segunda-feira, 31 de março de 2025
João 5, 1-16 A vida está acima da lei.
* 1 Depois disso, houve uma festa judaica, e Jesus foi a Jerusalém. 2 Em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, existe uma piscina rodeada por cinco corredores cobertos. Em hebraico a piscina chamava-se Betesda. 3 Muitos doentes ficavam aí deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse (4 porque um anjo descia de vez em quando e movimentava a água da piscina. O primeiro doente que entrasse na piscina, depois que a água fosse movida, ficava curado de qualquer doença que tivesse). 5 Aí ficava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. 6 Jesus viu o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então lhe perguntou: “Você quer ficar curado?” 7 O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água está se movendo. Quando vou chegando, outro já entrou na minha frente.” 8 Jesus disse: “Levante-se, pegue sua cama e ande”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar. Era um dia de sábado. 10 Por isso, as autoridades dos judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “Hoje é dia de sábado. A lei não permite que você carregue a cama.” 11 Ele respondeu: “Aquele homem que me curou disse: ‘Pegue sua cama e ande’.” 12 Então os dirigentes dos judeus lhe perguntaram: “Quem foi que disse a você para pegar a cama e andar?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha desaparecido no meio das pessoas que estavam reunidas nesse lugar. 14 Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e lhe disse: “Você ficou curado. Não peque de novo, para que não lhe aconteça alguma coisa pior.”
15 Então o homem saiu e disse às autoridades dos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Então as autoridades dos judeus começaram a perseguir Jesus, porque ele havia curado em dia de sábado.
Comentário:
* 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho.
Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.
A água sempre foi associada à pureza, à cura e à vida. Basta recordar diversas passagens do Antigo Testamento para comprovar sua importância na vida do ser humano e na ação de Deus. Além da presença deste símbolo no Evangelho de hoje, também na primeira leitura, ela é determinante. Ezequiel utiliza-a numa bela metáfora que simboliza o poder de Deus que dá a vida por toda a terra, enquanto João associa a água ao poder taumatúrgico de Jesus. As águas descritas na profecia de Ezequiel são símbolo de vida nova, pelas quais terá novo alento todo ser vivo que nelas se mover. Uma nova vida que o paralítico do Evangelho também esperava receber pelas águas da piscina, que a tradição popular acreditava serem agitadas por um anjo. Mas, a vida nova, o doente a recebe por meio de Jesus Cristo.
domingo, 30 de março de 2025
João 4, 43-54 Muitos acreditam só quando veem milagres.
-* 43 Dois dias depois, Jesus foi para a Galileia. 44 Mas o próprio Jesus tinha declarado: “Um profeta nunca é bem recebido em sua própria terra.” 45 Entretanto, quando ele chegou à Galileia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém durante a festa. Pois eles também tinham ido à festa.
Segundo sinal: Jesus cura o filho do funcionário do rei
A fé na palavra de Jesus produz vida - 46 Jesus voltou para Caná da Galileia, onde havia transformado a água em vinho. Ora, em Cafarnaum havia um funcionário do rei que tinha um filho doente. 47 Ele ouviu dizer que Jesus tinha ido da Judéia para a Galileia. Saiu ao encontro de Jesus e lhe pediu que fosse a Cafarnaum curar seu filho que estava morrendo. 48 Jesus disse-lhe: “Se vocês não veem sinais e prodígios, vocês não acreditam.” 49 O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” 50 Jesus disse-lhe: “Pode ir, seu filho está vivo.” O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora. 51 Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro e disseram: “Seu filho está vivo.” 52 O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu ontem pela uma hora da tarde.” 53 O pai percebeu que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Seu filho está vivo.” Então ele acreditou, juntamente com toda a sua família. 54 Esse foi o segundo sinal de Jesus. Foi realizado quando ele voltou da Judéia para a Galileia.
Comentário:
* 43-54: O círculo da missão evangelizadora de Jesus se expande, distanciando-se cada vez mais das instituições consideradas salvadoras. Os judeus recusam Jesus, os samaritanos o acolhem. E agora um pagão acredita na palavra dele e se converte com toda a família. Fica assim rompida toda relação de dependência entre salvação e lei, entre fé e instituição. A salvação é dom de Deus para todos aqueles que se abrem e respondem a esse dom.
O funcionário do rei, um pagão, é o terceiro exemplo típico de ser humano que vai à procura da fé (Nicodemos é o primeiro, e a samaritana, o segundo). Apesar da dor e do sofrimento por ver seu filho à beira da morte, o funcionário real vai ao encontro de Jesus e confia nas suas palavras, por isso é atendido. Como consequência, sua fé contagia todos os seus familiares, comprovando que o testemunho que damos é fundamental para conduzirmos as pessoas com quem convivemos à fé e à boa conduta. O fato de um pagão crer em Cristo, ser atendido por ele e toda a sua família se converter demonstra ainda a abertura do Reino a todos os que aceitam a Boa-nova de Jesus e revela uma das práticas muito difundidas no início do cristianismo, com as tradicionais igrejas domésticas.
sábado, 29 de março de 2025
Lucas 11, 1-3.11-32 Jesus provoca escândalo.
* 1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”
Os dois filhos -* 11 Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17 Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... 18 Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19 já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20 Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21 Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
25 O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. 28 Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32 Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.”
Comentário:
* 15,1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai.
* 3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera.
* 11-32: O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.
O capítulo 15 do Evangelho de Lucas nos apresenta três parábolas: a ovelha perdida, a moeda extraviada e o filho fujão. O objetivo dessas parábolas é revelar a misericórdia de Deus e de seu Filho. A chave de interpretação dessas parábolas está na acusação que as autoridades fazem a Jesus: ele acolhe os pecadores e come com eles. O texto nos apresenta a terceira parábola, conhecida como parábola do filho pródigo. O filho mais novo resolve tomar o destino de sua própria vida e abandona a família. Sai em busca de aventura e acaba se tornando escravo de sua própria escolha. Ao voltar para a casa paterna, o pai vai ao encontro dele e o acolhe com alegria e festa. O Pai sempre acolhe de braços abertos quem volta para ele. O filho mais velho, porém, não concorda com a volta do irmão e a atitude do pai. É alguém que não aceita o amor e a misericórdia de Deus para com os pecadores. A parábola nos mostra a grande misericórdia do Pai, que acolhe, perdoa e se alegra com a volta de seus filhos e filhas.
2 Coríntios 5, 17-21 O ministério da reconciliação.
17 Se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu. 18 Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação. 19 Pois era Deus quem reconciliava com ele mesmo o mundo por meio de Cristo, não levando em conta os pecados dos homens e colocando em nós a palavra da reconciliação. 20 Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus exorta vocês. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliem-se com Deus. 21 Aquele que nada tinha a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados por Deus.
Comentário:
* 5,14-6,2: Os inimigos de Paulo dizem que ele não é apóstolo porque não foi testemunha ocular da vida terrestre de Jesus, nem lhe conheceu as palavras e atos. Por isso, não pode ser testemunha do Evangelho. No entanto, o Apóstolo mostra que o Evangelho não é simples história de Jesus, e sim o anúncio de sua morte e ressurreição, que restaura a condição humana, vence a alienação causada pelo pecado e inaugura nova era. A cruz de Jesus anuncia o fim da inimizade com Deus e inaugura a era da reconciliação universal. Enquanto esperamos o dia da ressurreição, Deus escolheu apóstolos para exercer o ministério da reconciliação. Por meio deles, o Senhor Jesus continua sua atividade na terra e convoca todos os homens: “reconciliem-se com Deus”.
sexta-feira, 28 de março de 2025
Lucas 14, 9-14 A justificação é dom de Deus.
