terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Marcos 1, 29-39 Ser livre para servir.

 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então a febre desapareceu, e ela começou a servi-los. 32À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era. 

Jesus rejeita a popularidade fácil - 35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.

Comentário:

* 29-34: Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem.

* 35-39: O deserto é o ponto de partida para a missão. Aí Jesus encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a tentação: Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É o primeiro diálogo com os discípulos, e já se nota tensão.

Jesus se desloca da sinagoga até a casa de Simão e André. Informado sobre a febre da sogra de Simão, Jesus a cura, tomando-a pela mão. Estender a mão ao necessitado é um gesto que Jesus repete em outras circunstâncias. Quando foi que estendemos a mão para reerguer alguém do desânimo e da tristeza? Recuperada a saúde, a mulher se pôs a serviço da comunidade. Jesus, em sua missão, segue alguns critérios. Primeiramente, ele se faz solidário com os doentes e as pessoas dominadas por maus espíritos; depois, retira-se para rezar. A oração o põe em sintonia com a vontade do Pai e torna mais eficaz sua obra libertadora; enfim, não se instala no mesmo lugar, mas vai à procura dos que estão afastados, afim de anunciar também a eles o Evangelho: “Foi para isso que eu vim”.

ORAÇÃO
Senhor Jesus, da sinagoga passas para a casa de Pedro, onde sua sogra está acamada e com febre. Curas a enfermidade dela e lhe devolves a condição de cuidar da casa e dos hóspedes. Mais doentes, mais curas. Tempo para oração. O povo continua sedento de tua presença. Amém.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Marcos 1, 21-28 Jesus vence a alienação.

 21Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei. 23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24“Que queres de nós, Jesus nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. 25Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!” 26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade: ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia. 

Comentário:

* 21-28: A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e de agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo.

Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei.

Os ensinamentos de Jesus tocam o íntimo dos seus ouvintes. Cheio de convicção, ele fala de sua comunhão com o Pai, fonte autorizada e inesgotável de sua pregação, e revela os projetos de Deus sobre o mundo. As pessoas ficam encantadas com o ensino de Jesus, porque havia total coerência entre as suas palavras e a sua vida. O episódio apresenta, na linguagem e na mentalidade da época, Jesus enfrentando os poderes do mal que escravizam o ser humano. O espírito mau representa as pessoas que não aceitam a novidade de Jesus, isto é, liberdade e vida para todos. Elas preferem permanecer atreladas a uma instituição que oprime e explora os outros. Jesus, o “santo de Deus”, expulsa o espírito imundo. Um “ensinamento novo, dado com autoridade”, se confirma com a prática concreta
de libertação.

ORAÇÃO
Ó Jesus de Nazaré, Santo de Deus, na sinagoga de Cafarnaum, ensinas com autoridade. És desafiado por um homem com um espírito impuro. Logo o mandas ficar calado e o expulsas. Admiram-se os presentes, e tua boa fama se espalha “em toda a Galileia”. Teu reinado está começando. Amém.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Marcos 1, 14-20 A pregação de Jesus.

14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” 

Seguir a Jesus é comprometer-se - 16E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai, Zebedeu, na barca com os empregados e partiram, seguindo Jesus.

Comentário:

* 14-15: São as primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave para interpretar toda a sua atividade. Cumprimento: em Jesus, Deus se entrega totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir. O Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a ação de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele.

* 16-20: O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma ação transformadora.

Consciente de sua missão e livre para movimentar-se, João Batista preparou, com total dedicação, a chegada do Messias. Lançado na prisão, sai de cena: “É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Jesus irrompe na vida pública, pronto para fazer a vontade do Pai: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 4,34). Afirma que o Reino de Deus já se encontra presente, ao alcance de todos, e propõe mudança radical: converter-se e acreditar no Evangelho. Ciente de que a tarefa é árdua, Jesus lança mão de colaboradores e os busca onde vivem e trabalham. E os convida a deixar o serviço e a família. Há, doravante, uma nova família a formar, a família de Deus. Para isso se requer a entrega total da própria vida.

ORAÇÃO
Ó Jesus, pregador do “Evangelho de Deus”, percorres a Galileia anunciando a chegada do teu Reino. Ao buscares colaboradores, desinstalas duas famílias e chamas os irmãos Pedro e André e os filhos de Zebedeu, Tiago e João. Eles deixam a segurança do trabalho e da casa e partem contigo. Amém.

 

 

sábado, 9 de janeiro de 2021

Marcos 1, 7-11 O anúncio da chegada do Messias.

  7João Batista pregava, dizendo: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”.

O Messias é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus - 9Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão. 10E logo, ao sair da água, viu o céu se abrindo e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. 11E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”.

Comentário:

* 2-8: A pregação de João Batista é grande advertência. Ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. É preciso estar preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la.

* 9-11: O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé (Is 42,1-2).

João Batista cumpre sua missão encomendada por Deus, isto é, prega a vinda do Messias e batiza com água. E avisa: “Depois de mim, vem aquele que é mais forte do que eu”. Anuncia, pois, a chegada de outro superior a ele em força, pois possuirá a plenitude do Espírito Santo. Será superior a ele também quanto à missão, que consistirá em fundar uma sociedade nova (nova aliança). A Jesus caberá o papel de esposo da nova comunidade. “Tirar as sandálias” significa justamente apropriar-se do direito de esposo. Será com o Espírito Santo e com água que Jesus formará o homem novo, fundamento e construtor da nova sociedade, etapa terrena do Reino de Deus. A expressão “viu os céus se rasgando” indica que, a partir de Jesus, se estabelece total e permanente comunicação entre Deus e o ser humano.

