quinta-feira, 31 de julho de 2025

Mateus 13, 54-58 Jesus é rejeitado como os profetas.

* 53 Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, saiu desse lugar, 54 e voltou para a sua terra. Ensinava as pessoas na sinagoga, de modo que ficavam admiradas. Diziam: “De onde vêm essa sabedoria e esses milagres? 55 Esse homem não é o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56 E suas irmãs, não moram conosco? Então, de onde vem tudo isso?” 57 E ficaram escandalizados por causa de Jesus. Mas Jesus disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família.” 58 E Jesus não fez muitos milagres aí, por causa da falta de fé deles. Comentário: * 53-58: Cf. nota em Mc 6,1-6. Os conterrâneos de Jesus colocam a questão sobre a origem da autoridade dele, admirados de seu ensinamento e poderes milagrosos. É impossível que Jesus, sendo um deles, tenha a autoridade de Deus. Por isso, eles o rejeitam. Essa rejeição não é acidental: é apenas mais uma prova de que Jesus é o enviado de Deus. De fato, todos os profetas do Antigo Testamento também foram rejeitados. Na vida cotidiana, criamos diversos preconceitos ou expectativas sobre as pessoas, especialmente as que são próximas de nós, que convivem conosco, na mesma comunidade ou cidade. Sem conhecer a fundo tais pessoas, acabamos julgando pelas aparências, pelos “boatos”. O mesmo aconteceu com Jesus, na sua terra, Nazaré. A fé cristã, porém, não é uma fé de aparências, é, sobretudo, um encontro com o Deus vivo e verdadeiro. Aquele que realmente quer conhecer o Messias não pode limitar-se à especulação que existe em torno do Jesus histórico, como fizeram seus conterrâneos. Devemos ir além, superar as aparências, buscando um encontro pessoal e profundo com Cristo, que se manifesta na Palavra e na Eucaristia.

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Mateus 13, 47-53 A consumação do Reino.

* 47 “O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. 48 Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados fora. 49 Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. 50 E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes.” Um novo sentido para tudo -* 51 “Vocês compreenderam tudo isso?” Eles responderam: “Sim.” 52 Então Jesus acrescentou: “E assim, todo doutor da Lei que se torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas.” Jesus é rejeitado como os profetas -* 53 Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, saiu desse lugar. Comentário: * 47-50: A consumação do Reino se realiza através do julgamento que separa os bons dos maus. Os que vivem a justiça anunciada por Jesus tomarão parte definitiva no Reino; os que não vivem serão excluídos para sempre. É preciso decidir desde já. * 51-52: As parábolas revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé. Por isso, o doutor da Lei que se torna discípulo de Jesus é capaz de ver a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento. Em Jesus tudo se renova e toma novo sentido. * 53-58: Cf. nota em Mc 6,1-6. Os conterrâneos de Jesus colocam a questão sobre a origem da autoridade dele, admirados de seu ensinamento e poderes milagrosos. É impossível que Jesus, sendo um deles, tenha a autoridade de Deus. Por isso, eles o rejeitam. Essa rejeição não é acidental: é apenas mais uma prova de que Jesus é o enviado de Deus. De fato, todos os profetas do Antigo Testamento também foram rejeitados. Terminando o mês de julho, encerramos também, com o Evangelho de hoje, o discurso em parábolas, terceiro discurso de Jesus apresentado por Mateus. No fim dos tempos, os bons serão separados dos maus; os justos, dos injustos. Os que vivem a justiça exigida pelos Mandamentos entregues por Deus a Moisés e anunciados de maneira renovada por Jesus tomarão parte no Reino. Os que não vivem serão excluídos. Eis aí a importância de uma vida cristã comprometida e fiel ao Evangelho. Somos, assim, convidados a analisar nossas atitudes e reavaliar nossas opções de vida. Vale a pena reforçar hoje que as parábolas revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé. Elas podem, por isso, receber muitas interpretações, dependendo do contexto e do espírito com que a lemos.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Mateus 13, 44-46 A decisão pelo Reino.

* 44 “O Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens, e compra esse campo. 45 O Reino do Céu é também como um comprador que procura pérolas preciosas. 46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens, e compra essa pérola.” Comentário: * 44-46: Para entrar no Reino é necessária decisão total. Apegar-se a seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino, é preferir bijuterias a uma pedra preciosa. Duas novas parábolas ajudam a compreender o que é o Reino dos Céus. Em ambas, destaca-se a descoberta valiosa (tesouro e pérola) associada à venda de todas as posses com vistas a comprar esse bem maior. Utilizando elementos da vida cotidiana, Jesus expõe a realidade misteriosa e ao mesmo tempo atraente do Reino. Novamente, “semeia” a Palavra do Reino, ajudando a converter seus interlocutores através da compreensão de verdades profundas, abrindo-lhes a mente aos desígnios ocultos de Deus. Não basta, porém, tomar conhecimento da preciosidade do Reino, é necessário entregar-se totalmente à nova descoberta, abandonando tudo o que faz parte do passado “material”. Deus quer nos enriquecer de bens superiores, por isso pede que renunciemos aos bens inferiores.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

João 11, 19-27 Jesus é a ressurreição e a vida.

-* 19 Muitos judeus tinham ido à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20 Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi ao encontro dele. Maria, porém, ficou sentada em casa. 21 Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas ainda agora eu sei: tudo o que pedires a Deus, ele te dará.” 23 Jesus disse: “Seu irmão vai ressuscitar.” 24 Marta disse: “Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia.” 25 Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. 26 E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?” 27 Ela respondeu: “Sim, Senhor. Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este mundo.” Comentário: * 17-27: Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus. No início de 2021, o papa Francisco instituiu a celebração dos santos irmãos Marta, Maria e Lázaro no Calendário Romano, considerando o importante testemunho evangélico dos três irmãos, que ofereceram ao Senhor Jesus a hospitalidade da sua casa, prestando-lhe atenção dedicada e acreditando que ele é a ressurreição e a vida. Marta, Maria e Lázaro destacam-se na Bíblia pela amizade com o Mestre. Viviam em Betânia, povoado a cerca de três quilômetros de Jerusalém. Por ocasião da morte de Lázaro, é Marta que corre para Jesus e faz uma profunda profissão de fé na onipotência de Deus, na ressurreição dos mortos e na divindade de Cristo, descrita no Evangelho que hoje meditamos.

domingo, 27 de julho de 2025

Mateus 13, 31-35 A força do Reino.

