sexta-feira, 14 de junho de 2019

Mateus 5, 27-32 Adultério e fidelidade.


* 27 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, cometeu adultério com ela no coração.
29 Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno. 30 Se a mão direita leva você a pecar, corte-a e jogue-a fora! É melhor perder um membro do que o seu corpo todo ir para o inferno.
31 Também foi dito: ‘Quem se divorciar de sua mulher, lhe uma certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério.”
Comentário:
* 27-32: Jesus radicaliza até à interioridade a fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. O adultério começa com o olhar de desejo, e o mal deve ser cortado pela raiz. A exceção citada no v. 32 pode referir-se ao caso de união ilegítima, por causa do grau de parentesco que trazia impedimento matrimonial segundo a Lei (Lv 18,6-18; At 15,29).
Conforme a lei antiga do Primeiro Testamento, pelo matrimônio a mulher começava a fazer parte dos bens do homem. Ora, isso dava margem para a desigualdade entre homem e mulher e consequentemente levava o homem a oprimir a mulher. Jesus quer corrigir essa prática que é contrária ao projeto de Deus. Ou seja, Deus quer a igualdade da mulher e do homem. Por isso, ele exige a transformação do coração humano. O olhar impuro do desejo abre caminho à traição. Se a intenção é má, deve ser arrancada antes que se torne ato. Não se trata de constatar as ações externas (entre elas, o adultério), para puni-las com leis, mas sanar as intenções mais secretas da pessoa. Quanto ao divórcio, abolida a tolerância da lei de Moisés, o matrimônio torna-se livre escolha de amor fiel, com que o casal se compromete para sempre.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.


 20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.”
Ofensa e reconciliação -* 21 “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a ofertadiante do altar, e primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra você, procure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal; senão o acusador entregará você ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garanto: daí você não sairá, enquanto não pagar até o último centavo.”
Comentário:
* 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.
* 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento.
Por que a comunidade de Jesus deve superar a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus? Porque eles não cumprem o que ensinam; por vezes invalidam a lei com acréscimos ou porque se fixam na letra sem penetrar no espírito (cf. Mt 23,1-7). Jesus se apresenta com autoridade suprema e nos mostra como levar à plenitude as exigências do amor. Os que entram no Reino de Deus devem superar os doutores da Lei e os fariseus e imitar Jesus pela prática do amor gratuito. As palavras ofensivas, a prepotência, o desprezo são manifestações contra a vida do próximo. Não basta não ofender o próximo, é preciso amá-lo como Jesus o ama. O próprio culto a Deus será vazio, se não for revestido de caridade. O amor fraterno, que supõe reconciliação, torna a celebração litúrgica fecunda e agradável a Deus.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Mateus 5, 17-19 A lei e a justiça.


* 17 Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. 19 Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu.
Comentário:
Jesus vem para cumprir integralmente a vontade do Pai: “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. A Lei e os Profetas foram dados e escritos para orientar o povo a viver segundo o projeto de Deus. Acertadamente Jesus afirma que não veio descartar, mas realizar de modo pleno as Escrituras sagradas. Jesus fala com autoridade que está acima da legislação antiga. Sua interpretação é autêntica. Ele cumpre a Lei e os Profetas no seu sentido profundo. Se Jesus corrige algumas tradições (doutrinas humanas) inseridas na Escritura, é no sentido de libertar de toda opressão o ser humano e dotá-lo de vida e liberdade. Para Jesus, a síntese da Lei e dos Profetas é o amor a Deus e ao próximo. “A caridade é a plenitude da Lei” (Rm 13,10).