segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Lucas 12, 35-38 Vigilância e responsabilidade.

 35“Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento para lhe abrirem imediatamente a porta, logo que ele chegar e bater. 37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo, ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontrar!”

Comentário:

* 35-48: Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito (vv. 47-48).

O ser humano tem forte tendência a acomodar-se. No campo religioso, muitas vezes contentamo-nos com o mínimo: pouco interesse pelas coisas de Deus, escassa participação dos sacramentos e rara presença às celebrações litúrgicas. Nossa cultura catequética se limitou à preparação para a primeira comunhão. E assim vamos tocando em frente. Jesus nos desperta para o dinamismo da vida cristã. Padre Alberione, fundador dos Padres e Irmãos Paulinos, repetia uma sentença secular: “Nas obras de Deus, não progredir é ficar para trás”. Válida para todo o povo, a advertência de Jesus tem em mira principalmente as lideranças religiosas. Além de cuidar do próprio crescimento espiritual, elas têm a incumbência de zelar pelo progresso dos fiéis. Cada dia de nossa vida terrena é tempo de fazer o bem.

Oração
Divino Mestre, estar com rins cingidos e lâmpadas acesas é como estar pronto para partir. É com esta disposição que queres ver os discípulos do Reino. Nada de desânimo, preguiça ou inércia. Tu, Senhor, nos precedes, em dinamismo, zelo e entusiasmo pelo teu Reino. Queremos seguir teu ritmo. Amém.

domingo, 18 de outubro de 2020

Lucas 12, 13-21 A vida é dom de Deus.

  13 Alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” 15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ 20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.

Comentário:

* 13-21: No caminho da vida, o homem depara com o problema das riquezas. Jesus mostra que é idiotice acumular bens para assegurar a própria vida. Só Deus pode dar ao homem a riqueza que é a própria vida.

Jesus faz referência à cobiça pelo dinheiro, mas existem outros tipos de cobiça: pela fama, pelo poder, pelo prazer… Toda a pregação de Jesus valoriza o despojamento, o desapego dos bens materiais, e alerta sobre o perigo de confiar nas riquezas terrenas. “Cuidado! Evitem todo tipo de ganância”. “Felizes são os pobres, porque deles é o Reino dos Céus”. Benfeitor generoso é o samaritano que investe tempo, atenções e dinheiro para acudir o homem ferido à beira do caminho (cf. Lc 10,25-37). A parábola retrata um homem ganancioso que fala sozinho, projetando como aumentar suas posses e lucros. Tentação de todos os tempos. Contas no exterior são um modo de aplicar a exorbitante soma de dinheiro! Só não podemos esquecer que a vida é única e breve sobre a terra. Melhor ser “rico para Deus”.

Oração
Ó Mestre, como é inútil e perigoso acumular bens terrenos. Inútil, porque a vida passa rapidamente e nada levamos daqui; perigoso, porque apegar-se a riquezas é ignorar os apelos de Deus e não se solidarizar com os necessitados. Livra-nos, Senhor, da avareza e incentiva-nos a partilhar o que possuímos. Amém.

 

sábado, 17 de outubro de 2020

Mateus 22, 15-21 O povo pertence a Deus.

 15 Então os fariseus se retiraram, e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. 16Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. 17Dize-nos, pois, o que pensas: é lícito ou não pagar imposto a César?” 18Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? 19Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. 20E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” 21Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Comentário:

* 15-22: Cf. nota em Mc 12,13-17. O novo povo de Deus pertence unicamente a Deus, e só Deus pode exigir do homem adoração.

Os adversários de Jesus vão ao encontro dele e, após bajulá-lo com elogios, lançam a pergunta desafiadora: deve-se ou não pagar imposto a César? O imposto a César era mais um tributo cobrado pelo Império Romano. Além disso, a controvérsia não consistia apenas em um debate econômico, mas envolvia uma “questão de fé”. Pagar imposto ao imperador era reconhecer o “deus César”, em contraste com o Deus de Jesus, e legitimar a servidão. O Mestre entendeu perfeitamente a hipocrisia deles e aonde queriam chegar. A resposta de Jesus – dar a César o que é dele e a Deus o que lhe pertence – mostra que não é lícito César tomar o lugar e o nome de Deus. Tudo a Deus pertence. Também não podemos usar esse texto para justificar taxas, impostos e duas realidades (Igreja e Estado) distintas. Não podemos adorar a Deus e a “César”, nem negar os direitos de Deus sobre o povo que lhe pertence e é sua maior e melhor propriedade.

Oração
Ó Jesus, divino Mestre, munidos de malícia, dois grupos se unem na tentativa de fazer-te cair na armadilha de seus raciocínios. Um bando de hipócritas. Falsos, não buscam seguir teus ensinamentos; querem eliminar-te. Ensina-nos a juntar as forças para gerar e promover o que é bom e justo. Amém.

 

1 Tessalonicenses 1, 1-5 Endereço e saudação.

 1Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz! 

Agradecimento: a vida cristã - 2Damos graças a Deus por todos vós, lembrando-vos sempre em nossas orações. 3Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. 

O anúncio provoca conversão - 4Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos. 5Porque o nosso Evangelho não chegou até vós somente por meio de palavras, mas também mediante a força que é o Espírito Santo; e isso com toda a abundância.

Comentário:

* 1: A igreja é a comunidade cristã local formada pelas pessoas que acreditam em Deus e se comprometem com o testemunho de Jesus Cristo.

* 2-3: Cf. nota em Cl 1,3-8  A trilogia fé-amor-esperança define a vida cristã na sua base, na sua concretização prática e no seu dinamismo histórico. A vida cristã nasce do compromisso de em Jesus Cristo, que significa aceitar a vida e ação de Jesus e continuá-las entre os homens. O amor é a realização prática desse testemunho, através da partilha dos bens e da fraternidade, que concretizam o Reino de Deus no dia-a-dia da história. A esperança é o dinamismo que nasce do amor, alimentando a vida cristã, voltada para o futuro do Reino de Deus, isto é, para a realização plena da vida.

* 4-10: Sobre a tribulação, cf. nota em Rm 5,1-11. Paulo relembra o primeiro anúncio (querigma) que provocou a conversão dos tessalonicenses. Conforme os vv. 9-10, esse primeiro anúncio do Evangelho era um convite à mudança radical: deixar os ídolos para servir unicamente ao Deus vivo. Os ídolos são valores considerados absolutos mas que, na realidade, sustentam uma estrutura de sociedade baseada na opressão e exploração do corpo e da consciência do homem. Servir ao Deus vivo é comprometer-se com Jesus Cristo, que manifesta na história a presença e ação do Deus verdadeiro, o qual está comprometido com a libertação e a vida do homem. A conversão é um processo contínuo na história. O cristão dá o seu testemunho, animado sempre pela espera da plena manifestação de Jesus Ressuscitado.

 

 


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Lucas 12, 8-12 Testemunhar sem medo.

 8  “Eu digo a vocês: todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9Mas aquele que me renegar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. 10Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. 11Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados em como ou com que vos defendereis ou com o que direis. 12Pois nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”.

Comentário:

* 4-12: Cf. nota em Mt 10,26-33 Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus.

Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (cf. Lc 1,35). E pelo mesmo Espírito realiza curas e expulsa demônios. No dia da ressurreição, com o sopro do Espírito, Jesus dá aos discípulos o poder de perdoar pecados. Antes de enviá-los a evangelizar o mundo inteiro, recomenda- lhes que esperem “na cidade, até serem revestidos da força do Alto” (Lc 24,49). Blasfemar contra o Espírito Santo é negar a bondade da ação libertadora de Jesus. É atribuir aos poderes do mal o que na verdade é obra divina. É não aceitar Jesus como o Enviado de Deus. Blasfemar contra o Espírito Santo é querer eliminar o motor do Reino de Deus e da vida da Igreja. Diante dos tribunais, os cristãos perseguidos terão a assistência do Espírito Santo, que “vai lhes ensinar o que eles deverão dizer”.

Oração
Ó Jesus, “Filho do Homem”, quem imprime dinamismo ao Reino de Deus é o Espírito Santo. É ele que está presente e atuante na tua vida, Senhor, e na vida dos que se tornam teus fiéis seguidores. Ensina-nos a compreender e a valorizar a ação do Espírito Santo em nós. Amém.

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Lucas 12, 1-7 Autenticidade do discípulo.

 1Enquanto isso, milhares de pessoas se reuniram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados. 

Testemunhar sem medo - 4Pois bem, meus amigos, eu vos digo, não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isso. 5Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a esse temei. 6Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”.

Comentário:

* 1-3: Em contraste com a conduta hipócrita dos fariseus, o Evangelho pede aos discípulos que sejam autênticos, isto é, que a vida e ação deles testemunhem o compromisso deles com Jesus.

* 4-12: Cf. nota em Mt 10,26-33 Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus.

Se há alguma atitude que Jesus não tolera é a hipocrisia, “fermento dos fariseus”: fingimento; aparentar uma coisa e ser outra; inverter a escala de valores; confundir, em vez de esclarecer; esconder-se por trás de uma máscara. Um dia a verdade virá à tona. Nem que demore. Jesus recomenda aos discípulos não entrarem pelo caminho da falsidade. Ao contrário, sejam transparentes na transmissão do evangelho e depositem total confiança em Deus. Os verdadeiros discípulos, os “amigos” de Jesus são os que, no tempo da perseguição, vão manter o uso adequado da palavra. Sem medo dos adversários. O Pai não abandonará os discípulos do seu Filho Jesus. Ele cuida dos pormenores: “Até mesmo os cabelos da sua cabeça estão todos contados”.

Oração
Ó Jesus Mestre, preenche nosso espírito de coragem e zelo pelo teu Reino, de modo a enfrentar os adversários com argumentos sólidos e coerência de vida. Não nos deixes esmorecer na luta cotidiana e torna-nos convictos cristãos para continuarmos a expandir o teu Reino de justiça, amor e paz. Amém.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Lucas 1, 47-54 Jesus desmascara os hipócrita

 47“Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas; no entanto, foram vossos pais que os mataram. 48Com isso, vós sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais, pois eles mataram os profetas e vós construís os túmulos. 49É por isso que a sabedoria de Deus afirmou: Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão alguns deles, 50a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo, 51desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu vos digo, serão pedidas contas disso a esta geração. 52Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes e ainda impedistes os que queriam entrar”. 53Quando Jesus saiu daí, os mestres da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal e a provocá-lo sobre muitos pontos. 54Armavam ciladas para pegá-lo de surpresa por qualquer palavra que saísse de sua boca.

Comentário:

* 37-54: No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação.

Jesus reprova o comportamento dos fariseus porque levam vida falsa. Apresentam uma imagem de gente honesta, no entanto disfarçadamente aprovam a morte dos profetas, como fizeram seus antepassados. Na mesma linha dos profetas coloca-se Jesus, a legítima voz de Deus na história humana. Jesus também será eliminado, e seus apóstolos, perseguidos. Aos especialistas da Lei, Jesus chama a atenção porque se apoderam da “chave da ciência”. Sentem-se donos das Escrituras, mas não as entendem e ainda atrapalham o povo simples que gostaria de entendê-las. O saber usado como meio de dominação é uma forma de injustiça e um dos obstáculos à fraternidade
universal. Mais do que compreensível a reação dos fariseus e dos especialistas da Lei. Jesus pagará caro por sua franqueza e coerência com a verdade.

Oração
Ó Jesus Messias, pões em risco tua vida, ao censurares as atitudes malévolas dos dirigentes do povo. E o fazes com toda franqueza e sem medo. Por não aceitarem tua mensagem nem tuas correções, tramam como acabar com a tua vida. Salva-nos, Senhor, de gente impiedosa e traiçoeira. Amém.