domingo, 13 de setembro de 2009

Tiago 2, 14-18 A fé se manifesta em atos concretos.

14 Meus irmãos, se alguém diz que tem , mas não tem obras, que adianta isso? Por acaso a poderá salvá-lo? 15 Por exemplo: um irmão ou irmã não têm o que vestir e lhes falta o pão de cada dia. 16 Então alguém de vocês diz para eles: “Vão em paz, se aqueçam e comam bastante”; no entanto, não lhes o necessário para o corpo. Que adianta isso? 17 Assim também é a : sem as obras, ela está completamente morta.
18
Alguém poderia dizer ainda: “Você tem a , e eu tenho as obras. Pois bem! Mostre-me a sua sem as obras, e eu, com as minhas obras, lhe mostrarei a minha .” 19 Você acredita que existe um só Deus? Muito bem! Só que os demônios também acreditam, e tremem! 20 Insensato, quer ver como a sem as obras não tem valor? 21 Quando nosso pai Abraão ofereceu o filho Isaac sobre o altar, não foi pelas obras que ele se tornou justo? 22 Vocês podem perceber que a cooperou com as obras dele, e que pelas obras essa se tornou perfeita. 23 E assim se cumpriu a Escritura que diz: “Abraão acreditou em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça.” E Abraão foi chamado amigo de Deus.
24 Como
vocês estão vendo, o homem é justificado pelas obras, e não somente pela . 25 Do mesmo modo, a prostituta Raab: ao dar hospitalidade aos mensageiros e ao fazê-los voltar por outro caminho, não foi ela justificada pelas suas obras?
26 De
fato, do mesmo modo que o corpo sem o espírito é cadáver, assim também a : sem as obras ela é cadáver.
Comentário:
14-26: O único meio de salvação é a fé, a adesão a Jesus Cristo. Essa fé, porém, não é coisa teórica ou mero sentimento interior; é o compromisso que se manifesta concretamente em atos e fatos visíveis (cf. Mt 7,21). Tiago toma dois exemplos do Antigo Testamento, que podem ser comparados com Hb 11,31 e, principalmente, com Rm 4 e Gl 3. Aparentemente, Tiago e Paulo tiram conclusões opostas, ao usar o mesmo exemplo. Notemos, porém: Paulo diz que Abraão se tornou justo por meio da fé, e não mediante a prática da Lei. Tiago diz mais: a fé que justificou Abraão é uma realidade que se traduz na prática de atos concretos. Ao falar de prática da Lei, Paulo afirma que nenhuma observância de regras pode levar à salvação, e que a fé é o princípio de toda a vida cristã. Tiago, por sua vez, salienta que a fé se traduz no amor, e este realiza atos concretos. Paulo diz a mesma coisa: “fé age por meio do amor” (Gl 5,6).

Marcos 8, 27-35 O CAMINHO DE JESUS E DO DISCÍPULO Jesus é o Messias.

27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas.” 29 Então Jesus perguntou-lhes: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias.” 30 Então Jesus proibiu severamente que eles falassem a alguém a respeito dele.
31 Em
seguida, Jesus começou a ensinar os discípulos, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar depois de três dias.” 32 E Jesus dizia isso abertamente. Então Pedro levou Jesus para um lado e começou a repreendê-lo. 33 Jesus virou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Fique longe de mim, satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens.”
O seguimento de Jesus - 34
Então Jesus chamou a multidão e os discípulos. E disse: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la.

Comentário:27-33: A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante.
34-38: A morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a se tornar marginalizado por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz).

sábado, 12 de setembro de 2009

Lucas 6, 43-49 Os atos revelam a pessoa.

43 “Não existe árvore boa que frutos ruins, nem árvore ruim que frutos bons; 44 porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. 45 O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.”
Passar para a ação - 46 “Por
que vocês me chamam: ‘Senhor! Senhor!’, e não fazem o que eu digo? 47 Vou mostrar a vocês com quem se parece todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática. 48 É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a enxurrada bateu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. 49 Aquele que ouve e não põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa sobre a terra, sem alicerce. A enxurrada bateu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa.”
Comentário:
43-45: Assim como as árvores são conhecidas pelos frutos, do mesmo modo os homens são conhecidos pelos seus atos.
46-49: Quem põe em prática a mensagem de Jesus, constrói a vida pessoal e comunitária sobre alicerce firme, que resiste à alienação, aos conflitos e até mesmo à perseguição. Quem fica somente no ouvir ou no falar, jamais colabora na construção de nova sociedade.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Lucas 6,39-42. Só Deus pode julgar.

39 Jesus contou uma parábola aos discípulos: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40 Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre. 41 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que no seu próprio olho? 42 Como é que você pode dizer ao seu irmão: ‘Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando você não a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão.”
Comentário
37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lucas 6, 27-38 A gratuidade nas relações.

27 “Mas, eu digo a vocês que me escutam: amem os seus inimigos, e façam o bem aos que odeiam vocês. 28 Desejem o bem aos que os amaldiçoam, e rezem por aqueles que caluniam vocês. 29 Se alguém lhe um tapa numa face, ofereça também a outra; se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica. 30 a quem lhe pede e, se alguém tira o que é de você, não peça que devolva. 31 O que vocês desejam que os outros lhes façam, também vocês devem fazer a eles. 32 Se vocês amam somente aqueles que os amam, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam. 33 Se vocês fazem o bem somente aos que lhes fazem o bem, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores fazem assim. 34 E se vocês emprestam somente para aqueles de quem esperam receber, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amem os inimigos, façam o bem e emprestem, sem esperar coisa alguma em troca. Então, a recompensa de vocês será grande, e vocês serão filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus. 36 Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.”
Só Deus pode julgar - 37 “
Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e serão perdoados. 38 Dêem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.”
Comentário:
27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai.
37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Lucas 6, 20-26 Anseio por um mundo novo.

“... 20 Levantando os olhos para os discípulos, Jesus disse: “Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence. 21 Felizes de vocês que agora têm fome, porque serão saciados. Felizes de vocês que agora choram, porque hão de rir. 22 Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. 24 Mas, ai de vocês, os ricos, porque têm a sua consolação! 25 Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar! 26 Ai de vocês, se todos os elogiam, porque era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas.”
Comentário:
17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza.