quarta-feira, 12 de maio de 2021

João 16, 16-20 A angústia se transformará em alegria.

 16″Pouco tempo ainda e já não me vereis. E outra vez pouco tempo e me vereis de novo”. 17Alguns dos seus discípulos disseram então entre si: “O que significa o que ele nos está dizendo: ‘Pouco tempo e não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis de novo’, e: ‘Eu vou para junto do Pai’?” 18Diziam, pois: “O que significa esse pouco tempo? Não entendemos o que ele quer dizer”. 19Jesus compreendeu que eles queriam interrogá-lo; então, disse-lhes: “Estais discutindo entre vós porque eu disse: ‘Pouco tempo e já não me vereis, e outra vez pouco tempo e me vereis’? 20Em verdade, em verdade vos digo, vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará. Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria”.

Comentário:

* 16-24: A morte de Jesus significará ausência e tristeza. Mas é morte fecunda, pois dará lugar à alegria, uma vez que será o princípio de uma presença nova, a presença do Ressuscitado, que age mediante o Espírito Santo. O que acontece com Jesus acontece com todos: para dar fruto, o grão de trigo deve morrer. Também a comunidade é chamada ao testemunho que pode ir até à morte, como entrega em favor do homem, morrendo para dar a vida.

Depois de ter falado do papel do Espírito, Jesus vem com esse “pouco tempo”, que deixa os discípulos se perguntando o que significa isso. Jesus, então, explica que sua ausência é “motivo de alegria” para alguns, que se sentiam incomodados com suas palavras e ações, e é, ao mesmo tempo, “motivo de tristeza” para aqueles que tinham prazer em ouvi-lo e eram beneficiados por suas ações. Essa tristeza dos discípulos, porém, há de se transformar em alegria. A presença do Ressuscitado é fundamental para a vida da comunidade. Durante sua vida terrena, essa presença é confirmada pela fé. Às vezes, a comunidade cristã, assim como cada fiel, pode sentir momentos de ausência do Ressuscitado. São momentos de incertezas, momentos de escuridão e de silêncio de Deus. Esses momentos podem propiciar uma redescoberta de Deus, sem necessidade de provas.

Oração
Divino Mestre, Jesus Cristo, fazes referência à tua paixão e morte, em que a sociedade injusta se alegrará, enquanto teus discípulos provarão angústia e desorientação. Coisa passageira, pois em seguida ressurgirás glorioso, devolvendo aos discípulos a tua alegria e enchendo-lhes o coração de esperança. Amém.

terça-feira, 11 de maio de 2021

João 16, 12-15 O Espírito vai guiar o testemunho dos discípulos.

 12″Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora. 13Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará. 14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso disse que o que ele receberá e vos anunciará é meu”.

Comentário:

* 4b-15: Através do testemunho dos discípulos, o testemunho de Jesus continua na história. Guiados pelo Espírito, os discípulos se tornam capazes de interpretar o mundo a partir da palavra e ação de Jesus. Em qualquer lugar e época, eles irão testemunhar, mostrando que: o pecador é aquele que rejeita a obra de Deus realizada em Jesus e em seus seguidores; o justo é Jesus, presente e atuante naqueles que o testemunham; o condenado é príncipe ou chefe do sistema que condenou Jesus e continua perseguindo seus seguidores. Desse modo, o julgamento de Deus inverte o julgamento dos homens: a morte de Jesus transforma-se em vida, e aqueles que o condenaram, agora são condenados.

Mais uma vez, Jesus disse que o Espírito que enviará aos seus, quando ele partir, irá iluminar o que lhes falou: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele guiará vocês em toda verdade”. O papel do Espírito consiste não em dar-nos nova revelação, mas em iluminar e atualizar aquilo que o Mestre ensinou. Os estudiosos da Bíblia, iluminados pelo Espírito, têm a missão de clarear e atualizar aquilo que foi escrito há mais de dois mil anos. A Palavra de Deus não está engessada: ela é viva e eficaz e sempre atual. Com o avanço das ciências e dos estudos, percebe-se que ela sempre tem algo para dizer em cada novo momento. O Espírito, portanto, conduz a vida e a história daqueles que se comprometem com o projeto de Jesus. Quando encarnado, teve seu momento na história, mas o Espírito que ele prometeu é para todos os momentos e participa do anúncio que a comunidade realiza.

Oração
Senhor e Mestre, sabemos que não estás sozinho, pois o Pai e o Espírito Santo estão unidos a ti, apoiando e dando continuidade à tua obra neste mundo. Concede a nós, cristãos, aprender a agir na tua Igreja e no mundo, em conformidade contigo, com o Pai e com o Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

João 16, 5-11 O Espírito vai desmascarar o mundo.

 5“Agora, parto para aquele que me enviou e nenhum de vós me pergunta ‘para onde vais?’ 6Mas, porque vos disse isso, a tristeza encheu os vossos corações. 7No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu parta; se eu não for, não virá até vós o Defensor; mas, se eu me for, eu vo-lo mandarei. 8E quando vier, ele demonstrará ao mundo em que consistem o pecado, a justiça e o julgamento: 9o pecado, porque não acreditaram em mim; 10a justiça, porque vou para o Pai, de modo que não mais me vereis; 11e o julgamento, porque o chefe deste mundo já está condenado”.

