quinta-feira, 22 de julho de 2021

Mateus 13, 18-23 Compreender a Palavra nos conflitos.

18“Ouvi a parábola do semeador: 19todo aquele que ouve a Palavra do Reino e não a compreende, vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a Palavra e logo a recebe com alegria; 21mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição por causa da Palavra, ele desiste logo. 22A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a Palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a Palavra, e ele não dá fruto. 23A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a Palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”.

Comentário:

* 18-23: Os obstáculos para compreender a Palavra do Reino (= ensinamento de Jesus) são: a alienação, que tira o poder de decisão humana; as perseguições concretas que causam desânimo; as estruturas políticas e econômicas que fascinam e seduzem. A compreensão da Palavra do Reino se realiza na dramaticidade dos conflitos pessoais e sociais.

A Palavra de Deus é um dos grandes pilares da espiritualidade cristã. O outro esteio que alimenta nossa fé é a eucaristia. Na celebração eucarística e nas outras ações litúrgicas, a Palavra é distribuída em abundância. Atualmente, tornou-se fácil e prático o acesso à Palavra de Deus, pois as numerosas edições da Bíblia Sagrada e os novos meios eletrônicos favorecem o contato diário com ela. Portanto, o banquete da Palavra está à disposição de quem quiser. Cabe-nos criar o hábito de ler e meditar diariamente a Bíblia, com a mente e o coração disponíveis, não só para acolher a mensagem divina, mas sobretudo para praticá-la. Somente mediante a prática da Palavra de Deus é que seremos “terra boa”: faremos progressos nos caminhos de Deus e seremos agentes transformadores da sociedade.

Oração
Ó Jesus Mestre, exigente é a tua Palavra. Precisamos empenhar-nos para buscá-la e praticá-la. Nem sempre damos à Palavra de Deus o merecido valor. Então ela não penetra em nós nem provoca mudança de vida. Move nossa vontade, Senhor, para que aprofundemos a tua mensagem de amor. Amém.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

João 20, 1-2.11-18 Jesus não está morto.

1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 

Jesus ressuscitado é descoberto pela fé -11Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do túmulo. 12Viu, então, dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. 14Tendo dito isso, Maria voltou-se para trás e viu Jesus, de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? A quem procuras?” Pensando que era o jardineiro, Maria disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu o irei buscar”. 16Então Jesus disse: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou em hebraico: “Rabunni” (que quer dizer “mestre”). 17Jesus disse: “Não me segures. Ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. 18Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” e contou o que Jesus lhe tinha dito.

Comentário:

* 20,1-10: A fé na ressurreição tem dois aspectos. O primeiro é negativo: Jesus não está morto. Ele não é falecido ilustre, ao qual se deve construir um monumento. O sepulcro vazio mostra que Jesus não ficou prisioneiro da morte. O segundo aspecto da ressurreição é positivo: Jesus está vivo, e o discípulo que o ama intui essa realidade.
* 11-18: Jesus está vivo, mas já não se manifesta de modo físico, como o Mestre durante a sua vida na história. Doravante, ele está presente no mistério da vida de Deus, e torna-se presente e atuante através do anúncio feito por aqueles que nele acreditam. Chegou o tempo das relações da nova aliança: Deus é Pai, e os homens são filhos de Deus e irmãos de Jesus.
Maria de Magdala é a mulher que seguiu constantemente Jesus desde a Galileia até a Judeia. Presente aos pés da cruz e diligente no sepultamento de Jesus, foi a primeira a encontrar-se com o Ressuscitado e também a primeira missionária a anunciar a Boa-Nova aos apóstolos (v. 17). Maria Madalena é mencionada no grupo de mulheres que “serviam Jesus com os bens que possuíam” (Lc 8,3). Ali se diz que dela foram expulsos “sete demônios”, expressão que acabou dando margem para variadas interpretações, algumas sem cabimento. Houve época em que Maria Madalena foi identificada com a pecadora pública (cf. Lc 7,36s) ou com a adúltera (cf. Jo 8,1s). Os textos bíblicos a ela referentes não afirmam isso.

Oração
Ó Mestre e Senhor, tiveste grande predileção por Maria Madalena, dela fizeste atenciosa e dócil discípula, que prestava socorro a ti e aos demais discípulos em tuas jornadas e pregações por toda parte. E a tornaste, enfim, a primeira mensageira de tua ressurreição. Amém.

 

terça-feira, 20 de julho de 2021

Mateus 13, 1-9 Uma colheita custosa.

1Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. 3E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. 4Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. 5Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. 7Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8Outras sementes, porém, caíram em terra boa e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. 9Quem tem ouvidos ouça!”

