terça-feira, 12 de julho de 2022

Mateus 11, 25-27 Os pobres evangelizam.

-* 25 Naquele tempo, Jesus disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar. Comentário: * 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar. Jesus exulta de alegria, porque o Pai revelou as coisas lindas do Reino de Deus aos pequeninos. Considerando-se autossuficientes, os sábios e entendidos são membros da elite do tempo de Jesus e se recusam a reconhecer o Mestre como o enviado do Pai. A exclamação de Jesus é ao mesmo tempo reconhecimento, proclamação e ação de graças pela sabedoria no modo de ser do seu Pai. O Filho, que se fez pequeno, pobre e humilde, reconhece e celebra a opção que o Pai fez em favor dos pequeninos, abertos e dispostos a acolher uma mensagem de esperança. O Filho, conhecendo o agir do Pai, aprendeu dele a acolher os pequeninos, pobres e discriminados. O agir de Jesus em favor dos pequeninos atraiu multidões e, ao mesmo tempo, encontrou resistência e perseguição por parte dos sábios e entendidos, autossuficientes e arrogantes.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Mateus 11, 20-24 O julgamento da auto-suficiência.

-* 20 Então Jesus começou a falar contra as cidades onde havia realizado a maior parte de seus milagres, porque elas não tinham se convertido. 21 Ele dizia: “Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinzas. 22 Pois bem! Eu digo a vocês: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 23 E você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada é no inferno, isso sim! Porque, se em Sodoma tivessem acontecido os milagres que foram realizados no meio de você, ela existiria até o dia de hoje! 24 Eu lhe digo: no dia do julgamento, Sodoma terá uma sentença menos dura que você!” Comentário: * 20-24: Corazin, Betsaida e Cafarnaum são exemplos da auto-suficiência e orgulho que não reconhecem a presença do Reino nas ações realizadas por Jesus. Por isso serão julgadas com mais severidade do que as cidades pagãs de Tiro, Sidônia e Gomorra, símbolos da perdição. Jesus repreende certas cidades por não ter acolhido sua mensagem de conversão. Conversão, para Mateus, significa abandonar a prática da justiça e começar vida justa, vida nova. São cidades ao redor do lago de Genesaré, onde ele atuou de forma mais acentuada. Por isso, essas cidades serão julgadas com mais rigor no dia do juízo. As palavras e as ações de Jesus têm o objetivo de levar as pessoas a abandonar o caminho que leva à desgraça e se voltar para o caminho que favorece a vida. O alerta de Jesus pode ser dirigido também às pessoas que são assíduas frequentadoras de nossas comunidades, mas que não vivem a justiça do Reino, a prática do amor, da solidariedade e da fraternidade. O que mais importa não é tanto ser membro dessa ou daquela comunidade ou Igreja e fazer parte do povo de Deus, mas viver como filhos e filhas de Deus.

domingo, 10 de julho de 2022

Mateus 10, 34-11,1 Perseverança em meio ao conflito.

* 34 “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a espada. 35 De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.” Jesus se identifica com os pequeninos -* 40 “Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der ainda que seja apenas um copo de água fria a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, eu garanto a vocês: não perderá a sua recompensa.” Jesus é o Messias? -* 1 Quando Jesus terminou de dar essas instruções aos seus doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles. Comentário: * 34-39: O anúncio da verdade provoca divisão e exige tomada de posição: uns aceitam, outros rejeitam. Os discípulos, porém, devem permanecer firmes no compromisso com Jesus, seguindo-o até o fim. Nem os laços familiares, nem as ameaças à própria vida, nada pode impedir o discípulo de testemunhar a justiça do Reino. * 11,1-6: Será que Jesus é verdadeiramente o Messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples ideia ou teoria. É uma atividade concreta que realiza o que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos. Antes de partir em missão para ensinar e pregar, Jesus conclui seu discurso missionário, com algumas exigências radicais aos discípulos. A espada é símbolo de divisão, estabelece uma distinção entre quem é a favor do Reino de Deus e quem é contra ele. Essa divisão pode acontecer desde o seio da família; pode haver pessoas guiadas pela justiça do Reino e outras contra. Jesus não pede desprezo pelos familiares; ao contrário, ele mesmo demonstrou afeto e amor aos seus, sem, contudo, esquecer o compromisso com seu Reino. Seguir o Mestre significa optar pela vida, não se fechar em si mesmo, mas solidarizar-se com os próximos pequeninos. Isso denota olhar em torno e sair do próprio egoísmo. Aí está o verdadeiro sentido e a recompensa da vida, quando é doada a Jesus e posta a serviço do seu Reino.

sábado, 9 de julho de 2022

Lucas 10, 25-37 O amor é prática concreta.

* 25 Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus perguntou: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26 Jesus lhe disse: “O que é que está escrito na Lei? Como você lê?” 27 Ele então respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” 28 Jesus lhe disse: “Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!” 29 Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Jesus respondeu: “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 31 Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36 “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37 O especialista em leis respondeu: “Aquele que praticou misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá, e faça a mesma coisa.” Comentário: * 25-37: O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente. A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?” Na viagem para Jerusalém, onde será julgado e condenado, Jesus se defronta com um mestre da Lei, o qual quer saber o que fazer para herdar a vida eterna. Jesus não responde diretamente, mas pergunta sobre o que está escrito na Lei. Como é bom conhecedor das leis, o rabino responde sabiamente, mas resta uma dúvida, quem é “meu próximo”? A partir dessa dúvida, Jesus conta a bonita parábola do “bom samaritano”. O homem caído à beira da estrada é ignorado pelo sacerdote e pelo levita. Provavelmente estavam voltando para casa depois de cumpridos os deveres religiosos. O sacerdote e o levita, bons conhecedores das leis, não querem se tornar impuros, aproximando-se de um doente. Um samaritano, detestado pelos judeus, talvez indo para seu trabalho, defronta-se com o moribundo, teve compaixão e cuidou dele. O diálogo entre Jesus e o especialista em leis leva à conclusão de quem é o nosso próximo: o necessitado que está ao nosso lado. A conclusão que podemos tirar da parábola é que não basta ser bom conhecedor das leis, o mais importante é praticar e viver a “lei do amor ao próximo”. Mais importante do que saber “quem é o meu próximo”, é “como tornar-se próximo” de quem necessita, assumindo atitudes de compaixão e misericórdia.