Comentário:

* 4b-15: Através do testemunho dos discípulos, o testemunho de Jesus continua na história. Guiados pelo Espírito, os discípulos se tornam capazes de interpretar o mundo a partir da palavra e ação de Jesus. Em qualquer lugar e época, eles irão testemunhar, mostrando que: o pecador é aquele que rejeita a obra de Deus realizada em Jesus e em seus seguidores; o justo é Jesus, presente e atuante naqueles que o testemunham; o condenado é príncipe ou chefe do sistema que condenou Jesus e continua perseguindo seus seguidores. Desse modo, o julgamento de Deus inverte o julgamento dos homens: a morte de Jesus transforma-se em vida, e aqueles que o condenaram, agora são condenados.

Com a revelação da partida próxima de Jesus, os discípulos se entristecem, mas é necessário que ele volte ao Pai, de onde saiu, para que venha o Defensor. O Espírito Santo pode suscitar no seio da comunidade pessoas sensíveis aos valores humanos e cristãos e contestadoras dos falsos valores, e isso pode custar-lhes a incompreensão. Além de trazer consolação e coragem à comunidade, o Espírito mostrará ao mundo no que consistem o pecado, a justiça e o julgamento. O pecado consiste em não ter acreditado em Jesus. A justiça mostra que o condenado (Jesus) era justo (inocente), pois foi acolhido pelo Pai. O julgamento revela que o condenado é o chefe do mundo. Ao longo da história acontece com frequência que muitos que condenam sejam os culpados: descobre-se que o condenado é inocente, e o sistema que condenou acaba sendo condenado.

Oração
Ó Jesus, na hora da despedida, sentes que a tristeza invade o coração dos discípulos. Entretanto, apontas para eles a vantagem de tua volta ao Pai: contarão com a defesa do Espírito Santo, o qual vai esclarecer que foste justo e fiel ao Pai e que o mundo cometeu injustiça contra ti. Amém.

 

João 15, 26-16,4 As testemunhas de Jesus e o ódio do mundo.

 26“Quando vier o Defensor que eu vos mandarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. 27E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo. 

Os discípulos não devem se acovardar - 16,1Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada. 2Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar julgará estar prestando culto a Deus. 3Agirão assim porque não conheceram o Pai nem a mim. 4Eu vos digo isso para que vos lembreis de que eu o disse, quando chegar a hora”.

Comentário:

* 18-27: O sinal concreto da comunidade de Jesus é o amor. O sistema de poder que organiza a sociedade e seus adeptos (o mundo) reage com o ódio, pois não aceita os valores do Evangelho. Não existe possibilidade de conciliação entre o "mundo" e a comunidade de Jesus. A comunidade vive debaixo de suspeita e pressão, e basta um passo para sofrer a perseguição aberta. O confronto cresce, porque o "mundo" não aceita o Deus de Jesus, que denuncia a perversidade da sociedade injusta e liberta o povo oprimido. 

* 16,1-4a: A palavra de Jesus se dirige agora aos discípulos, preparando-os para a missão futura. A mesma perseguição e marginalização que eles agora sofrem se repetirá mais tarde em relação a qualquer sociedade e sistema religioso que acoberta a injustiça, porque o cristianismo é radicalmente diferente e contrário ao "mundo".

* 4b-15: Através do testemunho dos discípulos, o testemunho de Jesus continua na história. Guiados pelo Espírito, os discípulos se tornam capazes de interpretar o mundo a partir da palavra e ação de Jesus. Em qualquer lugar e época, eles irão testemunhar, mostrando que: o pecador é aquele que rejeita a obra de Deus realizada em Jesus e em seus seguidores; o justo é Jesus, presente e atuante naqueles que o testemunham; o condenado é príncipe ou chefe do sistema que condenou Jesus e continua perseguindo seus seguidores. Desse modo, o julgamento de Deus inverte o julgamento dos homens: a morte de Jesus transforma-se em vida, e aqueles que o condenaram, agora são condenados.

Volta a figura do Advogado (Espírito da Verdade) que procede do Pai. Assim como ele dará testemunho do Filho, todos aqueles que aderirem a Jesus darão testemunho dele, mesmo sabendo que isso poderá causar-lhes hostilidades, como ser expulsos da sinagoga, o que significa perder todos os direitos. O texto revela uma grave denúncia: usar o nome de Deus para perseguir e matar, espécie de homicídio sagrado, como obra agradável a Deus. Os fiéis defensores do projeto de Jesus estão sujeitos a qualquer tipo de perseguição, porque as propostas do Mestre incomodam muita gente. A fala de Jesus vem justamente para animar seus discípulos quando forem incompreendidos e até perseguidos. É nessas horas de dificuldades que demonstramos se estamos ou não comprometidos com Jesus e suas propostas da valorização da vida.