-* 9 Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: 10 “Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos. 11 O fariseu, de pé, rezava assim no seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos. 12 Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. 13 O cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’ 14 Eu declaro a vocês: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha, será elevado.”
Comentário:
* 9-14: Não basta ser perseverante e insistente. É preciso reconhecer e confessar a própria pequenez, recorrendo à misericórdia de Deus. De nada adianta o homem justificar a si mesmo, pois a justificação é dom de Deus.
Nas nossas orações, não são as palavras bonitas que agradam a Deus. Igualmente, nas nossas missas, não é a decoração da igreja ou a riqueza dos objetos que impressiona a Deus. O que mais lhe agrada é a intenção com que rezamos ou vamos à missa, é a disposição da nossa mente e do nosso coração para acolher sua Palavra e seu amor. Pois Deus quer misericórdia, e não sacrifícios; quer a humildade sincera, e não a vaidade e a presunção. Ele conhece cada um de nós no nosso íntimo e dá conforme cada um de nós merece. Quem age com misericórdia, humildade e sinceridade encontra a compaixão de Deus. Não por acaso, a liturgia propõe o ato penitencial logo no início da celebração, para que nos aproximemos da Palavra e da Eucaristia conscientes de que somos limitados e pecadores, necessitados do perdão de Deus.
quinta-feira, 27 de março de 2025
Marcos 12, 28-34 O centro da vida.
* 28 Um doutor da Lei estava aí, e ouviu a discussão. Vendo que Jesus tinha respondido bem, aproximou-se dele e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” 29 Jesus respondeu: “O primeiro mandamento é este: Ouça, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor! 30 E ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força. 31 O segundo mandamento é este: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois.”
32 O doutor da Lei disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Como disseste, ele é, na verdade, o único Deus, e não existe outro além dele. 33 E amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e do que todos os sacrifícios.” 34 Jesus viu que o doutor da Lei tinha respondido com inteligência, e disse: “Você não está longe do Reino de Deus.” E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus.
Comentário:
* 28-34: Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus.
Ao longo dos anos, os judeus foram criando mandamentos e prescrições a partir do Decálogo. Eram ao todo 248 mandamentos e 365 prescrições que os doutores da Lei haviam contado no mosaísmo e que eles dividiam entre graves e leves. Diante de tantas normas, é natural que houvesse confusão e dúvidas. Entre todas, qual era a mais importante, a cuja luz deviam ser interpretadas todas as demais? Jesus, retomando o Antigo Testamento, simplifica todas essas leis com um mandamento simples, mas bastante exigente: amar a Deus sobre todas as coisas (cf. Dt 6,5) e ao próximo como a si mesmo (cf. Lv 19,18). Respeitando esses dois mandamentos, todos os outros virão como consequência e viveremos sob a proteção de Deus.
quarta-feira, 26 de março de 2025
Lucas 11, 14-23 Jesus é mais forte do que Satanás.
* 14 Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: “Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.”
Comentário:
* 14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário.
Os milagres de Jesus provocam reações contraditórias: ao mesmo tempo que é admirado pelos simples, é odiado pelos soberbos. Estes não querem reconhecer Jesus como Messias, o enviado de Deus, por isso atribuem seus milagres à intervenção de Beelzebu, o chefe dos demônios. Jesus expõe a incoerência de tal acusação, mostrando que a divisão de um reino conduz apenas à sua ruína. Por mais que Jesus fale claramente e mostre sinais, quem não está disposto a escutar jamais aceitará a verdade. Quem escuta, por outro lado, começa a fazer parte de uma nova família de filhos de Deus. A Igreja, continuadora dos gestos de Cristo, é sinal visível dessa família e do Reino de Deus. Através dela, hoje, podemos ouvir a voz do Senhor.
terça-feira, 25 de março de 2025
Mateus 5, 17-19 A lei e a justiça.
* 17 “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. 19 Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu.
Comentário:
* 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.
Antes de entrar na Terra Prometida, o povo hebreu recebeu de Deus os Dez Mandamentos, Lei fundamental que orienta a vida pessoal e social, pois engloba seus elementos essenciais. São normas para o povo viver harmoniosamente, respeitando a Deus e ao próximo. Jesus não veio abolir essa Lei, mas resgatar seu sentido original, por isso critica o modo como muitos a interpretavam. Jesus leva à perfeição a Lei e os Profetas, dando continuidade ao Antigo Testamento e, ao mesmo tempo, superando-o, como expressão concreta do amor de Deus pela humanidade. O Evangelho (e o Sermão da montanha, de modo particular) representa a nova aplicação da Lei querida por Jesus, por isso é dever de todo cristão observá-lo e pô-lo em prática.
segunda-feira, 24 de março de 2025
Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.
-* 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” 29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou.
Comentário:
* 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova.
O Evangelho apresenta a aparição do anjo a Maria, convidando-a a ser a Mãe do Salvador da humanidade. O anjo a saúda com “ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Maria pensa o que significaria tudo isso. O anjo a tranquiliza, pois ela encontrou graça diante de Deus e será mãe. Ela questiona, pois ainda não está convivendo com nenhum homem. O anjo lhe diz para deixar por conta do Espírito Santo: “Para Deus, nada é impossível”. O Filho a nascer será chamado Jesus, o Messias, o próprio Filho de Deus, que trará a salvação. É justamente no meio do povo pobre que Deus suscita o anúncio de uma nova era de justiça e paz. Deus ouviu o clamor dos pobres e fez brotar do seu meio a salvação esperada: Jesus, que significa “Deus salva”. No final, Maria se coloca a serviço dos planos de Deus: “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim como você me disse”. Deus espera de cada uma abertura para acolher sua vontade. Ele se utiliza das pessoas para realizar seus planos.
domingo, 23 de março de 2025
Lucas 4, 24-30 Reação do povo.
-* 22 Todos aprovavam Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Este não é o filho de José?” 23 Mas Jesus disse: “Sem dúvida vocês vão repetir para mim o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum.” 24 E acrescentou: “Eu garanto a vocês: nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25 De fato, eu lhes digo que havia muitas viúvas em Israel, no tempo do profeta Elias, quando não vinha chuva do céu durante três anos e seis meses, e houve grande fome em toda a região. 26 No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, e sim a uma viúva estrangeira, que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27 Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu. Apesar disso, nenhum deles foi curado, a não ser o estrangeiro Naamã, que era sírio.” 28 Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se, e expulsaram Jesus da cidade. E o levaram até o alto do monte, sobre o qual a cidade estava construída, com intenção de lançá-lo no precipício. 30 Mas Jesus, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.
Comentário:
* 22-30: A dúvida e a rejeição de Jesus por parte de seus compatriotas fazem prever a hostilidade e a rejeição de toda a atividade de Jesus por parte de todo o seu povo. No entanto, Jesus prossegue seu caminho, para construir a nova história que engloba toda a humanidade.
