sexta-feira, 23 de julho de 2021

Mateus 13, 24-30 O inimigo do Reino.

24Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro'”.

Comentário:
* 24-30: O Messias já veio. Então, por que o Reino ainda não se instalou definitivamente? Resposta de Jesus: Isso não se deve à imperfeição natural dos homens, mas a uma sabotagem premeditada, feita por aquele que quer usurpar a autoridade de Deus no mundo. Não cabe aos homens fazer a separação entre bons e maus, pois só Deus pode fazer o julgamento.

Pelo mundo afora já se cometeram erros clamorosos condenando pessoas inocentes a morrer na forca ou em cadeira elétrica. O ser humano tem a tendência de querer eliminar quem incomoda, como se este fosse sempre o culpado. Contra o perigo de se cometerem injustiças, Jesus nos adverte com a parábola do joio e do trigo. No meio dos bons, crescem os maus; a justiça vive ao lado da injustiça; o homem de fé continua servindo a Deus em meio aos que se dizem ateus. Ora, Deus tem um plano de salvação para todos os seus filhos e filhas, bons e maus. Ele quer que todos sejam santos. A todos dá o tempo de vida e espera a conversão dos maus. Deus é o único juiz confiável. Nosso papel de cristãos não é destruir as pessoas que estão no mau caminho, mas reconduzi-las aos caminhos de Deus.

Oração
Ó soberano Senhor Jesus, em nossa realidade social há justiça, bondade e promoção da vida; mas aí encontramos também injustiça, violência e morte. Nossa tendência é arrancar o mal. Mas o mal se mistura com o bem. Sabiamente nos recomendas tolerância e esperança. No fim, o bem triunfará. Amém.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Mateus 13, 18-23 Compreender a Palavra nos conflitos.

18“Ouvi a parábola do semeador: 19todo aquele que ouve a Palavra do Reino e não a compreende, vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a Palavra e logo a recebe com alegria; 21mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição por causa da Palavra, ele desiste logo. 22A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a Palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a Palavra, e ele não dá fruto. 23A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a Palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”.

Comentário:

* 18-23: Os obstáculos para compreender a Palavra do Reino (= ensinamento de Jesus) são: a alienação, que tira o poder de decisão humana; as perseguições concretas que causam desânimo; as estruturas políticas e econômicas que fascinam e seduzem. A compreensão da Palavra do Reino se realiza na dramaticidade dos conflitos pessoais e sociais.

A Palavra de Deus é um dos grandes pilares da espiritualidade cristã. O outro esteio que alimenta nossa fé é a eucaristia. Na celebração eucarística e nas outras ações litúrgicas, a Palavra é distribuída em abundância. Atualmente, tornou-se fácil e prático o acesso à Palavra de Deus, pois as numerosas edições da Bíblia Sagrada e os novos meios eletrônicos favorecem o contato diário com ela. Portanto, o banquete da Palavra está à disposição de quem quiser. Cabe-nos criar o hábito de ler e meditar diariamente a Bíblia, com a mente e o coração disponíveis, não só para acolher a mensagem divina, mas sobretudo para praticá-la. Somente mediante a prática da Palavra de Deus é que seremos “terra boa”: faremos progressos nos caminhos de Deus e seremos agentes transformadores da sociedade.

Oração
Ó Jesus Mestre, exigente é a tua Palavra. Precisamos empenhar-nos para buscá-la e praticá-la. Nem sempre damos à Palavra de Deus o merecido valor. Então ela não penetra em nós nem provoca mudança de vida. Move nossa vontade, Senhor, para que aprofundemos a tua mensagem de amor. Amém.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

João 20, 1-2.11-18 Jesus não está morto.

1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 

Jesus ressuscitado é descoberto pela fé -11Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Tendo dito isso, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”. 16Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou em hebraico: “Rabunni” (que quer dizer “mestre”). 17Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” e contou o que Jesus lhe tinha dito.

