sábado, 13 de novembro de 2021

Marcos 13, 24-32 A história e o fim dos tempos.

24“Naqueles dias, depois da grande tribulação, o sol vai se escurecer e a lua não brilhará mais, 25as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas. 26Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. 27Ele enviará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus de uma extremidade à outra da terra. Fiquem vigiando -* 28Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. 29Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas. 30Em verdade vos digo, esta geração não passará até que tudo isso aconteça. 31O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. 32Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”. Comentário: * 24-27: A queda de Jerusalém manifesta e antecipa o julgamento com que Deus acompanha toda a história, e que se consumará no fim dos tempos. O Filho do Homem é Jesus que, pela sua morte e ressurreição, testemunhadas pelos discípulos, irá reunir todo o povo de Deus (cf. Dn 7,13-14). * 28-37: Somente agora Jesus responde à pergunta dos discípulos (v. 4). Mas, em vez de dizer "quando" ou "como" acontecerá o fim, ele indica apenas como o discípulo deve se comportar na história. A tarefa do discípulo é testemunhar sem desanimar, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo por ele prometido impede, de um lado, que o discípulo se instale na situação presente; de outro, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável. Estamos diante de um gênero literário bíblico denominado apocalíptico, bastante comum nos escritos do Antigo Testamento. Tem linguagem própria, que não deve ser levada ao pé da letra. Pois bem, a linguagem simbólica aqui usada está a serviço de uma ideia-base: este mundo não é eterno, terá fim, do mesmo modo que a humanidade redimida por Cristo, o qual voltará com poder e glória no fim dos tempos, para reunir o povo que Deus lhe deu (cf. Hb 2,13). A imagem da figueira é um convite à vigilância e à esperança, que nos tiram da inércia e da indiferença espiritual e nos projetam para o futuro glorioso. Nosso tempo de vida na terra é ocasião para praticarmos obras de justiça e fraternidade. Mantenhamos, pois, uma esperança libertadora, enquanto seguimos construindo e expandindo o Reino de Deus. Oração Senhor Jesus, com linguagem figurada nos mostras que a injustiça não triunfará, nem os poderes opressores terão a última palavra. Virás “com poder e glória” para reunires “dos confins de toda a terra” os teus eleitos. Não importa saber o dia, o que conta é que tua palavra se realizará. Amém.

Hebreus 10, 11-14.18 Um sacrifício único.

11Todo sacerdote se apresenta diariamente para celebrar o culto, oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, incapazes de apagar os pecados. 12Cristo, ao contrário, depois de ter oferecido um sacrifício único pelos pecados, sentou-se para sempre à direita de Deus. 13Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. 14De fato, com esta única oferenda, levou à perfeição definitiva os que ele santifica. 18Ora, onde existe o perdão, já não se faz oferenda pelo pecado. Comentário: * 10,1-18: O que são Paulo diz sobre a Lei, o autor repete sobre a liturgia judaica. Esta faz reviver a experiência do pecado, mas não consegue libertar dele. O sacrifício de Cristo, a existência inteira de Jesus, todo o movimento de sua consciência é o verdadeiro ato sacerdotal, o grande e perene ato de oferta. Ele tira o pecado, restabelece a ligação com Deus mediante a sua própria pessoa e experiência viva. Funda a nova aliança, o povo novo que pode ter acesso a Deus. E o caminho para esse acesso é o compromisso de fé com Cristo, compromisso que nenhuma liturgia pode substituir.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Lucas 18, 1-8 Perseverança na oração.

1Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre e nunca desistir, dizendo: 2″Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava homem algum. 3Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’ 4Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus e não respeito homem algum. 5Mas essa viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!'” 6E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz esse juiz injusto. 7E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Comentário: * 18,1-8: Insistência e perseverança só existem naqueles que estão insatisfeitos com a situação presente e, por isso, não desanimam; do contrário, jamais conseguiriam alguma coisa. Deus atende àqueles que, através da oração, testemunham o desejo e a esperança de que se faça justiça. Jesus nos apresenta um ensinamento sobre a oração e um sério questionamento sobre a qualidade da nossa fé. Antes de tudo, Jesus garante que o Pai celeste está disposto a atender às súplicas de seus filhos e filhas, desde que as façam com persistência. O juiz malvado, não temente a Deus, acaba por atender a pobre viúva que tanto insistia. Se o juiz sem escrúpulo foi capaz de atender a mulher, com maior razão, o Pai misericordioso atenderá a quem o invocar com fé e perseverança. A justiça de Deus é transparente, imediata, simples. Resta saber se as pessoas têm fé suficiente para dialogar com Deus e esperar que ele as atenda. Muitas vezes não obtemos o que pedimos porque nos limitamos a pedir coisas, mais do que pedir a nossa conversão ao projeto do Reino de Deus, que é prática da justiça. Oração Ó Jesus, Mestre de oração, tua parábola nos mostra a importância de “rezar sempre e nunca desanimar”. E realças a disposição e a benevolência do Pai celeste para atender às súplicas diárias de seus filhos e filhas. Contudo, acrescentas, é fundamental que tenhamos profunda fé. Amém.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Lucas 17, 26-37 A vinda do Filho do Homem.