É comum ouvirmos algumas pessoas, às vezes de forma ingênua, dizer: “Eu creio no meu Deus”, pensando num deus particular e que seja moldado segundo os interesses humanos. O Deus que Jesus Cristo nos revela é o Deus da universalidade, capaz de fazer o extraordinário a partir das atitudes mais simples. O Deus de Jesus Cristo é o mesmo que interveio em Sarepta e na cura de Naamã, um não israelita. Esse é o único Deus, aquele que nos convida às atitudes da humildade e do arrependimento, gestos simples que conduzem à purificação extraordinária do nosso ser. Através da crítica aos seus conterrâneos, Jesus nos mostra que sua missão é universal. Ele veio para congregar todos os povos, e não apenas para Israel, tido como o povo escolhido do Antigo Testamento. A identificação dos filhos de Deus não é mais a origem, mas sim a fé e a comunhão de vida.
sábado, 22 de março de 2025
Lucas 13, 1-9 Urgência da conversão.
* 1 Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios. 2 Jesus respondeu-lhes: “Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? 3 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo. 4 E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo.” 6 Então Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. 7 Então disse ao agricultor: ‘Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí esgotando a terra’. 8 Mas o agricultor respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. 9 Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás’.”
Comentário:
* 1-9: No caminho da vida há acontecimentos trágicos. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para se construir a nova história. A parábola (vv. 6-9) salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última chance.
Num primeiro momento, o Evangelho relata dois fatos trágicos: as mortes provocadas por Pilatos e as mortes causadas por um acidente com uma torre. As pessoas que morreram não são mais pecadoras do que aquelas que não foram atingidas. Deus não é vingativo e não se alegra com a morte do pecador, mas torce pela sua conversão e vida. Os acidentes narrados não são castigos de Deus, mas podem ser ocasião para chamar à mudança de vida. Num segundo momento, o Evangelho narra a parábola da figueira que não produz frutos. Aceitando a proposta do agricultor, o dono lhe oferece mais tempo para que a figueira produza frutos. É tempo de conversão, é tempo de produzir frutos que enobreçam a vida. As duas partes falam da mesma realidade: a necessidade e a urgência de conversão. O grande risco é uma vida estéril, sem perspectivas, sem aspirações e sem avanços. Não podemos transformar o projeto de Jesus num “cristianismo estéril”.
1 Coríntios 10, 1-6.10.12 Aprender da história.
-* 1 Irmãos, não quero que vocês ignorem uma coisa: todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem; todos atravessaram o mar 2 e, na nuvem e no mar, todos receberam um batismo que os ligava a Moisés. 3 Todos comeram o mesmo alimento espiritual, 4 e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava; e essa rocha era Cristo. 5 Apesar disso, a maioria deles não agradou a Deus, e caíram mortos no deserto.
6 Ora, esses fatos aconteceram como exemplo para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram. 10 Não murmurem, como alguns deles murmuraram, e pereceram em mãos do anjo exterminador. 12 Portanto, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair.
Comentário:
* 1-13: Paulo faz uma releitura do AT, mostrando que a história é um exemplo e instrução para a comunidade cristã, que vive a etapa final dessa mesma história (v. 11). Segundo tradições dos rabinos, a rocha golpeada por Moisés (cf. Nm 20,1-13) seguia os hebreus para providenciar-lhes água. Essa interpretação é aqui usada para dizer que Cristo conduz o povo desde os tempos do Êxodo. O comportamento dos hebreus daquele tempo torna-se advertência para que os cristãos se mantenham fiéis, confiando no apoio de Deus.
sexta-feira, 21 de março de 2025
Lucas 15, 1-3.11-32 Jesus provoca escândalo.
* 1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”
A ovelha perdida -* 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: Os dois filhos -* 11 Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17 Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... 18 Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19 já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20 Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21 Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
25 O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. 28 Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32 Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.”
Comentário:
* 1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai.
* 3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera.
* 11-32: O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.
A parábola do filho pródigo, também chamada de parábola do pai misericordioso, é uma das mais ricas e importantes parábolas utilizadas por Jesus para explicar como Deus age. Independentemente de toda nossa ingratidão e culpa, o Pai nos perdoa, simplesmente porque nos ama e quer nos ver felizes. Deus nos criou para alcançarmos a realização plena, por isso todas as suas interferências na nossa vida são para ensinar como chegar lá, mesmo que às vezes esse caminho envolva dor e sofrimento. Tal como o filho pródigo, ao longo da nossa vida, desperdiçamos parte da nossa herança, ou seja, da nossa natureza como imagem e semelhança de Deus, que o pecado por nós cometido vai degradando. Somos constantemente chamados à conversão para poder voltar à casa do Pai Misericordioso e assim restaurar plenamente nossa identidade de filhos amados.
quinta-feira, 20 de março de 2025
Mateus 21, 33-43.45-46 Jesus acusa as autoridades.
* 33 «Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha para alguns agricultores, e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos agricultores para receber os frutos. 35 Os agricultores, porém, agarraram os empregados, bateram num, mataram outro, e apedrejaram o terceiro. 36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Eles vão respeitar o meu filho’. 38 Os agricultores, porém, ao verem o filho, pensaram: ‘Esse é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e tomar posse da sua herança’. 39 Então agarraram o filho, o jogaram para fora da vinha, e o mataram. 40 Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?” 41 Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.” 42 Então Jesus disse a eles: “Vocês nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’? 43 Por isso eu lhes afirmo: o Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos. 45 Os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46 Procuraram prender Jesus, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.
Comentário:
* 33-46: Cf. nota em Mc 12,1-12. Mateus salienta a formação de um novo povo de Deus, formado agora não por uma nação particular, mas por todos aqueles que acreditam, comprometendo-se com Jesus.
De modo muito condensado, Jesus apresenta a história da salvação, desde a criação até a encarnação do próprio Filho de Deus. Nessa descrição, destaca-se a misericórdia de Deus em contraste com as ações humanas. Ao longo da história da salvação, Deus enviou muitos profetas a fim de alertar o povo e reconduzir a humanidade ao bom caminho: o caminho da justiça, da paz e da fraternidade. A dureza de coração, porém, impediu o ser humano de ser fiel ao Deus criador. Com Jesus, temos uma nova oportunidade de nos aproximarmos dele. Rejeitado pela humanidade, Cristo se tornará pedra angular, alimento de vida eterna.
quarta-feira, 19 de março de 2025
Lucas 16, 19-31 O rico e o pobre.
* 19 “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20 E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21 Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. 22 Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23 No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24 Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. 25 Mas Abraão respondeu: ‘Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. 26 Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28 porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento’. 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!’ 30 O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. 31 Mas Abraão lhe disse: ‘Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos’.”
Comentário:
* 19-31: A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir o coração para a palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.
A parábola do pobre Lázaro (cujo nome em hebraico significa “Deus auxilia”), que hoje meditamos, concretiza o cântico de Maria: “Deus derrubou dos tronos os poderosos e exaltou os humildes, encheu de bens os famintos e despediu os ricos sem nada” (Lc 1,52-53). Mostra que as profecias começam a se tornar realidade a partir da ação de Jesus e que uma transformação social, humana e espiritual está já acontecendo. O maior ensinamento deste Evangelho talvez seja o fato de que a vida eterna é a continuidade do que vivemos já neste mundo, por isso devemos nos preparar para ela com uma conduta adequada já agora, pois Deus conhece cada ser humano em seu íntimo e retribui de acordo com nosso coração.
terça-feira, 18 de março de 2025
Mateus 1, 16.18-21.24 Jesus, o Messias, realiza as promessas de Deus.
