sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Lucas 1, 39-47 João aponta o Messias.

 39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

O cântico de Maria - 46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador”.

Comentário:

* 39-45: Ainda no seio de sua mãe, João Batista recebe o Espírito prometido (1,15). Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel.

* 46-56: O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história.

Segundo sólida tradição, a imagem da Virgem de Guadalupe apareceu impressa na manta do índio João Diego, em 1531, na Cidade do México. Seu culto propagou-se rapidamente e muito contribuiu para a difusão da fé entre os indígenas. O santuário atual foi concluído em 1709 e elevado à categoria de basílica pelo Papa São Pio X, em 1904. Em 1910, o mesmo Papa proclamou Nossa Senhora de Guadalupe padroeira da América Latina. João Diego foi canonizado pelo Papa São João Paulo II em 31 de julho de 2002. A presença de Maria de Guadalupe é um abraço amoroso a todos os seus devotos, mas é também uma opção profunda pelos pobres e marginalizados. Com efeito, o diálogo de Maria começa com um indígena, o centro de irradiação é Tepeyac, às margens da cidade, entre as pessoas simples e abandonadas.

Oração
Senhor Jesus Cristo, ao longo do cristianismo, tua santa mãe escolheu circunstâncias especiais para se manifestar a teus seguidores. Como se deu no México, aparecendo ao índio João Diego, hoje canonizado pela Igreja. Bendizemos a Nossa Senhora de Guadalupe por sua opção pelos pobres e marginalizados. Amém.

 

 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Mateus 11, 16-19 A ação testemunha a vontade de Deus.

 16“Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 17‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ 18Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. 19Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras”.

Comentário:

* 16-19: O povo do tempo de Jesus comporta-se de maneira infantil: acusa João Batista de louco, porque é severo demais; acusa Jesus de boa-vida, porque parece muito condescendente. No entanto, se esquece de examinar as ações de João e de Jesus, que testemunham a realização da vontade de Deus.

Todo o empenho de Jesus na implantação do Reino de Deus parece trazer resultado insignificante ou fraco. Apesar de falar “com autoridade”, superando assim a oratória dos mestres da Lei e dos fariseus, a resposta e a adesão do povo são insatisfatórias. Daqui o desabafo de Jesus mediante a figura das crianças que fazem capricho: não participam da brincadeira. Jesus aplica a imagem ao comportamento de seus ouvintes. Todo esforço é inútil para levá-los a assumir compromisso com o Reino de Deus inaugurado por Jesus. Nem o rigorismo do Batista, nem a suavidade do Mestre de Nazaré, nada convence “essa geração” e seus líderes a mudar de vida. Entretanto, as obras que Jesus realiza revelam que ele é o autêntico emissário de Deus.

Oração
Divino pregador, Jesus Cristo, teus conterrâneos, sobretudo os dirigentes do povo, recusaram a pregação do rigoroso João Batista e te desprezaram por seres amigo dos pecadores. Os planos de Deus, porém, comprovam que João estava certo e tu também estavas com a verdade. Errados, eles. Amém.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Mateus 11, 11-15 A missão de João Batista.

 11″Em verdade eu vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. 12Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus sofre violência, e são os violentos que o conquistam. 13Com efeito, todos os profetas e a Lei profetizaram até João. 14E se quereis aceitar, ele é o Elias que há de vir. 15Quem tem ouvidos ouça”.

Comentário:

* 7-15: Nenhum homem do Antigo Testamento é maior do que João Batista. Entretanto, João pertence ao Antigo Testamento, onde as profecias são anunciadas, e não ao Novo Testamento, onde elas já se realizaram. O v. 12 é de difícil interpretação. Provavelmente, o evangelista quer mostrar que o Reino é vítima de violência, porque a velha estrutura injusta resiste para não ser destruída e reage violentamente. Essa violência dos que se opõem à vontade de Deus será experimentada pelo próprio Jesus em sua missão.

Jesus considera João Batista o maior dos profetas. De fato, João resume tudo o que foi profetizado até aquele momento. Jesus afirma também que o menor no Reino de Deus é maior que João. Para Jesus, a grandeza não consiste na capacidade de dominar, mas na qualidade do serviço. Ora, na comunidade de Jesus, grande é o servidor de todos: “O maior de vocês será aquele que serve a vocês” (Mt 23,11). João e Jesus anunciam e tornam presente o Reino; os adversários do Reino se opõem a eles; o cruel Herodes-pai persegue Jesus-criança; Herodes-filho manda matar João; lideranças religiosas e civis resistem duramente à obra de Jesus. Seus discípulos serão agredidos por reis e governadores pagãos. O reino deste mundo usa de violência contra o Reino de Deus.

Oração
Ó Jesus Messias, valorizas teu precursor, João Batista, que se manifesta com a robustez espiritual do profeta Elias. Tanto João como Elias se empenharam vivamente a fim de preparar a tua vinda a este mundo. Concede-nos, Senhor, firmeza e perseverança para enfrentar os adversários do teu Reino. Amém.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Mateus 11, 28-30 Os pobres evangelizam.

 28″Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Comentário:

* 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar.

