sábado, 15 de novembro de 2025

Lucas 21,5-19 O fim ainda não chegou.

* 5 Algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa. Então Jesus disse: 6 “Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.” 7 Eles perguntaram: “Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?” 8 Jesus respondeu: “Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo já chegou’. Não sigam essa gente. 9 Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim.” 10 E Jesus continuou: “Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. 11 Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu.” A coragem do testemunho -* 12 “Mas, antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome. 13 Isso acontecerá para que vocês deem testemunho. 14 Portanto, tirem da cabeça a ideia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; 15 porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês. 16 E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. 17 Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome. 18 Mas não perderão um só fio de cabelo. 19 É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!” Comentário: * 5-11: Cf. nota em Mc 13,1-8: Jesus anuncia a destruição do Templo de Jerusalém, acontecida no ano 70, e as batalhas que se verificaram entre os anos 66 e 70. O Templo era o símbolo da relação de Deus com o povo escolhido. Jesus salienta que o fim de uma instituição não significa o fim do mundo e nem o fim da relação entre Deus e os homens. * 12-19: A relação entre Deus e os homens continua através dos discípulos, que devem prosseguir a missão de Jesus pelo testemunho. Contudo, assim como Jesus encontrou resistência, também eles: serão perseguidos, presos, torturados, julgados e até mesmo mortos por continuarem a ação de Jesus. Mas não devem ficar preocupados com a própria defesa. O importante é a coragem de permanecer firmes até o fim. Quando o Evangelho de Lucas foi escrito, os acontecimentos relatados já tinham acontecido ou estavam acontecendo. As perseguições contra os seguidores de Jesus já eram realidade. É próprio da literatura apocalíptica tomar fatos do passado e apresentá-los como se ainda não tivessem acontecido. A finalidade desse tipo de linguagem é animar e fortalecer a resistência dos que são perseguidos. Diante desses fatos, Jesus alerta seus seguidores para que não se deixem enganar por falsos pregadores e mostra-lhes que tudo passa, mas ainda não será o fim de tudo. Em meio às dificuldades e perseguições, é preciso firmeza na caminhada para não sucumbir e continuar dando testemunho e reafirmando a fé. O discípulo de Jesus não pode ficar de braços cruzados olhando para o céu, mas é convidado a assumir o compromisso para que nasça o mundo novo da justiça, da paz e do amor, lembrando que Deus está no comando da história da humanidade. É permanecendo firmes que ganharemos a vida.

2 Tessalonicenses 3,7-12 Quem não quer trabalhar, não coma.

* 6 Irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo ordenamos: fiquem longe de qualquer irmão que vive sem fazer nada e não segue a tradição que recebeu de nós. 7 Vocês sabem como devem imitar-nos: nós não ficamos sem fazer nada quando estivemos entre vocês, 8 nem pedimos a ninguém o pão que comemos; pelo contrário, trabalhamos com fadiga e esforço, noite e dia, para não sermos um peso para nenhum de vocês. 9 Não porque não tivéssemos direito a isso, mas porque nós quisemos ser um exemplo para vocês imitarem. 10 De fato, quando estávamos entre vocês, demos esta norma: quem não quer trabalhar, também não coma. 11 Ouvimos dizer que entre vocês existem alguns que vivem à toa, sem fazer nada e em contínua agitação. 12 A essas pessoas mandamos e pedimos, no Senhor Jesus Cristo, que comam o próprio pão, trabalhando em paz. Comentário: * 6-15: Com seu exemplo, Paulo mostra que um pregador ou agente de pastoral em casos excepcionais pode ser liberado pela comunidade e ser sustentado por ela. Mas insiste: em situações normais, os responsáveis devem viver do próprio trabalho, para se dedicarem gratuitamente ao serviço do Evangelho. O Apóstolo também caracteriza os “beatos” da comunidade: vivem à custa dela e são peritos em perturbar os outros. As tensões normais que poderiam facilmente ser superadas se agravam por causa desses “fofoqueiros espirituais’.”

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Lucas 18, 1-8 Perseverança na oração.