16 Jacó foi o pai de José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Messias.
O começo de uma nova história -* 18 A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. 20 Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados.”
4 Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa,
Comentário:
* 1-17: Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel. Sua árvore genealógica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Como filho de Davi, Jesus é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja.
* 18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados).
Deus escolheu José para ser o pai adotivo de Jesus, confiando em suas mãos a segurança e educação do seu Filho. Exemplo de homem justo, José demonstrou ter profunda fé, cumprindo sua missão com disponibilidade total, mesmo nos acontecimentos mais desconcertantes. Seu exemplo de doação e fé é sempre atual, e não por acaso o papa Francisco dedicou uma carta apostólica (Patris Corde) e um ano especial a São José. Por tudo isso, é padroeiro universal da Igreja, advogado dos lares cristãos e modelo dos trabalhadores. Para quem quiser conhecer melhor a figura e a missão deste grande santo, uma excelente leitura é o livro “Simplesmente José”, biografia escrita em estilo de romance que contempla todas as virtudes e as fases da vida do esposo de Maria e pai adotivo de Jesus.
Romanos 4, 13.16-18.22 Os herdeiros de Abraão.
-* 13 Não por causa da Lei, mas por causa da justiça da fé, que a promessa de receber o mundo em herança foi feita a Abraão ou à sua descendência. 16 A herança, portanto, vem através da fé, para que seja gratuita e para que a promessa seja garantida a toda a descendência, não só à descendência segundo a Lei, mas também à descendência segundo a fé de Abraão, que é o pai de todos nós.
O que é ter fé -* 18 Esperando contra toda esperança, Abraão acreditou e tornou-se o pai de muitas nações, conforme foi dito a ele: “Assim será a sua descendência.” 22 Eis o motivo pelo qual isso lhe foi creditado como justiça.
Comentário:
* 13-17: Em vista da justiça que vem da fé, Abraão recebeu gratuitamente de Deus a promessa de se tornar herdeiro do mundo. Ora, a promessa feita a Abraão permanece e é transmitida como herança aos seus descendentes. Todavia, os autênticos descendentes e herdeiros são aqueles que Deus justifica através da fé, como fez com Abraão, e não os que se limitam a observar a Lei.
* 18-25: Ter fé e entregar a própria vida a Deus é esperar contra toda esperança. Abraão acreditou que ia ser pai quando sua velhice e a esterilidade de Sara diziam o contrário. A justiça de Abraão é a fé confiante de que Deus pode realizar tudo o que promete. Nós também somos justificados por Deus quando acreditamos que ele ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos, para nos livrar da morte do pecado e nos dar a vida nova.
Mateus 23, 1-12 Jesus condena a dominação intelectual.
-* 1 Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2 “Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Vejam como eles usam faixas largas na testa e nos braços, e como põem na roupa longas franjas, com trechos da Escritura. 6 Gostam dos lugares de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; 7 gostam de ser cumprimentados nas praças públicas, e de que as pessoas os chamem mestre. 8 Quanto a vocês, nunca se deixem chamar mestre, pois um só é o Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. 9 Na terra, não chamem a ninguém Pai, pois um só é o Pai de vocês, aquele que está no céu. 10 Não deixem que os outros chamem vocês líderes, pois um só é o Líder de vocês: o Messias. 11 Pelo contrário, o maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. 12 Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.”
Comentário:
* 1-12: Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Na nova comunidade de Jesus todos são irmãos, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir.
Jesus critica os fariseus e os escribas porque são incoerentes: pregam, mas não vivem os preceitos. O novo povo de Deus deve nascer com uma atitude diferente, ou seja, o cristão deve agir com coerência, seguindo sempre o exemplo de Jesus, pois é na humildade que está a riqueza cristã. Nós somos o novo povo, e por isso nossas ações e nossas palavras devem refletir o ensinamento que recebemos de Jesus. O Evangelho de hoje nos convida ainda a mudar a lógica piramidal da sociedade, não destruindo a pirâmide, mas invertendo-a, pois os maiores entre nós devem ser os servos de todos, à semelhança do que fez Jesus. Aquele que revela maiores qualidades deve servir seus irmãos pelo exemplo de vida, e não apenas pela autoridade da palavra.
domingo, 16 de março de 2025
Lucas 6, 36-38 A gratuidade nas relações.
36 Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.”
Só Deus pode julgar -* 37 “Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e serão perdoados. 38 Deem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.”
Comentário:
* 27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai.
* 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.
Com o nascimento de Jesus, a encarnação do Verbo, nos é revelado o verdadeiro rosto do Pai: Deus misericordioso, compassivo, cheio de amor para com seus filhos. Ao mesmo tempo que nos apresenta esse rosto do Pai, Jesus nos exorta a imitar suas ações e sentimentos, sendo também misericordiosos, justos e caridosos. A misericórdia é a disposição de Deus para auxiliar quem está em necessidade, e a justiça restitui a cada um o que é seu. Se quisermos que os outros sejam atenciosos e bondosos conosco, devemos ser antes para com eles. A reciprocidade nas boas ações deve ser assim norma na vida cristã, um imperativo moral. Na vida do cristão deve haver espaço somente para coisas boas, como o perdão, a misericórdia, a fé, a esperança, o amor…
sábado, 15 de março de 2025
Lucas 9, 28-36 O novo êxodo.
-* 28 Oito dias após dizer essas palavras, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29 Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30 Nisso, dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31 Apareceram na glória, e conversavam sobre o êxodo de Jesus, que iria acontecer em Jerusalém. 32 Pedro e os companheiros dormiam profundamente. Quando acordaram, viram a glória de Jesus, e os dois homens que estavam com ele. 33 E quando esses homens já iam se afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.” Pedro não sabia o que estava dizendo. 34 Quando ainda estava falando, desceu uma nuvem, e os encobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo quando entraram na nuvem. 35 Mas, da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o que ele diz!” 36 Quando a voz falou, Jesus estava sozinho. Os discípulos ficaram calados, e nesses dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
Comentário:
* 28-36: Lucas apresenta Jesus rezando continuamente (5,16; 6,12; 9,18). Com isso o evangelista mostra que Jesus, através de sua palavra e ação, está realizando a vontade do Pai. Na transfiguração aparece claramente esse sentido da oração (v. 35). E a vontade do Pai é que Jesus realize o êxodo (v. 31), isto é, que ele realize, mediante sua morte, ressurreição e ascensão, o ato supremo de libertação do povo, acabando com a opressão exercida pelo sistema implantado em Jerusalém.
Jesus e três discípulos sobem a montanha para rezar e lá acontece a transfiguração de Jesus. Enquanto dialoga com Moisés e Elias, representantes do Antigo Testamento, os três discípulos dormem e não escutam a voz que fala do êxodo (morte) do Mestre. A transfiguração mostra que a paixão e a morte fazem parte do projeto de Jesus. Depois de acordarem, os discípulos contemplam a glória de Jesus e, fascinados pela beleza, sugerem eternizar essa realidade, construindo moradias. Mas uma voz vem da nuvem e pede que escutem e sigam o que o Filho determina. A voz do Mestre nos desinstala e nos leva a descer a montanha, onde realizamos nossa missão de tornar presente o Reino de Deus. Não podemos ficar acomodados no alto da montanha e ficar eternamente contemplando a glória do Filho. A glória de Jesus ilumina e transfigura nossa vida, para transformar a realidade do mundo.
