segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Lucas 14, 15-24 O Reino é para todos.

* 15 Ouvindo isso, um homem que estava à mesa disse a Jesus: “Feliz aquele que come pão no Reino de Deus!” 16 Jesus respondeu: “Um homem deu grande banquete, e convidou muitas pessoas. 17 Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: ‘Venham, pois tudo está pronto’. 18 Mas todos, um a um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse: ‘Comprei um campo, e preciso ir vê-lo. Peço-lhe que aceite minhas desculpas’. 19 Outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-las. Peço-lhe que aceite minhas desculpas’. 20 Um terceiro disse: ‘Acabo de me casar e, por isso, não posso ir’. 21 O empregado voltou, e contou tudo ao patrão. Então o dono da casa ficou muito zangado, e disse ao empregado: ‘Saia depressa pelas praças e ruas da cidade. Traga para cá os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos’. 22 O empregado disse: ‘Senhor, o que mandaste fazer, foi feito, e ainda há lugar’. 23 O patrão disse ao empregado: ‘Saia pelas estradas e caminhos, e faça as pessoas virem aqui, para que a casa fique cheia. 24 Pois eu digo a vocês: nenhum daqueles que foram convidados vai provar do meu banquete’.” Comentário: * 15-24: O Reino de Deus é apresentado como banquete em que Deus reúne os seus convidados. Ainda que os representantes oficiais e os habituados à religião recusem o convite, dando mais importância aos seus próprios afazeres, o Reino permanece aberto para aqueles que comumente são julgados como excluídos: os marginalizados da sociedade e da religião. Os judeus são o povo da Primeira Aliança, por isso Jesus vem inicialmente para esse povo escolhido, a fim de trazer a salvação eterna. Porém, é rejeitado por eles, como vemos ao longo do Evangelho e como nos é narrado hoje simbolicamente, através da imagem do banquete. Os primeiros convidados – o povo de Israel – criam diversos impedimentos e desculpas para não participar do banquete, que simboliza o Reino. O homem, que representa Jesus, muda os planos e abre o seu banquete a todos os povos, chamando, sobretudo, os pobres e excluídos. O Reino é dom gratuito, somos todos convidados pelo Pai amoroso para dele fazer parte.

domingo, 2 de novembro de 2025

Lucas 14, 12-14 A verdadeira honra.

12 Jesus disse também ao fariseu que o tinha convidado: “Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa. 13 Pelo contrário, quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos. 14 Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir. E você receberá a recompensa na ressurreição dos justos.” Comentário: * 7-14: Nos vv. 8-11, Jesus critica o conceito de honra baseado no orgulho e ambição, que geram aparências de justiça, mas escondem os maiores contrastes sociais. A honra do homem depende de Deus, o único que conhece a situação real e global do homem; essa honra supera a crença que o homem pode ter nos seus próprios méritos. Nos vv. 12-14, Jesus mostra que o amor verdadeiro não é comércio, mas serviço gratuito, pois o pobre não pode pagar e o inimigo não pode merecer. Só Deus pode retribuir ao amor gratuito. O banquete é uma imagem utilizada com frequência para simbolizar o Reino de Deus. Todos são convidados a fazer parte dele, mas, de modo especial, são convidados os fracos, os excluídos, os frágeis. Aqueles que, diante da sociedade, são menos privilegiados são os preferidos aos olhos de Deus, pois são os que mais necessitam do seu amor. Eis por que são insondáveis os desígnios de Deus e incompreensíveis seus caminhos. Acudir generosamente aos fracos e praticar a caridade desinteressada são exercícios salutares e recomendáveis para assemelhar-nos a Jesus, que tudo ofereceu, sem nada esperar em troca. Recordemos especialmente que não são os sãos que precisam de médicos, mas os doentes; e que a todos Deus manifesta sua misericórdia.

sábado, 1 de novembro de 2025

Lucas 7, 11-17 Deus visitou o seu povo.

-* 11 Em seguida, Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. 12 Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela. 13 Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: “Não chore!” 14 Depois se aproximou, tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Então Jesus disse: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!” 15 O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16 Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo.” 17 E a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza. Comentário: * 11-17: A atividade libertadora de Jesus é a grande “visita” de Deus que vem salvar o seu povo. Essa visita é a manifestação do amor compassivo, que atende aos mais pobres e necessitados. Neste dia de finados, temos a oportunidade de celebrar um “grupo de santos e santas” que não estão incluídos na liturgia de Todos os Santos e Santas. Este dia é momento propício de rezar pelos nossos falecidos e momento de refletir sobre nossa vida. Felizes são todos aqueles viveram as bem-aventuranças e agora participam da glória junto a Deus. São felizes aqueles que colocaram sua confiança no Deus misericordioso e acolhedor. São felizes todos aqueles que têm fome e sede de justiça, aqueles que são perseguidos por causa do empenho pela justiça dos injustiçados, porque agora encontram o abraço amoroso de Deus. A primeira motivação à busca da vivência na eternidade feliz nos é dada pelas bem-aventuranças. Os que se ajustaram à vontade de Deus estão participando agora do Reino dos Céus.

Apocalipse 21, 1-7 Jerusalém-Esposa.