* 1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. Ele dizia: 2 “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3 Na mesma cidade havia uma viúva, que ia à procura do juiz, pedindo: ‘Faça-me justiça contra o meu adversário!’ 4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum; 5 mas essa viúva já está me aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não fique me incomodando’.” 6 E o Senhor acrescentou: “Escutem o que está dizendo esse juiz injusto. 7 E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8 Eu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa. Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?” Comentário: * 1-8: Insistência e perseverança só existem naqueles que estão insatisfeitos com a situação presente e, por isso, não desanimam; do contrário, jamais conseguiriam alguma coisa. Deus atende àqueles que, através da oração, testemunham o desejo e a esperança de que se faça justiça. O Evangelho de hoje nos questiona de forma muito aberta e objetiva: “Quando o Filho do Homem vier, encontrará a fé sobre a terra?”. Pergunta interpeladora, porque a legislação contra a vida, as experiências de desigualdade social, os sentimentos de desânimo e desespero que fazem parte do nosso cotidiano parecem ofuscar o Evangelho da verdade e da esperança. Cristo nos anima e nos incentiva a “rezar sempre e nunca desanimar”. A oração do cristão deve ser feita a partir da experiência radical de amor que brota da morte e ressurreição de Cristo. Só esse amor, digno da nossa fé, será capaz de transformar a agitada realidade em que vivemos, devolvendo-nos a esperança e a justiça.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Lucas 17, 26-37 A vinda do Filho do Homem.

26 Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. 27 Eles comiam, bebiam, se casavam e se davam em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Então chegou o dilúvio, e fez com que todos morressem. 28 Acontecerá como nos dias de Ló: comiam e bebiam, compravam, plantavam, e construíam. 29 Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxofre do céu, e fez com que todos morressem. 30 O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado. 31 Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em casa, e quem estiver nos campos não volte para trás. 32 Lembrem-se da mulher de Ló. 33 Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la. 34 Eu digo a vocês: nessa noite, dois estarão numa cama. Um será tomado, e o outro será deixado. 35 Duas mulheres estarão moendo juntas. Uma será tomada, e a outra deixada. 36 Dois homens estarão no campo. Um será levado, e o outro será deixado.” 37 Os discípulos perguntaram: “Senhor, onde acontecerá isso?” Jesus respondeu: “Onde estiver o corpo, aí se reunirão os urubus.” Comentário: * 22-37: Juntamente com o Reino de Deus, o julgamento do Filho do Homem se realiza na história: ele vem para manifestar a verdade da vida de todos. Essa manifestação do Filho do Homem é sempre momento grave e decisivo: dele depende a salvação ou a destruição de cada um. Serão salvos somente aqueles que, como Jesus, fazem da própria vida dom para os outros (v. 33). O destino de Noé e de Ló, na tradição judaica, era considerado um exemplo da intervenção divina em favor dos justos e da severa punição dos ímpios. As pessoas do seu tempo não são todas pecadoras ou más, eram semelhantes a nós, gente que comia e bebia, casava-se e trabalhava, homens e mulheres ocupados nas atividades do cotidiano. Atividades que muitas vezes nos vão despersonalizando, impedindo-nos de contemplar a beleza que nos rodeia e, sobretudo, a beleza do Deus criador. Uma vida centrada apenas no ativismo estéril se torna sobrevivência e transforma-nos em “profetas da desgraça”. O Evangelho de hoje nos interpela a olhar para o céu, a sair de nós mesmos, das nossas atividades, do nosso pequeno mundo, para que possamos nos abrir à existência criada. Jesus convoca os ouvintes a vigiar, a fim de estarmos prontos diante do julgamento divino.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Lucas 17, 20-25 A presença do Reino.

