quarta-feira, 28 de setembro de 2022
João 1, 47-51 As testemunhas apontam o Salvador.
47 Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: “Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade.” 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando você estava debaixo da figueira.” 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!” 50 Jesus disse: “Você está acreditando só porque eu lhe disse: ‘Vi você debaixo da figueira’? No entanto, você verá coisas maiores do que essas.” 51 E Jesus continuou: “Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.”
Comentário:
* 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: “No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem.” Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória.
“O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida.
Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele.
João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica.
Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja.
Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens.
Arcanjo significa “chefe supremo dos anjos”. A carta de Judas aplica esse título a Miguel; a Igreja estendeu-o depois a Gabriel e a Rafael. O novo calendário reuniu numa só celebração os três arcanjos (Miguel, Gabriel e Rafael), cuja festa caía em datas diferentes. Miguel, que significa “Quem é como Deus?”, cultuado desde os primeiros séculos da era cristã, é lembrado no livro de Daniel. A carta de Judas mostra-o em luta contra Satanás, que quer o corpo de Moisés. Também o Apocalipse recorda o combate de Miguel e seus anjos contra o dragão. Gabriel, “Força de Deus”, apresentou-se a Zacarias como “aquele que está diante de Deus”. Anunciou o nascimento de João Batista e a encarnação do Filho de Deus. Rafael,” Deus cura”, aparece no livro de Tobias como acompanhante de viagem do jovem Tobias.
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Lucas 9, 57-62 Os primeiros passos do discípulo.
* 57 Enquanto iam andando, alguém no caminho disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores.” 58 Mas Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.” 59 Jesus disse a outro: “Siga-me.” Esse respondeu: “Deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai.” 60 Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos; mas você, vá anunciar o Reino de Deus.” 61 Outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa primeiro que eu vá me despedir do pessoal de minha casa.” 62 Mas Jesus lhe respondeu: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus.”
Comentário:
* 57-62: Os primeiros passos para os que seguem Jesus em seu caminho são: disponibilidade contínua, capacidade de renunciar a seguranças e, iniciado o caminho, não voltar para trás, por motivo nenhum.
Há quem tenha boas intenções para o seguimento a Jesus, mas vive fazendo cálculos ou criando desculpas. O apóstolo Paulo ensinava os membros de suas comunidades para terem os olhos fixos em Jesus. Quando olhamos para a cruz, ali está a síntese do amor maior. Não há como criar desculpas diante de um Deus de braços abertos para acolher a todos. O olhar para o absoluto não deixa espaço para “olhar para trás”. Olhar para trás é não viver o presente, é buscar seguranças humanas. Paulo também dizia: “Esquecendo-me do que fica para trás, corro em direção à meta” (Fl 3,13-14).
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
Lucas 9, 51-56 Jesus vai para Jerusalém.
-* 51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém, 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho, e entraram num povoado de samaritanos, para conseguir alojamento para Jesus. 53 Mas, os samaritanos não o receberam, porque Jesus dava a impressão de quem se dirigia para Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para acabar com eles?” 55 Jesus porém, voltou-se e os repreendeu. 56 E partiram para outro povoado.
Comentário:
* 51-56: Jesus inicia o seu caminho para Jerusalém (cf. Introdução). Nessa viagem, Lucas mostra a pedagogia de Jesus, que vai indicando o caminho para aqueles que querem unir-se a ele. Tal processo por ele iniciado vai provocar sérios conflitos com aqueles que não querem mudar o rumo da história. Por enquanto, nem os samaritanos entendem que Jesus vai a Jerusalém para salvá-los. E os discípulos não imaginam que a Samaria será um dos primeiros lugares que eles evangelizarão ao saírem de Jerusalém (At 1,8).
Mesmo diante da rejeição, os discípulos jamais devem agir para eliminar quem pensa diferente deles. É risco de todos os tempos, e hoje se faz muito presente, um tipo de “cristianismo sem o Cristo”, que ambiciona triunfar apenas as próprias ideias. Pior seria se um cristão disseminasse ódio. O fogo que realmente vale a pena é o fogo do amor, que une todos os povos. A expressão máxima desse amor se deu na cruz e se plenificou na ressurreição de Jesus Cristo.
domingo, 25 de setembro de 2022
Lucas 8, 46-50 Quem é o maior.
* 46 Houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. 47 Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si, 48 e disse a eles: “Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim. E quem me receber, estará recebendo aquele que me enviou. Pois, aquele que é o menor entre vocês, esse é o maior.”
Quem está a favor de Jesus? -* 49 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lhe proibimos, porque ele não anda conosco”. 50 Jesus lhe disse: “Não lhe proíbam. Pois, quem não está contra vocês, está a favor de vocês.”
Comentário:
* 46-48: Para compreender o messianismo de Jesus é preciso mudar a ideia que se tem a respeito do poder. Enquanto persistir entre os discípulos o desejo do poder que domina, não haverá possibilidade alguma de construir o Reino de Deus.