Comentário:

* 13,1-9: Cf. nota em Mc 4,1-9. Se o Reino já está aqui, por que existem fracassos e conflitos? Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Mas, assim como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo pessoas e estruturas continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer entre os homens. Sem dúvida, haverá uma colheita, mas à custa de muitas perdas, isto é, muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu mistério.

Contar parábolas era um recurso pedagógico de que Jesus se servia com frequência para falar do Reino de Deus. Em todos os tempos e lugares, as histórias, os testemunhos edificantes sempre penetraram mais facilmente na alma do povo. A parábola do semeador descreve o dinamismo da Palavra proclamada, as dificuldades que encontra em seu desenvolvimento, o êxito final. É possível que as multidões logo tenham entendido que Jesus fazia referência à Palavra de Deus espalhada abundantemente por toda parte. A Palavra (semente) era de boa qualidade, mas os resultados dependeriam do modo como seria ouvida e acolhida. “Quem tiver ouvidos, ouça!”, concluía Jesus. Ouça a Palavra de Deus e deixe-se penetrar e transformar por ela, para dar frutos na sociedade. Nada de ser um ouvinte superficial.

Oração
Ó Jesus, divino Mestre, anuncias a Boa-Nova a grandes multidões. Mostras, por comparações, o percurso da Palavra de Deus, semeada de modo abundante. O aproveitamento depende das disposições interiores dos ouvintes. Ajuda-nos, Senhor, a ouvir atentamente e pôr em prática a tua Palavra. Amém.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Mateus 12, 46-50 Uma nova geração.

46Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem falar contigo”. 48Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. 50Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Comentário:

* 46-50: Cf. nota em Mc 3,31-35. Mateus salienta que a família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispôs a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração, diferente da geração má dos fariseus.

Com habilidade, Jesus aproveita toda circunstância para esclarecer a natureza de sua nova família. Neste episódio, serve-se da chegada de sua mãe e dos parentes. Querem falar com ele, que fala para “as multidões”. Sua mãe deve ter-se lembrado daquela expressão um tanto misteriosa que ouvira do filho com doze anos: “Não sabiam que eu devo estar ocupado com as coisas do meu Pai?”. Nada, porém, indica que Jesus tenha esboçado alguma indiferença ou repulsa em relação aos familiares recém-chegados. Apenas deixa claro que daí em diante seus familiares, seus íntimos, são os que fazem a vontade do Pai. Fica estabelecido o critério para sabermos qual é o grau de nossa familiaridade com Jesus: não é o sangue, mas nossa adesão incondicional a ele e ao Pai. Ninguém cumpriu como Maria a vontade do Pai.

Oração
Senhor Jesus, diante das multidões, tu nos apresentas a tua nova família, que é também a nossa. Para pertencer a ela, não importam os vínculos de sangue ou de raça; o que conta, de fato, é fazer a vontade do Pai celeste. Ajuda- nos, Senhor, a ser fiéis cumpridores da vontade de Deus. Amém.

 

domingo, 18 de julho de 2021

Mateus 12, 38-42 O sinal que leva para a fé.

38Alguns mestres da Lei e fariseus disseram a Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti”. 39Jesus respondeu-lhes: “Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. 40Com efeito, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra. 41No dia do juízo, os habitantes de Nínive se levantarão contra essa geração e a condenarão, porque se converteram diante da pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas. 42No dia do juízo, a rainha do Sul se levantará contra essa geração e a condenará, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão, e aqui está quem é maior do que Salomão”.

Comentário:

* 38-42: Jesus recusa dar um sinal para provar a sua missão, porque nenhum milagre é capaz de despertar a fé naqueles que não querem se comprometer com Jesus. O único sinal que Jesus dá é o da sua morte e ressurreição, consequência e selo da autenticidade de toda a sua missão.

Alguns doutores da Lei e fariseus pedem a Jesus um sinal que dê credibilidade à sua missão. Na verdade, Jesus havia realizado publicamente numerosos prodígios pelo poder do Espírito Santo. Mas esses líderes permaneceram fechados e, por vezes, perigosos em relação ao Mestre. Em sua resposta, ele evoca a figura de Jonas que vive uma experiência de morte, vida e anúncio de salvação aos ninivitas. Como critério habitual para obter a fé, Jesus propõe não os milagres, mas a aceitação de sua morte e ressurreição. A morte de Cristo completada por seu sepultamento será, portanto, o sinal messiânico por excelência. A fé nos coloca em contato com o Deus que sofreu por nós e que hoje vive, e não apenas com um Deus que teve poder e fez milagres.

Oração
Ó Mestre, “esta geração” tem o privilégio de te ouvir e acolher, mas te ignora. Deverão prestar contas de suas atitudes no dia do julgamento. Melhor é a situação dos ninivitas, que se converteram com a pregação de Jonas, e da rainha do sul, que escutou a sabedoria de Salomão. Amém.