Comentário:

* 20,1-10: A fé na ressurreição tem dois aspectos. O primeiro é negativo: Jesus não está morto. Ele não é falecido ilustre, ao qual se deve construir um monumento. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou prisioneiro da morte. O segundo aspecto da ressurreição é positivo: Jesus está vivo, e o discípulo que o ama intui essa realidade.
* 11-18: Jesus está vivo, mas já não se manifesta de modo físico, como o Mestre durante a sua vida na história. Doravante, ele está presente no mistério da vida de Deus, e torna-se presente e atuante através do anúncio feito por aqueles que nele acreditam. Chegou o tempo das relações da nova aliança: Deus é Pai, e os homens são filhos de Deus e irmãos de Jesus.
Maria de Magdala é a mulher que seguiu constantemente Jesus desde a Galileia até a Judeia. Presente aos pés da cruz e diligente no sepultamento de Jesus, foi a primeira a encontrar-se com o Ressuscitado e também a primeira missionária a anunciar a Boa-Nova aos apóstolos (v. 17). Maria Madalena é mencionada no grupo de mulheres que “serviam Jesus com os bens que possuíam” (Lc 8,3). Ali se diz que dela foram expulsos “sete demônios”, expressão que acabou dando margem para variadas interpretações, algumas sem cabimento. Houve época em que Maria Madalena foi identificada com a pecadora pública (cf. Lc 7,36s) ou com a adúltera (cf. Jo 8,1s). Os textos bíblicos a ela referentes não afirmam isso.

Oração
Ó Mestre e Senhor, tiveste grande predileção por Maria Madalena, dela fizeste atenciosa e dócil discípula, que prestava socorro a ti e aos demais discípulos em tuas jornadas e pregações por toda parte. E a tornaste, enfim, a primeira mensageira de tua ressurreição. Amém.

 

terça-feira, 20 de julho de 2021

Mateus 13, 1-9 Uma colheita custosa.

1Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. 3E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. 4Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. 5Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. 7Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8Outras sementes, porém, caíram em terra boa e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. 9Quem tem ouvidos ouça!”

Comentário:

* 13,1-9: Cf. nota em Mc 4,1-9. Se o Reino já está aqui, por que existem fracassos e conflitos? Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Mas, assim como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo pessoas e estruturas continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer entre os homens. Sem dúvida, haverá uma colheita, mas à custa de muitas perdas, isto é, muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu mistério.

Contar parábolas era um recurso pedagógico de que Jesus se servia com frequência para falar do Reino de Deus. Em todos os tempos e lugares, as histórias, os testemunhos edificantes sempre penetraram mais facilmente na alma do povo. A parábola do semeador descreve o dinamismo da Palavra proclamada, as dificuldades que encontra em seu desenvolvimento, o êxito final. É possível que as multidões logo tenham entendido que Jesus fazia referência à Palavra de Deus espalhada abundantemente por toda parte. A Palavra (semente) era de boa qualidade, mas os resultados dependeriam do modo como seria ouvida e acolhida. “Quem tiver ouvidos, ouça!”, concluía Jesus. Ouça a Palavra de Deus e deixe-se penetrar e transformar por ela, para dar frutos na sociedade. Nada de ser um ouvinte superficial.

Oração
Ó Jesus, divino Mestre, anuncias a Boa-Nova a grandes multidões. Mostras, por comparações, o percurso da Palavra de Deus, semeada de modo abundante. O aproveitamento depende das disposições interiores dos ouvintes. Ajuda-nos, Senhor, a ouvir atentamente e pôr em prática a tua Palavra. Amém.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Mateus 12, 46-50 Uma nova geração.

46Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem falar contigo”. 48Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Comentário:

* 46-50: Cf. nota em Mc 3,31-35. Mateus salienta que a família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispôs a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração, diferente da geração má dos fariseus.

Com habilidade, Jesus aproveita toda circunstância para esclarecer a natureza de sua nova família. Neste episódio, serve-se da chegada de sua mãe e dos parentes. Querem falar com ele, que fala para “as multidões”. Sua mãe deve ter-se lembrado daquela expressão um tanto misteriosa que ouvira do filho com doze anos: “Não sabiam que eu devo estar ocupado com as coisas do meu Pai?”. Nada, porém, indica que Jesus tenha esboçado alguma indiferença ou repulsa em relação aos familiares recém-chegados. Apenas deixa claro que daí em diante seus familiares, seus íntimos, são os que fazem a vontade do Pai. Fica estabelecido o critério para sabermos qual é o grau de nossa familiaridade com Jesus: não é o sangue, mas nossa adesão incondicional a ele e ao Pai. Ninguém cumpriu como Maria a vontade do Pai.

Oração
Senhor Jesus, diante das multidões, tu nos apresentas a tua nova família, que é também a nossa. Para pertencer a ela, não importam os vínculos de sangue ou de raça; o que conta, de fato, é fazer a vontade do Pai celeste. Ajuda- nos, Senhor, a ser fiéis cumpridores da vontade de Deus. Amém.