segunda-feira, 2 de junho de 2025

João 17, 1-11 O que é a vida eterna?

* 1 Depois de falar essas coisas, Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o Filho glorifique a ti, 2 pois lhe deste poder sobre todos os homens, para que ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe deste. 3 Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4 Eu te glorifiquei na terra, completei a obra que me deste para fazer. 5 E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.” Os discípulos de Jesus rompem com o mundo -* 6 “Eu manifestei o teu nome aos homens que me deste do meio do mundo. Eles eram teus e tu os deste a mim, e eles guardaram a tua palavra. 7 Agora eles conhecem que tudo o que me deste provém de ti, 8 e que as palavras que eu lhes dei são aquelas que tu me deste. Eles as receberam, e conheceram verdadeiramente que eu saí de junto de ti, e acreditaram que tu me enviaste. 9 Eu peço por eles. Não peço pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10 E tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu, e assim sou glorificado neles. 11 Eu já não estou no mundo. Eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti. Comentário: * 1-5: A vida eterna consiste em comprometer-se com o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem, que se manifestaram na vida e ação de Jesus. O Deus verdadeiro é o Pai que ama os homens, a ponto de entregar seu Filho até à morte, para dar vida. Todo deus que não dá vida ao homem é falso, é ídolo. O homem verdadeiro é aquele que se abre para se tornar filho do Deus que dá vida e para ser irmão dos outros homens, dando a vida por eles, como Jesus fez. Todo homem que se fecha para Deus e para os irmãos é um falso homem. * 6-19: Os discípulos vão continuar a missão de Jesus. Como Jesus, eles romperam com a mentalidade perversa do sistema que rege a sociedade. A missão deles, porém, não é sair do “mundo”, e sim permanecerem unidos, presentes no meio da sociedade, dando testemunho de Jesus. O Pai os protegerá de se contaminarem com o espírito do “mundo”, a cujas ameaças e seduções eles não cederão. O Evangelho de hoje é o início da chamada “oração sacerdotal de Jesus”. É um dos mais belos textos da Escritura, no qual vemos a grande intimidade e sintonia entre o Pai e o Filho. Jesus sente que chegou a hora de sua glorificação e se deixa conduzir pelo Pai, numa entrega humilde e confiante. Alguns biblistas defendem que essa oração de intercessão está ligada ao Yom Kippur (dia ou festa da expiação), quando o sumo sacerdote realiza a expiação por si mesmo, pela classe sacerdotal e pela comunidade. Jesus, verdadeiro sumo sacerdote, reza por si mesmo, pelos discípulos e por todos os que creem. Jesus pede, principalmente, o amor e a unidade dos seus seguidores.

domingo, 1 de junho de 2025

João 16, 29-33 A vitória sobre o mundo.

29 Os discípulos disseram: “Agora estás falando claramente e sem comparações. 30 Agora sabemos que tu sabes todas as coisas, e que é inútil alguém te fazer perguntas. Agora sim, acreditamos que saíste de junto de Deus.” 31 Jesus disse: “Agora vocês acreditam? 32 Vem a hora, e já chegou, em que vocês se espalharão, cada um para o seu lado, e me deixarão sozinho. Mas eu não estou sozinho, pois o Pai está comigo. 33 Eu disse essas coisas, para que vocês tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo.” Comentário: * 25-33: Jesus não engana seus seguidores: o futuro é tempo de testemunho em meio a lutas e perseguições. Mas é também tempo de confiança e paz, pois os cristãos podem contar com o amor do Pai. E desde já podem estar certos da vitória: Jesus já venceu todos os adversários. Para quem acredita em Jesus, a ordem social injusta, que condena o justo inocente, está condenada ao fracasso para sempre. Aproxima-se a hora de Jesus ser glorificado. Ele enfrentou e venceu o “mundo” (expressão que simboliza todos os poderosos, maus, injustos…). Está pronto para voltar para junto do Pai. No seu lugar, ficarão os discípulos, que, por sua vez, serão defrontados com o mundo. Precisam ser fortes para superar todas as aflições e vencer esse mundo e suas dispersões. Essa confiança vem de Jesus, que nunca nos abandona, mesmo quando nos afastamos dele por medo ou imaturidade. A missão de Paulo descrita nos Atos dos Apóstolos serve de inspiração e ensinamento para nós hoje. Muitas vezes, precisamos de ajuda para crescer na fé e, por isso, devemos procurar e permitir que o Espírito Santo aja em nós.

