terça-feira, 24 de setembro de 2019

Lucas 8, 19-21 A verdadeira família de Jesus.


* 19 A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estãofora, e querem te ver.” 21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.”
Comentário:
* 19-21: Jesus instaura novas relações entre os homens, que começam a existir quando os homens põem em prática a palavra do Evangelho, continuando a missão de Jesus.

Jesus está entretido com a multidão, falando do Reino de Deus. Passam-lhe o recado de que sua mãe e outros parentes estão fora e querem vê-lo. Ótimo ensejo para Jesus nos brindar com mais um ensinamento surpreendente. No judaísmo, os laços do sangue, da raça e da família tinham caráter sagrado e absoluto. A palavra de Jesus os relativiza. Nenhuma instituição natural poderá constituir o fundamento do povo de Deus. Única base para o novo povo de Deus é a Palavra divina: os que a acolhem e praticam formam a família de Jesus. Com isso, ele se faz nosso irmão, “o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29). Ora, se Jesus é nosso irmão, somos filhos e filhas de Deus e podemos chamar a Deus de Pai: Pai nosso! Dessa família é que surge o mundo novo, cheio de liberdade e vida para todos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Lucas 8, 16-18 Ouvir e agir.


* 16 Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que todos os que entram, vejam a luz. 17 De fato, tudo o que está escondido, deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo, deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18 Portanto, prestem atenção como vocês ouvem: para quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter.”
Comentário:
* 16-18: Cf. nota em Mc 4,21-25. Quem não age, perde até mesmo a compreensão que pensa ter.
Os discípulos receberam a explicação da parábola do semeador e foram iluminados. Não devem guardar para si o tesouro precioso dos ensinamentos do Mestre; ao contrário, devem ser luz para o mundo. A Palavra de Deus, de fato, tem cunho universal: não é exclusividade de grupos fechados. Sendo Palavra que liberta, não pode ficar oculta ou abafada: “A Palavra de Deus não está algemada” (2Tm 2,9). Em outra passagem, Jesus disse: “O que vocês disserem no quarto, ao pé do ouvido, será proclamado sobre os telhados”. A nós, que também somos seus discípulos, Jesus recomenda abertura de coração para acolhermos sua mensagem em medida generosa. Quanto mais a pessoa se abre para Deus sem cálculos, tanto mais Deus se lhe manifesta. Se a pessoa é mesquinha e se retrai, mesmo assim Deus não se retira nem deixa de se comunicar.


domingo, 22 de setembro de 2019

Marcos 1, 12-15 Jesus vai enfrentar o mal.


* 12 Em seguida o Espírito impeliu Jesus para o deserto. 13 E Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí era tentado por Satanás. Jesus vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam.
A pregação de Jesus -* 14 Depois que João Batista foi preso, Jesus voltou para a Galiléia, pregando a Boa Notícia de Deus: 15 “O tempo se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia.”
Comentário:
* 12-13: A tentação no deserto resume os conflitos que Jesus vai experimentar em toda a sua vida. Deverá enfrentar o representante das forças do mal que escravizam os homens. E Deus o sustentará nessa luta.
* 14-15: São as primeiras palavras de Jesus: elas apresentam a chave para interpretar toda a sua atividade. Cumprimento: em Jesus, Deus se entrega totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir. O Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a ação de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele.
O deserto despertava fortes lembranças para os hebreus. A caminho da Terra prometida, eles permaneceram quarenta anos no deserto, onde Moisés teve a experiência de Deus libertador e recebeu os Mandamentos, base da sociedade alicerçada na justiça. O número quarenta indica totalidade. Pode-se dizer que Jesus foi tentado durante toda a sua vida pública. É no deserto, lugar do encontro com Deus, que Jesus consolida sua decisão de fazer a vontade do Pai. Deverá enfrentar toda tentação do poder opressor. Para fortalecê-lo nessa luta, Jesus tem a seu favor o Espírito Santo e os anjos (bons mensageiros), em contraste com Satanás, seu rival. Após a prisão do Batista, Jesus inicia sua missão na Galileia, longe de Jerusalém, centro do poder político, econômico e religioso.


1 Pedro 3, 18-22 Solene compromisso com Deus.


* 18 De fato, o próprio Cristo morreu uma vez por todas pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de os conduzir a Deus. Ele sofreu a morte em seu corpo, mas recebeu vida pelo Espírito. 19 Foi então que ele proclamou a vitória, inclusive para os espíritos aprisionados; 20 falo das pessoas que foram rebeldes outrora, nos tempos de Noé, quando Deus demorava para castigar o mundo. Enquanto isso, Noé construía a arca, na qual somente oito pessoas foram salvas por meio da água. 21 Aquela água representava o batismo que agora salva vocês; não se trata de limpeza da sujeira corporal, mas do compromisso solene de uma boa consciência diante de Deus, mediante a ressurreição de Jesus Cristo. 22 Ele subiu ao céu e está sentado à direita de Deus, após ter submetido os anjos, as dominações e os poderes.
Comentário:
* 18-22: Diante dos sofrimentos, o modelo sempre é a morte de Jesus, através do qual se realizou o ato definitivo da salvação. Pedro compara duas situações: o tempo de Noé e o tempo dos cristãos. No tempo de Noé, foi salvo um pequeno grupo de justos, enquanto a maioria pereceu. Com a descida de Jesus à mansão dos mortos, também eles tiveram que se confrontar com o Evangelho. No tempo dos cristãos, igualmente existe um grupo menor de batizados (“salvos pela água”), e a maioria ainda não se converteu. Agora, o testemunho dos batizados deve fazer com que os não-convertidos se confrontem com o Evangelho.

sábado, 21 de setembro de 2019

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.


