutores da Lei e fariseus: essa cara de anjo não me engana! Com efeito, estão se organizando para matar o maior dos profetas, o Messias, e na sequência os discípulos dele. Façam-no! Quem sabe batendo forte na canga de suas consciências, Jesus consiga fazê-los desistir de seus planos malignos. Oração Divino Mestre, Jesus Cristo, repreendes os doutores da Lei e os fariseus porque “por fora parecem justos para as pessoas, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. São “sepulcros caiados”. Ajuda-nos, Senhor, a ser justos, misericordiosos e transparentes em pensamentos e atitudes. Amém.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

João 1, 45-51 As testemunhas apontam o Salvador.

45Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. 46Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” 47Jesus viu Natanael, que vinha para ele, e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”. 50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade, eu vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Comentário: * 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: "No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem." Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. "O que vocês estão procurando?" São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. Identificado com Natanael, São Bartolomeu é mencionado nas quatro listas dos apóstolos (cf. Mt 10,1- 4; Mc 3,13-16; Lc 6,12-16; At 1,13). Conheceu Jesus pelo testemunho de seu amigo e conterrâneo Filipe, ambos de Betsaida: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: é Jesus, o filho de José. Ele vem de Nazaré” (v. 45). Foi a respeito dele que Jesus teceu sincero elogio: “Eis aí um israelita verdadeiro, em quem não existe falsidade” (v. 47). Ao notar o conhecimento profundo que Jesus tinha a seu respeito, Natanael fez sua declaração de fé no Messias: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (v. 49). A história nada registra de certo sobre sua vida. Segundo algumas tradições armênias, nessa região Bartolomeu teria sofrido o martírio, após longo trabalho de evangelização. Oração Ó Jesus, enviado do Pai celeste, escolheste o apóstolo Bartolomeu para auxiliar-te na implantação do Reino. Volta, Senhor, a passar pelos nossos lares, convidando pessoas de boa vontade, dispostas a doar a própria vida, com vista a transformar a sociedade e melhorar a convivência humana. Amém.

Mateus 13, 44-46 A decisão pelo Reino.

44“O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”. Comentário: * 44-46: Para entrar no Reino é necessária decisão total. Apegar-se a seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino, é preferir bijuterias a uma pedra preciosa. Isabel Flores é o nome da filha de imigrantes espanhóis que se estabeleceram em Lima, Peru. Nasceu em 1586. Por sua formosura, desde pequena era chamada “Rosa”. Todos adivinhavam que ela cresceria em beleza e graça. Com efeito, ainda criança sentiu o chamado de Deus para uma vida totalmente consagrada a ele. Ingressou na Ordem Terceira Dominicana. Dedicou-se intensamente ao cuidado dos “pobres índios”. Levou uma vida de muita penitência e profunda piedade eucarística e mariana. Manteve constante serenidade em meio às provações dolorosas que acompanharam sua trajetória. Favorecida com extraordinários dons místicos, morreu em Lima, aos 31 anos de idade. Canonizada em 1671, foi a primeira santa elevada às honras do altar no continente sul-americano e depois proclamada Padroeira da América Latina. Oração Senhor Jesus, teu Evangelho falou profundamente ao coração da bela Rosa de Lima. Ela, de fato, renunciou aos apelos do mundo, para viver, no silêncio e na oração, os valores do Reino de Deus. Sua vida de caridade e penitência nos motive a corrigir nossos defeitos e intensificar a prática do bem. Amém.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

João 6, 60-69 A fé em Jesus exige decisão.

60Muitos dos discípulos de Jesus que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não creem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo. 65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” 68Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o santo de Deus”. Comentário: * 60-71: As palavras de Jesus provocam resistência e desistência até entre os discípulos. Muitos conservam a idéia de um Messias Rei, e não querem seguir Jesus até à morte, entendida por eles como fracasso. E não assumem a fé por medo de se comprometerem. Os Doze apóstolos, porém, aceitam a proposta de Jesus e o reconhecem como Messias, dando-lhe sua adesão e aceitando suas exigências. Diante do discurso sobre “pão da vida”, os discípulos de Jesus entram em crise e resmungam. Escandalizados, afirmam: “Essas palavras são duras demais”. Jesus não recua, não muda o rumo da prosa, não adoça o conteúdo de sua fala. Ao contrário, prossegue dizendo que eles ficarão mais escandalizados quando virem o Filho do Homem sendo exaltado, glorificado por sua morte na cruz. Desiludidos, muitos abandonam o Mestre. Pedro, ao invés, em nome dos apóstolos, declara fidelidade: “A quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna”. Ao entrar no ambiente divino, somos envolvidos pelo mistério, e muitas coisas não compreendemos. Então é o momento de renovar nossa fé em Jesus Cristo, o Santo de Deus. Oração Ó Jesus, Mestre e Senhor, afasta de nós o turbilhão de vozes enganosas e de propostas contrárias aos teus planos de amor, justiça e paz. Dá-nos a firme convicção de que devemos acreditar em ti e seguir-te fielmente, porque “tens palavras de vida eterna”. És o Santo de Deus. Amém.

Efésios 5, 21-32 Submissos uns aos outros.