-* 31 E Jesus contou outra parábola: “O Reino do Céu é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. 32 Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E se torna uma árvore, de modo que os pássaros do céu vêm e fazem ninhos em seus ramos.” O Reino transforma -* 33 Jesus contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino do Céu é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.” Jesus revela o mistério escondido -* 34 Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, 35 para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para usar parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo.” Comentário: * 31-32: Por que será que o Reino parece não estar se expandindo no mundo? Cf. nota em Mc 4,30-34. * 33: A comunidade dos discípulos parece desaparecer no meio dos homens. Num segundo momento, porém, ela exerce ação transformadora no seio da sociedade. * 34-35: Somente através da pessoa e missão de Jesus é possível compreender o mistério do Reino de Deus, escondido na história desde o início do mundo. Jesus utiliza duas parábolas de origem agrícola para explicar ao povo como é o Reino de Deus. Seu objetivo principal é mostrar o dinamismo da Palavra que está anunciando e o processo de instauração do Reino, que começa pequeno, humilde, frágil, mas cresce até envolver toda a humanidade. Assim como a semente de mostarda e o fermento, o Reino de Deus vai se instaurar no mundo e todos serão tocados por ele. Para isso se concretizar, basta abrir o coração, escutar a Palavra e aceitar a Deus, renunciando aos falsos deuses que ainda hoje sobressaem na sociedade. As duas parábolas procuram iluminar aqueles que, diante de tanta injustiça no mundo, são tentados a desanimar ou desistir.

sábado, 26 de julho de 2025

Lucas 11, 1-13 O “Pai Nosso”.

* 1 Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos dele.” 2 Jesus respondeu: “Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação.” Pedir com confiança -* 5 Jesus acrescentou: “Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: ‘Amigo, me empreste três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele’. 7 Será que lá de dentro o outro responderia: ‘Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?’ 8 Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita. 9 Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 10 Pois, todo aquele de que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 11 Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião? 13 Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem.” Comentário: * 11,1-4: Os mestres costumavam ensinar os discípulos a rezar, transmitindo o resumo da própria mensagem. O Pai Nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda oração cristã. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus (Pai), apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai seja reconhecido por todos (nome); que sua justiça e amor se manifestem (Reino); que, na vida de cada dia, ele nos dê vida plena (pão de amanhã); que ele nos perdoe como nós repartimos o perdão; que ele não nos deixe abandonar o caminho de Jesus (tentação). * 5-13: O Evangelho insiste na oração perseverante e confiante. Se os homens são capazes de atender ao pedido de amigos e filhos, quanto mais o Pai! Ele nada recusará. Pelo contrário, dará o Espírito Santo, isto é, a força de Deus que leva o homem a viver conforme a vida de Jesus Cristo. Vendo Jesus rezar, um discípulo lhe pede que os ensine a rezar, como os rabinos faziam. Diante do pedido, o Mestre lhes oferece um modelo de oração. A oração do pai-nosso contém seis elementos: os três primeiros nos levam à abertura para Deus: chamamos a Deus de Pai, ele é o Pai de todos nós; pedimos que seu nome seja santificado, isto é, que seja reconhecido como aquele que age na história; pedimos a vinda do seu Reino, o que significa acolher o projeto de Jesus. Os três últimos têm a ver conosco e com o próximo: pedimos o que é necessário no dia a dia para uma vida digna, sem pensar em acumular; pedimos o perdão e o compromisso de reconciliação com os nossos irmãos; por fim, pedimos que o Pai nos afaste das tentações que levam a abandonar o projeto de Jesus, que propõe uma sociedade justa, fraterna, igualitária e solidária. A parábola nos ensina a perseverar na oração, feita com confiança ao Pai, o qual nos oferece o Espírito para discernir o que é mais importante para a vida.

Colossenses 2, 12-14 Vida plena em Cristo.

12 Com ele, vocês foram sepultados no batismo, e nele vocês foram também ressuscitados mediante a fé no poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos. 13 Vocês estavam mortos por causa das faltas e da incircuncisão da carne, mas Deus concedeu a vocês a vida juntamente com Cristo: Ele perdoou todas as nossas faltas, 14 anulou o título de dívida que havia contra nós, deixando de lado as exigências legais; fez o título desaparecer, pregando-o na cruz; Comentário: * 9-15: Paulo continua aplicando o hino à vida dos colossenses. Se Cristo é a Plenitude de Deus (1,19), nele se encontra tudo o que é preciso para nos relacionarmos com Deus. Cristo está acima de qualquer poder visível ou invisível. O batismo, que substituiu a circuncisão, leva o cristão a participar da morte e ressurreição de Cristo, isto é, a passar da morte para vida em Cristo. Os vv. 13-15 retomam outro hino que celebra a vitória: através da morte de Cristo na cruz, Deus anulou o registro dos pecados e venceu todas as potências que poderiam escravizar os homens. Portanto, os cristãos agora são livres e não devem se submeter a nada ou a ninguém que não seja Cristo.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Mateus 13, 16-17 A felicidade de compreender.

16 Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem. 17 Eu garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.” Comentário: * 10-17: Cf. nota em Mc 4,10-12. Os mistérios do Reino só serão conhecidos por aqueles que já tiverem acolhido Jesus como Messias (os discípulos). Aceitar Jesus como o Messias, mesmo nos seus “fracassos”, faz compreender as contínuas dificuldades que sofre a implantação do Reino do Céu. E isso é uma bem-aventurança. Pais da Virgem Maria, Joaquim e Ana foram instrumento precioso de Deus no cumprimento das promessas feitas a Abraão. Na fidelidade ao temor de Deus, realizaram na perfeição a função de educadores, preparando a filha para a maior das missões confiadas a um ser humano: ser a Mãe do Filho de Deus. A partir da santidade do fruto, Maria, podemos deduzir a santidade dos pais, que terão ajudado a filha e o genro José na proteção e educação de Jesus, como avós dedicados. Os avós de Jesus não aparecem na Bíblia, mas os evangelhos apócrifos nos ajudam a compreender alguns momentos da sua vida. O Protoevangelho de Tiago, por exemplo, narra que Ana, após um longo período de esterilidade, obteve do Senhor o nascimento de Maria. Desde o século VI, celebramos a memória de Santa Ana, sendo mais recentemente introduzida a de São Joaquim.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Mateus 20, 20-28 Autoridade é serviço.

20 A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos, e ajoelhou-se para pedir alguma coisa. 21 Jesus perguntou: “O que você quer?” Ela respondeu: “Promete que meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.” 22 Jesus, então, disse: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso, vocês podem beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos.” 23 Então Jesus disse: “Vocês vão beber do meu cálice. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É meu Pai quem dará esses lugares àqueles para os quais ele mesmo preparou.” 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram com raiva dos dois irmãos. 25 Mas Jesus chamou-os, e disse: “Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. 26 Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; 27 e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.” Comentário: * 17-28: Cf. nota em Mc 10,32-45: Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum. Tiago, chamado “Maior” para se distinguir de Tiago “irmão” de Jesus, era irmão do apóstolo João, filho de Zebedeu, como nos descreve o Evangelho de hoje. Os dois irmãos pertenciam ao círculo mais íntimo dos discípulos de Jesus, sendo os primeiros a serem chamados. São Tiago esteve presente em dois momentos fundamentais da vida de Jesus: a Transfiguração no monte Tabor e a agonia no monte das Oliveiras. Foi o primeiro apóstolo a sofrer o martírio, em torno do ano 42, pelas mãos do rei Herodes Agripa, como nos relata os Atos dos Apóstolos: “Começou a perseguir alguns membros da Igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João” (At 12,1-2). Segundo uma antiga tradição, seu corpo foi transportado até a Espanha, para a cidade de Santiago de Compostela, onde se ergueu uma imponente basílica (Compostela) que atrai peregrinos desde o século IX.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Mateus 13, 10-17 A felicidade de compreender.

