segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Lucas 6, 12-19 Os doze apóstolos.

* 12 Nesses dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor.
Anseio por um mundo novo -* 17 Jesus desceu da montanha com os doze apóstolos, e parou num lugar plano. Estavanumerosa multidão de seus discípulos com muita gente do povo de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Foram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus, foram curados. 19 Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos.
Comentário:
* 12-16: Jesus escolhe os doze apóstolos, que formarão o núcleo da comunidade nova que ele veio criar. A palavra apóstolo significa aquele que Jesus envia para continuar a sua obra.
* 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza.
Simão é denominado “zelota”, talvez por pertencer, antes de ser apóstolo, ao partido dos zelotas, famosos por sua forte oposição aos ocupantes romanos. Nas listas dos Apóstolos, Simão, conhecido também como “o cananeu”, aparece sempre ao lado de Judas Tadeu. Sobre sua vida posterior nada se sabe. Quanto a Judas, não o Iscariotes, foi-lhe atribuída a paternidade de uma das Cartas chamadas “católicas”, isto é, endereçadas não a uma só pessoa ou a uma comunidade determinada, mas a grande número de destinatários. Essa Carta contendo apenas 25 versículos previne os fiéis contra os falsos mestres e convida todos a perseverar na fé autêntica. Não obstante a escassez de dados seguros sobre sua missão, São Judas conta hoje com uma multidão de devotos que acorrem aos santuários erigidos em sua honra.
 

domingo, 27 de outubro de 2019

Lucas 14, 9-14 A justificação é dom de Deus.

-* 9 Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: 10 Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos. 11 O fariseu, de , rezava assim no seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos. 12 Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. 13 O cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’ 14 Eu declaro a vocês: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha, será elevado.”
Comentário:
* 9-14: Não basta ser perseverante e insistente. É preciso reconhecer e confessar a própria pequenez, recorrendo à misericórdia de Deus. De nada adianta o homem justificar a si mesmo, pois a justificação é dom de Deus.
O evangelho de hoje continua o tema da oração e nos ensina o modo de fazê-la. A parábola apresenta dois modos de dialogar com Deus: o do fariseu e do publicano. O primeiro é presunçoso: elenca suas qualidades e despreza os outros; o segundo é humilde: reconhece suas fraquezas e misérias. Pela descrição, o fariseu era homem correto, honesto, observante dos mandamentos e evitava os pecados. Portanto, pensava ter méritos diante de Deus. O problema dele era sua arrogância e o julgamento negativo e o desprezo dos outros. O publicano era cobrador de impostos. Portanto, colaborador da opressão romana e odiado pelos judeus, mas reconhece sua pequenez e a grandeza e misericórdia de Deus. Ninguém pode se considerar justo a ponto de ter méritos diante de Deus e desprezar os outros, considerando-os inferiores. Diante de Deus, necessitamos estar desarmados de toda presunção e preconceito: presunção de nos considerarmos perfeitos e melhores que os outros; preconceito contra os outros, rotulando-os. É importante lembrar sempre a pequenez e a limitação humanas. Isso muda nossa relação com Deus, tornando-nos mais abertos à ação dele e criando espaços de fraternidade e partilha com os outros.
 

2 Timóteo 4, 6-8.16-18 Combati o bom combate.

-* 6 Quanto a mim, meu sangue está para ser derramado em libação, e chegou o tempo da minha partida. 7 Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a . 8 Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me entregará naquele Dia; e não somente para mim, mas para todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação.
O Senhor me deu forças -16 Na minha primeira defesa no tribunal, ninguém ficou ao meu lado; todos me abandonaram. Que Deus não ponha isso na conta deles! 17 Mas o Senhor ficou comigo e me encheu de força, a fim de que eu pudesse anunciar toda a mensagem, e ela chegasse aos ouvidos de todas as nações. E assim eu fui liberto da boca do leão. 18 O Senhor me libertará de todo mal e me levará para o seu Reino eterno. Ao Senhor, glória para sempre. Amém!
Comentário:
* 6-8: Diante da certeza do martírio, Paulo se compara a um atleta que recebe o prêmio da vitória: ele sabe que sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé.
* 9-18: Os últimos tempos de Paulo são tristes e solitários. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente do Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da primeira prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3.° Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. At 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. At 15,37-39). Mas o encontramos como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. Cl 4,10).


sábado, 26 de outubro de 2019

Lucas 13, 1-9 Urgência da conversão.

* 1 Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios. 2 Jesus respondeu-lhes: “Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? 3 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo. 4 E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo.” 6 Então Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. 7 Então disse ao agricultor: ‘Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí esgotando a terra’. 8 Mas o agricultor respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. 9 Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás’.”
Comentário:
* 1-9: No caminho da vida há acontecimentos trágicos. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para se construir a nova história. A parábola (vv. 6-9) salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última chance.
 “Se vocês não se converterem…” Estamos diante de um forte apelo à mudança de vida. A advertência é do próprio Jesus, que tem trabalhado intensamente em vista de implantar o Reino de Deus. Tem encontrado resistência, indiferença e, por vezes, afronta diante de sua mensagem de paz e amor. A admoestação de Jesus vale para galileus e judeus, para toda a Igreja. Para todos ele acrescenta a parábola da figueira, imagem da paciência de Deus. Há um fio de confiança e esperança por parte de Jesus em relação a todos. Ele, como administrador do Reino (vinha), fará ainda algumas tentativas, desdobrará seus esforços, dará a vida por todos. Terão chance de salvar-se, mas precisam adotar a proposta do Reino: justiça, liberdade e vida para todos. Nossa comunidade dá os frutos que Deus espera?
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Lucas 12, 54-59 Interpretar o tempo presente.

-* 54 Jesus também dizia às multidões: “Quando vocês vêem uma nuvem vinda do ocidente, vocês logo dizem que vem chuva; e assim acontece. 55 Quando vocês sentem soprar o vento do sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece. 56 Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente? 57 Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo? 58 Quando, pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado, procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na cadeia. 59 Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo.”
Comentário:
* 54-59: Assim como os homens podem prever o tempo a partir dos sinais da natureza, também é possível reconhecer na atividade de Jesus a manifestação do Reino de Deus. Essa tarefa empenhativa e urgente implica uma decisão a favor ou contra o Reino. É preciso agir enquanto é tempo.
Todas as pessoas, sobretudo as autoridades, deveriam reconhecer os sinais da chegada do Reino de Deus por meio das palavras e atos de Jesus. Mais que fazer uma revolução política, econômica e social, Jesus denunciou todos os contra-valores criados pela ideologia do poder, da riqueza e do prestígio, colocando em seu lugar os valores da fraternidade e da partilha, que geram liberdade e vida para todos. Somente o projeto de Jesus pode libertar o povo da escravidão e da morte. No final, Jesus adverte: É importante valorizar o momento presente. É tempo de possível reconciliação com Deus e com o próximo. Quando chegar a hora do julgamento, será tarde demais. Os contemporâneos de Jesus não discerniram os sinais da presença de Jesus e do seu Reino.