 “Carreguem minha carga”, ou meu jugo. Jugo é um pau que se coloca nos ombros de carregadores para transportar volumes pesados. Jesus usa essa imagem para falar da opressão que pesa sobre a população. Pode referir-se a leis e também ao domínio estrangeiro. Esse peso insuportável vem dos chefes, dos altos impostos, da opressão dos estrangeiros, dos que humilham os pobres, os oprimidos e os desamparados da sociedade. A esse grande número de pessoas acabrunhadas e tristes Jesus oferece acolhimento, apoio, solidariedade. Seu “jugo” são suas exigências, que consistem principalmente em partilhar o que temos, em viver para os outros por amor a Deus e alimentar os mesmos sentimentos dele, que é “manso e humilde de coração”.

Oração
Divino Mestre, Jesus Cristo, tu disseste: “Minha carga é suave e meu fardo é leve”. Olha com predileção para as multidões castigadas pela pobreza, pelo desemprego e pela enfermidade. Revigora--lhes a esperança e aponta-lhes caminhos sólidos para que superem a crise e vivam dignamente. Amém.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.

 26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi, e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com essas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

Comentário:

* 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova.

Em contraste com o Antigo Testamento, quando as anunciações são dirigidas aos homens, aqui, Deus, por meio do anjo, se dirige a uma jovem moça, que se tornará mãe pela ação do Espírito. Deus realiza seu projeto, anunciado desde os profetas, com a colaboração, o sim de Maria. Ela é cheia de graça, porque o Senhor está com ela. Deus, por amor à humanidade, deu a plenitude da graça a ela. Diante da proposta do anjo, ela fica em dúvida, mas o mensageiro lhe esclarece e ela topa o desafio. O menino que vai nascer é o resultado da ação de Deus com o sim da jovem. Para Lucas, Maria é modelo do discipulado de Jesus, isto é, daquelas pessoas que, sempre atentas aos planos divinos, se dispõem a construir a nova sociedade. Nela encontramos duas atitudes fundamentais de quem deseja colaborar com o projeto de Jesus: fé e serviço. Ela é a crente por excelência, modelo de nossa fé. Essa página do evangelho nos ensina que Deus não escolhe os poderosos deste mundo, mas pessoas simples, da periferia, que estão sintonizadas com o seu projeto salvífico e dispostas a gestar o Filho na sociedade.

Oração
Divino Mestre, convencida de que toda pura “devia ser a Virgem que nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha que tira os nossos pecados”, a Igreja proclamou o dogma da Imaculada Conceição. Ó Jesus, “cura em nós as feridas do pecado original, do qual Maria foi preservada ao ser concebida sem pecado”. Amém.

 

Efésios 1,3-6 .11-12 A graça não tem limites.

 3Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. 4Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. 5Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, 6para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu bem-amado. 11Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados 12a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo.

Comentário:

* 3-14: Paulo desenvolve um hino de louvor em forma de “bênção”, frequente no Antigo Testamento. O louvor é uma resposta do homem ao Deus que se manifesta através de um ato de salvação ou mediante a revelação de um mistério.

Deus Pai é o sujeito e a fonte de toda a ação criadora e salvadora. E tudo o que Deus Pai realiza no homem e no mundo, ele o faz mediante o seu Filho Jesus Cristo: escolhe (vv. 4-5), liberta (vv. 6-7), reúne tudo em Cristo (vv. 8-10), entrega a herança prometida (vv. 11-12) e concede o dom do Espírito Santo (vv. 13-14).

domingo, 6 de dezembro de 2020

Lucas 5, 17-26 Jesus liberta pela raiz.

 17Certo dia Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar. 18Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas, não achando por onde introduzi-lo devido à multidão, subiram ao telhado e, por entre as telhas, o desceram com o leito no meio da assembleia, diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. 21Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: “Quem é este que assim blasfema? Quem pode perdoar os pecados senão Deus?” 22Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: “Por que murmurais em vossos corações? 23O que é mais fácil, dizer: ‘Teus pecados estão perdoados’ ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? 24Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar os pecados – disse ao paralítico -, eu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa”. 25Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e, cheios de temor, diziam: “Hoje vimos coisas maravilhosas!”

Comentário:

* 17-26: Cf. nota em Mc 2,1-12 Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si.

Conforme a mentalidade da época, as doenças eram consequência do pecado. De fato, o pecado é um mal que fica encoberto, mas prejudica o pecador e pode causar grandes estragos na sociedade. Por isso, Jesus ataca o mal pela raiz: “Seus pecados estão perdoados”. Fariseus e mestres da Lei se escandalizam, pois só Deus pode perdoar pecados. Jesus esclarece: “O Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. E realiza a cura integral, libertando o homem de sua paralisia. O gesto solidário e confiante dos que carregam o paralítico e a intervenção libertadora de Jesus fazem o povo exultar: “Hoje vimos coisas extraordinárias”. Entretanto, fariseus e mestres da Lei sentem que estão perdendo influência sobre o povo.

Oração
Ó Jesus, incansável missionário do Pai celeste, não cessas de ensinar, também a fariseus e mestres da Lei. Diante deles operas a cura do paralítico e lhe concedes o perdão dos pecados. Desse modo, revelas teu poder de curar e de perdoar pecados, levando todo o povo a glorificar a Deus. Amém.