* 10 Os discípulos aproximaram-se, e perguntaram a Jesus: “Por que usas parábolas para falar com eles?” 11 Jesus respondeu: “Porque a vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não. 12 Pois, a quem tem, será dado ainda mais, será dado em abundância; mas daquele que não tem, será tirado até o pouco que tem. 13 É por isso que eu uso parábolas para falar com eles: assim eles olham e não veem, ouvem e não escutam nem compreendem. 14 Desse modo se cumpre para eles a profecia de Isaías: ‘É certo que vocês ouvirão, porém nada compreenderão. É certo que vocês enxergarão, porém nada verão. 15 Porque o coração desse povo se tornou insensível. Eles são duros de ouvido e fecharam os olhos, para não ver com os olhos, e não ouvir com os ouvidos, não compreender com o coração e não se converter. Assim eles não podem ser curados’. 16 Vocês, porém, são felizes, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem. 17 Eu garanto a vocês: muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.” Comentário: * 10-17: Cf. nota em Mc 4,10-12. Os mistérios do Reino só serão conhecidos por aqueles que já tiverem acolhido Jesus como Messias (os discípulos). Aceitar Jesus como o Messias, mesmo nos seus “fracassos”, faz compreender as contínuas dificuldades que sofre a implantação do Reino do Céu. E isso é uma bem-aventurança. O Evangelho de hoje apresenta alguns elementos fundamentais para compreendermos a pedagogia de Jesus. O primeiro é que Jesus falava ao coração. As parábolas são narrações que nos tocam por serem ricas em imagens atemporais e terem sempre uma carga moral e simbólica muito forte. São instrumento pedagógico muito utilizado na Bíblia, especialmente nos livros sapienciais. Através de comparações, narrativas ou descritivas, revelam ou ilustram aspectos da vida, trazendo sempre uma verdade profunda, que provoca o ouvinte. No capítulo 13 de Mateus, encontramos sete parábolas e algumas explicações, como a que a liturgia de hoje nos propõe.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Mateus 13, 1-9 Uma colheita custosa.

* 1 Naquele dia, Jesus saiu de casa, e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2 Numerosas multidões se reuniram em volta dele. Por isso, Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé na praia. 3 E Jesus falou para eles muita coisa com parábolas: “O semeador saiu para semear. 4 Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os passarinhos foram e as comeram. 5 Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6 Porém, o sol saiu, queimou as plantas, e elas secaram, porque não tinham raiz. 7 Outras sementes caíram no meio dos espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8 Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e renderam cem, sessenta e trinta frutos por um. 9 Quem tem ouvidos, ouça!” Comentário: * 1-9: Cf. nota em Mc 4,1-9. Se o Reino já está aqui, por que existem fracassos e conflitos? Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Mas, assim como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo pessoas e estruturas continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer entre os homens. Sem dúvida, haverá uma colheita, mas à custa de muitas perdas, isto é, muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu mistério. As parábolas são um recurso pedagógico muito utilizado por Jesus, verdadeiro Mestre. Tratam de temas variados, mas normalmente aludem ao Reino de Deus, utilizando imagens próximas dos interlocutores, ou seja, palpáveis e compreensíveis, para expressar uma realidade transcendente. A parábola do semeador, que hoje lemos, descreve o dinamismo da palavra proclamada, as dificuldades que encontra em seu desenvolvimento e seu êxito final, caso cultivemos bem essa “semente”. A semente do Reino é sempre de boa qualidade, mas os resultados dependem do terreno em que é semeada, ou seja, do modo como é ouvida e acolhida. Muitos cristãos, hoje, sentem-se tristes porque não se deixam conduzir por Deus, não permitem que a semente lançada em seu interior produza frutos.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

João 20, 1-2.11-18 Jesus não está morto.

-* 1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2 Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava. E disse para eles: “Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram.” Jesus ressuscitado é descoberto pela fé -* 11 Maria tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12 Viu então dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um na cabeceira e outro nos pés. 13 Então os anjos perguntaram: “Mulher, por que você está chorando?” Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o colocaram.” 14 Depois de dizer isso, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não sabia que era Jesus. 15 E Jesus perguntou: “Mulher, por que você está chorando? Quem é que você está procurando?” Maria pensou que fosse o jardineiro, e disse: “Se foi o senhor que levou Jesus, diga-me onde o colocou, e eu irei buscá-lo.” 16 Então Jesus disse: “Maria.” Ela virou-se e exclamou em hebraico: “Rabuni!” (que quer dizer: Mestre). 17 Jesus disse: “Não me segure, porque ainda não voltei para o Pai. Mas vá dizer aos meus irmãos: ‘Subo para junto do meu Pai, que é Pai de vocês, do meu Deus, que é o Deus de vocês.’ “ 18 Então Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: “Eu vi o Senhor.” E contou o que Jesus tinha dito. Comentário: * 20,1-10: A fé na ressurreição tem dois aspectos. O primeiro é negativo: Jesus não está morto. Ele não é falecido ilustre, ao qual se deve construir um monumento. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou prisioneiro da morte. O segundo aspecto da ressurreição é positivo: Jesus está vivo, e o discípulo que o ama intui essa realidade. * 11-18: Jesus está vivo, mas já não se manifesta de modo físico, como o Mestre durante a sua vida na história. Doravante, ele está presente no mistério da vida de Deus, e torna-se presente e atuante através do anúncio feito por aqueles que nele acreditam. Chegou o tempo das relações da nova aliança: Deus é Pai, e os homens são filhos de Deus e irmãos de Jesus. Três mulheres com o nome Maria recebem destaque nos Evangelhos: uma é Maria de Betânia, irmã de Lázaro; outra é a pecadora “a quem muito foi perdoado, porque muito amou” (Lc 7,36-50); e enfim temos Maria de Magdala, que, após ser curada por Jesus (Lc 8,2), tornou-se sua discípula. Apesar de, ao longo da história, ter havido muita confusão entre as três personagens, é esta última que assistiu à morte de Jesus, prestou-lhe o devido culto, indo ao sepulcro, e foi a primeira a testemunhar a ressurreição do Mestre. Maria chora, procura e deixa-se encontrar por Jesus, que a envia para anunciá-lo aos apóstolos. Essa Maria, considerada “apóstola dos apóstolos”, recordamos na festa de hoje.

domingo, 20 de julho de 2025

Mateus 12, 38-42 O sinal que leva para a fé.