21Sejam submissos uns aos outros no temor a Cristo. 22As mulheres sejam submissas aos seus maridos como ao Senhor. 23Pois o marido é a cabeça da mulher, do mesmo modo que Cristo é a cabeça da Igreja, ele, o salvador do seu corpo. 24Mas como a Igreja é solícita por Cristo, sejam as mulheres solícitas em tudo pelos seus maridos. 25Maridos, amai as vossas mulheres, como o Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. 26Ele quis assim torná-la santa, purificando-a com o banho da água unida à Palavra. 27Ele quis apresentá-la a si mesmo esplêndida, sem mancha nem ruga, nem defeito algum, mas santa e irrepreensível. 28Assim é que o marido deve amar a sua mulher, como ao seu próprio corpo. Aquele que ama a sua mulher ama-se a si mesmo. 29Ninguém jamais odiou a sua própria carne. Ao contrário, alimenta-a e cerca-a de cuidados, como o Cristo faz com a sua Igreja; 30e nós somos membros do seu corpo! 31Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. 32Este mistério é grande, e eu o interpreto em relação a Cristo e à Igreja. Comentário: * 21-6,9: Paulo analisa as três relações fundamentais da família antiga: mulher-marido, filhos-pais, escravos-patrões. Não busca modificar o aspecto externo e jurídico dessas relações, mas quer que elas se renovem a partir de dentro, para serem vividas com mentalidade nova, em coerência com tudo aquilo que se aprendeu e se recebeu de Cristo. Para o sentido geral das exortações, cf. nota em Cl 3,18-4,1. 21: Este versículo apresenta uma espécie de princípio fundamental que terá três diferentes aplicações nos versículos seguintes. A submissão de que fala pode ser compreendida como forma de amor, caracterizado pela humildade e doação. O temor de Cristo apresenta a motivação: assim como Cristo é o Salvador de todos, ele será também o juiz de todos. Esse princípio fundamental atinge a todos indistintamente. * 22-33: Paulo compara a relação entre Jesus Cristo e a Igreja com a visão do matrimônio na sociedade antiga, onde a mulher devia submeter-se inteiramente ao marido. De fato, Cristo é chefe e salvador da Igreja, e esta deve submeter-se a ele como seu Senhor. Numa concepção atual de relação marido-mulher, onde existe igualdade de direitos e deveres, Paulo certamente faria outro tipo de aplicação.

Mateus 23, 1-12 Jesus condena a dominação intelectual.

11Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2“Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los nem sequer com um dedo. 5Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços e põem na roupa longas franjas. 6Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de mestre. 8Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é o vosso Guia, Cristo. 11Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”. Comentário: *1-12: Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Na nova comunidade de Jesus todos são irmãos, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir. Jesus recomenda publicamente muita cautela contra os mestres da Lei e os fariseus e aponta neles quatro atitudes reprováveis: eles impõem pesada carga de observâncias nas costas dos outros; fazem as coisas para serem vistos e admirados; ocupam os primeiros lugares nos banquetes e nas sinagogas; enfim, deleitam-se com os títulos humanos e apreciam que lhes façam reverência. Então, o que fazer? Assumir atitudes de humildade e não buscar títulos nem postos de honra. Aliás, na comunidade de Jesus, todos devem apresentar-se e viver com espírito de serviço, pois “o maior de vocês será aquele que presta serviço aos outros”. Quanto aos títulos e deferências, sejam atribuídos a quem se deve: somente Deus é o verdadeiro Pai; somente Cristo é o verdadeiro Mestre de todos. Destaca-se o valor da irmandade. Oração Ó Jesus Messias, tu prevines os discípulos e as multidões contra o mau exemplo dos doutores da Lei e dos fariseus, “porque dizem, mas não fazem”, agem de modo contrário às exigências do Reino. Orienta-nos, Senhor, em todas as circunstâncias, pois só tu és o nosso Mestre e o nosso Guia. Amém.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Mateus 22, 34-40 O centro da vida.

34Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo 35e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36“Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37Jesus respondeu: “‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!’ 38Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo é semelhante a esse: ‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’. 40Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos”. Comentário: * 34-40: Cf. nota em Mc 12,28-34: Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus. Com frequência, os fariseus cercam Jesus, não com o objetivo de ouvir sua Palavra e seguir seus passos, mas para experimentá-lo. Desta vez o assunto são os mandamentos. Afinal, qual deles é o maior? Os fariseus tinham como ponto de honra observar cuidadosamente todos os preceitos. Será que esperam ver Jesus falando contra algum deles? Sem acrescentar argumentos, Jesus unifica dois preceitos, que, na Lei, estavam separados: o amor a Deus (cf. Dt 6,5) e o amor ao próximo (cf. Lv 19,18). São João escrevia: “Se alguém disser: ‘Eu amo a Deus’, mas odeia seu irmão, esse tal é um mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1Jo 4,20). Oração Ó Jesus Mestre, diante da pergunta provocativa do fariseu, respondes com determinação sobre a centralidade do amor: amar a Deus acima de tudo e amar ao próximo como a si mesmo. Senhor, nossa vida seja reflexo e testemunho destas duas faces do amor: a Deus e ao próximo. Amém.