ORAÇÃO
Ó Jesus de Nazaré, quiseste ser batizado por João. Na hora do batismo, o céu se manifestou: o Espírito desceu sobre ti em forma de pomba, e a voz do Pai celeste confirmou que és seu Filho amado. Ajuda-nos a compreender que, pelo batismo, nos tornamos habitação da Santíssima Trindade. Amém.

Atos 10, 34-38 A essência da catequese de Pedro.

 34Pedro tomou a palavra e disse: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. 35Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. 36Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa-nova da paz por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. 37Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo pregado por João: 38como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com ele”.

Comentário:

* 34-43: O texto reflete a essência da catequese primitiva. Na estrutura dessa catequese podemos ver a estrutura dos atuais evangelhos escritos; estes não são mais do que a cristalização da catequese realizada em comunidades particulares.

O ponto de partida da evangelização e da catequese é o reconhecimento de que o povo de Deus é formado por todos aqueles que o respeitam e praticam a sua vontade, ainda que de forma inconsciente e anônima. É essa prática da justiça que a evangelização visa a descobrir, fazer crescer e educar, mostrando tudo o que Deus realizou em favor dos homens através de Jesus Cristo. Note-se que toda a atividade de Jesus está resumida numa frase que define o programa da ação cristã: fazer o bem e curar todos os que estão dominados pelo diabo. Em outras palavras, trata-se de despertar relações justas entre os homens, a fim de que eles vençam a alienação e construam uma sociedade voltada para a vida que Deus quer.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

João 3, 22-30 Jesus é maior que a sua testemunha.

 22Jesus foi com seus discípulos para a região da Judeia. Permaneceu aí com eles e batizava. 23Também João estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água. Aí chegavam as pessoas e eram batizadas. 24João ainda não tinha sido posto no cárcere. 25Alguns discípulos de João estavam discutindo com um judeu a respeito da purificação. 26Foram a João e disseram: “Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, e do qual tu deste testemunho, agora está batizando, e todos vão a ele”. 27João respondeu: “Ninguém pode receber alguma coisa se não lhe for dada do céu. 28Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas fui enviado na frente dele’. 29É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela é completa. 30É necessário que ele cresça e eu diminua”.

Comentário:
* 22-30: João Batista não é rival de Jesus. Confessa claramente que sua missão é tornar Jesus conhecido e seguido, e não se servir de Jesus como trampolim para angariar seguidores.

Parece haver certo ciúme por parte de alguns discípulos de João Batista quando veem que Jesus batiza e muitos se aproximam dele. Com toda sua humildade, João procura esclarecer as coisas: Jesus cumpre a missão recebida do Pai; João não é o Messias, apenas seu mensageiro; Jesus é o noivo e é ele que recebe a noiva (a comunidade); a grande alegria de João: ele diminuir e o Cristo crescer. A missão do batizado, de todo cristão, é a mesma do Batista: ser mensageiro de Cristo, e não de si mesmo. A preocupação de todo missionário é se “tornar pequeno” para que “Jesus cresça”. Nosso testemunho cristão não serve para nos engrandecer. Como instrumentos nas mãos de Deus, devemos ser discípulas e discípulos preocupados em colaborar para que a glória de Deus e o projeto de Jesus cresçam.

ORAÇÃO
Ó Jesus Messias, com teus discípulos, batizavas. Então os discípulos do Batista ficaram em dúvida: a quem deveriam seguir? Teu precursor, porém, os esclarece, dizendo: “Eu não sou o Cristo… É preciso que ele cresça e eu diminua”. Senhor, queremos ser teus seguidores por toda parte e sempre. Amém.

 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Lucas 5, 12-16 Jesus reintegra os marginalizados.

 12Aconteceu que Jesus estava numa cidade e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés e pediu: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. 13Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica purificado”. E, imediatamente, a lepra o deixou. 14E Jesus recomendou-lhe: “Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova de tua cura”. 15Não obstante, sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. 16Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.

Comentário:

* 12-16: Cf. nota em Mt 8,1-4. Enquanto o leproso curado testemunha a ação de Jesus, este se retira para refontizar a sua missão em Deus Pai, e assim continuar a sua obra.

Mais um leproso (hanseniano) aproxima-se de Jesus para lhe pedir a cura. O Mestre, sem medo de se tornar impuro – assim eram vistos os que tinham alguma doença da pele -, estende-lhe a mão e o cura da lepra. Em respeito à Lei, pede para se apresentar ao sacerdote e cumprir a Lei de Moisés como prova da cura. O narrador continua apresentando Jesus como alguém capaz de purificar a pessoa impura e readmiti-la na sociedade civil e religiosa. O gesto de Jesus, além da cura do doente, é uma crítica contra o isolamento de pessoas por causa de alguma doença, contra uma sociedade que discriminava por motivos insignificantes, principalmente os mais pobres e os doentes. Sua ação é uma expressão de misericórdia para quem necessita e uma contestação contra as estruturas que marginalizam as pessoas.

ORAÇÃO
Ó Jesus, recebes um homem cheio de lepra e, atendendo ao pedido dele, o livras da doença. Desse modo, o reintegras na vida social e lhe dás condições de ir ao templo prestar culto a Deus. Dupla libertação. Livra também o nosso povo, Senhor, de tudo o que o impede de ter vida plena. Amém.