Filipenses 3, 17-4,1 A maturidade cristã.
17 Irmãos, sejam meus imitadores e observem os que vivem de acordo com o modelo que vocês têm em nós. 18 Uma coisa eu já disse muitas vezes, e agora repito com lágrimas: há muitos que são inimigos da cruz de Cristo. 19 O fim deles é a perdição; o deus deles é o ventre, sua glória está no que é vergonhoso, e seus pensamentos em coisas da terra.
20 A nossa cidadania, porém, está lá no céu, de onde esperamos ansiosamente o Senhor Jesus Cristo como Salvador. 21 Ele vai transformar nosso corpo miserável, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, graças ao poder que ele possui de submeter a si todas as coisas.
Recomendações -* 1 Assim, meus queridos e saudosos irmãos, minha alegria e minha coroa, continuem firmes no Senhor, ó amados.
Comentário:
* 15-21: A perfeição é a maturidade cristã que propõe a cruz e a ressurreição como centro da vida. Paulo, que deixou tudo em troca da fé em Cristo, se apresenta como modelo para a comunidade, alertando-a de novo quanto aos “inimigos da cruz de Cristo”, isto é, aos judaizantes do v. 2. Em vez de fazer consistir a salvação em ritos, observâncias legais e estruturas, a vida cristã se orienta pelo testemunho, na esperança de um mundo radicalmente novo. Este só se realiza através da vinda de Jesus, como Salvador e Senhor que renova todas as coisas.
* 4,1-9: Nada sabemos sobre as pessoas nomeadas nos vv. 2-3, a não ser que devem estar profundamente comprometidas com o trabalho de evangelização. Paulo parece jogar com o significado dos nomes (Evódia = “caminho fácil”; Síntique = “encontro”; Sízigo = “companheiro de canga”). A alegria cristã se baseia na salvação obtida por Cristo, e é testemunhada sobretudo pela bondade que se irradia para todos e pela tranquila confiança em Deus. Os cristãos devem ser fiéis ao que aprenderam dos seus evangelizadores, mas também precisam estar abertos a todas as coisas sadias que encontram na sociedade.
sexta-feira, 14 de março de 2025
Mateus 5, 43-48 Amar como o Pai ama.
* 43 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! 45 Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. 46 Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.”
Comentário:
* 43-48: O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17.
Jesus continua ensinando o povo a reinterpretar os preceitos antigos. O Evangelho de hoje apresenta um enorme passo avante no campo ético, ensinando-nos que é preciso amar a todos, amigos e inimigos. Devemos amar a todos de forma igual, sem fazer qualquer tipo de distinção. Essa é a perfeição que somos exortados a procurar, a mesma perfeição do nosso Deus, que “faz seu sol nascer sobre malvados e bons, e faz chover sobre justos e injustos”. Em contexto agrícola, como era aquele em que Jesus pregou, o sol e a chuva são bens essenciais, pois é sua combinação que possibilita frutos abundantes. O Deus que nos ama não faz distinção de pessoas e permite que todos tenhamos acesso ao mesmo tipo de condições. Amar os inimigos é um preceito difícil de seguir, mas que certamente trará muitos frutos, entre eles a felicidade, a realização pessoal e a santidade. Deus recompensa a todos que seguem seus Mandamentos, como prometeu no passado a Moisés.
quinta-feira, 13 de março de 2025
Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.
20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.”
Ofensa e reconciliação -* 21 “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra você, procure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal; senão o acusador entregará você ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garanto: daí você não sairá, enquanto não pagar até o último centavo.”
Comentário:
* 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.
* 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento.
Jesus apresenta um novo modo de compreender e viver a Lei. O essencial não são os rituais e as proibições, mas a atitude interior de cada ser humano e o modo como nos relacionamos com nosso próximo. O mandamento “não matar”, por exemplo, exige também o respeito pelo outro, a atenção, a boa convivência, a justiça e assim por diante. Portanto, quando formos nos confessar, não basta dizer “não matei e não roubei”. É preciso fazer um exame muito mais profundo, sobre nossas intenções e atitudes no dia a dia. Por falar em confissão, a Quaresma é o período ideal para nos aproximarmos do sacramento da reconciliação. A liturgia nos ajuda a fazer um exame de consciência mais detalhado, dedicando tempo também à oração e à penitência. Deus quer a vida, e não a morte; a alegria, e não a tristeza. Por isso nos dá muitas oportunidades para nos convertermos e abandonarmos o pecado.
quarta-feira, 12 de março de 2025
Mateus 7, 7-12 Confiança no Pai.
-* 7 “Peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 8 Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 9 Quem de vocês dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? 10 Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? 11 Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês que está no céu dará coisas boas aos que lhe pedirem.”
A regra de ouro -* 12 “Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas.”
Comentário:
* 7-11: A oração é a expressão da nossa relação com Deus como o único absoluto (cf. Mt 6,5-7). Aqui se abre uma nova perspectiva: essa relação deve ser de confiança e intimidade como a de um filho para com o seu pai.
* 12: No tempo de Jesus, “Lei e Profetas” indicava todo o Antigo Testamento. Esta “regra de ouro” convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai.
Em poucas palavras, Jesus resume todo o ensinamento da Lei e dos Profetas, dando-nos um novo imperativo ético: façam às pessoas o mesmo que vocês desejam que elas façam a vocês. Jesus renova ainda a força da oração, confirmando que o Pai dá a seus filhos tudo aquilo que lhe é pedido, sempre que for algo que brota do fundo do nosso coração, e não fruto de uma procura manipuladora e interessada de Deus. É o projeto de Deus que deve estar sempre no nosso pensamento e que devemos tornar realidade em nossa vida. A oração nos dá força e confiança para enfrentarmos os perigos da vida, como vemos no exemplo de Ester, que confiou plenamente em Deus no momento de perigo e foi atendida.
terça-feira, 11 de março de 2025
Lucas 11, 29-32 O grande sinal.
* 29 Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.”
Comentário:
* 29-32: Não é um sinal maravilhoso que leva os homens à conversão, e sim a adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus.
O Evangelho de hoje confirma que Deus é misericordioso e compassivo. Mesmo onde reinam a completa injustiça e a idolatria, é possível haver transformação. O exemplo de conversão dos ninivitas é recordado por Jesus para motivar o povo de seu tempo a mudar de vida e aceitar a mensagem salvífica. Apesar de toda a maldade e de todo o desvio de comportamento dos ninivitas e dos judeus do tempo de Jesus, Deus os salva, pois os ama. Deus não quer condenar, mas salvar. Acolhe a todos que desejam ser acolhidos. O mesmo exemplo serve de motivação hoje para que cada cristão, ao longo do tempo quaresmal, se inspire, faça penitência e retome o caminho do Evangelho. Somos exortados a reconhecer nossos pecados, mas, sobretudo, recordar que fomos escolhidos por Deus para testemunhar seu amor e a salvação oferecida a todos gratuitamente. O tempo da Quaresma é propício para nos colocarmos ao lado dos ninivitas e com eles fazermos penitência.
segunda-feira, 10 de março de 2025
Mateus 6, 7-15 O “Pai nosso”.
