quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Lucas 17, 20-25 A presença do Reino.

* 20 Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21 Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou: ‘está ali’, porque o Reino de Deus está no meio de vocês.” A vinda do Filho do Homem -* 22 Jesus disse aos discípulos: “Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver. 23 Dirão a vocês: ‘Ele está ali’ ou: ‘Ele está aqui’. Não saiam para procurá-lo. 24 Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem. 25 Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração. Comentário: * 20-21: É inútil procurar sinais misteriosos da vinda do Reino. Ele já está presente em qualquer lugar onde a ação de Jesus é continuada. * 22-37: Juntamente com o Reino de Deus, o julgamento do Filho do Homem se realiza na história: ele vem para manifestar a verdade da vida de todos. Essa manifestação do Filho do Homem é sempre momento grave e decisivo: dele depende a salvação ou a destruição de cada um. Serão salvos somente aqueles que, como Jesus, fazem da própria vida dom para os outros (v. 33). Uma característica humana é a necessidade de objetivação, tal como a pergunta dos fariseus a Jesus sobre quando chegará o Reino de Deus. Para os cristãos, o Reino de Deus já está no meio de nós, na pessoa de Jesus Cristo. Já com a encarnação do Verbo, o Reino chegou ao mundo, mas ele não “está ali ou aqui”, está em todo lugar, à medida que é semeado e cultivado. Vale a pena recordar a parábola do semeador, na qual Jesus explica o processo de crescimento do Reino no coração de cada pessoa, de acordo com o modo como acolhemos e nutrimos essa semente. Hoje, o Senhor está presente na Palavra proclamada, na hóstia consagrada, no ministro que preside os sacramentos e na assembleia reunida em seu nome. Não é difícil encontrá-lo, basta estarmos atentos e com o coração aberto.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Lucas 17, 11-19 Fé e gratidão.

* 11 Caminhando para Jerusalém, aconteceu que Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. 12 Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos foram ao encontro dele. Pararam de longe, e gritaram: 13 “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” 14 Ao vê-los, Jesus disse: “Vão apresentar-se aos sacerdotes.” Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15 Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. 16 Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17 Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” 19 E disse a ele: “Levante-se e vá. Sua fé o salvou.” Comentário: * 11-19: O ponto alto da narrativa é a fé do samaritano. É fé madura: nasce da esperança (vv. 12-13), cresce na obediência à palavra de Jesus (v. 14) e se manifesta na gratidão (v. 16). Com isso, ele não só recebe a cura, mas é salvo. Sua vida chega à plenitude, ao reconhecer que em Jesus o amor de Deus leva os homens a viver na alegria da gratidão. A vida que Deus dá em Jesus Cristo é gratuita, é graça. Diversas vezes, no Evangelho, vemos que Jesus sobe a Jerusalém. Isso porque, na tradição judaica, são três as festas anuais relacionadas com peregrinação ao templo, todas elas indicadas na Torá. A primeira e mais importante é a Páscoa, ou Pessach, celebrada praticamente junto à festa dos Ázimos, em meados do mês de nissan. Também chamada “festa da libertação”, recorda a libertação do povo em relação à escravidão no Egito. O Deus que cria é o mesmo Deus que salva. Criação e libertação são um único ato de Deus. A segunda festa importante, na qual muitos aproveitam para se reunir na cidade das sete colinas, é o Shavuot, que significa “semanas”, sete semanas depois da Páscoa. Enfim, a terceira festa, que durava em média sete dias, é o Sucot: festa dos Tabernáculos ou das Cabanas, como o nome expressa. Mais uma vez, o número sete, que indica a perfeição. Essa celebração recorda ao povo o tempo de caminho no deserto, os quarenta anos que passaram em peregrinação antes de chegar à Terra Prometida.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Lucas 17, 7-10 Atitudes do discípulo.

