segunda-feira, 17 de junho de 2024

Mateus 5, 38-42 Violência e resistência.

-* 38 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! 40 Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! 41 Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele! 42 Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” Comentário: * 38-42: Como se pode superar a vingança ou até mesmo a “justa” punição? O Evangelho propõe atitude nova, a fim de eliminar pela raiz o círculo infernal da violência: a resistência ao inimigo não deve ser feita com as mesmas armas usadas por ele, mas através de comportamento que o desarme. Não é espontâneo ao ser humano fazer um gesto de bondade ao sofrer uma agressão. O contrário é o que se vê: violência gerando violência. Isso acontecia na época de Jesus e continua acontecendo na sociedade hodierna. Justamente por isso é que o Mestre vem com essas exigências desconcertantes. Ao mal se responde com o bem; em vez de vingança, a benevolência. É o único caminho para eliminar a espiral de violência vigente em nossos relacionamentos. Então, a benquerença amortece o ódio alheio; a valorização do outro elimina o desprezo; o abraço acolhedor vence o preconceito. Cria-se um clima de fraternidade, harmonia e paz, que ultrapassa nossa boa convivência em família, atinge e beneficia a sociedade inteira. Projeto de Deus para cristãos e cristãs de todos os tempos.

domingo, 16 de junho de 2024

Marcos 4, 26-34 A missão de Jesus é irresistível.

-* 26 E Jesus continuou dizendo: “O Reino de Deus é como um homem que espalha a semente na terra. 27 Depois ele dorme e acorda, noite e dia, e a semente vai brotando e crescendo, mas o homem não sabe como isso acontece. 28 A terra produz fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, por fim, os grãos enchem a espiga. 29 Quando as espigas estão maduras, o homem corta com a foice, porque o tempo da colheita chegou.” A missão atinge o mundo inteiro -* 30 Jesus dizia ainda: “Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar? 31 O Reino é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes da terra. 32 Mas, quando é semeada, a mostarda cresce e torna-se maior que todas as plantas; ela dá ramos grandes, de modo que os pássaros do céu podem fazer ninhos em sua sombra.” 33 Jesus anunciava a Palavra usando muitas outras parábolas como essa, conforme eles podiam compreender. 34 Para a multidão Jesus só falava com parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, ele explicava tudo. Comentário: * 26-29: A missão de Jesus é portadora do Reino de Deus e da transformação que ele provoca. Uma vez iniciada, a ação de Jesus cresce e produz fruto de maneira imprevisível e irresistível. * 30-34: Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro. O Reino de Deus escapa do controle humano. Jesus o compara, primeiramente, a uma semente que, introduzida na terra, se desenvolve sem que alguém a fique observando nos seus mínimos movimentos. Depois o compara à semente de mostarda. Embora minúscula, uma vez lançada na terra, surpreende a todos com seu desenvolvimento. O que é, então, o Reino de Deus? Reino ou Reinado de Deus é justamente o espaço, o ambiente, a esfera em que Deus circula e age; é a realidade impregnada da presença do Senhor; é a resposta de amor e solidariedade dos filhos e filhas ao projeto do Pai celeste; é a sociedade em que se pratica a justiça e se vive a fraternidade. Tudo isso é expressão do Reino de Deus. Quanto a nós, nossa tarefa é assimilar, viver os valores do Reino e expandi-lo, para que Deus seja glorificado.

sábado, 15 de junho de 2024

2 Coríntios 5,6-10 A morte é passagem para a vida definitiva.

6 Por essa razão, estamos sempre confiantes, sabendo que enquanto habitamos neste corpo, estamos fora de casa, isto é, longe do Senhor, 7 pois caminhamos pela fé e não pela visão... 8 Sim, estamos cheios de confiança e preferimos deixar a mansão deste corpo, para irmos morar junto do Senhor. 9 Em todo caso, quer fiquemos em nossa morada, quer a deixemos, nos esforçamos por agradar ao Senhor. 10 De fato, todos deveremos comparecer diante do tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a recompensa daquilo que tiver feito durante a sua vida no corpo, tanto para o bem, como para o mal. Comentário: * 4,16-5,10: Para quem não tem fé, a morte é o fim de tudo. Mas para quem está comprometido na fé e segue a Jesus, a morte é passagem para a dimensão definitiva da vida. Nosso corpo mortal se desgasta e desfaz na vida terrestre; mas, através da ressurreição, Deus leva o nosso ser à vida plena. Paulo emprega uma imagem muito familiar no Oriente: quando continuam a caminhada, os nômades do deserto desmontam a tenda do acampamento porque o deserto não é sua moradia estável. O mesmo acontece conosco: este mundo é o lugar onde vivemos e construímos a nossa história, cujo fim é a comunhão e participação na própria vida divina.