Lucas 24, 46-53 A missão cristã.

46 E continuou: “Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, 47 e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48 E vocês são testemunhas disso. 49 Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto.” 50 Então Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até Betânia. Aí, ergueu as mãos e os abençoou. 51 Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu. 52 Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria. 53 E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus. Comentário: * 44-53: A missão cristã nasce da leitura das Escrituras, onde se percebe o testemunho de Jesus (vida-morte-ressurreição) como seu centro e significado. Essa missão continua no anúncio de Jesus a todos os povos, e provoca a transformação da história a partir da atividade de Jesus voltada para os pobres e oprimidos. A conversão e o perdão supõem percorrer o caminho de Jesus na própria vida e nos caminhos da história. A missão é iluminada pelo Espírito do Pai e de Jesus (a “força que vem do alto”). O Evangelho de Lucas termina em Jerusalém e no Templo, como havia começado. Daí os apóstolos partirão para a missão “até os confins da terra” (At 1,8). Lucas termina seu Evangelho com Jesus esclarecendo aos discípulos o que lhe aconteceu nos últimos dias. Ele lhes abre o coração para compreenderem o plano divino já anunciado na Escritura. Depois disso, leva-os a Betânia, onde se despede com a solene bênção. Na sua ascensão, Jesus conclui sua missão e confirma aos discípulos o compromisso de levar aos povos a salvação realizada no acontecimento pascal. A missão consiste em “pregar o arrependimento e o perdão dos pecados”, que consiste em aderir ao Deus que ressuscitou Jesus, acolhendo sua Palavra. Para realizarem a missão, seus seguidores contam com a presença e a força do Espírito Santo. Portanto, Jesus termina sua missão terrena e se despede fisicamente da comunidade, mas continua presente com seu Espírito, para animá-la e fortalecê-la na missão que lhe foi confiada. É com a força desse Espírito que os cristãos poderão enfrentar as adversidades e os desafios que se opõem ao projeto de Jesus: vida digna para todas as pessoas.

Efésios 1, 17-23 Agradecimento e pedido.

17 Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, lhes dê um espírito de sabedoria que lhes revele Deus, e faça que vocês o conheçam profundamente. 18 Que lhes ilumine os olhos da mente, para que compreendam a esperança para a qual ele os chamou; para que entendam como é rica e gloriosa a herança destinada ao seu povo; 19 e compreendam o grandioso poder com que ele age em favor de nós que acreditamos, conforme a sua força poderosa e eficaz. 20 Ele a manifestou em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita no céu, 21 muito acima de qualquer principado, autoridade, poder e soberania, e de qualquer outro nome que se possa nomear, não só no presente, mas também no futuro. 22 De fato, Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo e o colocou acima de todas as coisas, como Cabeça da Igreja, 23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que plenifica tudo em todas as coisas. Comentário: 15-23: Pela fé, os cristãos possuem uma sabedoria que supera qualquer outro conhecimento: sabem que Deus manifestou em Jesus Cristo a sua força, destronizando todos os poderes que até agora aprisionam a vida, e libertando os homens para uma esperança nova diante do futuro. Nesta carta, a Igreja ideal se identifica praticamente com o Reino e, portanto, ultrapassa meras concretizações históricas. Como corpo e plenitude de Cristo, ela se torna a meta para a qual caminhamos. Paulo se refere a uma Igreja santa, a um modelo ideal que exige conversão contínua da Igreja real que vive na história.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Lucas 1, 39-56 João aponta o Messias.

-* 39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44 Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.” O cântico de Maria -* 46 Então Maria disse: “Minha alma proclama a grandeza do Senhor, 47 meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48 porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão, 49 porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo, 50 e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração. 51 Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, 52 derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; 53 aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias. 54 Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 conforme prometera aos nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.” 56 Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa. Comentário: * 39-45: Ainda no seio de sua mãe, João Batista recebe o Espírito prometido (1,15). Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel. * 46-56: O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história. Ao longo desta semana, meditamos diversas passagens do Evangelho de João que sublinham a alegria proporcionada pela ressurreição de Jesus em oposição à dor da sua paixão e morte, bem como a presença fundamental do Espírito Santo nessa passagem salvífica. O Evangelho da festa da visitação de Nossa Senhora nos mostra o mesmo tema sob nova perspectiva, ou seja, o Espírito Santo, que enche o ser humano de alegria, não está presente apenas após a morte de Jesus. Ao contrário, ele está na origem da encarnação e enche de alegria Maria, que carrega no seu ventre o Filho de Deus, assim como todos os que com ela têm contato. Nós, hoje, quando aceitamos a “visita” de Nossa Senhora, também nos enchemos de alegria, pois sentimos a presença do seu Filho amado, que toca e transforma nossa vida.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

João 16, 20-23 A angústia se transformará em alegria.