-* 38 Então alguns doutores da Lei e fariseus disseram a Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti.” 39 Jesus respondeu: “Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. 40 De fato, assim como Jonas passou três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem passará três dias e três noites no seio da terra. 41 No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração, e a condenarão. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas. 42 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra esta geração, e a condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão.” Comentário: * 38-42: Jesus recusa dar um sinal para provar a sua missão, porque nenhum milagre é capaz de despertar a fé naqueles que não querem se comprometer com Jesus. O único sinal que Jesus dá é o da sua morte e ressurreição, consequência e selo da autenticidade de toda a sua missão. Jesus é maior do que os profetas, representados por Jonas, e é maior do que os reis, representados por Salomão. Ele é o Filho de Deus, que veio ao mundo para salvar o povo. Sua obra é maior do que a libertação do Egito, narrada no Êxodo. Sua missão é muito maior do que curar um ou outro doente, e por isso fica irritado com os que lhe pedem sinais. O maior sinal de sua missão será dado na cruz, ou melhor, três dias após a morte na cruz, com a ressurreição. Não é simplesmente uma volta à vida, mas a vitória sobre a morte: Cristo ressuscitará, o Pai o ressuscitará, ele é a ressurreição e a vida, não morrerá mais.

sábado, 19 de julho de 2025

Lucas 10, 38-42 Ouvir a palavra de Jesus.

-* 38 Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. 39 Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. 40 Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!” 41 O Senhor, porém, respondeu: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; 42 porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.” Comentário: * 38-42: Mais importante do que fazer as coisas, é fazê-las de modo novo. Para isso, é preciso ouvir a palavra de Jesus, que mostra o que fazer e como fazer. Na caminhada para Jerusalém, Jesus é recebido na casa de suas amigas Marta e Maria. Marta acolhe o Senhor com muito carinho e se preocupa em servi-lo, tarefa própria da mulher na cultura judaica. Maria se coloca à escuta da palavra do Mestre, algo que cabia aos homens. Cada uma delas se relaciona com ele de forma diferente: servindo-o ou escutando-o. Duas maneiras complementares, uma não exclui a outra. Cada uma encarna um modo de se relacionar com o Ressuscitado. Marta manifesta a alegria da presença do Mestre, servindo-o. A atitude de Maria quebra o sistema da época: não se permitia a uma mulher “estar aos pés” de um mestre para ouvi-lo e aprender. Jesus quebra o preconceito contra as mulheres: aceita Maria aos seus pés. A escuta da Palavra de Deus não tira as pessoas da ação, mas dá novo sentido ao fazer. Acolher a Palavra (contemplação) para pô-la em prática (ação). Em cada um de nós, existe um pouco de Marta e um pouco de Maria. Não somos somente Marta nem somente Maria.

Colossenses 1, 24-28 O mistério do projeto de Deus.

-* 24 Agora eu me alegro de sofrer por vocês, pois vou completando em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo, a favor do seu corpo, que é a Igreja. 25 Eu me tornei ministro da Igreja, quando Deus me confiou este encargo junto a vocês: anunciar a realização da Palavra de Deus, 26 o mistério escondido desde o começo dos tempos e gerações, e que agora é revelado aos cristãos. 27 Deus quis manifestar aos cristãos a riqueza gloriosa que este mistério representa para os pagãos, isto é, o fato de que Cristo, a glória esperada, está em vocês. 28 E é esse Cristo que anunciamos, aconselhando e ensinando a todos com plena sabedoria, para que todos sejam cristãos perfeitos. Comentário: * 24-29: Paulo se alegra porque o seu sofrimento confirma que ele está anunciando o verdadeiro Evangelho (cf. Mc 13,5-10). O cerne da missão do Apóstolo é o mistério do projeto de Deus: Deus quer que também os pagãos participem da redenção realizada mediante Cristo. A conversão dos colossenses, que antes eram pagãos, manifesta visivelmente esse projeto de Deus.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Mateus 12, 14-21 O bem do homem está acima da lei.

14 Logo depois, os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus. A missão do Servo de Javé -* 15 Jesus soube disso, e foi embora desse lugar. Numerosas multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 Jesus ordenou que não dissessem quem ele era. 17 Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: 18 “Eis aqui o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual minha alma se compraz. Colocarei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará o julgamento às nações. 19 Não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não esmagará a cana quebrada, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que leve o julgamento à vitória. 21 E em seu nome as nações depositarão a sua esperança.” Comentário: * 9-14: Cf. nota em Mc 3,1-6. Jesus sabe que os fariseus permitem salvar um animal em dia de sábado. E propõe um caso de consciência: um homem não vale mais do que um animal? * 15-21: Jesus não é um demagogo que exige publicidade para suas ações. Ele é o Servo de Javé, isto é, o novo mediador que traz e garante para todos os homens a salvação misericordiosa de Deus. Normalmente, associamos a figura do libertador à imagem de um guerreiro forte, capaz de vencer, de forma violenta, todos os seus inimigos. Jesus Cristo, que era de condição divina, viveu peregrino na terra como servo, segundo as modalidades da humildade e da mansidão. Ou seja, nosso Libertador nos arrancou do mundo, onde o pecado nos mantinha aprisionados pelo poder da morte, não pela força, mas pela entrega humilde. Como o discípulo não é superior ao Mestre, qualquer cristão que quiser alcançar a vida nova em Cristo deverá fazê-lo pela mesma via da humildade e da mansidão, deixando-se guiar pelo mesmo Espírito que indicou o Filho amado: “Este é o meu Filho amado, em quem eu me agrado” (Mt 3,17).

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Mateus 12, 1-8 Jesus é o Senhor do sábado.

-* 1 Naquele tempo, Jesus passou por uns campos de trigo, num dia de sábado. Seus discípulos ficaram com fome, e começaram a apanhar espigas para comer. 2 Vendo isso, os fariseus disseram: “Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!” 3 Jesus perguntou aos fariseus: “Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? 4 Como ele entrou na casa de Deus, e eles comeram os pães oferecidos a Deus? Ora, nem para Davi, nem para os que estavam com ele, era permitido comer os pães reservados apenas aos sacerdotes. 5 Ou vocês não leram também, na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado, sem cometer falta? 6 Pois eu digo a vocês: aqui está quem é maior do que o Templo. 7 Se vocês tivessem compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, vocês não teriam condenado estes homens que não estão em falta. 8 Portanto, o Filho do Homem é senhor do sábado.” Comentário: * 1-8: Cf. nota em Mc 2,23-28. Mateus acrescenta um exemplo para mostrar que a lei do sábado não é absoluta. Jesus, como nova presença de Deus entre os homens, é maior do que o Templo, e é senhor do sábado. Por isso, ele tem poder para relativizar a lei, propondo a misericórdia como atitude fundamental de Deus para com os homens. No seu significado original, a palavra “páscoa” significa “passagem”. Na passagem de Deus pela terra do Egito, o Senhor liberta o povo eleito da escravidão, transformando, assim, a realidade em que o povo hebreu se encontrava. Na passagem de Jesus, também é possível perceber uma transformação, porque a sociedade deixa de estar escravizada pelos sacrifícios impostos pela Lei, para encontrar, em Cristo, a verdadeira libertação. Os fariseus, no entanto, não estão preparados e não aceitam a novidade trazida por Cristo, que dá novo sentido à Lei e aos Profetas. Em cada Eucaristia, somos convidados a deixar que Cristo passe novamente pela nossa vida, porque só ele pode transformar nossa existência, tantas vezes escravizada pelo pecado, numa nova realidade, livre para acolher a misericórdia de Deus.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Mateus 11, 28-30 Os pobres evangelizam.

