terça-feira, 12 de setembro de 2023

Lucas 6, 20-26 Anseio por um mundo novo.

20 Levantando os olhos para os discípulos, Jesus disse: “Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence. 21 Felizes de vocês que agora têm fome, porque serão saciados. Felizes de vocês que agora choram, porque hão de rir. 22 Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. 23 Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. 24 Mas, ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação! 25 Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar! 26 Ai de vocês, se todos os elogiam, porque era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas.” Comentário: * 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. Jesus oferece aos discípulos um panorama do Reino de Deus que ele está implantando. As bem-aventuranças e as “mal-aventuranças” são realidades que vão se verificar já ao longo desta vida. Os pobres são pessoas que sofrem privações graves. No setor econômico: os que têm fome. No plano afetivo: os que choram. No plano social: os que são odiados e rejeitados pela sociedade injusta que recusa o projeto de Jesus. Ao lado das bem-aventuranças, Lucas apresenta as “mal-aventuranças”. Não se trata de condições sociais ou destinos humanos diferentes. O Reino de Deus é um divisor de águas. De um lado, encontram-se os que aceitam Jesus e a prática do amor. Do outro, os que rejeitam Jesus e sua proposta de vida e liberdade para todos. Cada um arca com as consequências da própria escolha.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Lucas 6, 12-19 Os doze apóstolos.

* 12 Nesses dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. Anseio por um mundo novo -* 17 Jesus desceu da montanha com os doze apóstolos, e parou num lugar plano. Estava aí numerosa multidão de seus discípulos com muita gente do povo de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Foram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus, foram curados. 19 Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. Comentário: * 12-16: Jesus escolhe os doze apóstolos, que formarão o núcleo da comunidade nova que ele veio criar. A palavra apóstolo significa aquele que Jesus envia para continuar a sua obra. * 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. Lucas condensa aqui várias informações importantes sobre o ministério de Jesus. A primeira é que ele sobe à montanha e passa a noite inteira em oração a Deus. Nesse colóquio com o Pai, Jesus se prepara para a escolha que está prestes a fazer: selecionar e nomear, dentre seus discípulos, os doze apóstolos, aos quais vai dedicar uma formação especial. Era a maneira de garantir a missão da Igreja. Ao descer da montanha, juntamente com os discípulos, Jesus se depara com outros discípulos e com imensa multidão, sedentos de ouvir sua palavra e serem curados de suas doenças. A escolha dos apóstolos não fez Jesus esquecer as massas aflitas e abandonadas. Uma nota própria de Lucas é a energia boa que de Jesus procede e que é capaz de curar a todos. Claro que “toda a multidão” queria tocar nele!

domingo, 10 de setembro de 2023

Lucas 6, 6-11 A lei de Jesus é salvar o homem.

-* 6 Em outro sábado, Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem com a mão direita seca. 7 Os doutores e os fariseus espiavam, para ver se Jesus iria curá-lo durante o sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8 Mas Jesus sabia o que eles estavam pensando, e disse ao homem da mão seca: “Levante-se, e fique no meio.” Ele se levantou, e ficou de pé. 9 Jesus disse aos outros: “Eu pergunto a vocês: a Lei permite no sábado fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” 10 Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estenda a mão.” O homem assim o fez, e sua mão ficou boa. 11 Eles ficaram com muita raiva, e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus. Comentário: * 6-11: Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Por isso, os que preferem ficar com o velho sistema se reúnem para planejar a morte de Jesus: ele está destruindo as ideias de religião e sociedade que eles tinham. Volta a questão da observância do SÁBADO. Desta vez, na sinagoga, enquanto Jesus ensina, doutores da Lei e fariseus o observam “para assim terem motivo de acusá-lo”. O benefício redunda em favor de um homem com a mão paralisada. Antes de curá-lo, Jesus deixa mudos os adversários, dirigindo-lhes a pergunta: No SÁBADO, deve-se ou não se deve fazer o bem, salvar uma vida ou destruí-la? Com certeza, o povo simples, a quem o Pai revela seus segredos (cf. Lc 10,21), sabia responder: tudo o que é bom glorifica a Deus. Mas os doutores da Lei e fariseus “se encheram de raiva”. Buscam, na verdade, motivos para eliminar Jesus. Ao curar esse enfermo, Jesus reafirma sua posição tomada anteriormente: a salvação de uma vida diminuída está acima das disposições negativas da lei do SÁBADO.

sábado, 9 de setembro de 2023

Mateus 18, 18-20 E quando o irmão peca?