Mateus 5, 33-37 Juramento e verdade.

-* 33 “Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jure falso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. 34 Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o suporte onde ele apoia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36 Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. 37 Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além disso, vem do Maligno.” Comentário: * 33-37: A necessidade de juramentos é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações humanas. Jesus exige relacionamento em que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis. Na época de Jesus, provavelmente, havia o costume de jurar por qualquer motivo. Ao jurar, a pessoa procurava dar credibilidade a suas afirmações, por vezes carregadas de falsidade. Jesus põe um ponto final nessa prática que pode comprometer a verdade: “Não jurem de maneira nenhuma”. E ensina seus discípulos a usar sinceridade e transparência: “Que o sim de vocês seja sim, e o não seja não”. Alerta bem atual para nossos relacionamentos, muitas vezes impregnados de tapeações ou descaradas mentiras. Na sociedade, sobretudo no mundo dos negócios, há uma “moeda falsa” que corre solta: a desonestidade. Há gente que conta vantagem quando consegue iludir e prejudicar o próximo. Nesse universo falso e imoral, nosso Mestre não entra.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Mateus 5, 27-32 Adultério e fidelidade.

-* 27 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração. 29 Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno. 30 Se a mão direita leva você a pecar, corte-a e jogue-a fora! É melhor perder um membro do que o seu corpo todo ir para o inferno. 31 Também foi dito: ‘Quem se divorciar de sua mulher, lhe dê uma certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério.” Comentário: * 27-32: Jesus radicaliza até à interioridade a fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. O adultério começa com o olhar de desejo, e o mal deve ser cortado pela raiz. A exceção citada no v. 32 pode referir-se ao caso de união ilegítima, por causa do grau de parentesco que trazia impedimento matrimonial segundo a Lei (Lv 18,6-18; At 15,29). As leis do Antigo Testamento eram tolerantes para o homem e severas para a mulher. De fato, a mulher era considerada uma espécie de propriedade que o homem adquiria, e assim ela passava a fazer parte dos seus bens. Agressiva desigualdade entre homem e mulher. Jesus, porém, coloca-os no mesmo plano. O adultério viola a vontade de Deus e as relações familiares e sociais. A união do homem e da mulher no matrimônio é expressão de amor, vem de Deus, não deve ser paixão egoísta. É o encontro de liberdades que se unem. Por isso, Jesus usa expressões fortes para indicar compromisso sério, evitando-se desvios egoístas. Às vezes, são necessários “cortes” dolorosos para salvar e revigorar o amor mútuo. Trata-se, aqui, naturalmente, de linguagem simbólica, uma vez que o adultério começa no coração.

Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.

20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.” Ofensa e reconciliação -* 21 “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra você, procure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal; senão o acusador entregará você ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garanto: daí você não sairá, enquanto não pagar até o último centavo.” Comentário: * 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida. * 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento. Como era a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus? Consistia em fazer cumprir rigorosamente os preceitos das Escrituras. Era uma justiça fria, calculista, às vezes impiedosa. Exigiam do povo o que eles mesmos não cumpriam. A justiça que Jesus propõe e exige dos discípulos leva em conta a pessoa e seus anseios. A justiça do Reino ultrapassa a simples execução de leis e põe no centro a pessoa: as leis devem estar a serviço da pessoa, para a glória de Deus. A velha justiça proibia o homicídio, ao passo que a nova justiça persegue o mal até suas raízes secretas no coração, onde nasce a ira, e combate suas menores manifestações, como as expressões de desprezo ou rancor (imbecil, idiota). Assim, o amor fraterno, em gestos de reconciliação, torna fecundo o culto que se presta a Deus.

terça-feira, 11 de junho de 2024

Mateus 5, 17-19 A lei e a justiça.

-* 17 “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. 19 Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu. Comentário: * 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida. É possível que, entre os discípulos de Jesus, e no seio das primeiras comunidades cristãs, alguns pusessem em dúvida a autoridade das Escrituras. Visto que Jesus as interpretava e, por vezes, as aperfeiçoava (“Ouviram o que foi dito […] eu, porém, lhes digo”), será que valia a pena confiar nelas? Jesus corrige essa maneira de pensar, afirmando categoricamente: “Não vim abolir, mas cumprir”. É certo que a compreensão correta da Escritura passa pelo critério de Jesus. Ele é o intérprete fiel dos Mandamentos. O que Jesus quer é o bem das pessoas, a prática da justiça, o amor fraterno, o reconhecimento de Deus como Senhor absoluto e Pai. Fiel cumpridor da vontade de Deus, Jesus dizia: “Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,38).