28 Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. 29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.” Comentário: * 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar. No tempo de Jesus, assim como em diversos outros momentos da história de Israel, o povo andava cansado e oprimido, mas, ao mesmo tempo, sentia-se demasiado amedrontado e acomodado, com dificuldade para aceitar a novidade da salvação. Jesus se dispõe a conduzir os que ouvem sua voz e decidem segui-lo. Ele é manso e humilde, é nosso ombro amigo e conforto para os momentos de angústia, saída certa quando estamos desorientados. Quando confiamos em Cristo, nossa vida se torna mais leve e alegre, sentimo-nos livres e seguros. Uma sociedade que não sente a necessidade de apoio e encontro com Cristo acaba por se ver envolvida em uma onda de sofrimento, infelicidade e falta de sentido da vida.

terça-feira, 15 de julho de 2025

Mateus 12, 46-50 Uma nova geração.

* 46 Jesus ainda estava falando às multidões. Sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.” 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos, 50 pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Comentário: * 46-50: Cf. nota em Mc 3,31-35. Mateus salienta que a família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispôs a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração, diferente da geração má dos fariseus. Carmo é sinônimo de Carmelo (cujo sentido original remete à palavra “jardim”), o monte da Palestina em torno do qual o profeta Elias levou o povo de Israel a descobrir a verdadeira fé, eliminando o culto aos deuses pagãos (cf. 1Rs 18,19-46). No século XIII, um grupo de eremitas retirados no monte Carmelo deu início a uma ordem contemplativa, sob a proteção de Maria, Mãe de Deus. A Virgem passou a ser invocada sob o título de Nossa Senhora do Carmo. No período da perseguição dos muçulmanos, os frades carmelitas invocaram de modo especial a Virgem do Carmo. Simão Stock, primeiro superior-geral da ordem, pediu um sinal da proteção de Maria e recebeu das suas mãos o “escapulário”, com a promessa de eterna salvação a todos os que o usassem. Difundida em diversas nações, com o apoio do povo, a festa da Senhora do Carmo, em 1726, foi estendida a toda a Igreja por Bento XIII.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Mateus 11, 20-24 O julgamento da autossuficiência.

-* 20 Então Jesus começou a falar contra as cidades onde havia realizado a maior parte de seus milagres, porque elas não tinham se convertido. 21 Ele dizia: “Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinzas. 22 Pois bem! Eu digo a vocês: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 23 E você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada é no inferno, isso sim! Porque, se em Sodoma tivessem acontecido os milagres que foram realizados no meio de você, ela existiria até o dia de hoje! 24 Eu lhe digo: no dia do julgamento, Sodoma terá uma sentença menos dura que você!” Comentário: * 20-24: Corazin, Betsaida e Cafarnaum são exemplos da autossuficiência e orgulho que não reconhecem a presença do Reino nas ações realizadas por Jesus. Por isso serão julgadas com mais severidade do que as cidades pagãs de Tiro, Sidônia e Gomorra, símbolos da perdição. Para compreender o Evangelho de hoje, é preciso retomar o Antigo Testamento, recordando Sodoma, que foi destruída pelo fogo devido ao pecado contra a hospitalidade (Gn 19), além de Tiro e Sidônia, que representam o poder comercial dos fenícios (Is 23). Algumas cidades da Galileia onde Jesus pregou encarnaram a rejeição e o pecado de Sodoma. Corazin, Betsaida e Cafarnaum são as cidades que recusaram a oportunidade de se arrepender. As palavras de Jesus retomam a profecia de Ezequiel (16,46-48) que compara Judá com a Samaria e Sodoma. Judá supera-as em devassidão, consequentemente seu castigo será muito maior. Para Cafarnaum, o julgamento divino é apresentado por meio da citação de Is 14,12-15, como castigo pelo pecado da soberba. Quem tem o privilégio de conhecer a Cristo e seus milagres não pode ter outra atitude que não seja converter-se e anunciá-lo ao mundo.

domingo, 13 de julho de 2025

Mateus 10, 34-11,1 Perseverança em meio ao conflito.

-* 34 “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a espada. 35 De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.” Jesus se identifica com os pequeninos -* 40 “Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der ainda que seja apenas um copo de água fria a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, eu garanto a vocês: não perderá a sua recompensa.” Jesus é o Messias? -* 1 Quando Jesus terminou de dar essas instruções aos seus doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles. Comentário: * 34-39: O anúncio da verdade provoca divisão e exige tomada de posição: uns aceitam, outros rejeitam. Os discípulos, porém, devem permanecer firmes no compromisso com Jesus, seguindo-o até o fim. Nem os laços familiares, nem as ameaças à própria vida, nada pode impedir o discípulo de testemunhar a justiça do Reino. * 40-42: Os discípulos enviados para a missão são os “pequeninos”; Jesus se identifica com a pessoa deles, porque eles levam ao mundo a sua palavra e ação. * 11,1-6: Será que Jesus é verdadeiramente o Messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples ideia ou teoria. É uma atividade concreta que realiza o que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos. No final do discurso missionário (Mt 10), lemos que seguir Jesus exige um comprometimento radical. Não podemos imitá-lo apenas em determinados momentos ou situações, pois o seguimento envolve a totalidade da nossa vida, sendo mais forte do que os próprios laços de sangue. A uma sociedade injusta e opressora, Jesus oferece os valores da paz. Ele não declara guerra, mas sabe que sua mensagem provocará a hostilidade dos que a rejeitam, gerando conflito e divisão. Vêm à nossa mente as palavras do velho Simeão, quando da apresentação de Jesus no templo: “Eis que este menino será causa de queda e reerguimento de muitos em Israel” (Lc 2,34). É interessante notar os três termos que Jesus utiliza para definir os discípulos: profetas, justos e pequenos. Assim todos nós, cristãos, devemos ser.

sábado, 12 de julho de 2025

Lucas 10, 25-37 O amor é prática concreta.