* 49-50: Cf. nota em Mc 9, 38-41: Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer ação que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus.
A conversão é processo lento e fatigoso. Várias vezes, Jesus explica aos discípulos qual é a característica do seu messianismo. Ele veio para dar a própria vida por todos. Está entre nós para servir ao Pai e ao povo; não para explorar e ser servido. Surdos às palavras e cegos às atitudes de Jesus, os apóstolos disputam o primeiro lugar. A presença da criança oferece a Jesus imagem forte de simplicidade, pureza, abertura à partilha e à fraternidade. Esses são os valores do Reino que Jesus está implantando e que seus discípulos precisam assimilar. Outro aspecto importante é a tolerância com os de fora do grupo. Não se deve rejeitá-los, mas estabelecer comunhão com eles. Os apóstolos não têm exclusividade sobre a prática do bem.
sábado, 24 de setembro de 2022
Lucas 16, 19-31 O rico e o pobre.
* 19 “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20 E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21 Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. 22 Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23 No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24 Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. 25 Mas Abraão respondeu: ‘Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. 26 Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28 porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento’. 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!’ 30 O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. 31 Mas Abraão lhe disse: ‘Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos’.”
Comentário:
* 19-31: A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir o coração para a palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.
Jesus conta esta parábola para os fariseus. A narrativa gira em torno do conflito social entre ricos e pobres, tema muito caro a Lucas. O rico se veste de luxo, tem comida farta, muitos amigos e grande família, mas não tem nome. O pobre, faminto, sem ninguém para ampará-lo, vê de longe o desperdício de comida, querendo saciar a fome com as migalhas caídas da mesa do rico. Esse pobre tem nome, Lázaro, que significa “Deus ajuda”. A parábola contesta a escandalosa miséria ao lado de grandes fortunas. A riqueza construída pelos ricos é o grande abismo que separa um do outro. Os dois morrem: o rico foi enterrado, e o pobre, levado ao seio de Abraão. O diálogo entre o defunto rico e o pai Abraão é interessante porque mostra o caminho que leva a superar o abismo entre ricos e pobres: a Palavra de Deus. Sim, a Palavra de Deus pode iluminar o caminho da humanidade para que não privilegie alguns em detrimento de muitos. É preciso ouvir Moisés e os profetas para que sejam superadas práticas abusivas de acúmulo nas mãos de poucos, diante da miséria que humilha tantos pobres. O Brasil é um dos países campeões de desigualdade entre ricos e pobres. O mal da riqueza é quando ela é concentrada e se torna “ídolo” a ser adorado, criando a indiferença diante da miséria.
1 Timóteo 6, 11-16 O verdadeiro doutor.
-* 11 Você, porém, homem de Deus, fuja dessas coisas. Procure a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. 12 Combata o bom combate da fé, conquiste a vida eterna, para a qual você foi chamado. Isso, você o reconheceu numa bela profissão de fé diante de muitas testemunhas. 13 Diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que deu testemunho diante de Pôncio Pilatos numa bela profissão de fé, eu ordeno a você: 14 guarde o mandamento puro, de modo irrepreensível, até a Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo. 15 Essa Aparição mostrará, nos tempos estabelecidos, o Bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16 o único que possui a imortalidade, que habita uma luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno. Amém!
Comentário:
* 11-16: O verdadeiro doutor é aquele que foge da ambição e vive com sobriedade. Seu compromisso primeiro é com a verdade, a qual se manifesta no ministério de Cristo, relembrado nos vv. 15-16.
sexta-feira, 23 de setembro de 2022
Lucas 9, 43-45 O Filho do Homem vai ser entregue.
43 Todos ficaram admirados com a grandeza de Deus. O povo estava admirado com tudo o que Jesus fazia. Então Jesus disse aos discípulos: 44 “Prestem atenção ao que eu vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens.” 45 Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. Isso estava escondido a eles, para que não entendessem. E tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.
Comentário:
* 37-45: Enquanto os discípulos não mudarem sua ideia sobre o Messias, jamais realizarão atos de libertação, que dão continuidade à missão de Jesus.
Jesus vive um momento de muitos elogios, todos o admiram. Esse clima deixa os discípulos felizes e até ludibriados com o sucesso do Mestre. Por isso mesmo não conseguem entender o anúncio da tragédia da Paixão. Dom Helder Camara certa vez disse: “Quando te cantarem loas e jogarem mantos sob os teus pés, conta os dias entre o Domingo de Ramos e a Sexta-feira Santa”. A morte de Jesus na cruz nos introduz na esfera dos planos de Deus, mistério que escapa à nossa compreensão. Após a ressurreição, Jesus dirá aos discípulos de Emaús: “Era preciso que o Messias sofresse tudo isso e entrasse na sua glória” (Lc 24,25-26). O cristão é aquele que segue Cristo, primeiro nos sofrimentos, depois na glória.
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