terça-feira, 30 de setembro de 2025
Lucas 9, 57-62 Os primeiros passos do discípulo.
* 57 Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” 58 Mas Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” 59 Jesus disse a outro: “Siga-me.” Esse respondeu: “Deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” 60 Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus.” 61 Outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa primeiro que eu vá me despedir do pessoal de minha casa.” 62 Mas Jesus lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus.”
Comentário:
* 57-62: Os primeiros passos para os que seguem Jesus em seu caminho são: disponibilidade contínua, capacidade de renunciar a seguranças e, iniciado o caminho, não voltar para trás, por motivo nenhum.
O seguimento de Jesus exige comprometimento, consciência plena e esforço pessoal. Não é tarefa fácil. Nos três convites que hoje vemos relatados, Jesus pede a quem quer ser seu discípulo que partilhe da sua simplicidade de vida, subordine tudo ao esforço missionário e renuncie aos vínculos humanos para formar uma família muito maior. Isso continua a ser exigido dos cristãos hoje, especialmente dos ordenados e consagrados, através dos votos de pobreza, obediência e castidade, mas também de todos os leigos que se dedicam de modo particular a um serviço na Igreja. No início do mês missionário, é bom recordar todos os que dedicam sua vida a essa bela e exigente missão de anunciar Cristo no mundo.
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
Lucas 9, 51-56 Jesus vai para Jerusalém.
* 51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém, 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho, e entraram num povoado de samaritanos, para conseguir alojamento para Jesus. 53 Mas, os samaritanos não o receberam, porque Jesus dava a impressão de quem se dirigia para Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para acabar com eles?” 55 Jesus porém, voltou-se e os repreendeu. 56 E partiram para outro povoado.
Comentário:
* 51-56: Jesus inicia o seu caminho para Jerusalém (cf. Introdução). Nessa viagem, Lucas mostra a pedagogia de Jesus, que vai indicando o caminho para aqueles que querem unir-se a ele. Tal processo por ele iniciado vai provocar sérios conflitos com aqueles que não querem mudar o rumo da história. Por enquanto, nem os samaritanos entendem que Jesus vai a Jerusalém para salvá-los. E os discípulos não imaginam que a Samaria será um dos primeiros lugares que eles evangelizarão ao saírem de Jerusalém (At 1,8).
Os samaritanos eram os habitantes da região da Samaria, que ficava entre a Galileia (Nazaré) e a Judeia (Jerusalém e Belém), portanto lugar de passagem durante as peregrinações à Cidade Santa. A origem desse povo é descrita no livro dos Reis (2Rs 17). Os samaritanos viviam em grande conflito com os israelitas no tempo de Jesus, sobretudo porque, no pós-exílio, eles se opuseram à reconstrução do templo de Jerusalém, preferindo dedicar culto no templo do monte Garizim, construído no ano 328 a.C. Por isso, eram considerados idólatras e impuros pelos judeus. Nesse contexto, conseguimos entender melhor a hostilidade em relação a Jesus e a consequente reação dos discípulos no Evangelho de hoje. Jesus, porém, veio para todos, inclusive para os samaritanos, como veremos em diversas outras passagens do Evangelho.
domingo, 28 de setembro de 2025
João 1, 47-51 As testemunhas apontam o Salvador.
47 Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: “Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade.” 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando você estava debaixo da figueira.” 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!” 50 Jesus disse: “Você está acreditando só porque eu lhe disse: ‘Vi você debaixo da figueira’? No entanto, você verá coisas maiores do que essas.” 51 E Jesus continuou: “Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.”
Comentário:
* 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória.
“O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida.
Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele.
João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica.
Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja.
Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens.
A função dos anjos na Bíblia é a de serem mensageiros. Deus, o Todo-poderoso, “misterioso”, deseja se comunicar com o ser humano e, para isso, utiliza os anjos como porta-vozes. Eles fazem a ligação entre o céu e a terra, entre Deus e a humanidade. São muitos os exemplos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. O significado do nome dos arcanjos que hoje festejamos é extremamente peculiar e manifesta essencialmente o sentido de intermediação entre Deus e a humanidade: Miguel – “Quem é como Deus?” (patrono da sinagoga, agora da Igreja); Gabriel – “Deus mostra a sua força” (que anunciou a encarnação do Verbo); Rafael – “Deus cura” (o guia dos viajantes).
sábado, 27 de setembro de 2025
1 Timóteo 6, 11-16 O verdadeiro doutor.
* 11 Você, porém, homem de Deus, fuja dessas coisas. Procure a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. 12 Combata o bom combate da fé, conquiste a vida eterna, para a qual você foi chamado. Isso, você o reconheceu numa bela profissão de fé diante de muitas testemunhas. 13 Diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que deu testemunho diante de Pôncio Pilatos numa bela profissão de fé, eu ordeno a você: 14 guarde o mandamento puro, de modo irrepreensível, até a Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo. 15 Essa Aparição mostrará, nos tempos estabelecidos, o Bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16 o único que possui a imortalidade, que habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno. Amém!
