domingo, 10 de novembro de 2024

Lucas 7, 1-6 Atitudes do discípulo.

-* 1 Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! 2 Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. 3 Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. 4 Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: ‘Estou arrependido’, você deve perdoá-lo.” 5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6 O Senhor respondeu: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês. Comentário: * 1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus. Três breves recados para a vida da comunidade cristã. Não escandalizar os “pequeninos”, isto é, os que têm uma fé ainda frágil. “Escândalo” é uma palavra grega que significa “cilada”, “armadilha” e, daí, “pedra de tropeço”. Provocar escândalo é criar divisão na comunidade, dar mau exemplo, desviar os outros do bom caminho. Uma referência, talvez, ao espírito de poder e de riqueza que se alastra entre os irmãos e irmãs, provocando, desse modo, o desânimo dos mais pobres. Jesus insiste sobre a necessidade de perdoar, sem cessar, o ofensor arrependido. Finalmente, convida-nos ao exercício da fé. Dom de Deus, a fé precisa ser posta em prática, com base no poder de Deus e sua providência amorosa em favor de seus filhos e filhas. A fé, por menor que seja, alcança resultados surpreendentes.

sábado, 9 de novembro de 2024

Marcos 12, 38-44 Jesus condena a dominação intelectual.

* 38 E Jesus continuava ensinando: “Tenham cuidado com os doutores da Lei. Eles gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas; 39 gostam dos primeiros lugares nas sinagogas e dos lugares de honra nos banquetes. 40 No entanto, exploram as viúvas e roubam suas casas, e para disfarçar fazem longas orações. Por isso eles vão receber uma condenação mais severa.” A verdadeira atitude religiosa -* 41 Jesus estava sentado diante do Tesouro do Templo e olhava a multidão que depositava moedas no Tesouro. Muitos ricos depositavam muito dinheiro. 42 Então, chegou uma viúva pobre, e depositou duas pequenas moedas, que valiam uns poucos centavos. 43 Então Jesus chamou os discípulos, e disse: “Eu garanto a vocês: essa viúva pobre depositou mais do que todos os outros que depositaram moedas no Tesouro. 44 Porque todos depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva na sua pobreza depositou tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver.” Comentário: * 38-40: Jesus critica os intelectuais da classe dominante, que transformam o saber em poder, aproveitando-se da própria situação para viverem ricamente à custa das camadas mais pobres do povo. Disfarçando tal exploração com orações, isto é, com motivo religioso, tornam-se ainda mais culpados. * 41-44: Enquanto os doutores da Lei “exploram as viúvas e roubam suas casas”, uma viúva pobre deposita no Tesouro do Templo “tudo o que possuía para viver”. É o único fato positivo que Jesus vê em Jerusalém. Por isso proclama solenemente esse gesto (“eu garanto a vocês”), em contraposição à solenidade ostensiva dos ricos. Mostra, assim, o significado dessa oferta: as relações econômicas que devem vigorar numa sociedade que crê em Deus são as relações de doação total, que deixam as próprias seguranças, e não as relações baseadas no supérfluo. Antes deste episódio, Jesus dizia para tomar cuidado com os doutores da Lei. Eles “devoram as casas das viúvas, com a desculpa de fazerem longas orações” (v. 40). Para ilustrar seu ensinamento, Jesus mostra o contraste enorme entre o gesto generoso da viúva, que deposita no cofre “duas moedinhas”, e o movimento dos ricos, que aí colocam “o que estava sobrando para eles”. A viúva doa sua vida, faz de Deus o valor supremo, ao passo que os outros depositam suas coisas supérfluas. O julgamento já está estabelecido; todos sabem qual é a atitude que mais agrada a Deus. Com essa imagem, Marcos conclui o ministério público de Jesus, deixando para todas as gerações a figura dessa viúva pobre e anônima, lição de amor total a Deus e denúncia contra o apego ao dinheiro e suas consequências.

Hebreus 9, 24-28 Uma vez por todas.