* 7 “Quando vocês rezarem, não usem muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa do seu palavreado. 8 Não sejam como eles, pois o Pai de vocês sabe do que é que vocês precisam, ainda antes que vocês façam o pedido.
9 Vocês devem rezar assim: Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia. 12 Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
14 De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. 15 Mas, se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito.”
Comentário:
* 7-15: Mateus aproveita o tema da oração para inserir aqui o Pai-nosso (cf. Lc 11,1-4), contrapondo a oração cristã à oração dos fariseus e dos pagãos. O Pai-nosso mostra a simplicidade e intimidade do homem com Deus. Na primeira parte, pede-se que Deus manifeste o seu projeto de salvação; na segunda, pede-se o essencial para que o homem possa viver segundo o projeto de Deus: pão para o sustento, bom relacionamento com os irmãos e perseverança até o fim.
A oração é um diálogo íntimo com Deus. Como tal, não exige palavras sofisticadas e bem elaboradas, mas sim a sinceridade que brota do coração. Jesus ensina que, ao rezarmos, devemos simplesmente nos dirigir a Deus, que é Pai, e expressar nossa realidade e nossas necessidades. Ele, que nos conhece intimamente, nos atenderá. O pai-nosso, que Jesus hoje apresenta aos seus discípulos, é a mais completa oração. Nela reconhecemos nossa fraqueza e limitação, pedimos que Deus nos auxilie a superar as dificuldades da vida e a vencer o mal, renovamos nosso compromisso de amar a Deus e o próximo, comprometemo-nos a colaborar na construção do Reino e a perdoar todos os nossos devedores. Comprometemo-nos ainda a ser terreno fértil para a Palavra de Deus, para que ela produza muitos frutos, realizando a vontade do Pai, que nos nutre e sustenta.
domingo, 9 de março de 2025
Mateus 25, 31-46 O juízo final.
* 31 “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. 34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. 35 Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; 36 eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. 37 Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40 Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram.’
41 Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. 42 Porque eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber; 43 eu era estrangeiro, e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não me foram visitar’. 44 Também estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos?’ 45 Então o Rei responderá a esses: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram’. 46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.”
Comentário:
* 31-46: Esta é a única cena dos Evangelhos que mostra qual será o conteúdo do juízo final. Os homens vão ser julgados pela fé que tiveram em Jesus. Fé que significa reconhecimento e compromisso com a pessoa concreta de Jesus. Porém, onde está Jesus? Está identificado com os pobres e oprimidos, marginalizados por uma sociedade baseada na riqueza e no poder. Por isso, o julgamento será sobre a realização ou não de uma prática de justiça em favor da libertação dos pobres e oprimidos. Esta é a prática central da fé, desde o início apresentado por Mateus como o cerne de toda a atividade de Jesus: “cumprir toda a justiça” (3,15). É a condição para participar da vida do Reino.
Deus repete a cada cristão, hoje, o convite que fez a Moisés e ao povo hebreu no deserto: “Sede santos”. Como? Jesus mesmo nos instrui, apresentando um elenco de ações que passaram para a tradição cristã como as “obras de misericórdia corporal”: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, assistir o doente, vestir o que sente frio, acolher o estrangeiro e o peregrino, visitar os presos, enfim, agir com justiça e fraternidade. Aquele que não agir assim, não será digno do Reino. É o próprio Cristo que se manifesta no rosto de cada um desses necessitados. Neste tempo quaresmal, vale a pena reler a exortação apostólica Gaudete et Exsultate, do papa Francisco, exatamente sobre o chamado à santidade no mundo atual.
sábado, 8 de março de 2025
Lucas 4, 1-13 Jesus supera as tentações.
* 1 Repleto do Espírito Santo, Jesus voltou do rio Jordão, e era conduzido pelo Espírito através do deserto. 2 Aí ele foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada nesses dias e, depois disso, sentiu fome. 3 Então o diabo disse a Jesus: “Se tu és Filho de Deus, manda que essa pedra se torne pão.” 4 Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’.” 5 O diabo levou Jesus para o alto. Mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo. 6 E lhe disse: “Eu te darei todo o poder e riqueza desses reinos, porque tudo isso foi entregue a mim, e posso dá-lo a quem eu quiser. 7 Portanto, se te ajoelhares diante de mim, tudo isso será teu.” 8 Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Você adorará o Senhor seu Deus, e somente a ele servirá’.” 9 Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do Templo. E lhe disse: “Se tu és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. 10 Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado’. 11 E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra’.” 12 Mas Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tente o Senhor seu Deus’.” 13 Tendo esgotado todas as formas de tentação, o diabo se afastou de Jesus, para voltar no tempo oportuno.
Comentário:
* 1-13: Cf. nota em Mc 1,12-13 e em Mt 4,1-11. Lucas inverte a ordem das duas últimas tentações, porque em Jerusalém (Templo) é que acontecerá a suprema tentação e a vitória final sobre ela.
Jesus foi tentado ao longo de sua vida, como qualquer ser humano. Porém, repleto do Espírito e fortalecido pela Palavra, soube enfrentar as tentações e não caiu na armadilha do diabo, obstáculo ao projeto de Jesus. Os quarenta dias no deserto lembram os quarenta anos do povo hebreu caminhando no deserto, em busca da Terra Prometida. Nessa travessia, o povo de Deus teve desânimos e tentações de voltar atrás, mas, animado pelas lideranças, conseguiu chegar ao objetivo: terra e liberdade. Talvez estas sejam as grandes tentações atuais da humanidade: a busca pelo poder; a concentração da riqueza; soluções mágicas. A concentração da riqueza e do poder favorece o acúmulo e o consumismo desenfreados. Uma sociedade que cultua o consumismo e a satisfação egoísta não gera solidariedade e promove a violência.
Romanos 10, 8-13 O Evangelho é acessível a todos.
* 5 Moisés assim descreve a justiça que vem da Lei: “Quem praticar os preceitos da Lei, viverá por meio deles.” 6 Mas a justiça que vem da fé diz o seguinte: “Não pergunte a si mesmo: ‘Quem subirá ao céu?’ Isto é: para fazer Cristo descer. 7 Ou: ‘Quem descerá ao abismo?’ Isto é: para fazer Cristo subir dos mortos.” 8 Mas, afinal, o que diz a Escritura? “A palavra está perto de você, em sua boca e em seu coração.” Isto é: a palavra da fé que nós pregamos. 9 Pois se você confessa com a sua boca que Jesus é o Senhor, e acredita com seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, você será salvo. 10 É acreditando de coração que se obtém a justiça, e é confessando com a boca que se chega à salvação. 11 De fato, a Escritura diz: “Todo aquele que acredita nele, não será confundido.” 12 Não há distinção entre judeu e grego, pois ele é o Senhor de todos, rico para com todos aqueles que o invocam. 13 Porque todo aquele que invoca o nome do Senhor, será salvo.
Comentário:
* 5-13: Não é preciso fazer grandes esforços (subir ao céu ou descer aos abismos) para conhecer a vontade de Deus, porque Deus veio ao nosso encontro em Jesus Cristo. O Evangelho da salvação é acessível a todos sem distinção, e está pronto para ser acolhido, a fim de libertar o homem e conduzi-lo para uma vida nova. Seu conteúdo fundamental é este: Jesus é o Senhor da vida, porque Deus o ressuscitou dos mortos. E esse anúncio supõe apenas que o homem acredite em Jesus, dê sua adesão a ele e o testemunhe na vida prática.
sexta-feira, 7 de março de 2025
Lucas 5, 27-32 Jesus rejeita a hipocrisia social.