-* 15 “Se o seu irmão pecar, vá e mostre o erro dele, mas em particular, só entre vocês dois. Se ele der ouvidos, você terá ganho o seu irmão. 16 Se ele não lhe der ouvidos, tome com você mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Caso ele não dê ouvidos, comunique à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele der ouvidos, seja tratado como se fosse um pagão ou um cobrador de impostos. 18 Eu lhes garanto: tudo o que vocês ligarem na terra, será ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra, será desligado no céu. 19 E lhes digo ainda mais: se dois de vocês na terra estiverem de acordo sobre qualquer coisa que queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está no céu. 20 Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles.” Comentário: * 15-20: Quando um irmão peca, prejudicando o bem comum, a comunidade age com prudência e justiça, procurando corrigir o irmão. Reunida em nome e no espírito de Jesus, a comunidade tem o poder de incluir ou excluir pessoas do seu meio (cf. 16,19), isto é, incluir ou excluir pessoas. A missão dela, porém, não termina com a exclusão do pecador: ela deve procurá-lo, como o pastor que sai em busca da ovelha perdida (18,11-14). A comunidade cristã é convidada à correção fraterna. Não se trata de vasculhar a vida do irmão com o fim de julgá-lo e condená-lo. A correção passa pelo crivo da misericórdia, uma vez que todos nós estamos sujeitos a cometer erros. Por isso, a correção ao irmão que erra se faz por etapas e se reveste de grande dose de tolerância e compreensão. Do diálogo interpessoal, passa-se ao apelo de duas ou três testemunhas; em último caso, não havendo conversão, pede-se a ajuda da comunidade. Tudo se faça em clima de oração comunitária, da qual participa o próprio Jesus ressuscitado: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Nossas comunidades têm longo caminho a percorrer quando se trata do exercício da correção fraterna, pois corrigir é obra do amor.

Romanos 13, 8-10 O amor é o pleno cumprimento da Lei.

-* 8 Não fiquem devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo. Pois, quem ama o próximo cumpriu plenamente a Lei. 9 De fato, os mandamentos: não cometa adultério, não mate, não roube, não cobice, e todos os outros se resumem nesta sentença: “Ame o seu próximo como a si mesmo.” 10 O amor não pratica o mal contra o próximo, pois o amor é o pleno cumprimento da Lei. Comentário: * 8-10: Na vida cristã a única tarefa que não tem limites é o amor, pois ele não só resume tudo o que deve ser feito, mas é também o espírito com que tudo deve ser feito. Como nos evangelhos, Paulo também vê o amor como a expressão perfeita de toda a Lei.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Lucas 6, 1-5 Jesus liberta da lei.

-* 1 Num dia de sábado, Jesus estava passando por uns campos de trigo. Os discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2 Então alguns fariseus disseram: “Por que vocês estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?” 3 Jesus respondeu: “Então vocês não leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam sentindo fome? 4 Davi entrou na casa de Deus, pegou e comeu dos pães oferecidos a Deus, e ainda os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães.” 5 E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor do sábado.” Comentário: * 1-5: Sendo senhor do sábado, Jesus está acima das leis, mesmo religiosas, que os homens elaboram. Ele relativiza essas leis, mostrando que elas não têm sentido quando impedem o homem de ter acesso aos bens necessários para a própria sobrevivência. Os discípulos de Jesus colhem espigas e as comem. Interpretando o fato de debulhar espigas como colheita e, portanto, como violação ao repouso sabático, os fariseus recriminam a atitude dos discípulos. Apoiado em passagem da Escritura e citando o respeitado nome de Davi, Jesus enuncia um princípio decisivo: em caso de necessidade, a manutenção da vida tem precedência sobre o respeito às proibições religiosas. Sem alimentar-se, não há ser humano, que é maior do que qualquer prescrição, pois “o SÁBADO foi feito para o homem” (Mc 2,27). Ao dizer “o Filho do Homem é senhor do SÁBADO”, Jesus nos ensina que as instituições, estruturas, leis e costumes devem estar a serviço do homem: podem ser abolidos e cair para segundo plano em qualquer circunstância em que uma necessidade urgente o exigir.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Mateus 1, 18-23 O começo de uma nova história.

-* 18 A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. 20 Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados.” 22 Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 “Vejam: a virgem conceberá, e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco.” 24 Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa, 25 e, sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus. Comentário: * 18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados). A comemoração da natividade de Maria tem origem no século V. Segundo a tradição, foi construída em Jerusalém uma igreja no lugar onde havia a casa de Joaquim e Ana, pais de Maria. Mais tarde, outra igreja foi aí edificada e recebia grande número de peregrinos que iam venerar o nascimento de Maria. No Ocidente, a festa foi acolhida pela Igreja de Roma ao longo do século VII. Difundida por toda a Europa, tornou-se, a partir da Idade Média, uma festa muito valorizada. Ao contemplar o nascimento de Maria, São João Damasceno exclama: “Formou-se um céu sobre a terra, porque está para iniciar a salvação”. Deus olha e admira a menina que descansa tranquila nos braços de Sant’Ana e a prepara para o futuro: um dia ela dará à luz aquele que o universo não pode conter.