segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Mateus 18, 12-14 Por que alguém se afasta da comunidade?

12“Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas e uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? 13Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela do que com as noventa e nove que não se perderam. 14Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos”. Comentário: * 10-14: Por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo (vv. 6-9), ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida. Nessa parábola da ovelha perdida, Jesus revela o verdadeiro rosto de Deus: um Pai que não se conforma com a perda de qualquer filho ou filha, por insignificante ou menor que possa parecer. Deixar as 99 ovelhas para ir ao encontro de uma que se perdeu revela a solicitude do pastor que não admite perder nenhuma ovelha. Jesus encarnou essa face do Pai, indo pessoalmente em busca dos pecadores, doentes, pobres e abandonados, os privilegiados de Deus. A lição de Jesus é dirigida à comunidade e, por que não, à sociedade: a primeira preocupação deve ser dada ao próximo abandonado e desprezado. O verdadeiro discípulo de Jesus não se conforma com a realidade de miséria e abandono em que muitos de nossos irmãos e irmãs se encontram e faz o que estiver ao seu alcance para recuperá-los para a vida. Oração Senhor Jesus, falas da alegria do homem que recupera uma ovelha que se extraviara do rebanho. Com essa imagem, nos ensinas como Deus fica satisfeito quando um pecador se converte e volta ao bom caminho, pois o Pai celeste não quer que se perca nenhum de seus filhos e filhas. Amém.

domingo, 5 de dezembro de 2021

Lucas 5, 17-26 Jesus liberta pela raiz.

17Um dia Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar. 18Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas, não achando por onde introduzi-lo devido à multidão, subiram ao telhado e, por entre as telhas, o desceram com o leito no meio da assembleia, diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: “Quem é este que assim blasfema? Quem pode perdoar os pecados senão Deus?” 22Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: “Por que murmurais em vossos corações? 23O que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados estão perdoados’ ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? 24Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar os pecados” – disse ao paralítico -, “eu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa”. 25Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e, cheios de temor, diziam: “Hoje vimos coisas maravilhosas!” Comentário: * 17-26: Cf. nota em Mc 2,1-12. * 2,1-12: Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si. Nos seus ensinamentos, Jesus atrai em volta de si multidões do povo e também algumas autoridades, como os fariseus e os mestres da Lei. Estes, mais do que interessados na Boa-Nova do Mestre, acercam-se dele para pô-lo à prova e questioná-lo. Enquanto Jesus ensina, alguns homens lhe trazem um paralítico. Como não conseguem chegar até ele, por causa da multidão, descem o paralítico pelo telhado. Com esse gesto, Jesus reconhece a fé deles e, por isso, perdoa os pecados do doente e o cura. Os adversários não aceitam que Jesus tenha poder de perdoar, pois, para eles, só Deus pode perdoar. Chama a atenção o fato de terem colocado o paralítico bem no centro, diante de Jesus. Para o Mestre, o lugar dos doentes e dos pobres deveria ser o centro das atenções das autoridades e da sociedade em geral. Oração Ó Jesus, incansável missionário do Pai celeste, não cessas de ensinar, inclusive a fariseus e mestres da Lei. Diante deles operas a cura do paralítico e lhe concedes o perdão dos pecados. Desse modo, revelas teu poder de curar e de perdoar pecados, levando todo o povo a glorificar a Deus. Amém.

sábado, 4 de dezembro de 2021

Lucas 3, 1-6 João Batista prepara o povo.