26“Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. 27Eles comiam, bebiam, casavam-se e se davam em casamento até o dia em que Noé entrou na arca. Então chegou o dilúvio e fez morrer todos eles. 28Acontecerá como nos dias de Ló: comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam. 29Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, Deus fez chover fogo e enxofre do céu e fez morrer todos. 30O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado. 31Nesse dia, quem estiver no terraço não desça para apanhar os bens que estão em sua casa. E quem estiver nos campos não volte para trás. 32Lembrai-vos da mulher de Ló. 33Quem procura ganhar a sua vida vai perdê-la, e quem a perde vai conservá-la. 34Eu vos digo, nessa noite dois estarão numa cama: um será tomado e o outro será deixado. 35Duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. 36Dois homens estarão no campo: um será levado e o outro será deixado”. 37Os discípulos perguntaram: “Senhor, onde acontecerá isso?” Jesus respondeu: “Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres”. Comentário: * 22-37: Juntamente com o Reino de Deus, o julgamento do Filho do Homem se realiza na história: ele vem para manifestar a verdade da vida de todos. Essa manifestação do Filho do Homem é sempre momento grave e decisivo: dele depende a salvação ou a destruição de cada um. Serão salvos somente aqueles que, como Jesus, fazem da própria vida dom para os outros (v. 33). Mediante duas comparações, Jesus convida os discípulos a estarem sempre preparados para o encontro com Deus. Quem vive ocupado apenas com seus projetos pessoais, sem se preocupar com a prática da justiça e da fraternidade, será surpreendido como os contemporâneos de Noé e de Ló. A chegada do Filho do Homem será improvisa como o relâmpago. Não haverá tempo para mudanças de última hora; quem praticou a justiça se salvará. A separação entre justos e injustos atingirá as relações mais íntimas, como a do matrimônio (cama) e do trabalho (mulheres moendo juntas). Onde será o julgamento? Onde a pessoa estiver. Cada um verá a verdade de si mesmo diante do espelho que é Jesus, porque nele se manifestou todo o projeto de Deus para a humanidade. A salvação se constrói no dia a dia. Oração Senhor Jesus, tuas palavras são sérias advertências que nos ajudam a refletir sobre a nossa vida. O que, de fato, é importante para nós, peregrinos neste mundo? Em que ocupamos o tempo? Qual é o nosso empenho para melhorar as relações entre as pessoas? Vem em nosso socorro, Senhor. Amém.

Lucas 17, 20-25 A presença do Reino.

20Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”. A vinda do Filho do Homem - 22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘ele está aqui’. Não deveis ir nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. Comentário: * 20-21: É inútil procurar sinais misteriosos da vinda do Reino. Ele já está presente em qualquer lugar onde a ação de Jesus é continuada. * 22-37: Juntamente com o Reino de Deus, o julgamento do Filho do Homem se realiza na história: ele vem para manifestar a verdade da vida de todos. Essa manifestação do Filho do Homem é sempre momento grave e decisivo: dele depende a salvação ou a destruição de cada um. Serão salvos somente aqueles que, como Jesus, fazem da própria vida dom para os outros (v. 33). Os fariseus imaginavam que o Reino de Deus só chegaria quando todo o povo observasse a Lei em suas mínimas prescrições. Pedem a Jesus uma definição: quando iria chegar esse Reino? Jesus responde que a vinda do Reino não depende de cálculos ou grandes rumores. O Reino de Deus começou na pessoa e na prática de Jesus no meio de seus contemporâneos. O Reino se torna presente e visível sempre que as pessoas praticam a justiça, criando relações de fraternidade. O dia do Filho do Homem (Jesus) é o tempo após sua ressurreição, que será coroado com sua manifestação final. Então, quando ele vier na sua glória, o fato será evidente para todos. Entretanto, “primeiro ele deve sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. A paixão de Jesus será momento crucial e fundamental para o desenvolvimento do Reino. Oração Ó Jesus, Filho do Homem, teus discípulos esperavam grandiosa intervenção divina no mundo. Esclareces que o Reino de Deus é construído discretamente, à medida que as pessoas aceitam tua mensagem e te seguem. Dá-nos, Senhor, coração sensível e amoroso, a fim de favorecermos a expansão do teu Reino. Amém.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Lucas 17, 11-19 Fé e gratidão.