* 25 Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus perguntou: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26 Jesus lhe disse: “O que é que está escrito na Lei? Como você lê?” 27 Ele então respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” 28 Jesus lhe disse: “Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!” 29 Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Jesus respondeu: “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 31 Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36 “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37 O especialista em leis respondeu: “Aquele que praticou misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá, e faça a mesma coisa.” Comentário: * 25-37: O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente. A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?” Na viagem para Jerusalém, onde será julgado e condenado, Jesus se defronta com um mestre da Lei que quer saber como herdar a vida eterna. Jesus lhe pergunta sobre os Mandamentos. Como é conhecedor das leis, o mestre responde sabiamente, mas resta uma dúvida: quem é “meu próximo”? A partir da pergunta, Jesus conta a parábola do “bom samaritano”. O homem caído à beira da estrada é ignorado pelo sacerdote e pelo levita, provavelmente voltando dos deveres religiosos. Um samaritano vê o moribundo, tem compaixão e cuida dele. O diálogo entre Jesus e o especialista em leis leva à conclusão de quem é o nosso próximo. Mais do que definir “quem é o próximo”, a parábola revela “como tornar-se próximo” de alguém necessitado. Jesus anuncia que “tornar-se próximo” é a razão de sua encarnação, fazendo da humanidade o lugar predileto da sua presença. A compaixão e a misericórdia são a genuína solidariedade que conduz para a vida.

Colossenses 1, 15-20 Cristo é o único mediador.

15* Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura; 16 porque nele foram criadas todas as coisas, tanto as celestes como as terrestres, as visíveis como as invisíveis: tronos, soberanias, principados e autoridades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele existe antes de todas as coisas, e tudo nele subsiste. 18* Ele é também a Cabeça do corpo, que é a Igreja. Ele é o Princípio, o primeiro daqueles que ressuscitam dos mortos, para em tudo ter a primazia. 19 Porque Deus, a Plenitude total, quis nele habitar, 20 para, por meio dele, reconciliar consigo todas as coisas, tanto as terrestres como as celestes, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz. Comentário: * 15-18: O Deus invisível e inatingível se torna visível e acessível em Jesus, o Filho que se encarnou no mundo e na história. Jesus é, portanto, o verdadeiro Adão (Gn 1,26s). Existindo antes de qualquer criatura, ele se torna modelo, cabeça e único mediador do universo criado. No hino primitivo, o termo “corpo” (v. 18) significava “universo”; com o acréscimo da expressão “que é a Igreja”, passou a indicar a comunidade da nova criação, da qual Cristo é a Cabeça. * 18-20: Primeiro a ressuscitar dos mortos, Cristo é o novo Adão, pois na nova criação ele é o Primogênito. Assim, o poder vital de Deus se torna acessível aos homens por meio de Cristo, reconduzindo a criação à paz. A pacificação do universo está na remissão dos pecados realizada por Cristo na cruz.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Mateus 10, 24-33 Testemunho e perseguição.

23 Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Eu garanto que vocês não acabarão de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem. 24 O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo ser como o seu senhor. Se chamaram de Belzebu o dono da casa, quanto mais os que são da casa dele!” Não tenham medo -* 26 “Não tenham medo deles, pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido. 27 O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados. 28 Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. 30 Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. 33 Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu.” Comentário: * 16-25: Os discípulos terão o mesmo destino de Jesus: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Essa missão atingirá os interesses de muitos e, por isso, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das famílias. Muitas vezes poderá levar para a condenação nos tribunais. A missão, porém, é dirigida pelo Espírito de Deus. Por isso, os discípulos perseveram até o fim, sem temor nem aflição, seguros da plena manifestação de Jesus, Senhor e Juiz da história. * 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus. A missão de denunciar as injustiças e cobrar uma mudança da sociedade é exigente e perigosa. Mas Jesus anima seus discípulos e pede que não tenham medo, pois Deus é fiel e seus desígnios são retos. A Palavra de Deus pode ser pregada sem receio, pois é Palavra de vida e verdade. Temos, ao longo da história do cristianismo, muitos exemplos belos e cativantes de pessoas que não tiveram medo de proclamar a verdade do Evangelho. Animadas pelo Espírito, anunciaram sobre os telhados aquilo que receberam na alegria de um encontro pessoal com Cristo. O que Deus nos revela na intimidade deve ser, posteriormente, transformado em ações concretas, testemunhando nossa fé à luz do dia e sobre os telhados.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Mateus 10, 16-23 Testemunho e perseguição.

-* 16 “Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17 Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. 18 Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. 19 Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. 20 Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês. 21 O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22 Vocês serão odiados de todos, por causa do meu nome. Mas, aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Eu garanto que vocês não acabarão de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem. Comentário: * 16-25: Os discípulos terão o mesmo destino de Jesus: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Essa missão atingirá os interesses de muitos e, por isso, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das famílias. Muitas vezes poderá levar para a condenação nos tribunais. A missão, porém, é dirigida pelo Espírito de Deus. Por isso, os discípulos perseveram até o fim, sem temor nem aflição, seguros da plena manifestação de Jesus, Senhor e Juiz da história. No discurso missionário, Jesus alerta os discípulos para os perigos e as perseguições que devem enfrentar e diz como devem reagir a fim de desempenhar bem a missão que lhes é confiada. Quem assume o Evangelho questiona a estrutura social e os falsos valores que a orientam, por isso é natural que sofra agressões e rejeição. O alerta serve não apenas para os apóstolos, mas também para as primeiras comunidades, às quais o Evangelho de dirige, e para nós, hoje. Na sociedade laicizada em que vivemos, enfrentamos situações semelhantes, e também nós devemos ser “prudentes como as serpentes e simples como as pombas”, a fim de superar as dificuldades e poder testemunhar a alegria e a beleza da Palavra de Deus. Deus nos fortalece e indica que ações devemos tomar, porém é preciso estarmos abertos para escutá-lo.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Mateus 10, 7-15 A missão dos apóstolos.

7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. 8 Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça! 9 Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; 10 nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento. 11 Em qualquer cidade ou povoado onde vocês entrarem, informem-se para saber se há alguém que é digno. E aí permaneçam até vocês se retirarem. 12 Ao entrarem na casa, façam a saudação. 13 Se a casa for digna, desça sobre ela a paz de vocês; se ela não for digna, que a paz volte para vocês. 14 Se alguém não os receber bem, e não escutar a palavra de vocês, ao sair dessa casa e dessa cidade, sacudam a poeira dos pés. 15 Eu garanto a vocês: no dia do julgamento as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos rigor do que essa cidade.” Comentário: * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. Jesus transmite aos discípulos quatro orientações fundamentais, que são, na verdade, uma unção e transmissão de poder para realizar os mesmos sinais que ele próprio realiza. Os discípulos são enviados para curar os enfermos, ressuscitar os mortos, sarar os leprosos e expulsar os demônios. Todas as obras que realizarem devem manifestar unicamente a gratuidade e o amor de Deus: “Vocês receberam de graça; deem de graça”. A Igreja é essencialmente missionária. Deve reunir o povo de Deus em torno de Jesus. Independentemente de onde o cristão estiver, deve manifestar a alegria do Reino e testemunhar a salvação através de suas ações e palavras. Um dos principais sinais da aceitação da mensagem salvífica é a “paz”. A unidade e a paz na família são sinais do Reino e, por isso, devem ser preservadas, apesar de todas as dificuldades.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Mateus 10, 1-7 O núcleo da nova comunidade.