1No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes administrava a Galileia, seu irmão Filipe, as regiões da Itureia e Traconítide, e Lisânias a Abilene; 2quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes, foi então que a Palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto. 3E ele percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, 4como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. 5Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas, e os caminhos acidentados serão aplainados. 6E todas as pessoas verão a salvação de Deus'”. Comentário: * 3,1-20: A datação histórica (vv. 1-2) mostra que Lucas coloca os reis terrestres e as autoridades religiosas em contraste com a soberania e a autoridade de Jesus: o movimento profundo da história não se desenvolve no plano das aparências da história oficial. É Jesus quem realiza o destino do mundo, dando à história o verdadeiro sentido. João Batista convida todos à mudança radical de vida, porque a nova história vai transformar pela raiz as relações entre os homens. É o tempo do julgamento, e nada vale ter fé teórica, pois o julgamento se baseia sobre as opções e atitudes concretas que cada um assume. O evangelista Lucas gosta de dar apoio histórico a seus relatos. Com isso, nos mostra dois aspectos interessantes. Primeiro: seus escritos merecem credibilidade. Segundo: Deus se insere na história humana, feita de pessoas e fatos concretos, para realizar a história da salvação. Nesse cenário, em que são nomeados governantes de locais importantes, surge a figura de um homem escolhido por Deus, a fim de preparar os caminhos do Senhor. É João, filho de Isabel e Zacarias. Vem com missão bem definida: mexer com a consciência de cada um mediante o apelo à conversão. A salvação acontece nos corações que se dispõem a mudar de vida e se abrem à graça de Deus. Qual é meu papel na atual história da salvação da humanidade? Deus pode contar comigo para quê? Oração Ó divino Salvador, no deserto desponta João, com a precisa missão de preparar a tua vinda ao mundo. E o faz pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados e gritando: “Preparem o caminho do Senhor”. Ajuda- nos, Senhor, a pôr em prática os apelos do Batista. Amém.

Filipenses 1, 4-6.8-11 Agradecimento e pedido.

4Sempre, em todas as minhas orações, rezo por vós com alegria, 5por causa da vossa comunhão conosco na divulgação do Evangelho, desde o primeiro dia até agora. 6Tenho a certeza de que aquele que começou em vós uma boa obra há de levá-la à perfeição até o dia de Cristo Jesus. 8Deus é testemunha de que tenho saudade de todos vós, com a ternura de Cristo Jesus. 9E isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça sempre mais, em todo o conhecimento e experiência, 10para discernirdes o que é o melhor. E assim ficareis puros e sem defeito para o dia de Cristo, 11cheios do fruto da justiça que nos vem por Jesus Cristo, para a glória e o louvor de Deus. Comentário: * 3-11: A oração de Paulo mostra o seu afeto particular pela comunidade de Filipos. De fato, essa comunidade desde o início coopera e participa ativamente no trabalho da evangelização, seja colaborando no anúncio, defesa e confirmação do Evangelho, seja pela ajuda material oferecida ao Apóstolo. Paulo só pede uma coisa: o crescimento no amor. Vivendo o amor, a comunidade será sempre capaz de distinguir o que mais favorece a prática da justiça.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Mateus 9, 35-10,1.6-8 A origem da missão.

35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” O núcleo da nova comunidade -10,1E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. Enviou-os com as seguintes recomendações: A missão dos apóstolos - 6“Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!” Comentário: * 35-38: Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. * 10,1-4: Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: desalienar os homens (expulsar demônios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e ação de Jesus. * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. Jesus continua seu trajeto missionário, proclamando a Boa Notícia do Reino. Vendo a situação do povo doente, angustiado e abandonado, teve compaixão. Diante de tantas necessidades do povo, Jesus reconhece que sozinho não consegue dar conta; por isso, chama homens e mulheres disponíveis e generosos que o auxiliem na missão. Vendo a situação de abandono do povo, Jesus “encheu-se de compaixão”. O seguidor de Jesus precisa ter um olhar semelhante ao dele: olhar para os pobres e abandonados, os verdadeiros destinatários do Evangelho. Seguindo o Mestre, aprendemos dele a olhar as multidões, abrir-nos aos outros. O centro de nossa missão é o outro, sobretudo as multidões que andam como ovelhas sem pastor. Enquanto discípulos, aprendemos com o Mestre, mas precisamos ir além, ser apóstolos, ou seja, enviados em missão. Oração Ó Jesus, divino Mestre, admirável é teu zelo pelo Reino de Deus. Percorres cidades e povoados, ensinas nas sinagogas e curas toda sorte de enfermidades. Recomendas, ainda, que peçamos ao Pai muitos trabalhadores para tua imensa obra. Aumenta, Senhor, o nosso entusiasmo pelo Evangelho. Amém.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Mateus 9, 27-31 Jesus faz ver e falar.

27Partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então, Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. 31Mas eles saíram e espalharam sua fama por toda aquela região. Comentário: * 27-34: A justiça do Reino liberta os homens para o discernimento (ver) e expulsa a alienação (demônio) que impede de dizer a palavra que transforma a realidade. A justiça libertadora, porém, provoca a oposição daqueles que querem apossar-se da salvação, para restringi-la a pequeno grupo de privilegiados. Dois cegos seguem Jesus, pedindo piedade. Eles acreditam que Jesus possa fazer alguma coisa por eles. Pessoas cegas têm dificuldade para exercer suas atividades físicas, têm sua autonomia limitada. No Antigo Testamento, o cego não podia participar do culto (cf. Lv 21,18); portanto, era uma pessoa marginalizada e excluída do templo. Os dois cegos gritando atrás de Jesus representam a oração de angústia de quem está sofrendo por causa da cegueira. Professam sua fé em Jesus, que toca nos olhos deles e lhes devolve “conforme a fé que têm”. A fé provoca a recuperação da vista e da dignidade e a integração na comunidade. A comunidade cristã (casa) é o ponto de chegada, onde manifestamos nossa fé, e o ponto de partida para o anúncio da mensagem de quem nos estendeu as mãos e nos salvou. Oração Divino Mestre, Luz do mundo, aos dois cegos que te seguiam, implorando piedade e cura, deste a condição de enxergar. Abre, Senhor, nossos olhos para que possamos reconhecer-te nos pobres e marginalizados de nossa sociedade e firma nossos passos no caminho que nos conduz a ti. Amém.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Mateus 7, 21.24-27 A fé é uma prática.

21“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Passar para a ação -* 24Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. 26Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” Comentário: * 21-23: Nem mesmo o ato de fé mais profundo da comunidade, que é o reconhecimento de Jesus como o Senhor, faz que alguém entre no Reino. Se o ato de fé pela palavra não for acompanhado de ações, é vazio e sem sentido. A expressão "naquele dia" indica o Juízo final e nos remete a Mt 25,31-46, onde são mostradas as ações que qualificam o autêntico reconhecimento de Jesus como Senhor. * 24-27: Construir a casa sobre a rocha é viver e agir de acordo com a justiça do Reino apresentada no Sermão da Montanha. Construir a casa sobre a areia é ficar na teoria, sem passar para a prática. O texto é a conclusão do Sermão da Montanha, primeiro e grande ensinamento de Jesus no Evangelho de Mateus. A vida do cristão precisa ser construída sobre as palavras desse sermão, mais precisamente sobre as bem-aventuranças, para que seja firme e sólida e resista às tempestades e incompreensões. A pedra fundamental, na qual podemos confiar e sobre a qual devemos construir nossa vida, nossa família e a comunidade, é a vontade do Pai, revelada por Jesus. Uma vida de piedade sem a vivência prática do amor e da solidariedade é estéril. O verbalismo religioso, individual ou comunitário, torna-se piedosa ilusão se não se concretiza numa vida comprometida com a prática da justiça do Reino. Seremos pessoas “de juízo ou sem juízo” conforme nossas opções. Oração Ó Jesus, deixaste claro que não basta invocar teu nome para entrar no Reino dos Céus. O que conta é cumprir a vontade do teu e nosso Pai celeste. Queremos, pois, ouvir e pôr em prática tuas palavras, certos de que edificaremos nossa vida sobre base sólida e perene. Amém.