7 Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Venha depressa para a mesa’? 8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? 9 Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? 10 Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.” Comentário: * 17,1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus. Cada cristão deve se apresentar diante de Deus como Maria, dizendo: “Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa Palavra”. Isso não é sinal de escravidão, mas de que aceitamos o projeto de Deus e seguimos o Evangelho como um dever, pois sabemos que ele é o caminho para a verdadeira vida. Somos simples servos, escolhidos para colaborar na construção do Reino. E somos simples servos uns dos outros, devemos estar sempre à disposição do irmão para praticar a justiça e ser solidários. Desse modo, a comunidade crescerá muito mais coesa e dinâmica. Para os ímpios, a vida dos justos é sinal de fracasso, pois não confiam que os justos triunfarão por terem sido criados para a imortalidade e redimidos por Cristo. A recompensa virá, pois Deus está atento ao menor gesto de amor.

domingo, 9 de novembro de 2025

Lucas 17, 1-6 Atitudes do discípulo.

-* 1 Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! 2 Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. 3 Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. 4 Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: ‘Estou arrependido’, você deve perdoá-lo.” 5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6 O Senhor respondeu: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês. Comentário: * 1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus. Na leitura do Evangelho de Lucas desta semana, continuaremos a descobrir seus urgentes apelos para nos deixarmos penetrar por um espírito de amor e de generosidade, para nos dirigirmos com confiança para um futuro que revelará todo o esplendor do coração do ser humano que se deixou plasmar por Deus. Hoje, temos três importantes lembretes de Jesus: evitar o escândalo; praticar a correção fraterna unida ao perdão; viver na fé. Escândalo na Bíblia equivale à expressão “pedra de tropeço”. Jesus é a “pedra de tropeço” colocada em Sião, sua cruz é escândalo para quem não a aceita, ao passo que é salvação para os que creem nele. A conduta do discípulo, no entanto, deve ser exemplar, não provocando nenhum escândalo, especialmente entre os fracos, sob pena de graves castigos.

sábado, 8 de novembro de 2025

João 2, 13-22 O corpo de Jesus é o novo Templo.

* 13 A Páscoa dos judeus estava próxima, e Jesus subiu para Jerusalém. 14 No Templo, Jesus encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. 15 Então fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo junto com as ovelhas e os bois; esparramou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16 E disse aos que vendiam pombas: “Tirem isso daqui! Não transformem a casa de meu Pai num mercado.” 17 Seus discípulos se lembraram do que diz a Escritura: “O zelo pela tua casa me consome.” 18 Então os dirigentes dos judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agires assim?” 19 Jesus respondeu: “Destruam esse Templo, e em três dias eu o levantarei.” 20 Os dirigentes dos judeus disseram: “A construção desse Templo demorou quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?” 21 Mas o Templo de que Jesus falava era o seu corpo. 22 Quando ele ressuscitou, os discípulos se lembraram do que Jesus tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Comentário: * 13-22: Para os judeus, o Templo era o lugar privilegiado de encontro com Deus. Aí se colocavam as ofertas e sacrifícios levados pelos judeus do mundo inteiro, e formavam verdadeiro tesouro, administrado pelos sacerdotes. A casa de oração se tornara lugar de comércio e poder, disfarçados em culto piedoso. Expulsando os comerciantes, Jesus denuncia a opressão e a exploração dos pobres pelas autoridades religiosas. Predizendo a ruína do Templo, ele mostra que essa instituição religiosa já caducou. Doravante, o verdadeiro Templo é o corpo de Jesus, que morre e ressuscita. Deus não quer habitar em edifícios, mas no próprio homem. O Evangelho apresenta uma questão sobre a ressurreição posta pelo grupo conservador dos saduceus. A ressurreição é o antigo e sempre atual questionamento sobre o que acontece depois da morte. Os saduceus são os guardiões do templo e da Lei. Eles só aceitam o Pentateuco, que nada fala de ressurreição, por isso apresentam o caso da mulher que teve sete maridos (lei do levirato). Na ressurreição, de quem ela será esposa? Eles apresentam esse caso para mostrar o absurdo da ressurreição. Jesus responde que o mundo após a morte não é reprodução do presente, ressurreição não é reanimação de um cadáver. O Deus da revelação é Deus dos vivos (Abraão, Isaac e Jacó). O sentido da vida humana é viver para Deus, e uma vida assim vivida não conhece fim. O Deus criador da vida é também o ressuscitador que leva o ser humano à sua plenitude. Amando o Deus que é amor, permaneceremos com ele nesta vida e na eternidade.

1 Coríntios 3, 9-11.16-17 Retrato do agente de pastoral.

9 Nós trabalhamos juntos na obra de Deus, mas o campo e a construção de Deus são vocês. 10 Eu, como bom arquiteto, lancei os alicerces conforme o dom que Deus me concedeu; outro constrói por cima do alicerce. Mas cada um veja como constrói! 11 Ninguém pode colocar um alicerce diferente daquele que já foi posto: Jesus Cristo. 12 Se alguém constrói sobre o alicerce com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, capim ou palha, 13 a obra de cada um ficará em evidência. No dia do julgamento, a obra ficará conhecida, pois o julgamento vai ser através do fogo, e o fogo provará o que vale a obra de cada um. 14 Se a obra construída sobre o alicerce resistir, o operário receberá uma recompensa. 15 Aquele, porém, que tiver sua obra queimada, perderá a recompensa. Entretanto, o operário se salvará, mas como alguém que escapa de incêndio. 16 Vocês não sabem que são templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? 17 Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo são vocês. Comentário: * 5-17: Paulo se serve de duas imagens (campo e edifício) para apresentar o verdadeiro agente de pastoral. Este é um servidor do projeto de Deus concretizado em Jesus Cristo e que consiste em reunir os homens no compromisso de fé com Jesus, cuja ação devem continuar. Se os agentes de fato servem a Cristo, nunca se contradizem. O sucesso não deve levar o agente à vanglória, pois o projeto não é seu; a eficácia vem de Deus, que também dá as aptidões e capacidades. A responsabilidade é grande, pois o agente deverá prestar contas ao próprio Deus, que provará quanto vale a obra de cada um.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Lucas 16, 9-15 Tomar uma atitude prudente.

9 “E eu lhes declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas. 10 Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas pequenas, também é injusto nas grandes. 11 Por isso, se vocês não são fiéis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? 12 E se não são fiéis no que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês? 13 Nenhum empregado pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” Jesus e a Lei -* 14 Os fariseus, que são amigos do dinheiro, ouviam tudo isso, e caçoavam de Jesus. 15 Então Jesus disse para eles: “Vocês gostam de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. De fato, o que é importante para os homens, é detestável para Deus. Comentário: * 9-13: Os vv. 9-13 fazem diversas aplicações da parábola. O v. 9 recomenda o uso da riqueza em favor dos pobres. Os vv. 10-12 mostram que é impossível ser fiel nas grandes coisas, quando somos negligentes nas pequenas. E o v. 13 urge uma decisão: escolher entre o serviço a Deus e o serviço às riquezas (cf. nota em Mt 6,19-24). * 14-18: A lei é o tema destas sentenças. Os fariseus disfarçam a própria ambição com observâncias externas, mas não são justos diante de Deus. Com Jesus chegou a plenitude da Lei e o Reino de Deus, e, para nele entrar, é preciso uma decisão. O dinheiro é necessário para viver, mas não deve escravizar o ser humano. Pelo contrário, deve ser usado corretamente, para promover a justiça e a igualdade entre todos. Esse é o exemplo dado pelas primeiras comunidades, conforme lemos nos Atos dos Apóstolos e também na despedida de Paulo aos Romanos. Jesus instrui seus discípulos sobre a administração do dinheiro, que pode corromper e gerar muitos males. Sabemos que quem desvia pequena quantia é capaz de desviar grandes somas. A sociedade, infelizmente, está repleta de maus exemplos de corrupção desse tipo! O cristão deve se destacar em todos os âmbitos da sociedade pelo combate à corrupção e pela responsabilidade no uso dos próprios bens e, sobretudo, dos bens comuns. O papa Francisco nos tem iluminado muito na atualização desse ensinamento de Cristo.