Comentário:
* 11-16: O verdadeiro doutor é aquele que foge da ambição e vive com sobriedade. Seu compromisso primeiro é com a verdade, a qual se manifesta no ministério de Cristo, relembrado nos vv. 15-16.
Lucas 16, 19-31 O rico e o pobre.
* 19 ‘Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20 E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21 Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. 22 Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23 No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24 Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. 25 Mas Abraão respondeu: ‘Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. 26 Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28 porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento’. 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!’ 30 O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. 31 Mas Abraão lhe disse: ‘Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos’.”
Comentário:
* 19-31: A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir o coração para a palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.
Jesus conta a parábola para os fariseus. A narrativa gira em torno do conflito social entre ricos e pobres, tema caro a Lucas. O rico se veste de luxo e tem comida farta, mas não tem nome. O pobre se alimenta das migalhas do rico, mas tem nome. Os dois morrem: o rico foi enterrado, e o pobre, levado ao seio de Abraão. O diálogo entre o rico e Abraão revela o caminho da superação do abismo entre ricos e pobres: a Palavra de Deus. A parábola não está enfatizando a existência do céu ou do inferno. Ela questiona o abismo que há entre riqueza e pobreza. A desgraça da riqueza é quando ela se torna “mamona”, isto é, adorada como um deus, e se torna obstáculo ao acesso ao Reino de Deus. O amor à riqueza torna cega a pessoa e a desfigura socialmente. A função social da riqueza é favorecer o bem-estar de todo cidadão. Não é humano fechar-se na “sociedade do bem-estar”, ignorando a “sociedade do mal-estar”. Não podemos ficar indiferentes diante de “tanta riqueza” em contraste com “tanta miséria”.
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Lucas 9, 43-45 O Filho do Homem vai ser entregue.
43 Todos ficaram admirados com a grandeza de Deus.
O povo estava admirado com tudo o que Jesus fazia. Então Jesus disse aos discípulos: 44 “Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens.” 45 Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. Isso estava escondido a eles, para que não entendessem. E tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
Comentário:
* 37-45: Enquanto os discípulos não mudarem sua ideia sobre o Messias, jamais realizarão atos de libertação, que dão continuidade à missão de Jesus.
Jesus desperta a admiração de todos, mas seu olhar está fixo na obra decisiva da salvação, na sua entrega pela humanidade, anunciada pela segunda vez aos discípulos. A expressão “Filho do Homem” é usada, originalmente, na apocalíptica judaica, aparecendo pela primeira vez na Bíblia no livro de Daniel, como força transformadora de Deus que desce à terra e destrói os poderes deste mundo, estabelecendo os fundamentos do novo Reino de Deus. Jesus é o verdadeiro “Filho do Homem”, capaz de transformar o mundo, não a partir dos interesses humanos, mas segundo a lógica da cruz. A cruz é o fundamento sobre o qual está assente a nova Jerusalém, que acolhe todos os homens e mulheres capazes de olhar para a cruz como árvore da vida nova.
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Lucas 9, 18-22 Jesus é o Messias.
* 18 Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou: “Quem dizem as multidões que eu sou?” 19 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que tu és algum dos antigos profetas que ressuscitou.” 20 Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “O Messias de Deus.” 21 Então Jesus proibiu severamente que eles contassem isso a alguém. 22 E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia.”
Comentário:
* 18-27: Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.
Normalmente, para descrever de modo adequado e completo a identidade de uma pessoa, precisamos conhecê-la bem, de perto, intimamente. Pedro ama profundamente Jesus e, por isso, afirma com segurança: “És o Messias de Deus”. Jesus é o Filho de Deus prometido desde todos os tempos para resgatar a humanidade de seu pecado e devolver-lhe a verdadeira condição de filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança. Muitos batizados, hoje, não conseguem responder da mesma forma porque não se relacionam intimamente com Cristo, que transforma nosso ser corruptível e nos conduz ao Reino do amor e da vida plena. Conhecer Jesus deve ser um esforço constante do cristão, pois só assim conseguiremos viver como ele viveu e amar como ele amou. Só assim poderemos saber quem ele é e o que espera de nós.
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