* 24 De fato, Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro santuário; ele entrou no próprio céu, a fim de apresentar-se agora diante de Deus em nosso favor. 25 Ele não teve que se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que todos os anos entra no santuário com sangue que não é seu. 26 Se assim fosse, ele deveria ter sofrido muitas vezes desde a criação do mundo. Entretanto, ele se manifestou uma vez por todas no fim dos tempos, abolindo o pecado pelo sacrifício de si mesmo. 27 E dado que os homens morrem uma só vez e depois disso vem o julgamento, 28 assim, também Cristo se ofereceu uma vez por todas, para tirar o pecado de muitos. Ele aparecerá uma segunda vez, sem nenhuma relação com o pecado, para aqueles que o esperam para a salvação. Comentário: * 24-28: O que o sacerdócio, o culto e os ritos buscavam sem obter, torna-se realidade na morte e ressurreição de Cristo: o pecado é perdoado, abre-se o acesso a Deus e a reconciliação se realiza. O acontecimento pascal é vivo, eficaz e eterno. Jesus se ofereceu e agora está continuamente junto a Deus, intercedendo em favor dos homens. Ele voltará, não para um novo sacrifício, mas para dar aos fiéis a plenitude da salvação.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

João 2, 13-22 O corpo de Jesus é o novo Templo.

-* 13 A Páscoa dos judeus estava próxima, e Jesus subiu para Jerusalém. 14 No Templo, Jesus encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. 15 Então fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo junto com as ovelhas e os bois; esparramou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16 E disse aos que vendiam pombas: “Tirem isso daqui! Não transformem a casa de meu Pai num mercado.” 17 Seus discípulos se lembraram do que diz a Escritura: “O zelo pela tua casa me consome.” 18 Então os dirigentes dos judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agires assim?” 19 Jesus respondeu: “Destruam esse Templo, e em três dias eu o levantarei.” 20 Os dirigentes dos judeus disseram: “A construção desse Templo demorou quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?” 21 Mas o Templo de que Jesus falava era o seu corpo. 22 Quando ele ressuscitou, os discípulos se lembraram do que Jesus tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Comentário: * 13-22: Para os judeus, o Templo era o lugar privilegiado de encontro com Deus. Aí se colocavam as ofertas e sacrifícios levados pelos judeus do mundo inteiro, e formavam verdadeiro tesouro, administrado pelos sacerdotes. A casa de oração se tornara lugar de comércio e poder, disfarçados em culto piedoso. Expulsando os comerciantes, Jesus denuncia a opressão e a exploração dos pobres pelas autoridades religiosas. Predizendo a ruína do Templo, ele mostra que essa instituição religiosa já caducou. Doravante, o verdadeiro Templo é o corpo de Jesus, que morre e ressuscita. Deus não quer habitar em edifícios, mas no próprio homem. Laterano (Latrão) era o sobrenome de uma das antigas famílias romanas cujas propriedades foram confiscadas por Nero. No século IV, o imperador Constantino doou parte dessas terras ao bispo de Roma (papa), para edificar aí a primeira catedral cristã. É considerada a igreja-mãe de Roma. Por suas atitudes e palavras, o Mestre esclarecia a seus discípulos que ele, Jesus, é o novo templo de Deus, a morada do Altíssimo entre nós (cf. Jo 1,14). É por Cristo, com Cristo e em Cristo que os louvores da humanidade se elevam a Deus. Naturalmente, o povo, para se congregar, necessita de igrejas físicas. Mas estas só têm sentido porque remetem à Igreja, corpo de Cristo (cabeça e membros), animada pelo Espírito Santo. As igrejas de pedra ou tijolos são, portanto, um sinal da presença de Cristo.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Lucas 16, 1-8 Tomar uma atitude prudente.