20 Eu lhes garanto: vocês vão gemer e se lamentar, enquanto o mundo vai se alegrar. Vocês ficarão angustiados, mas a angústia de vocês se transformará em alegria. 21 Quando a mulher está para dar à luz, sente angústia, porque chegou a sua hora. Mas quando a criança nasce, ela nem se lembra mais da aflição, porque fica alegre por ter posto um homem no mundo. 22 Agora, vocês também estão angustiados. Mas, quando vocês tornarem a me ver, vocês ficarão alegres, e essa alegria ninguém tirará de vocês. 23 Nesse dia, vocês não me farão mais perguntas. Eu garanto a vocês: se vocês pedirem alguma coisa a meu Pai em meu nome, ele a concederá. Comentário: * 16-24: A morte de Jesus significará ausência e tristeza. Mas é morte fecunda, pois dará lugar à alegria, uma vez que será o princípio de uma presença nova, a presença do Ressuscitado, que age mediante o Espírito Santo. O que acontece com Jesus acontece com todos: para dar fruto, o grão de trigo deve morrer. Também a comunidade é chamada ao testemunho que pode ir até à morte, como entrega em favor do homem, morrendo para dar a vida. A imagem da mulher prestes a dar à luz, que Jesus utiliza no contexto da última ceia, é uma excelente metáfora para nos ajudar a compreender a dor fecunda da paixão e morte de Cristo, que se transforma em tão grande alegria na sua ressurreição. Quando este texto é relido em contexto litúrgico, recorda à Igreja sua condição de peregrina, entre os sacrifícios por amor na espera da alegria eterna. Essa alegria, dom do Espírito, permite-nos confiar nas palavras do Senhor, ainda que em meio a tribulações. A ansiedade da mãe em meio às dores do parto cessa no exato momento em que sente os sinais da criança que veio ao mundo, dando novo sentido e nova alegria à sua vida.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

João 16, 16-20 A angústia se transformará em alegria.

* 16 Daqui a pouco vocês não me verão mais, porém, mais um pouco, e vocês me tornarão a ver.” 17 Alguns discípulos comentaram: “O que ele quer dizer com isso: ‘daqui a pouco vocês não me verão mais, porém, mais um pouco, e vocês me tornarão a ver’? E ainda: ‘eu vou para o Pai’?” 18 E diziam: “Que significa esse ‘um pouco’? Não compreendemos o que ele quer dizer.” 19 Jesus percebeu que eles queriam fazer perguntas. E disse: “Vocês estão discutindo porque eu falei: ‘Daqui a pouco vocês não me verão mais, porém, mais um pouco, e vocês me tornarão a ver’? 20 Eu lhes garanto: vocês vão gemer e se lamentar, enquanto o mundo vai se alegrar. Vocês ficarão angustiados, mas a angústia de vocês se transformará em alegria. Comentário: * 16-24: A morte de Jesus significará ausência e tristeza. Mas é morte fecunda, pois dará lugar à alegria, uma vez que será o princípio de uma presença nova, a presença do Ressuscitado, que age mediante o Espírito Santo. O que acontece com Jesus acontece com todos: para dar fruto, o grão de trigo deve morrer. Também a comunidade é chamada ao testemunho que pode ir até à morte, como entrega em favor do homem, morrendo Jesus prepara os discípulos para aceitarem com serenidade sua morte, pois ela faz parte do plano salvífico e é apenas uma etapa passageira no processo de salvação do ser humano. Os discípulos não devem ficar abalados com a morte de Jesus, porque, ao terceiro dia, ressuscitará. A novidade desse mistério causa muita confusão e questionamento, mas Jesus acalma os discípulos, afirmando que, após a dor e a tristeza, serão tomados pela grande alegria da sua ressurreição. No final, compreenderão que o amor e a vida vencem o pecado do mundo. Cristo ressuscitado é Senhor do tempo, e hoje somos convidados a fazer, do nosso tempo, um tempo no qual testemunhamos a proximidade de Deus com todos os homens e mulheres do mundo.