* 1 Vi, então, um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2 Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, uma Jerusalém nova, pronta como esposa que se enfeitou para o seu marido. 3 Nisso, saiu do trono uma voz forte. E ouvi: “Esta é a tenda de Deus com os homens. Ele vai morar com eles. Eles serão o seu povo e ele, o Deus-com-eles, será o seu Deus. 4 Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor. Sim! As coisas antigas desapareceram!’ 5* Aquele que está sentado no trono declarou: “Eis que faço novas todas as coisas.” 6 E me disse ainda: “Elas se realizaram. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Para quem tiver sede, eu darei de graça da fonte de água viva. 7 O vencedor receberá esta herança: eu serei o Deus dele, e ele será meu filho. Comentário: 1-4: A nova relação que existe entre Deus e os homens é apresentada como céu novo e terra nova. O mar já não existe, porque os antigos o consideravam moradia dos poderes do mal. A Nova Jerusalém é a cidade que Deus vai construir como dom (vem do céu) para os homens. É a Esposa do Cordeiro, o novo Adão que esposa a nova Eva. Realiza-se a Aliança de Deus com toda a humanidade. Ela se tornou a Tenda (Ex 25,8), na qual Deus está presente. Doravante tudo é vida e realização plena. * 5-8: Deus promete a renovação de tudo, pois ele é o Senhor da história, a fonte e o fim da vida. Ele dá a vida a quem a desejar. Quem for perseverante entrará para a realidade da Aliança: tornar-se-á filho, participando da realidade do próprio Cristo. O fato de conhecer o fim, porém, não dispensa a conversão.

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Mateus 5, 1-12 Bem-aventuranças: anseio por um mundo novo.

* 1 Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu. 4 Felizes os aflitos, porque serão consolados. 5 Felizes os mansos, porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia. 8 Felizes os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. 12 Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês.” Comentário: * 5-7: O Sermão da Montanha é um resumo do ensinamento de Jesus a respeito do Reino e da transformação que esse Reino produz. Moisés tinha recebido a Lei na montanha do Sinai; agora Jesus se apresenta como novo Moisés, proclamando sobre a montanha a vontade de Deus que leva à libertação do homem. * 5,1-12: As bem-aventuranças são o anúncio da felicidade, porque proclamam a libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação de Jesus. Estas tornam presente no mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime. Os que buscam a justiça do Reino são os “pobres em espírito.” Sufocados no seu anseio pelos valores que a sociedade injusta rejeita, esses pobres estão profundamente convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois só com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade. O Evangelho da solenidade de todos os santos e santas nos apresenta o caminho perene da santidade: as bem-aventuranças. Elas são o melhor programa para viver a santidade, pois representam aquilo que o próprio Mestre viveu. As bem-aventuranças não são um convite à passividade ou à acomodação dos pobres e dos sofredores. Longe disso. Felizes (santos) são os pobres, aqueles que põem sua confiança em Deus e não se deixam manipular pelas ideologias adversas ao projeto de Jesus. São felizes (santos) todos aqueles que têm fome e sede de justiça, aqueles que são perseguidos por causa do empenho pela justiça dos injustiçados. Muitos mártires continuam morrendo em defesa da vida dos empobrecidos e explorados. A primeira motivação à busca e vivência da santidade é o próprio Deus, porque ele é o santo por excelência. A santidade de Deus convida todos os seres humanos a serem santos. Ao nos criar, Deus colocou em nosso coração o desejo de santidade.

1 João 3, 1-3 Deus é justo.

1 Vejam que prova de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus. E nós de fato o somos! Se o mundo não nos reconhece, é porque também não reconheceu a Deus. 2 Amados, desde agora já somos filhos de Deus, embora ainda não se tenha tornado claro o que vamos ser. Sabemos que quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque nós o veremos como ele é. Romper com o pecado -* 3 Todo aquele que deposita essa esperança em Jesus se purifica, para ser puro como Jesus é puro. Comentário: * 2,29-3,2: João começa novo tema: Deus é justo. Jesus Cristo manifestou inteiramente a Deus porque, através de sua vida, mostrou concretamente o que é a justiça divina. Do mesmo modo, quem pratica a justiça mostra que é filho do Deus justo, à semelhança de Jesus. Não basta ser batizado para ser filho de Deus: é preciso praticar a justiça. Essa realidade, porém, ainda está em crescimento, e só se realizará totalmente quando puderem contemplar toda a glória de Jesus Cristo. O mundo não reconhece o Deus justo, porque o princípio que rege a vida do mundo é a injustiça. Desse modo, o mundo considera como inimigos perigosos o Deus justo e seus filhos que revelam a justiça. * 3,1-10: Duas gerações de cristãos haviam esperado a vinda eminente de Jesus, e isso os ajudava a serem mais comprometidos na própria fé. Diante da demora, os falsos mestres semeiam a dúvida, dizendo que tudo continua como antes. A isso o autor responde, mostrando que Deus não mede o tempo como nós; e, de outro lado, que o tempo se torna longo para ser como sinal de que Deus está dando a todos oportunidade de conversão. Quanto ao fim do mundo, ninguém sabe quando acontecerá. É preciso vigiar, pois “esse dia chegará como um ladrão”.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Lucas 15, 1-6 Festejar o sábado é dar vida aos homens.

-* 1 Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam. 2 Havia um homem hidrópico diante de Jesus. 3 Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: “A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?” 4 Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. 5 Depois disse a eles: “Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?” 6 E eles não foram capazes de responder a isso. Comentário: * 1-6: A lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Jesus realiza mais uma cura ao sábado, dia sagrado em que os judeus não podem fazer qualquer trabalho. Sua intenção é mostrar que os fariseus interpretaram erroneamente a Torá, pois nada pode impedir que se realize uma obra de caridade, nem mesmo uma prescrição religiosa. A mulher encurvada (cf. Lc 13,11) e o homem hidrópico são imagens do povo oprimido que é libertado pela ação da Palavra de Cristo. Jesus restaura o ser humano e lhe restitui a capacidade de assimilar por si mesmo os conteúdos propostos. O silêncio de todos mostra que, aos poucos, a mensagem de Jesus é compreendida e provoca mudança de vida e de consciência.