* 1 Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. 2 São estes os nomes dos Doze Apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. A missão dos apóstolos -* 5 Jesus enviou os Doze com estas recomendações: “Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. 6 Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. Comentário: * 1-4: Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: desalienar os homens (expulsar demônios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e ação de Jesus. * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. O grupo dos Doze forma a primeira comunidade cristã, que é incumbida de continuar a missão de Cristo no mundo. Para tal, os apóstolos recebem do próprio Jesus o poder de curar todas as doenças e de expulsar os demônios, ou seja, libertar de todos os males que aprisionam o ser humano. Cada um de nós hoje é chamado a realizar a mesma tarefa, anunciando que o Reino de Deus está próximo, que precisamos nos converter e viver dignamente. Também nós somos agora enviados, com o poder de curar e libertar.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Mateus 9, 32-38 Jesus faz ver e falar.

32 Quando já tinham saído os dois cegos, levaram a Jesus um mudo que estava possuído pelo demônio. 33 Quando o demônio foi expulso, o mudo falou, e as multidões ficaram admiradas, e diziam: “Nunca se viu uma coisa assim em Israel.” 34 Mas os fariseus diziam: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.” A origem da missão -* 35 Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36 Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então Jesus disse a seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! 38 Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.” Comentário: * 27-34: A justiça do Reino liberta os homens para o discernimento (ver) e expulsa a alienação (demônio) que impede de dizer a palavra que transforma a realidade. A justiça libertadora, porém, provoca a oposição daqueles que querem apossar-se da salvação, para restringi-la a pequeno grupo de privilegiados. * 35-38: Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. O contato com os chefes e os fariseus causava profunda tristeza em Jesus, pois tinham o coração demasiado duro para compreenderem a novidade do Evangelho e do Reino. Apesar disso, Jesus continua sua missão, comovido e motivado pela necessidade do povo que anda desorientado, como um rebanho sem pastor. Ao ver a carência do povo e sua dependência em diversos níveis, Jesus sente compaixão. Sentir compaixão significa entrar em sintonia com os sentimentos e a dor do outro. Significa assumir seus sofrimentos e colaborar para uma mudança. Jesus é verdadeiro pastor e, como tal, faz de tudo para proteger seu rebanho, mesmo que isso provoque ira e injúrias por parte de alguns.

domingo, 6 de julho de 2025

Mateus 9, 16-26 Jesus é o Senhor da vida.

* 18 Enquanto Jesus dizia essas coisas para eles, um chefe se aproximou, ajoelhou-se diante de Jesus, e disse: “Minha filha acaba de morrer; mas vem, põe tua mão sobre ela, e ela viverá.” 19 Jesus levantou-se e o seguiu, junto com seus discípulos. 20 Nesse momento, chegou uma mulher que fazia doze anos vinha sofrendo de hemorragia. Ela foi por trás, e tocou a barra da roupa de Jesus, 21 porque pensava: “Ainda que eu toque só na roupa dele, ficarei curada.” 22 Jesus virou-se, e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! Sua fé curou você.” E, desde esse momento, a mulher ficou curada. 23 Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e uma multidão fazendo barulho. Então disse: 24 “Retirem-se, porque a menina não morreu. Ela está apenas dormindo.” As pessoas começaram a caçoar dele. 25 Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, e tomou a menina pela mão. Então a menina se levantou. 26 E essa notícia espalhou-se por toda aquela região. Comentário: * 18-26: Cf. nota em Mc 5, 21-43: Toda mulher menstruada ou sofrendo corrimento de sangue, era considerada impura (Lv 15,19.25), e impuros ficavam também os que fossem tocados por ela. A fé em Jesus faz que essa mulher viole a Lei e seja curada. A missão de Jesus é restaurar os homens na vida total: não só libertá-los da doença que os diminui e exclui do convívio social, mas também salvá-los da morte, que os exclui da vida antes do tempo. Iniciamos a semana meditando o relato de duas curas que ocorrem quase que simultaneamente. Além do período em que ocorrem, elas têm em comum o fato de necessitarem da presença de Jesus e de revelarem fé profunda (tanto da mulher quanto do pai da menina). Os que manifestam a fé são salvos, como afirma Jesus. Isso significa muito mais do que a cura em si, significa receber de volta a vida plena e o convívio na sociedade. O mesmo vale para nós hoje: se manifestarmos fé verdadeira, além das “curas” cotidianas, estará garantida para nós a salvação eterna. Lugar privilegiado para encontrar pessoalmente com Cristo e sermos por ele curados são os sacramentos, portanto aproximemo-nos dos sacramentos com uma fé viva, para que possamos sentir eficazmente a vida nova que eles produzem em nós.

sábado, 5 de julho de 2025

Lucas 10, 1-12 .17-20 Os anunciadores do Reino.

-* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’ 10 Mas quando vocês entrarem numa cidade, e não forem bem recebidos, saiam pelas ruas e digam: 11 ‘Até a poeira dessa cidade, que se grudou em nossos pés, nós sacudimos contra vocês. Apesar disso, saibam que o Reino de Deus está próximo’. 12 Eu lhes afirmo: no dia do julgamento, Deus será mais tolerante com Sodoma do que com tal cidade. A alegria do discípulo -* 17 Os setenta e dois voltaram muito alegres, dizendo: “Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome.” 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago. 19 Vejam: eu dei a vocês o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo, e nada poderá fazer mal a vocês. 20 Contudo, não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes, fiquem alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu.” Comentário: * 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. * 17-20: Os milagres realizados são motivo de alegria para os discípulos que retornam. No entanto, Jesus mostra que são apenas sinais de uma libertação muito mais ampla, que ameaça o domínio de Satanás. A verdadeira alegria dos discípulos é saber que a novidade do Reino está surgindo, e que eles estão participando dela. Lucas apresenta a “missão dos setenta e dois” discípulos. O número “setenta e dois” é simbólico: recorda que todos os seguidores de Jesus têm o compromisso com seu projeto. A Palavra de Jesus não tem fronteiras nem se limita a um único povo. Precisa estar presente em toda parte onde o Reino de Deus ainda não se estabeleceu. O Reino de Deus é o objetivo de toda ação da comunidade e de todo cristão. O autor apresenta o perfil dos missionários: são pessoas que rezam, pedem ao Senhor da messe que envie operários; devem estar dispostas a enfrentar os desafios da missão, pois os lobos ferozes querem devorar o projeto de Jesus; são pessoas despojadas, que não visam ao lucro; são pessoas promotoras da paz, dom messiânico por excelência; não devem perder tempo com quem nada quer com a mensagem de Jesus, sacudindo o pó da sociedade injusta. A alegria dos cristãos consiste em saber que seus nomes “estão escritos no céu”, isto é, Deus conta com a colaboração deles.

Gálatas 6, 14-18 Gloriar-se na cruz de Cristo.

14 Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. 15 O que importa não é a circuncisão ou a não-circuncisão, e sim a nova criação. 16 Que a paz e a misericórdia estejam sobre todos os que seguirem esta norma, assim como sobre todo o Israel de Deus. 17 De agora em diante ninguém mais me moleste, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus. Saudações finais -* 18 Irmãos, que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês. Amém. Comentário: * 11-18: Paulo acusa os pregadores judaizantes de orgulho, covardia e falsidade. De fato, eles visam à glória pessoal, fogem à perseguição e, embora preguem a Lei, eles próprios não a praticam. Paulo, porém, mesmo perseguido, se gloria apenas na cruz de Cristo, porque é dela que nasceu a nova criação, diante da qual ser ou não ser circuncidado é algo que já não tem importância.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Mateus 9, 14-17 Jesus provoca ruptura.

-* 14 Então os discípulos de João se aproximaram de Jesus, e perguntaram: “Nós e os fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?” 15 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa o pano, e o rasgo fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em barris velhos, senão os barris se arrebentam, o vinho se derrama e os barris se perdem. Mas vinho novo se põe em barris novos e assim os dois se conservam.” Comentário: * 14-17: Cf. nota em Mc 2,18-22. Jesus veio substituir o sistema da Lei, rigidamente seguido pelos fariseus. A justiça que vem da misericórdia abre as portas do Reino para todos. A mesa é muito importante e simbólica na construção identitária do cristianismo. Se o Antigo Israel fundamentou, em grande medida, sua identidade nas proibições relacionadas aos alimentos e refeições, o cristianismo vai se solidificar em torno da mesa, do pão partilhado, ou seja, da Eucaristia. O essencial para o cristão não é aquilo que ele não pode comer, mas sim Jesus Cristo, que se fez nosso alimento. Nenhum cristão poderá jejuar de Cristo, por isso também nenhum cristão deveria estar impedido de participar do banquete de Cristo. O Senhor Jesus está presente em cada Eucaristia, saciando-nos com o pão da vida e convidando-nos a comungar seu corpo, para que ele se forme cada vez mais em nós.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.

* 9 Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10 Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: “Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13 Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.” Comentário: * 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia. O sacrifício era prática comum entre os povos antigos, muito presente no Antigo Testamento como prova de comunhão entre Deus e o ser humano. Com o tempo, porém, alguns rituais caíram na hipocrisia, idolatria e simples exterioridade. Nos Profetas, por exemplo, vemos diversas críticas a esses sacrifícios desprovidos de significado profundo. Jesus Cristo veio estabelecer a comunhão definitiva entre Deus e a humanidade, por isso os sacrifícios não são mais necessários. O que Jesus pede agora é a misericórdia. Quem pratica a misericórdia e segue Jesus já não está “separado”, tradução literal de “fariseu”. Aquele que é iluminado por Cristo se reconhece como pecador e deseja que Cristo entre em sua casa, no seu íntimo, para curar a enfermidade do pecado humano que existe em nós. Cristo não pretende que nos separemos do mundo, mas que reconheçamos e erradiquemos o pecado das nossas vidas.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

João 20, 24-29 A comunidade é testemunha de Jesus ressuscitado.

* 24 Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos disseram para ele: “Nós vimos o Senhor.” Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei.” 26 Uma semana depois, os discípulos estavam reunidos de novo. Dessa vez, Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: “A paz esteja com vocês.” 27 Depois disse a Tomé: “Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé.” 28 Tomé respondeu a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus disse: “Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto.” Comentário: * 24-29: Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem uma experiência particular para acreditar. Jesus, porém, se revela a Tomé dentro da comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã. Provavelmente você já utilizou a expressão: “Preciso ver para crer!”. Fazemos uso dessa frase para evocar nossa incredulidade, sem recordar que ela tem sua origem no apóstolo Tomé. Também não recordamos que Tomé é muito maior do que um momento de incredulidade. O Evangelho de hoje nos mostra Tomé como modelo de fé, o discípulo que tem a certeza de que as feridas de Jesus são agora os sinais que revelam a identidade de Cristo, porque são expressão da sua paixão e morte por amor a todos nós. Modelo de discípulo que consegue professar profundamente sua fé: “Meu Senhor e meu Deus!”. Como escreveu Santo Agostinho: “Tomé via e tocava o homem, mas confessava sua fé em Deus”. Tomé simboliza todo discípulo que acredita no amor de Cristo, expresso nas suas chagas, e é capaz de confessá-lo como Senhor da história e Deus da humanidade.

terça-feira, 1 de julho de 2025

Mateus 8, 28-34 Jesus desaliena os homens.

* 28 Quando Jesus chegou à outra margem, à terra dos gadarenos, foram ao encontro dele dois homens possuídos pelo demônio. Saíam do meio dos túmulos e eram muito selvagens, de modo que ninguém podia passar por esse caminho. 29 Então eles gritaram: “Que é que há entre nós, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” 30 Havia, ao longe, uma grande manada de porcos que estavam pastando. 31 Os demônios suplicavam: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos.” 32 Jesus disse: “Podem ir.” Os demônios saíram, e foram para os porcos; e eis que toda a manada se atirou monte abaixo para dentro do mar e morreu afogada. 33 Os homens que guardavam os porcos saíram correndo, foram à cidade e contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. 34 Então toda a cidade saiu ao encontro de Jesus. Vendo-o, começaram a suplicar que Jesus se retirasse da região deles. Comentário: * 28-34: Cf. nota em Mc 5,1-20. Para desalienar os homens não existe limite de espaço (“aqui”) e de tempo (“antes do tempo”). Mateus mostra que Jesus realizou sua ação libertadora, mesmo que para isso tivesse que “invadir” áreas pagãs, consideradas propriedade do demônio. Gadara era uma das cidades da Decápole, próxima ao lago de Tiberíades. Marcos e Lucas ambientam este milagre na cidade de Gerasa, que, no entanto, fica bastante distante dali. A presente série de milagres narrada por Mateus está contextualizada na Decápole, terra habitada por pagãos, como indica a própria presença de porcos, animais considerados impuros pelos judeus. Jesus encontra ali um mundo dominado por escravidão e violência. Sua presença significa grande ameaça contra essa deplorável situação: “Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”. A ação de Jesus vence os poderes do mal que agem no meio dos pagãos. A libertação que Jesus promove, obviamente, não alegra os poderosos (donos dos porcos), que se juntam contra ele.