* 27 Depois disso, Jesus saiu, e viu um cobrador de impostos chamado Levi, que estava na coletoria. Jesus disse para ele: “Siga-me.” 28 Levi deixou tudo, levantou-se, e seguiu a Jesus. 29 Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30 Os fariseus e seus doutores da Lei murmuravam, e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com pecadores?” 31 Jesus respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 32 Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores para o arrependimento.”
Comentário:
* 27-32: Cf. nota em Mc 2,13-17: Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus.
Parece uma contradição a liturgia, no tempo em que nos orienta ao jejum e à abstinência, apresentar o relato de um banquete, ainda mais na casa de um pecador público. O que isso quer ensinar-nos? Em primeiro lugar, que Jesus veio ao mundo para iluminar os pecadores e resgatar os que estão perdidos, assim como o médico se dedica a curar os doentes. São esses os que mais precisam de Jesus para encontrar o caminho de vida nova, pois somente quando cessar toda forma de opressão, quando os pobres não tiverem mais fome ou medo, a luz de Deus iluminará o mundo, como anunciou Isaías. Temos ainda um ensinamento que nos conduz à conversão: a exemplo da transformação de vida de Levi, que, de cobrador de impostos injusto, se torna caridoso e seguidor fiel do Mestre, todo cristão é chamado à conversão e à mudança de vida.
quinta-feira, 6 de março de 2025
Mateus 9, 14-15 Jesus provoca ruptura.
* 14 Então os discípulos de João se aproximaram de Jesus, e perguntaram: “Nós e os fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?” 15 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar.
Comentário:
* 14-17: Cf. nota em Mc 2,18-22. Jesus veio substituir o sistema da Lei, rigidamente seguido pelos fariseus. A justiça que vem da misericórdia abre as portas do Reino para todos.
O tema central de hoje é o jejum. Como qualquer outra prática religiosa, o jejum pode tornar-se algo puramente exterior, sem transformar o coração do ser humano. A intenção de Jesus não é abolir o jejum, mas renovar seu significado. Aos que criticam os discípulos por não seguirem o preceito do jejum, Jesus dá uma resposta bastante clara: sua presença é motivo de festa; depois que ele partir, os discípulos jejuarão. O jejum que todos devem praticar é revelado pelo profeta Isaías: pôr em liberdade os oprimidos, libertar os cativos, lutar contra toda forma de injustiça, repartir o pão com quem tem fome, dar abrigo ao pobre. Cristo convida os cristãos a renovarem o próprio coração, abstendo-se das más inclinações, para que possam saborear plenamente a Páscoa do Senhor, alimento para a vida eterna. Por isso, a Igreja é convidada a jejuar ao longo de todo o tempo quaresmal, para que a privação do alimento físico nos conduza à abstinência dos fermentos do pecado.
quarta-feira, 5 de março de 2025
Lucas 9, 22-25 Jesus é o Messias.
22 E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia.” 23 Depois Jesus disse a todos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. 24 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25 De fato, que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?
Comentário:
* 18-27: Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.
Após a confissão de Pedro, reconhecendo Jesus como Messias, é a vez de Jesus se pronunciar e revelar seu futuro na terra. Ao predizer seu destino de cruz, mostra as exigências feitas a quem quer segui-lo: “renuncie a si mesmo, carregue sua cruz a cada dia e me siga”. Jesus mesmo nos dá o exemplo, ao aceitar o destino de ser pregado na cruz pela salvação da humanidade. Antes de oferecer a cruz, ele próprio a carrega, assim como pratica a renúncia antes de propô-la aos seus discípulos. Jesus é verdadeiro Mestre, que ensina através do seu exemplo. Não é um masoquista que propõe o sofrimento aleatório. Quando fala das dores e da entrega da própria vida, está simbolicamente dizendo que devemos privilegiar a dimensão espiritual para sermos dignos do Reino. E isso comporta diversas renúncias e algumas mortificações; afinal, “de que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, e perder ou destruir a si mesmo?”.
terça-feira, 4 de março de 2025
Mateus 6, 1-6.16-18 Superar a justiça dos hipócritas.
* 1 “Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.”
Relação com o próximo -* 2 “Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 3 Ao contrário, quando você der esmola, que a sua esquerda não saiba o que a sua direita faz, 4 para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.”
Relação com Deus -* 5 “Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 6 Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.”
Relação consigo mesmo -* 16 “Quando vocês jejuarem, não fiquem de rosto triste, como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto para que os homens vejam que estão jejuando. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 17 Quando você jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto, 18 para que os homens não vejam que você está jejuando, mas somente seu Pai, que vê o escondido; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.”
Comentário:
* 6,1: O termo justiça se refere, aqui, a atitudes práticas em relação ao próximo (esmola), a Deus (oração), e a si mesmo (jejum). Jesus não nega o valor dessas práticas. Ele mostra como devem ser feitas para que se tornem autênticas.
* 2-4: A esmola é um gesto de partilha, e deve ser o sinal da compaixão que busca a justiça, relativizando o egoísmo da posse. Dar esmola para ser elogiado é servir a si mesmo e, portanto, falsificá-la.
* 5-6: Na oração, o homem se volta para Deus, reconhecendo-o como único absoluto, e reconhecendo a si mesmo como criatura, relativizando a autossuficiência. Por isso, rezar para ser elogiado é colocar-se como centro, falsificando a oração.
* 16-18: Jejuar é privar-se de algo imediato e necessário, a fim de ver perspectivas novas e mais amplas para a realização da vida. Trata-se de deixar o egocentrismo, para crescer e dispor-se a realizar novo projeto de justiça. Jejuar para aparecer é perder de uma vez o sentido do jejum.
A Igreja abre a Quaresma propondo o Evangelho de Mateus, o qual apresenta três práticas muito comuns em diversas religiões: a esmola (caridade), a oração e o jejum. O Evangelho desta Quarta-feira de Cinzas chama a atenção para a forma de vivê-las: de forma discreta, sem a busca de aplausos ou interesses e sem exibicionismo. A postura externa deve corresponder à realidade interior. O que está em questão não são as “obras de piedade” em si mesmas, mas o uso que os “hipócritas” fazem delas. Essas três práticas são como que a síntese do nosso relacionamento e nosso compromisso com os outros (esmola), com Deus (oração) e consigo mesmo (jejum). A esmola é um gesto de amor que nos leva à felicidade; o jejum não é somente privar-se do alimento, é também dividir com o faminto; e para que a oração chegue a Deus, é só colocar nela as asas da esmola e do jejum (cf. Santo Agostinho). Hoje, tem início também a Campanha da Fraternidade.
2 Coríntios 5, 20-6,2 O ministério da reconciliação.
20 Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus exorta vocês. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliem-se com Deus. 21 Aquele que nada tinha a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados por Deus.
1 Visto que somos colaboradores de Deus, nós exortamos vocês para que não recebam a graça de Deus em vão. 2 Pois Deus diz na Escritura: ! “Eu escutei você no tempo favorável, e no dia da salvação vim em seu auxílio.” É agora o momento favorável. É agora o dia da salvação.