11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. 12Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam a distância 13e gritaram: “Jesus, mestre, tem compaixão de nós!” 14Ao vê-los, Jesus disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16atirou-se aos pés de Jesus com o rosto por terra e lhe agradeceu. E este era um samaritano. 17Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” 19E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”. Comentário: * 11-19: O ponto alto da narrativa é a fé do samaritano. É fé madura: nasce da esperança (vv. 12-13), cresce na obediência à palavra de Jesus (v. 14) e se manifesta na gratidão (v. 16). Com isso, ele não só recebe a cura, mas é salvo. Sua vida chega à plenitude, ao reconhecer que em Jesus o amor de Deus leva os homens a viver na alegria da gratidão. A vida que Deus dá em Jesus Cristo é gratuita, é graça. A gravidade da doença (lepra) engrandece o gesto do terapeuta (Jesus) e salienta a falta de gratidão da maioria dos agraciados. Considerada contagiosa, a lepra mantinha seus portadores afastados do convívio humano. Ora, os dez leprosos mantêm-se à distância e pedem a compaixão de Jesus, que exige deles um ato de fé: sem ainda serem curados, que se apresentem aos sacerdotes; estes comprovarão a veracidade da cura. No caminho, os dez se veem purificados da doença, mas apenas um retorna “glorificando a Deus”, e o faz “em alta voz”, a fim de que todos participem da sua alegria e se conscientizem do poder de Deus. Era um samaritano. Prostra-se, confirmando sua fé em Jesus. E os outros nove? Deixam de ouvir dos lábios do Mestre o coroamento da cura: “Levante-se e vá! Sua fé o salvou”. Oração Ó Mestre Jesus, o que nos surpreende é que, dentre os dez leprosos curados, apenas um tomou o caminho de volta, “glorificando a Deus em voz alta”, para expressar-te sua profunda gratidão. Ajuda-nos, Senhor, a manifestar sincera gratidão pelos inúmeros benefícios que nos concedes a todo instante. Amém.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

João 2, 13-22 O corpo de Jesus é o novo Templo.

13Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 14No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. 18Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” 19Ele respondeu: “Destruí este templo, e em três dias o levantarei”. 20Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário, e tu o levantarás em três dias?” 21Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo. 22Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele. Comentário: * 13-22: Para os judeus, o Templo era o lugar privilegiado de encontro com Deus. Aí se colocavam as ofertas e sacrifícios levados pelos judeus do mundo inteiro, e formavam verdadeiro tesouro, administrado pelos sacerdotes. A casa de oração se tornara lugar de comércio e poder, disfarçados em culto piedoso. Expulsando os comerciantes, Jesus denuncia a opressão e a exploração dos pobres pelas autoridades religiosas. Predizendo a ruína do Templo, ele mostra que essa instituição religiosa já caducou. Doravante, o verdadeiro Templo é o corpo de Jesus, que morre e ressuscita. Deus não quer habitar em edifícios, mas no próprio homem. Laterano (Latrão) era o sobrenome de uma das antigas famílias romanas cujas propriedades foram confiscadas por Nero. No século IV, o imperador Constantino doou parte dessas terras ao bispo de Roma (papa) para edificar aí a primeira catedral cristã. É considerada a Igreja-mãe de Roma. Por suas atitudes e palavras, o Mestre esclarecia a seus discípulos que ele, Jesus, é o novo templo de Deus, a morada do Altíssimo entre nós (cf. Jo 1,14). É por Cristo, com Cristo e em Cristo que os louvores da humanidade se elevam a Deus. Naturalmente, o povo, para se congregar, necessita de igrejas físicas. Mas estas só têm sentido porque remetem à Igreja, Corpo de Cristo (cabeça e membros), animada pelo Espírito Santo. As igrejas de pedra ou tijolos são, portanto, um sinal da presença de Cristo. Oração Divino Mestre, Jesus Cristo, não toleraste a exploração que se praticava na “casa” de teu Pai. Por isso, indignado, expulsaste do templo os vendilhões inescrupulosos. Ensina-nos, Senhor, a devolver à Igreja seu verdadeiro sentido, a saber, ocasião e lugar de comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs. Amém.