23 De fato, eu recebi pessoalmente do Senhor aquilo que transmiti para vocês. Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24 e, depois de dar graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo que é para vocês; façam isto em memória de mim.” 25 Do mesmo modo, após a Ceia, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim.” 26 Portanto, todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que ele venha.
Comentário:
* 17-34: O texto é o mais antigo testemunho sobre a
Eucaristia: foi escrito no ano 56, dez anos antes dos Evangelhos. No início, a
celebração eucarística se fazia depois de uma ceia, onde todos repartiam os
alimentos que cada um levava. Em Corinto surge um problema: nas celebrações
está havendo divisão de classes sociais e de mentalidades diferentes. Muitos
chegam atrasados, provavelmente porque estavam trabalhando, e não encontram
mais nada. Resultado: em vez de ser um testemunho de partilha, a celebração
está se tornando lugar de ostentação, foco de discriminação e contrastes
gritantes. A situação oferece oportunidade para um discernimento: quem é
cristão de fato?
Nesse contexto, Paulo
relembra a instituição da Eucaristia. Ela é a memória permanente da morte de
Jesus como dom de vida para todos (corpo e sangue). A Eucaristia é a celebração
da Nova Aliança, isto é, da nova humanidade que nasce da participação no ato de
Jesus, não só no culto, mas na vida prática. Por isso, a comunidade que celebra
a Eucaristia anuncia o futuro de uma reunião de toda a humanidade.
Voltando ao problema,
Paulo interpela a comunidade a examinar-se: Não será uma incoerência celebrar a
Eucaristia quando na própria celebração se fazem distinções e se marginalizam
os mais pobres? Anteriormente (10,17), Paulo salientara que, ao participar da
Eucaristia, a comunidade forma um só corpo. Se a comunidade não entender isso (“sem
discernir o Corpo”, v. 29), estará celebrando a sua própria condenação, pois
desligará a Eucaristia do seu antecedente e de suas conseqüências práticas:
solidariedade e partilha.
O julgamento do
Senhor se manifesta de dois modos: a própria Eucaristia se torna testemunho
contra a comunidade; ao mesmo tempo, a fraqueza, doença e morte de muitos
membros testemunham a falta de partilha e solidariedade.
Paulo termina com
duas orientações práticas: esperar que todos cheguem para começar juntos a
reunião (v. 33), e não transformá-la em ocasião de ostentação e gula (vv. 21 e
34).
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