* 1 Jesus dizia aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. 2 Então o chamou, e lhe disse: ‘O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador’. 3 Então o administrador começou a refletir: ‘O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4 Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa’. 5 E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: ‘Quanto é que você deve ao patrão?’ 6 Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinquenta’. 7 Depois perguntou a outro: ‘E você, quanto está devendo?’ Ele respondeu: ‘Cem sacas de trigo’. O administrador disse: ‘Pegue a sua conta, e escreva oitenta’ “. 8* E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz. Comentário: * 16,1-8: Jesus elogia o administrador, que soube tomar atitude prudente. O Reino de Deus já chegou: é preciso tomar uma atitude antes que seja tarde demais; converter-se e viver conforme a mensagem de Jesus. Exclusiva de Lucas, a parábola do gerente desonesto quer alertar-nos para o modo como estamos “administrando” as coisas do Reino de Deus. Antes de tudo, Jesus nos ensina a fazer bom uso do dinheiro. Não se deve idolatrar o “deus dinheiro” (v. 13), nem se tornar seu escravo. Ele não foi feito para ser acumulado de modo egoísta, nem para transformar-se em armazéns lotados de mercadoria (cf. Lc 12,18). O dinheiro existe para circular e beneficiar a comunidade. O que o senhor elogia nesse gerente sem escrúpulo é a esperteza para solucionar, em curto prazo, sua complicada situação. O dono admira sua capacidade de pronta decisão. Esse é o comportamento que Jesus quer encontrar em seus discípulos, isto é, firme empenho na prática da justiça e da misericórdia.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Lucas 15, 1-10 Jesus provoca escândalo.

* 1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!” A ovelha perdida -* 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4 “Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la? 5 E quando a encontra, com muita alegria a coloca nos ombros. 6 Chegando em casa, reúne amigos e vizinhos, para dizer: ‘Alegrem-se comigo! Eu encontrei a minha ovelha que estava perdida’. 7 E eu lhes declaro: assim, haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.” A moeda perdida -* 8 “Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontrar a moeda? 9 Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: ‘Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido’. 10 E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte.” Comentário: * 1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai. * 3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera. * 8-10: A mulher é pobre e precisa da moeda para sobreviver. O amor de Deus torna-o vitalmente necessitado de encontrar a pessoa perdida, para levá-la à alegria da comunhão no amor. Duas atitudes opostas. Os pecadores e os fiscais da administração “se aproximavam para ouvir Jesus”. Esses eram desprezados pelos fariseus e doutores da Lei, que criticavam Jesus. As duas parábolas vêm revelar e apoiar o modo de Deus agir. O pastor procura com todo empenho a ovelha perdida. A dona de casa vasculha cuidadosamente todos os cômodos, ansiosa por achar a moeda desaparecida. O resgate da ovelha e a recuperação da moeda constituem motivos de muita alegria, partilhada com “amigos e vizinhos”. Verdadeira confraternização. Também aprendemos do Mestre: São os doentes que precisam de médicos, não os que têm saúde. Os que se consideram justos não entram no Reino de Deus, pois rejeitam Jesus. Os pecadores, ao invés, aproximam-se para ouvir Jesus, convertem-se e participam da festa do Reino.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Lucas 14, 25-33 Para ser discípulo de Jesus.

-* 25 Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse: 26 “Se alguém vem a mim, e não dá preferência mais a mim que ao seu pai, à sua mãe, à mulher, aos filhos, aos irmãos, às irmãs, e até mesmo à sua própria vida, esse não pode ser meu discípulo. 27 Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. 28 De fato, se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? 29 Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: 30 ‘Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’ 31 Ou ainda: Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32 Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe. 33 Do mesmo modo, portanto, qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo. Comentário: * 25-35: Seguir a Jesus e continuar o seu projeto (= ser discípulo) é viver um clima novo na relação com as pessoas, com as coisas materiais e consigo mesmo. Trata-se de assumir com liberdade e fidelidade a condição humana, sem superficialismo, conveniência ou romantismo. O discípulo de Jesus deve ser realista, a fim de evitar ilusões e covardias vergonhosas. Quem aceita o convite de Jesus para segui-lo tem de estar disposto a assumir a proposta do Reino dos Céus, ou seja, a prática da justiça e o exercício da fraternidade. Não é possível continuar mergulhado nas solicitações deste mundo e, ao mesmo tempo, ser autêntico discípulo do divino Mestre. Tudo deve ser colocado na balança: também os afetos referentes aos laços familiares. Servir ao mundo e seguir a Jesus Cristo são duas atitudes que não combinam. É preciso escolher e decidir. Prioridade é para o Reino. Viver como cristão não consiste em exibir camisetas com a figura de Jesus ou fazer passeata gritando bordões favoráveis a Cristo. A vida cristã pede convicções mais profundas. Do contrário, diante das primeiras tribulações, o cristão renega o Mestre e escapa do campo de missão.