-* 9 Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10 Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: “Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13 Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.”
Comentário:
* 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia.
Mateus, chamado também Levi, era cobrador de impostos. Estava, portanto, a serviço dos ocupantes romanos, razão pela qual era malvisto e desprezado pelos doutores da Lei e pelos fariseus. No entanto, foi a ele que, enquanto exercia sua profissão, Jesus chamou: “Siga-me”. A adesão foi imediata. A Mateus é atribuída a redação de um dos quatro Evangelhos; antes em aramaico. O Evangelho de Mateus, tal qual o possuímos hoje, escrito em grego, sofreu influência de Marcos e de Lucas. Conservou, porém, sua fisionomia própria. É o Evangelho do Reino dos Céus, do cumprimento em Cristo da Antiga Aliança; o Evangelho do Sermão da montanha e da Igreja. A respeito do apostolado de Mateus e das circunstâncias de sua morte ou martírio, não há comprovações suficientes e confiáveis.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Lucas 8, 1-3 As mulheres servem a Jesus.


* 1 Depois disso, Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Notícia do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, 2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos maus e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual haviam saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres, que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam.
Comentário:
* 1-3: Jesus continua sua missão, e vai formando uma comunidade nova, a partir daqueles que são marginalizados pela sociedade do seu tempo, como eram as mulheres. Elas também são parte integrante do grupo que acompanha Jesus.
Esta passagem nos mostra, em parte, como era organizada a vida pública de Jesus e seus apóstolos. Jesus não é um pregador solitário. Além dos Doze que o acompanham, também algumas mulheres fazem parte do anúncio apostólico da mensagem cristã. A tradição evangélica conservou o nome de algumas delas (Joana, Suzana) e sua atuação em momentos importantes (Maria Madalena, na ressurreição de Jesus). A Igreja primitiva, à semelhança de Jesus, abriu significativo espaço para a ação das mulheres nas comunidades. A mulher não tem papel passivo no mistério da salvação, e hoje é chamada a novos encargos apostólicos, como evidenciou o Concílio Vaticano II. O papa Francisco diz que “ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja” (EG 103).


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Lucas 7, 36-50 O perdão gera o amor.


* 36 Certo fariseu convidou Jesus para uma refeição em casa. Jesus entrou na casa do fariseu, e se pôs à mesa. 37 Apareceu então certa mulher, conhecida na cidade como pecadora. Ela, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, levou um frasco de alabastro com perfume. 38 A mulher se colocou por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés. Em seguida, os enxugava com os cabelos, cobria-os de beijos, e os ungia com perfume. 39 Vendo isso, o fariseu que havia convidado Jesus ficou pensando: “Se esse homem fosse mesmo um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, porque ela é pecadora.” 40 Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para dizer a você.” Simão respondeu: “Fala, mestre.” 41”Certo credor tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas moedas de prata, e o outro lhe devia cinquenta. 42 Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?”43 Simão respondeu: “Acho que é aquele a quem ele perdoou mais.” Jesus lhe disse: “Você julgou certo.” 44 Então Jesus voltou-se para a mulher e disse a Simão: “Está vendo esta mulher? Quando entrei em sua casa, você não me ofereceu água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos. 45 Você não me deu o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46 Você não derramou óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47 Por essa razão, eu declaro a você: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Aquele a quem foi perdoado pouco, demonstra pouco amor.”48 E Jesus disse à mulher: “Seus pecados estão perdoados.” 49 Então os convidados começaram a pensar: “Quem é esse que até perdoa pecados?” 50 Mas Jesus disse à mulher: “Sua salvou você. em paz!”
Comentário:
* 36-50: O fariseu não se considera pecador; por isso, fica numa atitude de julgamento, e não é capaz de entender e experimentar o perdão e o amor. Jesus mostra que a justiça de Deus se manifesta como amor que perdoa os pecados e transforma as condições das pessoas. O amor é expressão e sinal do perdão recebido.
A atitude da pecadora em relação a Jesus, na casa do fariseu, desconcerta a sociedade machista de todos os tempos. Com efeito, mulher judia não tocava publicamente em nenhum rabino. E se fosse conhecida como pecadora, não era bem-vinda à casa dos fariseus. Entretanto, movida pelo arrependimento (chorava) e impulsionada pela gratidão, oferece a Jesus a prova de amor, usando o charme de que era capaz. Jesus acolhe, com total compreensão, os gestos amorosos da nova mulher. O fariseu pensa mal de ambos. Jesus põe num prato da balança os atos positivos da mulher e no outro prato, o vazio do fariseu, isto é, o que ele não fez em favor do Mestre. A sentença é óbvia: os pecados dela estão perdoados (“ela muito amou”). O fariseu, não se reconhecendo pecador, é incapaz de amar.