* 20 Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21 Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou: ‘está ali’, porque o Reino de Deus está no meio de vocês.” A vinda do Filho do Homem -* 22 Jesus disse aos discípulos: “Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver. 23 Dirão a vocês: ‘Ele está ali’ ou: ‘Ele está aqui’. Não saiam para procurá-lo. 24 Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem. 25 Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração. Comentário: * 20-21: É inútil procurar sinais misteriosos da vinda do Reino. Ele já está presente em qualquer lugar onde a ação de Jesus é continuada. * 22-37: Juntamente com o Reino de Deus, o julgamento do Filho do Homem se realiza na história: ele vem para manifestar a verdade da vida de todos. Essa manifestação do Filho do Homem é sempre momento grave e decisivo: dele depende a salvação ou a destruição de cada um. Serão salvos somente aqueles que, como Jesus, fazem da própria vida dom para os outros (v. 33). Uma característica humana é a necessidade de objetivação, tal como a pergunta dos fariseus a Jesus sobre quando chegará o Reino de Deus. Para os cristãos, o Reino de Deus já está no meio de nós, na pessoa de Jesus Cristo. Já com a encarnação do Verbo, o Reino chegou ao mundo, mas ele não “está ali ou aqui”, está em todo lugar, à medida que é semeado e cultivado. Vale a pena recordar a parábola do semeador, na qual Jesus explica o processo de crescimento do Reino no coração de cada pessoa, de acordo com o modo como acolhemos e nutrimos essa semente. Hoje, o Senhor está presente na Palavra proclamada, na hóstia consagrada, no ministro que preside os sacramentos e na assembleia reunida em seu nome. Não é difícil encontrá-lo, basta estarmos atentos e com o coração aberto.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Lucas 17, 11-19 Fé e gratidão.

* 11 Caminhando para Jerusalém, aconteceu que Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. 12 Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos foram ao encontro dele. Pararam de longe, e gritaram: 13 “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” 14 Ao vê-los, Jesus disse: “Vão apresentar-se aos sacerdotes.” Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15 Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. 16 Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17 Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” 19 E disse a ele: “Levante-se e vá. Sua fé o salvou.” Comentário: * 11-19: O ponto alto da narrativa é a fé do samaritano. É fé madura: nasce da esperança (vv. 12-13), cresce na obediência à palavra de Jesus (v. 14) e se manifesta na gratidão (v. 16). Com isso, ele não só recebe a cura, mas é salvo. Sua vida chega à plenitude, ao reconhecer que em Jesus o amor de Deus leva os homens a viver na alegria da gratidão. A vida que Deus dá em Jesus Cristo é gratuita, é graça. Diversas vezes, no Evangelho, vemos que Jesus sobe a Jerusalém. Isso porque, na tradição judaica, são três as festas anuais relacionadas com peregrinação ao templo, todas elas indicadas na Torá. A primeira e mais importante é a Páscoa, ou Pessach, celebrada praticamente junto à festa dos Ázimos, em meados do mês de nissan. Também chamada “festa da libertação”, recorda a libertação do povo em relação à escravidão no Egito. O Deus que cria é o mesmo Deus que salva. Criação e libertação são um único ato de Deus. A segunda festa importante, na qual muitos aproveitam para se reunir na cidade das sete colinas, é o Shavuot, que significa “semanas”, sete semanas depois da Páscoa. Enfim, a terceira festa, que durava em média sete dias, é o Sucot: festa dos Tabernáculos ou das Cabanas, como o nome expressa. Mais uma vez, o número sete, que indica a perfeição. Essa celebração recorda ao povo o tempo de caminho no deserto, os quarenta anos que passaram em peregrinação antes de chegar à Terra Prometida.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Lucas 17, 7-10 Atitudes do discípulo.

7 Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Venha depressa para a mesa’? 8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? 9 Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? 10 Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.” Comentário: * 17,1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus. Cada cristão deve se apresentar diante de Deus como Maria, dizendo: “Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra”. Isso não é sinal de escravidão, mas de que aceitamos o projeto de Deus e seguimos o Evangelho como um dever, pois sabemos que ele é o caminho para a verdadeira vida. Somos simples servos, escolhidos para colaborar na construção do Reino. E somos simples servos uns dos outros, devemos estar sempre à disposição do irmão para praticar a justiça e ser solidários. Desse modo, a comunidade crescerá muito mais coesa e dinâmica. Para os ímpios, a vida dos justos é sinal de fracasso, pois não confiam que os justos triunfarão por terem sido criados para a imortalidade e redimidos por Cristo. A recompensa virá, pois Deus está atento ao menor gesto de amor.