Comentário:
* 5,14-6,2: Os inimigos de Paulo dizem que ele não é apóstolo porque não foi testemunha ocular da vida terrestre de Jesus, nem lhe conheceu as palavras e atos. Por isso, não pode ser testemunha do Evangelho. No entanto, o Apóstolo mostra que o Evangelho não é simples história de Jesus, e sim o anúncio de sua morte e ressurreição, que restaura a condição humana, vence a alienação causada pelo pecado e inaugura nova era. A cruz de Jesus anuncia o fim da inimizade com Deus e inaugura a era da reconciliação universal. Enquanto esperamos o dia da ressurreição, Deus escolheu apóstolos para exercer o ministério da reconciliação. Por meio deles, o Senhor Jesus continua sua atividade na terra e convoca todos os homens: “reconciliem-se com Deus”.
segunda-feira, 3 de março de 2025
Marcos 10,28-31 O Reino é dom e partilha.
28 Pedro começou a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.” 29 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e da Boa Notícia, 30 vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna. 31 Muitos que agora são os primeiros serão os últimos, e muitos que agora são os últimos serão os primeiros.”
Comentário:
* 17-31: Para entrar no Reino (ou vida eterna) é preciso mais do que observar leis ou regras. O Reino é dom de Deus aos homens, e nele tudo deve ser partilhado entre todos. Isso significa repartir as riquezas em vista de uma igualdade, abolindo o sistema classista. É por isso que os ricos ficam tristes e dificilmente entram no Reino. E o que acontece quando a gente deixa tudo para seguir a Jesus e continuar o seu projeto? Encontra nova sociedade, embora em meio à perseguição, e já vive a certeza da plenitude que virá.
Para compreendermos bem o Evangelho de hoje, é preciso retomar a reflexão que a liturgia nos propôs ontem. Vimos que, para ser verdadeiros discípulos, precisamos renunciar a todos os ídolos, sobretudo o dinheiro e os bens materiais, e nos abrir plenamente a Deus, nosso único Senhor. A recompensa desse esforço é apresentada no Evangelho de hoje, ou seja, todo aquele que conseguir deixar casa, família, campos ou qualquer outro bem material receberá cem vezes mais. Isso significa que a observância dos Mandamentos, a esmola e a prática da justiça são tão agradáveis a Deus quanto o sacrifício e a oferta ritual. Ao mesmo tempo que temos uma participação ativa na Eucaristia, devemos agir dignamente, refletindo nos relacionamentos o nosso amor a Deus e ao próximo. A recompensa de tudo isso é que receberemos cem vezes mais de tudo aquilo que dermos, pois seremos membros de uma grande família que é a Igreja.
domingo, 2 de março de 2025
Marcos 10, 17-27 O Reino é dom e partilha.
* 17 Quando Jesus saiu de novo a caminhar, um homem foi correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” 18 Jesus respondeu: “Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais. 19 Você conhece os mandamentos: não mate; não cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; não engane; honre seu pai e sua mãe.” 20 O homem afirmou: “Mestre, desde jovem tenho observado todas essas coisas.” 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Falta só uma coisa para você fazer: vá, venda tudo, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me.” 22 Quando ouviu isso, o homem ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque ele era muito rico.
23 Jesus então olhou em volta e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24 Os discípulos se admiraram com o que Jesus disse. Mas ele continuou: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Os discípulos ficaram muito espantados quando ouviram isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27 Jesus olhou para os discípulos e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível.”
Comentário:
* 17-31: Para entrar no Reino (ou vida eterna) é preciso mais do que observar leis ou regras. O Reino é dom de Deus aos homens, e nele tudo deve ser partilhado entre todos. Isso significa repartir as riquezas em vista de uma igualdade, abolindo o sistema classista. É por isso que os ricos ficam tristes e dificilmente entram no Reino. E o que acontece quando a gente deixa tudo para seguir a Jesus e continuar o seu projeto? Encontra nova sociedade, embora em meio à perseguição, e já vive a certeza da plenitude que virá.
Obviamente, não é a riqueza em si que impede o ser humano de se aproximar de Deus e do Reino, mas a ganância e a dificuldade de partilhar. Se não conseguimos colocar o que temos à disposição dos necessitados, não somos dignos do Reino. Esse é o verdadeiro significado da família cristã, muito bem expresso nos Atos dos Apóstolos. Se somos todos irmãos, devemos nos ajudar mutuamente em todas as necessidades: espirituais e físicas. É interessante notar que Jesus começa a interrogar o homem rico enumerando os mandamentos relativos ao próximo. Aparentemente, o rico cumpria à risca tais mandamentos. Seu problema era a incapacidade de seguir o primeiro e maior mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas. Ou seja, a riqueza conduz à idolatria, levando a pessoa a preferir o dinheiro e os bens materiais a Deus.
sábado, 1 de março de 2025
Lucas 6, 39-45 Só Deus pode julgar.
39 Jesus contou uma parábola aos discípulos: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40 Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre. 41 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? 42 Como é que você pode dizer ao seu irmão: ‘Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão.”
Os atos revelam a pessoa -* 43 “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; 44 porque toda árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. 45 O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.”
Comentário:
* 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.
* 43-45: Assim como as árvores são conhecidas pelos frutos, do mesmo modo os homens são conhecidos pelos seus atos.
O Evangelho de hoje conclui o “Sermão da planície”, segundo Lucas. O texto apresenta três pequenas parábolas: a do cego, a do cisco no olho e a da árvore e seus frutos. As parábolas do cego e a do cisco no olho são um questionamento a respeito do julgamento que as pessoas tecem sobre os outros. Lucas mostra que devemos ter muito cuidado ao julgar. O julgamento pertence a Deus. É um apelo à autocrítica, a olhar para si antes de ser juiz dos outros. O verdadeiro guia é o Mestre, que deve guiar a conduta dos seus seguidores. Os discípulos podem se tornar cegos, à medida que não conseguem distinguir os verdadeiros valores do Reino de Deus. A terceira parábola revela a pessoa a partir das suas ações. A exemplo da árvore, a pessoa pode ser conhecida pelos seus frutos. Quem tem consciência justa e reta, realiza atos justos e retos. Do coração mau saem coisas más. Do coração bom saem coisas boas. O coração é o tesouro, dele sai o mal ou o bem, a violência ou a paz, a desordem ou a harmonia.
1 Coríntios 15,54-58 O triunfo da vida.
* 54 Portanto, quando este ser corruptível for revestido da incorruptibilidade e este ser mortal for revestido da imortalidacle, então se cumprirá a palavra da Escritura: “A morte foi engolida pela vitória. 55 Morte, onde está a sua vitória? Morte, onde está o seu ferrão?” 56 O ferrão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
57 Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 58 Assim, queridos irmãos, sejam firmes, inabaláveis; façam continuamente progressos na obra do Senhor, sabendo que a fadiga de vocês não é inútil no Senhor.
Comentário:
* 54-58: Depois que Cristo ressuscitou, nenhum tipo de morte terá a vitória final. Essa vitória de Cristo sobre a morte é também vitória contra o pecado, que introduz e alimenta a morte no mundo, e contra a lei, que mostra o que é pecado, mas não dá forças para vencê-lo. Quem acredita em Jesus ressuscitado pode cantar desde já o triunfo da vida.
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