Colossenses 1, 15-20 Cristo é o único mediador.

15* Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura; 16 porque nele foram criadas todas as coisas, tanto as celestes como as terrestres, as visíveis como as invisíveis: tronos, soberanias, principados e autoridades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele existe antes de todas as coisas, e tudo nele subsiste. 18* Ele é também a Cabeça do corpo, que é a Igreja. Ele é o Princípio, o primeiro daqueles que ressuscitam dos mortos, para em tudo ter a primazia. 19 Porque Deus, a Plenitude total, quis nele habitar, 20 para, por meio dele, reconciliar consigo todas as coisas, tanto as terrestres como as celestes, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz. Comentário: * 13-20: Para animar os colossenses a permanecerem firmes na fé, Paulo cita um hino cristão, provavelmente usado na cerimônia batismal, que canta a grandeza de Cristo. Paulo se serve desse hino para criticar qualquer doutrina que apresente como necessárias outras mediações salvíficas, além da de Cristo. Cristo é o único mediador entre Deus e a criação, e só ele, mediante a cruz, é capaz de reconciliar Deus com as criaturas submetidas ao pecado. * 15-18: O Deus invisível e inatingível se torna visível e acessível em Jesus, o Filho que se encarnou no mundo e na história. Jesus é, portanto, o verdadeiro Adão (Gn 1,26s). Existindo antes de qualquer criatura, ele se torna modelo, cabeça e único mediador do universo criado. No hino primitivo, o termo “corpo” (v. 18) significava “universo”; com o acréscimo da expressão “que é a Igreja”, passou a indicar a comunidade da nova criação, da qual Cristo é a Cabeça. * 18-20: Primeiro a ressuscitar dos mortos, Cristo é o novo Adão, pois na nova criação ele é o Primogênito. Assim, o poder vital de Deus se torna acessível aos homens por meio de Cristo, reconduzindo a criação à paz. A pacificação do universo está na remissão dos pecados realizada por Cristo na cruz.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Mateus 10, 24-33 Testemunho e perseguição.

24 O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo ser como o seu senhor. Se chamaram de Belzebu o dono da casa, quanto mais os que são da casa dele!” Não tenham medo -* 26 “Não tenham medo deles, pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido. 27 O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados. 28 Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. 30 Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. 33 Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu.” Comentário: * 16-25: Os discípulos terão o mesmo destino de Jesus: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Essa missão atingirá os interesses de muitos e, por isso, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das famílias. Muitas vezes poderá levar para a condenação nos tribunais. A missão, porém, é dirigida pelo Espírito de Deus. Por isso, os discípulos perseveram até o fim, sem temor nem aflição, seguros da plena manifestação de Jesus, Senhor e Juiz da história. * 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus. O Mestre Jesus procura, com vários ditos, animar seus seguidores e livrá-los do medo diante das incompreensões da sociedade. Temos a mesma missão de Jesus, e as consequências da sua missão são também nossas consequências. Estamos atados aos riscos do seguimento de Cristo e ao mesmo tempo vivemos nas mãos do Pai que zela até pelos passarinhos. Ele nos acompanha em todos os nossos passos, nos conhece profundamente até os detalhes de nossa vida e abraça carinhosamente a criação inteira. As palavras de Jesus do texto de hoje nos revelam que a pertença à Igreja ou à comunidade não significa refúgio seguro e proteção contra as perseguições. Pertencer à família de Jesus significa ter fé nele e manifestá-la, com a vida mais do que com palavras. Envergonhar-se dele significa excluir-se de sua família e negar a filiação divina.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Mateus 10, 16-23 Testemunho e perseguição.

* 16 “Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17 Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. 18 Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. 19 Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. 20 Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês. 21 O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22 Vocês serão odiados de todos, por causa do meu nome. Mas, aquele que perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Eu garanto que vocês não acabarão de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem. Comentário: * 16-25: Os discípulos terão o mesmo destino de Jesus: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Essa missão atingirá os interesses de muitos e, por isso, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das famílias. Muitas vezes poderá levar para a condenação nos tribunais. A missão, porém, é dirigida pelo Espírito de Deus. Por isso, os discípulos perseveram até o fim, sem temor nem aflição, seguros da plena manifestação de Jesus, Senhor e Juiz da história. Jesus previne seus seguidores contra as perseguições que os aguardam e exorta-os a perseverarem firmes até o fim. A autêntica Igreja, fundamentada nos valores do Evangelho, sempre teve e sempre terá resistências por parte daqueles que não se enquadram nos valores pregados pelo Mestre. Por outro lado, Jesus também pede sabedoria aos seus apóstolos e discípulos. A sabedoria da coragem simples que implica fidelidade até as últimas consequências; a sabedoria da prudência que não procura o conflito e a perseguição gratuitamente. O Mestre propõe um programa nada fácil para a Igreja, continuamente tentada a assumir as mesmas atitudes da sociedade injusta e defensora dos poderosos. Quando a Igreja procura se revestir do poderio, ela acaba se afastando do Espírito do Mestre, que sempre viveu de forma simples e despojada.