Oração
Senhor Jesus, informas a teus discípulos que lhes enviarás, de junto do Pai, o Advogado, isto é, o Espírito da Verdade. Ao mesmo tempo, recomendas que eles continuem dando testemunho de ti no meio das tribulações. Vem, Senhor, assistir aos cristãos e cristãs de todos os tempos e lugares. Amém.

 

sábado, 8 de maio de 2021

João 15, 9-17 O fruto do discípulo é o amor.

9“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.

Comentário:

* 7-17: O fruto que a comunidade é chamada a produzir é o amor. Ora, Jesus não quer uma adesão de servos que obedeçam a um senhor, mas uma adesão livre, de amigos. E a amizade é dom: Jesus é o amigo que dá a vida pelos amigos. A missão da comunidade não nasce da obediência a uma lei, mas do dom livre que participa com alegria da tarefa comum, que é testemunhar o amor de Deus que quer dar vida.

A prática do amor fraterno é como uma chave mestra que abre todas as portas, no campo espiritual. De fato, Jesus afirma: “Se vocês guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor”. E define, no singular, qual é seu grande mandamento: “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei a vocês”. Ao amar o próximo, temos a garantia de sermos amados por Jesus, que por nós deu sua maior prova de amor: “Ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos”. Jesus então nos considera amigos e se faz nosso constante guia e inspirador: “Fui eu que escolhi e orientei vocês, para que vão e deem fruto”. E, enfim, favorece nosso acesso a Deus Pai, que nos dará tudo o que nos for necessário: “Qualquer coisa que vocês pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes dará”.

Oração
Senhor Jesus, quão profundo é teu amor por nós. Afirmas: “Da forma que meu Pai me amou, eu também amei vocês”. Esclareces ainda o modo mais completo para te amar, ou seja, amando-nos uns aos outros. Ensina-nos, Senhor, a te amar de todo o coração e a amar o próximo como tu nos amas. Amém.

 

1 João 4, 7-10 Deus é amor.

 7Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus. 8Quem não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. 9Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. 10Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados.

Comentário:

* 7-21: O centro da vida é a prática do amor. Esse amor testemunha concreta e visivelmente o conhecimento e a união que temos com Deus, com seu Filho e com o Espírito. De fato, Deus Pai torna-se conhecido pelos homens no ato de dar, por amor, o seu Filho ao mundo (Jo 3,16). O Filho é conhecido pela entrega de si mesmo, no amor, até o fim (Jo 13,1). O Espírito gera a memória do Pai e do Filho nos cristãos, isto é, a própria vida no amor. A fé na Trindade é a teoria de uma prática que se expressa no amor concreto aos irmãos, a quem Deus ama. A incoerência fundamental seria afirmar uma fé na Trindade que não correspondesse à prática do amor. João deixa claro que o julgamento de Deus será feito sobre a prática do amor vivida ou não (cf. Mt 25,31-46). Por isso, quem ama não teme o julgamento.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

João 15, 18-21 As testemunhas de Jesus e o ódio do mundo.

 18″Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. 19Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence. Mas, porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia. 20Lembrai-vos daquilo que eu vos disse: ‘O servo não é maior que seu senhor’. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21Tudo isso eles farão contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”.

Comentário:

* 18-27: O sinal concreto da comunidade de Jesus é o amor. O sistema de poder que organiza a sociedade e seus adeptos (o mundo) reage com o ódio, pois não aceita os valores do Evangelho. Não existe possibilidade de conciliação entre o "mundo" e a comunidade de Jesus. A comunidade vive debaixo de suspeita e pressão, e basta um passo para sofrer a perseguição aberta. O confronto cresce, porque o "mundo" não aceita o Deus de Jesus, que denuncia a perversidade da sociedade injusta e liberta o povo oprimido.

O texto de hoje acentua o verbo odiar. No final do primeiro século, as comunidades joaninas sofrem dupla perseguição: do Império Romano e dos judeus fariseus, que se aliaram ao Império. Diante dessa difícil situação, a comunidade lembra as palavras de Jesus: “Se o mundo odeia vocês, saibam que primeiro odiou a mim”. Se o Mestre sofreu perseguição, os seus discípulos poderão ter a mesma sorte. O mundo, linguagem da literatura joanina, pode representar o Império, a sinagoga dos fariseus ou todo obstáculo que se opõe ao projeto de Jesus. Percebemos o confronto que há entre o ódio do mundo e o amor dos cristãos. Como cristãos, não podemos guardar ódio em nosso coração. O amor e a amizade são necessários para que a comunidade possa enfrentar as hostilidades externas e para que os membros se fortaleçam na fé e na perseverança.

Oração

Divino Mestre, anuncias a teus discípulos que eles enfrentarão o ódio do mundo e até perseguições: “Se perseguiram a mim, vão perseguir a vocês também”. E os confortas, garantindo-lhes que haverá corações acolhedores: “Se guardaram a minha palavra, vão guardar também a palavra de vocês”. Amém.